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Jerusalém, um dos lugares mais fantásticos do mundo.

A singular Jerusalém vista da Torre de David.

Se Roma é a “Cidade Eterna”, o que dirá Jerusalém

Após algumas poucas horas andando pelas vielas apertadas da porção mais velha da cidade, denominada Old City, concluí que Jerusalém não se compara a nada. 

Conhecida por ser local de grande importância religiosa para três grandes religiões: cristianismo; islamismo e judaísmo; Jerusalém, ou Al-Quds para os árabes, é um verdadeiro caldeirão cultural e religioso.

Não tenho dúvidas de que além inegável aspecto histórico, este caráter multicultural traz um charme e uma mística que nenhum outro lugar no mundo tem.

Panorâmica da Old City.

Em que outra cidade do mundo é possível ver monges franciscanos caminhando pelas ruas; rabinos rezando aos pés do Muro das Lamentações; e minaretes muçulmanos ecoando o chamado à prece?

Seja qual for a sua religião ou crença, não dá para negar que algo muito especial acontece nesta pequena porção de terra ocupada por três das maiores religiões do mundo.

Antes de viajar, li que existe até mesmo uma síndrome chamada de Síndrome de Jerusalém. Alguns viajantes (poucos é verdade), simplesmente piram ao chegar à cidade. Parece que a junção dos ares religiosos da cidade, junto com uma certa dose de pré-disposição faz com que alguns deles passem a vagar pela cidade dizendo-se serem personagens bíblicos ou profetas. A coisa é tão séria que o hospital psiquiátrico Kfar Shaul tem até mesmo uma ala especial para tratar isto.

Um dos afetados pela Síndrome de Jerusalém que ví.

Foi um destes malucos que em 1969, simplesmente pôs fogo na mesquita Al-Aqsa Mosque, causando sérios danos e muita confusão com a comunidade árabe muçulmana.

Embora Jerusalém como cidade seja muito mais que a chamada Old City – parte mais antiga da cidade, a maioria das atrações turísticas estão situadas dentro de seus muros ou ao redor deste.

Jerusalém, de um lado das muralhas, uma cidade moderna e cosmopolita
Do outro, um retrato histórico e cultural singular.
O prazer de perder-se pelas vielas cheias de história é indescritível.

Apesar de não ser muito grande (aproximadamente 1km²), ao andar pela Old City você irá notar que ela está claramente dividida em 4 bairros bem distintos, judeu, árabe, cristão e armênio.

O árabe é naturalmente mais movimentado e comercial…
…e às vezes mais pitoresco.

O judeu é bem menos movimentado e melhor conservado.

A diferença entre a área de predomínio judaico para a de maioria árabe justifica-se talvez no fato de que efetivamente poucos judeus residem na região, e a maioria dos prédios judaicos são escolas e instituições religiosas, além de algumas lojas e restaurantes.

Ao contrário do que se possa inicialmente imaginar, a área árabe é muito maior dentro da Old City. Andando pela cidade, me disseram que é fácil reconhecer as casas do bairro muçulmano pelas antenas parabólicas nos telhados.

Haja aquecedor solar e parabólicas!

Outra coisa que chama muito a atenção ao caminhar pela cidade é a quantidade de crianças brincando pelas vielas da cidade, algo que eu jamais imaginaria pela idéia pré concebida que eu tinha da cidade. Muitos deles irão te abordar se oferecendo para te guiar até o seu destino, por alguns shekels é claro!!!

Garotos árabes vendendo pães.
E judeus no shabbat

Onde ficar? Jerusalém oferece uma boa gama de hotéis. Para todos os gostos e bolsos – tenha em mente que Israel não é um destino barato não, aliás é um dos mais caros que já vi.

Lembro bem que quando pesquisei as opções de hotéis que teria disponível, notei a existência de um enorme degrau entre aqueles hotéis muito top que a maioria dos viajantes não pode pagar de tão caro, e aqueles “mocós” em que a maioria não ficaria nem pagando.

Não espere encontrar coisas práticas e baratas na linha dos Íbis e outras redes do gênero. Achar um hotel BBB em Jerusalém não é tarefa fácil.

Como eu não tinha pretensão alguma de ficar longe da Old City, portanto mais longe da maioria das atrações – ganhando tempo e economizando com transporte – a minha tarefa ficou mais difícil ainda.

Depois de muito pesquisar, acabei ficando no Lutheran Guesthouse, literalmente no coração da Old City, perto do Jaffa Gate, um dos principais portões de entrada da cidade.

Entrada do hotel

Embora o endereço dele seja POB 14051 Jerusalem 91140, nem adianta procurar por este no Google Maps, é literalmente impossível achá-lo nas estreitas ruas da velha Jerusalém. Na prática, ele fica uns 5 minutos de caminhada a partir do Jaffa Gate, na Saint Mark Street – sem erro.

Olhando a porta, você não dá nada para o hotel e pode até ficar com medo de entrar. Porém as más impressões não passam da soleira, pois os quartos são espaçosos, limpos e o atendimento impecável, com um café da manhã digno de um bom hotel europeu.

Jardins bem cuidados e uma equipe bem simpática.

Os dois únicos senão são a falta de dois itens essenciais em um quarto de hotel – ar-condicionado e televisão! Dá para imaginar? Apesar do ventilador ter dado conta do recado, perdi a chance de dar uma olhada nos programas locais, algo que gosto de fazer – mesmo sem entender bulhufas – ao menos para ver como as coisas são.

Lutheran Guesthouse visto de longe, fico devendo foto do quarto.

Enfim, no custo benefício, acho que compensa.

Para informações turísticas, considere os seguintes postos de atendimento:

Ben Gurion Airport: Hall de desembarque. Aberto diariamente 24 horas.

Jerusalém: na Old City, passando o Jaffa Gate à esquerda, diante da Torre de David. Funciona de sábado à quinta-feira das 8h30 às 17h00; e sexta-feira das 8h00 às 13h00.

Para um primeiro contato com a cidade e até para que você possa se situar, uma boa pedida é fazer um tour. Mas não um daqueles chatos, monótonos e às vezes caros pelo que oferecem. Estou falando de algo dinâmico, animado e, gratuito!!! Sim, você leu certo. A Sanderman´s, uma fundação sem fins lucrativos oferece em Jerusalém (e Tel Aviv e algumas cidades européias) um tour gratuito que parte diariamente do Jaffa Gate e percorre a pé (numa caminhada super tranquila) os principais pontos da cidade com um guia narrando os fatos históricos e curiosos.

O pessoal do Sanderman´s é identificável pelas camisetas vermelhas.
Nosso guia Jacob, o cara era quase uma biblioteca ambulante. Muito bom.

O bacana é que os guias, além de saberem muito a respeito da cidade, são bastante ativos e abertos a perguntas. Uma bela gorjeta ao final é mais que merecida. Seja para fazer o tour gratuito ou uma das outras três opções pagas, vale muito a pena. Reserva prévia online é obrigatória para todos.

Outra opção, mas que eu não testei, é pegar o ônibus circular (linha 99) da empresa Egged, que pára em 34 pontos da cidade e permite que se desça em quantos quiser – pelo que vi seria uma boa opção para explorar áreas fora da Old City, já que ali dentro não existe trânsito de ônibus. Existem passes de 1 e de 2 dias que podem ser comprados dentro do ônibus. A passagem unitária custa 5,5 NIS.

Bom uma vez hospedados e situados, vamos às atrações desta cidade mágica.

Muralha e Portões. Toda a área da Old City está cercada por muralhas e 9 portões, sendo apenas 8 deles acessíveis atualmente. É justamente por um deles, o Jaffa Gate que a maior parte dos turistas adentram à Old City. 

Seja durante a noite..
Seja durante o dia, as muralhas impressionam pela beleza e pelo estado de conservação.
Algumas partes têm até mesmo belos jardins, como esta perto do Jaffa Gate.

As muralhas como vemos hoje são fruto do trabalho de Suleyman the Magnificent, que as construiu entre 1537 e 1542, ou seja, durante o domínio exclusivo muçulmano.

Os principais portões são:

Damascus Gate: é bastante interessante pois é um microcosmos do mundo Palestino, já que está na área de divisão entre o lado muçulmano e o cristão. Era o portão principal no tempo de Agrippas, no período romano no século 1º d.C.. Ali se tem a impressão mais forte da presença árabe, com várias bancas de comida e outros artigos. Aqui vale mais ainda a recomendação de cuidado com batedores de carteira, por conta do acumulo de pessoas em um espaço tão pequeno.

Rua acesso ao Damacus Gate lotada pelo comércio.
Vista externa do Damascus Gate.

Herod’s Gate: foi a apenas 100m ao oeste deste portão que os Cruzados romperam as muralhas da cidade em 15/07/1099.

St Stephen’s Gate (Lions Gate): é o portão que dá acesso ao Monte das Oliveiras e ao Gethsemane. Foi através deste portão que as tropas israelenses tomaram a Old City em 07/06/1967.

Lions Gate
Detalhe às aberturas para arqueiros.
A porta é muito, muito velha.
Ah…entendi tudo.
Opa, mas algumas coisas são universais, não? Geladinha e ainda Zero.
Evite andar circundando a muralha perto do Lions Gate, o local é muito feio e dá um certo receio.

Golden Gate: é uma entrada lacrada para o Haram ash-Sharif/Temple Mount. Alguns acreditam que é por este portão que o messias entrará na cidade (Ezequiel 44:1-3). O portão foi lacrado pelos muçulmanos no século 7º para evitar o acesso de não-muçulmanos ao Haram ash-Sharif/Temple Mount – mas outra teoria é que a lacração teria como origem a idéia de impedir a entrada do messias por ele. Este portão é também conhecido como Sha’ar ha-Rahamim (Gate of Mercy) em hebreu e Bab al-Rahma ou Bab al-Dahriyya (Eternal Gate) em árabe.

Este é o mais perto que dá para chegar, já que além de estar lacrado, na sua base existe um cemitério.

Jaffa Gate: é por onde entram a maioria dos visitantes em geral. Fica bem ao lado da Torre de Davi.

Jaffa Gate visto de fora da Old City.
Na parte de dentro, um ótimo comércio de souvenires.

Temple Mount (Monte do Templo ou Esplanada das Mesquitas). Acredite ou não um dos
ícones mais reconhecidos de Jerusalém, juntamente com o Muro das Lamentações; o Temple Mount e o Dome of the Rock não são (atualmente) áreas controladas pelos judeus, mas sim pelos muçulmanos.

Apesar de estar sob o controle dos muçulmanos, toda a área é um lugar sagrado para muçulmanos e judeus, o que explica ser um dos locais mais disputados do mundo.

Embora a estrutura atual date da primeira dominação muçulmana, algo como 1400 anos atrás, a história do local é muito mais antiga. Para os judeus, conforme o Talmud, foi daqui que Deus colheu a terra para formar Adão, e onde Adão, Cain, Abel e Noé fizeram seus rituais de sacrifício. Foi aqui também que Abraão sacrificou seu próprio filho Isaac em um teste de fé (na 11ª hora, um anjo teria poupado Isaac e o substituído por um cordeiro).

Aqui também teria sido o local do Primeiro Templo Judeu, construído milhares de anos antes de Cristo, o qual levou 7 anos para ser finalizado, mas permaneceu, não se sabe porque, outros 13 anos sem qualquer uso específico.

Um breve momento Indiana Jones. Dizem que após a consagração do templo, Salomão teria colocado nele a Arca da Aliança, sim aquela (!!!). Reza a lenda que ela seria o objeto no qual foram guardadas as tábuas dos Dez Mandamentos e que representaria um meio de comunicação entre Deus e o seu povo escolhido. Dizem que este objeto para lá de sagrado teria desaparecido após a conquista de Jerusalém por Nabucodonosor – após tal episódio não existem mais relatos históricos concretos.

Bem que tentei levar esta para casa, mas não deu…

Segundo a Bíblia Êxodo 25:10 a 16, ela teria o seguinte formato: caixa e tampa de madeira de acácia, com 2 côvados e meio de comprimento (um metro e onze centímetros), e um côvado e meio de largura e altura (66,6 cm). Cobriu-se de ouro puro por dentro e por fora. Hum…até que bate bem com a acima.

O fato é que se existe um tesouro arqueológico cobiçado é este.

Existe até mesmo uma teoria de que o filho do Rei Salomão, casado com a Rainha de Sabá (da atual Etiópia), teria levado a arca para ser guardada um templo na cidade de Aksum, na Etiópia, onde um único Sacerdote poderia vê-la.

Verdade ou mito, a história rende ao menos muito à imaginação.

Em 586 a.C., o Primeiro Templo foi destruído pelos Babilônios; o que resultou na construção de um Segundo Templo em 515 a.C., quando o Rei Herodo decidiu também elevar o templo para a praça que existe hoje. Este Segundo Templo foi destruído em 66 d.C. pelos Romanos que criaram um templo dedicado a Zeus, o qual posteriormente foi alterado para uma igreja cristã.

Jerusalém e o Segundo Templo no período anterior ao período romano.
E não sobrou nada no período bizantino.

Mas o local também é sagrado para os muçulmanos, porque em meados do século 7º, Maomé ou Muhammad / Mohammed teria feito em apenas uma noite uma viagem (isra – night journey) de Mecca para Jerusalém e realizado uma ascensão ao céu (miraj) para unir-se a Allah. Tudo isso faz do Temple Mount o terceiro lugar mais importante religiosamente para os muçulmanos (depois de Mecca e Medina).

Esplanada das Mesquitas e Dome of Rock

Após o final da guerra dos seis dias, Israel entregou o controle do Temple Mount para os muçulmanos, fato este que gerou protestos por parte dos israelenses mais radicais.

Pela história e principalmente pelo imenso significado religioso do local deu para entender o motivo de parte das disputas entre árabes e judeus por ali.

Esta área do tamanho de dois campos de futebol é bastante tranqüila é contrasta com a agitação das ruas adjacentes.

As principais atrações do local são:

a)AI-Aqsa Mosque: significa a mesquita mais longe e refere-se à idéia da isra e Maomé. Trata-se de uma mesquita funcional cuja capacidade é para 5.000 fieis. É fruto da conversão de uma igreja bizantina do século 6º, mas a estrutura sofreu várias alterações em razão de terremotos e outros incidentes, possuindo inclusive colunas que foram doadas por Benito Mussolini e pinturas doadas pelo rei egípcio Farouk.

b)Dome of the Rock: é o ponto principal do Temple Mount, com a sua cúpula dourada que pode ser vista de toda a cidade. O domo cobre a laje de pedra que é considerada sagrada tanto para os muçulmanos (por conta da isra de Maomé) quanto para os judeus (pois seria o local preparado por Abraão para sacrificar seu filho).

O edifício data de algo entre 688 d.C. e 691 d.C. e teria sido criado para contrapor a Igreja do Santo Sepulcro que estaria arrebatando muçulmanos e o responsável pela construção, Abd al-Malik, contratou arquitetos bizantinos para edificá-lo.

O domo de ouro desapareceu muito tempo atrás – foi derretido para pagar débitos do califa – o atual é de alumínio e foi financiado por países do Golfo Árabe.

De dia, refletindo o brilho do sol escaldante.
E durante a noite, todo iluminado, não dá para não reparar.

Como a entrada é absoutamente proibida para não muçulmanos e fotos não são permitidas, fica aqui a descrição passada pelo Lonely Planet: “Inside, lying central under the 20m-high dome and ringed by a wooden fence, is the rock from which it is said Mohammed began his night journey (his footprint is supposedly visible in one corner). Tradition also has it that this marks the centre of the world. Steps below the rock lead to a cave known as the `Well of Souls’ where the dead are said to meet twice a month to pray.

A visitação ao local não é algo simples. Infelizmente as autoridades locais não vêem com bons olhos a visitação por parte de não-muçulmanos à Esplanada das Mesquitas. Embora respeite e muito toda e qualquer crença / cultura, prefiro não tecer comentários a respeito de alguns atos isolados de segregação.

Acesso à Temple Mount. Os sujeitos ao fundo são seguranças à paisana.
Decoração do Dome of the Rock.

Curiosamente, o principal acesso a este um local sagrado para os muçulmanos fica no Suq El-Qatta, uma viela onde funciona um dos mercados locais. O fato é que o acesso à Esplanada das Mesquitas é fortemente policiado por soldados israelenses que se encarregam de gentilmente barrar a entrada à esplanada de todo e qualquer não-muçulmano – claro que eles também ficam do lado de fora, e na área interna existem guardas árabes que a poucos metros, mas sem qualquer contato, parecem simplesmente fiscalizar o controle judeu. Vai entender…

Embora fontes dêem conta de que a entrada a não-muçulmanos é feita de sábado à terça-feira, as autoridades locais que controlam o acesso mudam constantemente as regras. Portanto, deixo a recomendação de sempre dar uma passada e perguntar aos guardas judeus quando o acesso será liberado.

Para visitas ao Temple Mount (Haram ash-Sharif em árabe) recomendam-se trajes discretos – mulheres devem cobrir os braços/ombros e as pernas.

Endereço: Suq El-Qatta Horário: 7h30 às 11h00 e 13h00 às 14h30 de sábado à terça-feira (mas é bom confirmar conforme dito acima. $$$: grátis

Site oficial: não tem, mas considere visitar os seguintes sites com boas informações: www.noblesanctuary.com / www.templemount.org

Uma viagem à Jerusalém não está completa sem uma visita ao Western Wall ou Muro das Lamentações, o ponto religioso mais importante para os judeus. Trata-se do único vestígio do antigo templo de Herodes, erigido por Herodes o Grande no lugar do Templo de Jerusalém inicial.

O Muro das Lamentações (click para full size)

E acredite ou não, antes da sua reabilitação por Israel, após a Guerra dos Seis Dias, em 1967, o local servia de depósito para incineração de lixo.

Os restos que hoje existem datam da época de Herodes o Grande, que mandou construir grandes muros de contenção em redor do Monte Moriá (local do Temple Mount), ampliando a pequena esplanada sobre a qual foram edificados o Primeiro e o Segundo Templo de Jerusalém, formando o que hoje se designa como a Esplanada das Mesquitas. O Primeiro Templo, ou Templo de Salomão, foi construído no século X a.C., e derrubado pelos babilônios em 586 a.C.. 

O Segundo Templo, entretanto, foi construído por Esdras e Neemias na época do Exílio da Babilônia, e voltou a ser destruído pelos romanos no ano 70 da nossa era, durante a Grande Revolta Judaica. Deste modo, cada templo esteve erguido durante 400 anos.

Quando as legiões do imperador Tito destruíram o templo, só uma parte do muro exterior ficou em pé. Tito deixou este muro para que os judeus tivessem a amarga lembrança de que Roma vencera a Judéia (daí o nome de Muro das Lamentações). Entretanto, os judeus, prometeram que sempre ficaria de pé ao menos uma parte do sagrado templo como símbolo da sua aliança perpétua com Deus. Os judeus têm pregado frente a este muro durante os derradeiros dois milênios, crendo que este é o lugar acessível mais sagrado da Terra, já que não podem aceder ao interior da Esplanada das Mesquitas, que seria ainda mais sagrado.

Mesmo sendo a céu aberto, o que pode dar uma falsa impressão de despojamento, o local deve ser encarado e respeitado como um sítio religioso.

O local é praticamente uma praça diante do Muro.
Os judeus costumam, como os muçulmanos, lavar as mãos antes de rezar.
À esquerda fica a entrada do Túnel do Muro das Lamentações.

O Muro tem 3 acessos, e em todos eles o sistema de revista é fortíssimo (não é para menos). Espere portais de detector de metais e raio-x para bolsas e afins. 

Um dos três acessos ao Muro das Lamentações. Ao fundo, detetores de metais e raio x.

Novamente, educação, descrição e simpatia são essenciais.

Após a revista, as mulheres são “convidadas” a usar véus para cobrir os ombros e pernas, dependendo do comprimento da saia ou bermuda; e os homens recebem os típicos “quipás” (aquele adorno redondo que se coloca na cabeça como um reconhecimento da superioridade divina e respeito a Deus). Ótima oportunidade para entrar no clima. E por falar em quipá, algumas lojas vendem um modelos bem bacanas para a garotada:

Tem até do Boca Juniores e Ben10!

Chegando no local que mais parece uma enorme praça, mas que funciona como uma sinagoga ao ar livre, nota-se uma divisão entre a área destinada aos homens e outra bem menor às mulheres.

No começo você pode ficar meio sem graça de entrar na área destinada às orações, e pensar “o que eu estou fazendo aqui”. Mas como eu sou daquele que considera que Deus é único e todo lugar é um bom lugar para rezar, ainda mais um lugar maravilhoso destes, resolvi deixar de lado a timidez e fazer como os locais.

Área reservada aos homens.
Hora em que você pensa: Quanta história já passou por aqui…
Do lado dos homens, existe uma entrada para um pequeno túnel que tem alguns altares e uma biblioteca.

Uma vez lá dentro, não dá para deixar de colocar um bilhetinho para Ele – leve papel e caneta, ou o bilhete pronto!!!

O que escrever foi fácil, o difícil foi achar espaço. Sem brincadeira, levei uns 5 minutos para achar uma fresta.

A tradição de introduzir um pequeno papel com pedidos entre as fendas do muro tem vários séculos de antiguidade. Entre as petições dos judeus estão ferventes súplicas a Deus para que regresse à terra de Israel, o retorno de todos os exilados judeus, a reconstrução do templo (o terceiro), e a chegada da era messiânica com a chegada do Messias judeu.

Pude ali notar o fervor de alguns fieis abraçados ao muro e/ou beijando as pedras por várias
horas.
Alguns parecem estar em uma espécie de transe.

Área destinada às mulheres é bem menor.
Curiosamente, pela rampa à direta, os muçulmanos entram na Esplanada das Mesquitas.

Caso você tenha tempo, vale a pena passar pelo local na tarde da sexta-feira quanto começa o shabbat para ver a movimentação dos fieis. É bem interessante.

Túnel do Muro das Lamentações – À esquerda do Muro, você verá uma bilheteria. É lá a entrada para uma das mais fascinantes e controversas atrações da Cidade Velha: as escavações do Muro. Infelizmente não pude ver.

Durante 20 anos arqueólogos trabalharam abrindo esse túnel que corta por baixo o bairro muçulmano. Quando o ex-presidente Bibi Netanyahu anunciou que seriam abertos para o público, manifestações explodiram na cidade, coincidindo com o início da segunda Intifada. Lá embaixo, o Muro continua por cerca de 300 metros e desce-se o suficiente para chegar a uma rua da época de Herodes. No início do tour, que dura uma hora, há uma maquete explicativa. No site www.thekotel.org há um passeio virtual pelos túneis. As reservas devem ser feitas com boa antecedência. Tel. (1/599) 515-888.

Procure usar roupas discretas. Ainda na linha da descrição, caso queira tirar fotos, sem problemas, seja apenas discreto e fotografe o local e não as pessoas diretamente, afinal você está em um templo a céu aberto.

Entardecer em Jerusalém.

No próximo post, Santo Sepulcro, Via Dolorosa e outras tantas atrações de Jerusalém. Shalom!!!

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12 comentários

Quenia Maia Lourenco 5 de junho de 2020 at 15:07

Que post maravilhoso!!! Que trabalho completo. Obrigada por compartilhar esta experiência fantástica. Agora mais do que nunca quero visitar Israel.

Responda
Diogo Avila 5 de junho de 2020 at 15:18

Obrigado Quênia. É um dos meus destinos preferidos.

Responda
Patricia 19 de janeiro de 2019 at 08:06

Incrível…

Encantada com tudo!

Obrigada, obrigada, obrigada…

Responda
Stella M 14 de agosto de 2018 at 16:59

Diogo, parabéns pl seu blog! Adorei a forma como vc escreve Não apenas a descrição é sua experiência com uma boa noção de historia
Como faço para ver a continuação do seu post sobre o Santo Sepulcro , Via Dolorosa e mais sobre Jerusalém?

Responda
Diogo Avila 14 de agosto de 2018 at 17:12

Stella,
Muitíssimo obrigado pelas suas gentis palavras e que bom que gostou.
Olha, a forma mais fácil é ir na aba destinos e em Ásia acessar Israel, ou simplesmente colar este atalho no navegador: https://www.cumbicao.com.br/category/asia/israel está tudo lá.
Boas leituras.
Abraço 🙂

Responda
Luana Silva 9 de dezembro de 2017 at 04:29

Sabes se posso passear pelas muralhas da cidade antiga e se posso fazer por conta própria, sem que que pagar? Obrigada

Responda
Diogo Ávila 11 de dezembro de 2017 at 23:36

Luana, boa tarde. Nunca ouvi falar que seria necessário pagar ou ter que contratar alguém para passear por ali.

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Anônimo 27 de novembro de 2014 at 15:26

Parabéns pelo blog, amo este país, especialmente a cidade de Jerusalem. Gostaria de fazer uma observação, nas 3 vezes em que estive lá fui a esplanada do templo. Existe uma passarela de madeira, na foto onde você mostrou o Muro das lamentações, pode-se ver uma rampa de madeira, alí é a entrada principal, bem ao lado do muro das lamentações, e não há nen huma dificuldade para entrar, desde que você observe os horários e passe por uma portaria com raixo x e detector de metais e também há revisão de bolsas.

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Diogo Ávila 27 de novembro de 2014 at 15:51

Obrigado.
Tenho também uma enorme admiração por este lugar. Está na minha lista de destinos a revisitar.
Pois é, eu tentei em vários dias entrar pela rampa e pelo souk, claro que sempre seguindo as rígidas regras, pois senão você mal chega perto. Mas nada… Todos os dias ela estava fechada.
Mais um motivo para voltar!

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Anne 29 de julho de 2013 at 18:23

Ótimas fotos e belos relatos! quem vontade de voltar para Israel o mais rápido o possível!! Quando comecei a planejar minha viagem pensei em ir por conta própria, mais tinha certo receio e várias preocupações. Mais pesquisei muito e acabei fechando com uma agencia especializada em viagens para a Terra Santa, a Sendtur Turismo, mesmo com um lado mais religioso, foi uma viagem inesquecível, Agora penso em fazer uma viagem Israel/ Egito provavelmente vou fazer da mesma forma que fiz a primeira, com a agencia.

Responda
Diogo Ávila 29 de julho de 2013 at 21:10

Anne, Obrigado.
Israel é particularmente seguro como destino turístico. Fomos por conta e este ano meus pais foram no mesmo esquema / roteiro.
Agora Egito… Já tentei duas vezes e as confusões locais me impediram.
Vou esperar as coisas acalmarem, e mesmo assim acho que entraria num tour local.
Obrigado pela visita. Se quiser, siga-nos no Twitter (@cumbicao) e no Facebook (www.facebook.com/cumbicao).

Responda
Arnaldo - FATOS e FOTOS de Viagens 29 de março de 2012 at 13:18

Caro Diogo, chego aqui para agradecer e retribuir seu gentil comentário lá no meu FATOS & FOTOS de Viagens e me surpreendo com este belíssimo post, completo e com fotos muito bem feitas.

Certamente um destino de dar água na boca!

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