Image default

Meiji Shrine, Shibuya – Harajuku, da tradição à irreverência em Tóquio

A típica “parede” de tambores de saquê no Meiji Shrine.

Depois de falarmos sobre como locomover-se por Tóquio, é hora de falarmos um pouco a respeito da capital japonesa e começar a apresentar alguma de suas atrações e em especial aquelas nos bairros de Shibuya e Harajuku.

Muita gente pode pensar que Tóquio sempre foi a capital japonesa, mas não. Ela somente foi alçada a este status em 1943, quando Kyoto deixou de ser a capital do então império japonês.

A cidade originou-se a partir de uma pequena vila de pescadores chamada Edo no final do século XII, quando então foi fortificada por um clã de mesmo nome. Certamente, nem em seus sonhos mais promissores, aqueles pescadores poderiam imaginar que ela se tornaria uma das maiores e mais interessantes metrópoles do mundo.

Mesmo quem vive em São Paulo irá achar Tóquio absurdamente populosa, principalmente se considerarmos a extensão territorial. Afinal, a Região Metropolitana de Tóquio é territorialmente uma das menores áreas metropolitanas do mundo, mas tem uma das maiores populações: mais de 30 milhões de habitantes – na cidade mesmo são aproximadamente 13 milhões de habitantes.

Só mesmo quem mora em São Paulo ou outras grandes cidades consegue entender o que faz tanta gente querer morar junto! Às vezes, tem-se a impressão que eles vão instituir um rodízio de gente na rua. E no metrô então???

Assim como a nação como um todo, Tóquio simplesmente foi reconstruída após a Segunda Guerra Mundial. Embora não se tenha como precisar ao certo, estima-se o número de pessoas mortas em Tóquio tenha sido algo em torno de 70mil e 200mil. E olha que as duas bombas atômicas não atingiram a capital!

Esta reconstrução garantiu à Tóquio a oportunidade de reinventar-se, quase que como se fosse uma cidade planejada, fazendo dela a cara do Japão moderno, sem deixar de lado as tradições e costumes locais.

Quem anda pelas ruas de Tóquio, encontrará um delicioso mix de modernidade e tradicionalismo que é a cara do Japão.

Uma boa fonte de informações turísticas tanto para Tóquio quanto para o país como um todo é o site oficial da Japan National Tourist Organization. Vale também dar uma conferida no Tokyo Tourist Information Center e no Japan Guide duas outras excelentes opções.

A Japan National Tourist Organization tem um escritório de informações na 10F Tokyo Kotsu Kaikan Building, 2-10-1 Yurakucho, Chiyoda-ku que atende todos os dias das 9h00 às 17h00; e outro no 1st Fl, Shin-Tokyo Bldg., 3-3-1, Marunouchi, Chiyoda-ku, que abre diariamente das 9h00 às 17h00. Já o Tokyo Tourist Information Center fica no Tokyo Metropolitan Government Bldg (1F Tokyo Metropolitan Government nº 1 Bldg, 2-8-1 Nishi-Shinjuku, Shinjuku-ku) e funciona diariamente das 9h30 às 18h30.

Pela cidade, são comuns totens como este. Excelente ferramenta para os turistas.

Todavia, para quem chega, a melhor são os postos de informação situados no aeroporto de Narita, tanto no Terminal 1 quanto 2 (TIC: Tourist Information Center). Diariamente das 9h00 às 20h00.

Em Tóquio vocês encontrarão tanto a embaixada brasileira no Japão (2-11-12 Kita Aoyama, Minato-ku, Tóquio), quanto consulado (COI Gotanda Bldg. 2F Higashi Gotanda 1-13-12, Shinagawa-ku, Tokyo, 141-0022. http://cgtoquio.itamaraty.gov.br/pt-br/).

Mas vamos às atrações.

Na medida do possível, irei seguir a sequência de atrações visitadas na nossa última viagem, pois tentei ao máximo agrupar as atrações por proximidade.

A nossa primeira parada foi Shibuya, uma das áreas que melhor representa o lado frenético de Tóquio.

Estação de trem, o ponto de partida para explorar a região.
Um trem antigo serve de posto de informação turística.

Embora desta vez, por ser uma manhã de domingo, o lugar estivesse muito mais tranquilo, lembro bem da primeira vez que visitei Shibuya. Era uma quarta-feira à noite, mais precisamente horário de pico, e havíamos acabado de chegar à Tóquio.

À primeira vista, a cena é impressionante. 

Você sai da estação de Shibuya numa pequena praça e se depara com uma série de prédios nos quais estão pendurados enormes letreiros animados, verdadeiros telões.

Sons distorcidos dos anúncios dos telões ecoavam pela praça às portas da estação. Uma mistureba de sons variados – em total contradição à tradicional calmaria japonesa.

Uma multidão parece correr ordenadamente de um lado para o outro. Praticamente um enxame de gente.

Shibuya
Shibuya

Se não fosse a atração visual dos letreiros, muito provavelmente a sua vontade imediata seria virar as costas e sair correndo.

Guardadas as devidas proporções, e dada a desorientação, me senti no meio de uma cena de Blade Runner, filme que aliás se inspirou muito em Tóquio em ternos de ambientação dada a quantidade de letreiros de neon à época.

Bem mais concreto, quem conhece NY pode tomar como parâmetro a Times Square em um dia mais cheio. Minha sugestão, vá durante à noite e num dia de semana ou sábado.

É anúncio e telão para todos os lados.

É tanta gente que passa por ali que segundo a lenda, em Shibuya estaria o cruzamento de pedestres mais movimentado do mundo. Bem, não é um cruzamento propriamente dito, mas sim a intersecção de várias faixas de pedestres que se cruzam diante da estação.

O local é tão típico que já foi cenário de vários filmes, dentre eles Lost in Translation, filme obrigatório para quem para Tóquio, pois nele são expostas as diferenças culturais entre ocidente e oriente, como pano de fundo para os encontros e desencontros dos personagens principais. Particularmente, um dos meus filmes favoritos.

Para apreciar a multidão, vá ao segundo andar do Starbucks ali existente ou ao shopping Shibuya 109 para uma bela vista panorâmica.

Suba no Starbucks, peça um café…
Shibuya
E curta a vista.

O lugar é tão movimentado, e às vezes confuso, que lá está o ponto de encontro mais famoso da cidade, a estátua de Hachiko. A estória deste cão foi inspiração para aquela retratada poucos anos atrás no filme Sempre ao Seu Lado (não chorem vendo o trailer!).

Olha ele ai.
Ponto de encontro da movimentada Shibuya.
Retratado no muro da estação.

A real estória é a seguinte: o professor da Universidade de Tóquio, Hidesaburo Ueno, ia todos os dias trabalhar de trem e seu fiel cão o esperava de volta na estação de Shibuya. Porém em 1925 o professor não apareceu. Ele sofreu um AVC e faleceu na universidade. O interessante é que o cachorro continuou mesmo assim a ir todos os dias esperá-lo. Que dó!

A coisa foi tão notória que, quando ele morreu, a Universidade de Tóquio resolveu literalmente dissecar e estudar o cérebro dele. Hoje ele está empalhado no Museu Nacional de Natureza e Ciência em Ueno.

Shibuya também é uma área conhecida por seu comércio. Vale a pena conferir as lojas de departamento ali existentes, como por exemplo a Tokyo Hands com seus sete andares, ou a filial da Bic Câmera, uma das lojas de eletrônicos mais importantes da cidade.

Marcas conhecidas.
E muitas lojas de eletrônicos.

Muita gente talvez nem faça ideia, mas Tóquio também tem seu lado Red Light District – mais discreto é verdade… Para ver esta vertente mais wild por assim dizer da capital japonesa, vá à Dogenzaka uma pequena rua com night clubs e sex shops. Só recomendo evitar fotos, por razões óbvias.

“Red Light” ahead!
A região é cheia de Pachinkos, não deixe de espiar.

Isto tudo faz de Shibuya um dos bairros mais vibrantes de Tóquio. Não perca!

Indo do oito ao oitenta, e até para descansar os sentidos, sugiro que caminhe até o Yoyogi Park e visite o Meiji Shrine.

O Yoyogi Park é um dos principais parques da cidade. Sim, mesmo na apertada Tóquio, eles conseguem um belo espaço verde.

O curioso é que este parque foi usado em 1945 pelos aliados como base militar, e anos depois, mais precisamente em 1964, foi o palco das Olimpíadas. Que coisa hein? Ainda hoje dá para ver algumas das estruturas construídas para o evento, como o Yoyogi National Gymnasium.

Yoyogi Park
O parque é cheio de corvos.
Yoyogi Park
Yoyogi Park

Yoyogi Park

Será que eles aproveitarão parte das estruturas para 2020?

Ali ao lado também fica a sede da NHK, a rede de televisão mais importante do Japão.

Mas a melhor atração do pedaço é o Meiji Shrine, o maior e mais importante templo xintoísta de Tóquio, e na minha opinião, um dos templos mais interessantes da cidade.

Tori na entrada do agradável caminho que dá acesso ao templo.
O parque é bem grande.
Uma típica lanterna.
Por todos os lados está o símbolo imperial japonês.

Situado dentro do Yoyogi Park, ele tem tudo o que um típico templo xintoísta precisa ter: portais Torii, árvores nas quais as pessoas penduram seus pedidos, e principalmente um delicioso clima de tranquilidade em meio à natureza. Um oásis de paz no meio da agitada Tóquio. Imperdível.

Este templo foi construído em 1920 em homenagem ao imperador e sua esposa. Para quem não sabe, o Imperador Meiji teve um grande papel na história do Japão, pois foi no seu reinado, entre 1868 e 1912, que o país modernizou-se, dando os primeiros passos para o que é hoje.

Detalhe da Temizuya (fonte de purificação).
Um dos prédios anexos ao templo.
Portão que dá acesso ao pátio central.

Destruído pelos bombardeios aliados de 1945, foi reconstruído anos depois de forma fiel à sua estrutura original.

Ele é muito frequentado por pais que levam seus filhos para um primeiro contato com a religião xintoísta, e por casais que pedem as bênçãos ao seu casamento.

Meiji Shrine Meiji Shrine

O site oficial do templo ensina de forma didática como comportar-se num templo xintoísta. Não custa nada aprender.

E por falar em etiqueta, saibam que fotos do interior não são permitidas.

Uma tradição local é pendurar plaquinhas de madeira com desejos ao redor da belíssima árvore existente no templo.
Você adquire elas por 500 ienes, ajuda na conservação do templo,
Escreve uma mensagem (o arigatô pedi para uma japonesa escrever!!!) ,
E pendura na árvore. Diariamente elas são retiradas e são objeto de uma cerimônia com os sacerdotes do templo.

O templo está aberto do amanhecer ao anoitecer e o acesso é gratuito.

Embora eu abomine a ideia, há quem diga que japonês é tudo igual. Ok, eles não são tão heterogêneos quanto nós que somos uma enorme mistura de raças, mas daí para dizer que eles são iguais tem um longo caminho (e na minha opinião uma certa dose de desrespeito).

No máximo eles podem às vezes ser um pouco parecidos, especialmente no que se refere ao modo de vestir, principalmente os trabalhadores. Pelas áreas nas quais se concentram os escritórios, é comum ver uma massa acinzentada-engravatada que literalmente parece uma coisa só.

Não é Carnaval não!
Modelitos mais rock’n roll.
Nem cachorro escapa.

Talvez por isso mesmo seja comum nos jovens japoneses a necessidade de destacar-se, de ser diferente dos demais. Assim, é relativamente comum – digo comum porque para mim não tem nada de normal (Kkkk) – em certas áreas da cidade ou dias da semana, alguns deles saírem às ruas literalmente fantasiados de personagens mangás ou outros tipos bem característicos como Elvis, domésticas, e por ai vai. 

E um dos melhores lugares para ver esta turma, é justamente ao lado do Meiji Shrine. Isto porque, contrastando com o tradicionalismo e a seriedade do templo está o bairro de Harajuku, onde existe uma tradicional concentração destes divertidos tipos exóticos. Dizem que é mais comum encontrá-los nos finais de semana.

Um verdadeiro case a ser estudado pela psicologia, antropologia, sociologia ou sei lá que gia o for! O epicentro desta concentração de figuras é a Takeshita-dori, uma rua cheia de lojas de roupas para jovens.

A rua fica lotada nos finais de semana.
O chamar da freguesia não difere muito da 25 de Março…

Alguns modelitos parem mesmo saídos de uma festa à fantasia ou de um daqueles japanese game shows, mas existem sim itens mais comuns e de bom gosto à venda por ali.

Excelente oportunidade de ver um lado diferente, e irreverente, dos japoneses. 

Não falei que o Japão é uma terra de contrastes?

Quer receber mais dicas de viagem e saber quando saem os próximos posts?

Curta nossa página no Facebook, aqui.

Siga-nos no Twitter @cumbicao.

E no Instagram – Cumbicão.

Booking.com
Posts relacionados
Disney Adventure World: celebrando a magia do cinema
Diogo Avila
Coron: um paraíso de praias e lagoas nas Filipinas
Diogo Avila
Disneyland Park Paris: magia Disney com charme francês
Diogo Avila

3 comentários

Leandro 20 de outubro de 2016 at 15:44

Parabéns pelas dicas!!! Vou chegar em Tóquio (Haneda) por volta das 2300h, será que, após a imigração e a apanha das malas vai dar tempo para pegar o metrô? (funciona até as 2400h) Como poderei chegar em Shiodome?

Responda
Diogo Ávila 20 de outubro de 2016 at 19:10

Obrigado!
Olha, mesmo com toda a eficiência japonesa, acho que é pouco tempo para passar pela imigração (sem grandes filas em geral), pegar as malas e ainda ir até a estação…
Neste caso, acho melhor utilizar táxi até a estação de trem mais próxima e de lá pegar um trem.
Abraço.

Responda
Leandro 21 de outubro de 2016 at 11:10

Obrigado! O trem funciona após às 0000h?

Responda

Deixe um comentário