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Havaí: Snorkel e mergulho com as raias manta

Majestosa!

Embora todo mundo associe o Havaí à terra do surfe, o mar do arquipélago guarda também belos atrativos para quem prefere curtir a calmaria metros abaixo dos “picos” “crawdeados” de pranchas. Uma destas atividade é o mergulho com as raias manta.

Com águas cuja temperatura variam de 22ºC à 26ºC durante o ano todo, e uma vida marinha abundante que vai de arraias à tartarugas, de golfinhos à tubarões, o Havaí é um daqueles destinos que pode ser definido como um destino de mergulho, e um dos melhores lugares para tanto é justamente a costa oeste da Big Island. Basta notar a quantidade de lojas e centros de mergulho em Kona.

Girando na casa dos US$ 100 já com todo o equipamento incluso, os mergulhos são relativamente baratos.

São ao todo mais de 40 pontos de mergulho na ilha, muitos deles naufrágios. Alguns pontos de mergulho nos arredores da Kailua Bay: Turtle Pinnacle, Kaiwi Point, e Suck’ em up.

Ciente da beleza da fauna local, ainda no Brasil reservei dois mergulhos com a Big Island Divers, uma das mais conceituadas operadoras locais. Um dos mergulhos seria diurno e o outro noturno, sendo este último mergulho com as raias manta.

Big Island Divers.
Os equipamentos são muito bem cuidados.

É eu sei, a ideia de se jogar em alto mar à noite pode não parecer lá muito razoável. Particularmente não curto muito mergulhos noturnos (um dia ainda mudo de ideia!). Não, não tenho medo de escuro! É que gosto de ver onde estou me metendo. Não sei se colou, mas é verdade.

Fiz apenas um logo no meu check-out ou batismo, e a sensação de desorientação e não ter completa ciência do que há ao meu redor não me agrada muito. Mas em Kona vislumbrei uma oportunidade única que me fez superar o desconforto.

Uma das atividades mais interessantes da ilha é o snorkel ou mergulho com as raias manta ou jamanta como preferem alguns.

A primeira vez que vi estes gigantes foi no aquário de Sentosa Island em Singapura. Desde aquela vez, mesmo sem saber da existência deste tipo de passeio no Havaí fiquei com muita vontade de fazer um mergulho com as raias manta.

No Aquário de Sentosa, era uma outra espécie, mas tão bela quanto.
Mas vamos combinar? Bem melhor ve-las livre na natureza.

As raias manta podem chegar a até 8m de comprimento e 5 de envergadura, e pesar 2 toneladas. Elas vivem até 20 anos e dentre os peixes têm o maior cérebro.

Diversamente de outras raias, elas não têm ferrões na cauda. Logo o mergulho com as raias manta não traz nenhum risco deste tipo. O máximo que pode acontecer é ela acidentalmente roubar a sua câmera (já vi isto num programa da TV) ou trombar contigo, já que gostam de literalmente brincar com as bolhas que os mergulhadores soltam.

Estes animais marinhos que podem inclusive ser vistos no inverno nas águas do litoral brasileiro, como por exemplo na Laje de Santos, são muito amistosos e curiosos.

No Havaí criou-se literalmente um hábito alimentar bem diferente. As raias estavam em risco de extinção na região quando por acaso descobriu-se que o plâncton do qual elas se alimentam é atraído pela luz da lanterna dos mergulhadores, e logo o mergulho com as raias manta virou uma atração local.

Isto bastou para que fosse criado ali na costa oeste da Big Island, um verdadeiro santuário onde estes majestosos animais comparecem todas as noites para se alimentarem do plâncton atraído pelos holofotes.

É uma interação bem legal, porque os animais são protegidos e respeitados sem sair do seu habitat, se alimentam de forma natural, as pessoas ganham dinheiro (fazendo o bem!) e os turistas saem satisfeitíssimos. Ah se tivéssemos mais iniciativas assim…

Para garantir que os animais realmente apareçam, os operadores colocam muitos, mas muitos holofotes no fundo do mar para atrair as mantas. Garanto para vocês, o cenário é digno de um show!
Confira este vídeo.

Mas vamos à experiência em si. Ou não…

Tudo certo para o mergulho. Adrenalina a mil e tal. Mas no dia anterior fui parar no hospital comunitário de Kona com a pior gripe que já tive. Coisa de episódio daquele seriado americano ER mesmo.

Tudo certo? #SQN!

Impedido de mergulhar por ordem médica, tive que adiar os mergulhos. Praticamente curado, voltei na Big Island Divers e remarquei o meu mergulho. Na hora marcada, todos à bordo e prontos para partir, fomos informados pelas autoridades locais que as condições das correntes marítimas eram demasiadamente perigosas para seguirmos. Naufraguei novamente.

No mergulho com as raias, como você passa praticamente o tempo todo ajoelhado no leito do oceano, uma corrente marítima um pouco mais forte pode simplesmente estragar o passeio no pior sentido.

Dia seguinte o pessoal da Big Island Divers me liga para remarcar dizendo que as condições estão perfeitas. Confirmo horário do meu voo e resolvo não arriscar.

Embora a maioria das pessoas que mergulham já saiba, não custa nada reprisar a necessidade de esperar 24hs para pegar um avião por conta do risco de doença descompressiva – alguns falam em 12 horas. No meu caso tinha umas 10 horas de janela entre o mergulho e o voo. 

Na dúvida considere também evitar voos de helicóptero dentro de uma janela como esta.

Frustrado, mas não vencido; lembrei que eles também oferecem opção de fazer snorkel noturno e avistar as belas raias manta. Ok, não é a mesma coisa, mas melhor ver assim que perder a oportunidade única, né?

Na hora marcada fomos para o píer próximo de Kona onde embarcamos no barco da Big Island Divers. O tamanho do barco era excelente para a quantidade de pessoas (já disse antes que tenho horror a barco de mergulho apinhado).

Agora vai? O píer fica perto da loja.
O barco da Big Island Divers tem um tamanho excelente.

Navegamos por aproximadamente uns 30 minutos em direção à baía formada nos arredores do aeroporto de Kona, parando no caminho para avistar algumas baleias que estavam por ali e apreciar o pôr do Sol.

Ancorados na baía, enquanto o Sol dava o seu adeus, a atenciosa equipe da Big Island Divers foi finalizando os preparativos e uma bióloga começou a dar uma verdadeira aula a respeito das raias.

Navegamos uns 30 minutos.
Curtindo a aula da bióloga.
E aguardamos o Sol partir.

Disse que a maioria das raias que veríamos eram visitantes frequentes da área. Mas como eles sabem quem é quem? As raias têm no seu ventre desenhos bem singulares que as identificam, são como as nossas impressões digitais. Tem até uma que possui um desenho bem semelhante ao hang-loose. Não é história de surfista ou mergulhador não! Ela estava lá.

Olha ela ai para não falarem que é causo de mergulhador.

Outra, tem uma deficiência na nadadeira cefálica, aquelas “aletas” próximas à boca que ajudam a direcionar o animal e a comida. Uma delas é mais curta por conta de um acidente com uma linha de pesca. Dizem que ela foi resgatada da rede por mergulhadores que fizeram ali mesmo uma amputação para salvar o animal. Desde então ela passou então a visitar todos os anos a ilha.

E aqui a sem uma das nadadeiras cefálicas.

Tudo pronto, hora de cair na água. Mesmo com o neoprene, a água estava bem gelada, mas a empolgação era maior. 

Os operadores locais colocam uma série de holofotes no fundo do mar, deixando tudo incrivelmente iluminado ao ponto de, dada a claridade das águas, ser possível ver da superfície o fundo do mar iluminado. Indescritível.

Após formarmos grupos de umas 8 pessoas, todos se agarraram à uma grande prancha de surf adaptada com pegadores laterais e holofotes virados para o fundo do mar. Batendo pernas como uma equipe de remo, nos posicionamos no local indicado pelo guia.

Não demora mais que 1 minuto para avistarmos as primeiras raias passando no fundo do mar. O contraste da luz vinda do leito do oceano com o dorso negro do animal é algo inesquecível. Majestosamente “voando” no oceano, elas se movem com a graça de pássaros que planam no céu. Parecem não fazer esforço algum.

Depois de umas duas ou três passarem no fundo do mar, uma das maiores delas – não chuto o tamanho, mas dava umas duas vezes a minha altura – inicia a manobra belly-to-belly, algo como barriga com barriga.

A partir do fundo do mar, ela inicia um looping que culmina com o alinhamento da barriga dela com a sua. O ventre dela passa não mais que 30 cm do seu. É aquela hora em que a adrenalina e felicidade vai a mil e você esquece que está em alto mar, à noite boiando!!!

Lá vem a bocona desdentada.
Nada de fazer carinho na barriga!

Juro que se não tivesse a certeza de tratar-se de um animal tão amistoso, teria tentado correr sob a água! Quando aquela boca enorme (e banguela!) vem na direção da galera, tudo o que você ouve é um monte Ual e risadas abafado embaixo da água.

Sem dúvidas, uma das coisas mais legais que já vi.

Confira ai o vídeo com a experiência:

Ficamos ali por uns 40-60 minutos apreciando o espetáculo. A emoção era tanta que se tirei o rosto da água umas duas vezes para ver se estava tudo bem foi muito!

Duas orientações: em hipótese alguma toque com as mãos ou qualquer outro objeto os animais; e mantenha o seu corpo a maior parte do tempo flutuando para não só não atrapalhar a visão alheia como também para evitar choques acidentais com os gentis animais.

Quem desejar fazer o mergulho, saiba que as empresas exigem, além da certificação básica Open Water Diver, que você tenha um mergulho noturno prévio e mais de dez mergulhos no logbook. Já para o snorkel, é preciso saber nadar, uma pequena dose de coragem e nada mais – portanto, indicado para todos.

Raia manta em Kona, Bis Island (Havaí).

Vai deixar passar esta oportunidade única???

* O Cumbicão visitou a atração mediante uma parceria estabelecida com o operador local para coletar material para este post. Todas as opiniões e relatos aqui descritos refletem fielmente a experiência, atendendo à política do blog.

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