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War Remnants Museum em Ho Chi Minh, outro lado da Guerra do Vietnã

Que isto não se repita! (Créditos Nick Ut)

Como mostramos no post anterior, Ho Chi Minh tem muitas atrações interessantes. Mas teve uma que por ser a mais impactante, resolvi deixar para tratar neste post de forma mais completa. Estou falando do War Remnants Museum, que tem como tema a Guerra do Vietnã.

Quem me conhece ou leu o post sobre Auschwitz sabe que a minha posição sobre guerras e seus horrores, é muito clara: por mais que este tipo de museu não possa ser tratado como algo divertido como uma atração turística qualquer, isto não significa que eles devam ser deixados de lado por quem gosta de viajar e aprender sobre o destino. 

Isto porque eles fazem parte da história de um país, de seu povo e muitas vezes de todos nós. Some ainda que o papel que este tipo de museu desempenha ao lembrar a todos sobre os erros do passado, principalmente para que estes equívocos e horrores não se repitam.

War Remmants Museum.

É neste contexto que recomendo a visita ao War Remnants Museum, especialmente para aqueles que como eu curtem história. 

O museu é de fato imperdível, mas demanda um breve alerta. As imagens e relatos são fortes, já que retrata a triste realidade de um conflito para lá de sangrento. A verdade nua e crua de uma guerra. 

Andando pelas salas, cujas portas são parcialmente cobertas para quem passa no corredor não veja sem querer o que está lá dentro, o silencio é constrangedor. As pessoas mal comentam o que estão vendo. Todos olham as fotos e textos com um enorme pesar. Muitos saem de cabeça baixa e outros com olhos marejados. Não tem como não se comover, chocar e ao fim se revoltar com a crueldade do evento.

É um momento de reflexão onde você pensa: Para que tudo isso? Para nada! Valeu a pena? Certamente não! Está mesmo o ser humano evoluindo? Fiquei na dúvida, sério.

Talvez tão impactante quanto Auschwitz ou outros museus do tipo, o que mais chama a atenção é que em muitas passagens a história da Guerra do Vietnã é contada tendo como foco não só dados frios. Em muitas das salas e materiais em exposição conta-se a história das pessoasque viveram e sofreram com a Guerra do Vietnã. De ambos os lados em algumas passagens.

Se como nós, você também viaja com crianças, deve estar se perguntando como fizemos para visitar o museu com o Cumbiquinho. É não dava para entrar com ele na maioria das salas porque seria muito inadequado para a idade dele. A alternativa foi um ficar sentado descansando com ele e o (essencial) tablet e o outro dar uma volta. Daria também para deixar ele brincar no espaço kids que só descobrimos no final da visita. Aliás esta foi uma ótima sacada dos responsáveis pelo museu, nota 10!

Espaço kids.

Em termos de estrutura, o museu é composto por um edifício de dois andares, uma área que representa uma prisão da época; e um grande pátio onde estão expostos veículos de guerra. A visita até que é rápida. Acho que ficamos umas 1h30 ali e deu para ver tudo muito bem.

A Guerra do Vietnã foi o último capítulo armado da Guerra Fria, e por ter ocorrido entre os anos de 1955 e 1975 (com uma participação mais ativa dos EUA entre 1965 e 1973), foi a primeira guerra que pode ser de fato televisionada. Em tempos de guerras com drones transmitidas quase que ao vivo pelo YouTube, isso pode parecer bobagem, mas a cobertura quase que instantânea da mídia naquela época vez uma diferença e tanto. Graças a ela, os horrores da Guerra do Vietnã e talvez até mesmo a sua falta de sentido ficaram mais evidentes para a opinião pública. 

Isto fica bem claro no primeiro pavimento do museu, onde há uma extensa mostra cujo foco é a cobertura da mídia e os protestos dos governos de vários países contra a guerra.

Um dos principais movimentos levou mais de 50mil pessoas para as ruas de Washington.

Para quem não se lembra, foi basicamente uma guerra entre o Vietnã do Norte, governado por Ho Chi Minh, capital Hanói e aliado à União Soviética; versus o Vietnã do Sul, governado por Ngo Diem Dinh, capital Saigon e aliado aos Estados Unidos. Na prática, era uma guerra para impedir o avanço de um regime comunista ao norte contra o sul que era capitalista. 

Assim, de um lado os soviéticos municiavam os vietnamitas do norte (vietcongues) com armamentos e de outro os EUA apoiavam os do sul com armamentos também. Interessante que os soviéticos jamais enviaram tropas para lá.

Não vendo progressos na contenção dos comunistas, Lyndon Johnson, presidente dos EUA na época, resolveu enviar tropas ao Sudeste Asiático. Pronto, o que era um conflito entre dois países vizinhos virou o maior pesadelo dos EUA naquele século.

Mas porque a guerra acabou? Por pressão do próprio povo norte-americano.

Vendo a sua popularidade despencar e os gastos com a guerra subindo na proporção inversa, o polêmico presidente americano Richard Nixon propôs em 27 de janeiro de 1973 um cessar-fogo em com os vietcongues e colocou fim à participação dos EUA na guerra. Sem o apoio dos americanos, dois anos depois os vietcongues tomaram a cidade de Saigon (hoje, Ho Chi Minh) colocando um fim definitivo no conflito e unificando o Vietnã.

O ato final da guerra foi a saída do embaixador dos EUA de Saigon em 30 de abril de 1975.

Além do alto custo, a desaprovação da opinião pública norte-americana quanto ao conflito deu-se por dois outros motivos mais relevantes, o número de mortes de soldados americanos e os abusos cometidos por alguns deles. 

Nunca antes na história de um conflito armado os EUA tiveram tantas mortes – mais de 58 mil!!! Além dos muitos soldados que perderam a vida, muitos voltaram para casa mutilados ou com graves problemas psíquicos. Hollywood foi bastante eficiente ao mostrar isto em vários filmes, inclusive alguns que sequer tinham a guerra como tema. Na música, vários artistas se colocaram contra a guerra e criaram verdadeiros hinos como Imagine de Lenon e Fortunate Son do Creedence Clearwater Revival para ficar apenas em dois clássicos da época – aliás dois excelentes que te convido a ouvir enquanto lê este post.

Na mente dos norte-americanos é um conflito que ainda é sentido, especialmente pelas gerações anteriores. Basta notar que ainda hoje, os veteranos são respeitadíssimos.

Uns nunca viram seus entes queridos voltando para casa.
E outros tiveram a sua casa e família destruídas pela guerra.

O segundo ponto foi o fato de que algumas divisões de combate simplesmente extrapolaram os limites da guerra (sim, até mesmo uma guerra tem regras!) ao atacar de forma deliberada e muitas vezes injustificada, como veremos abaixo, civis.

Tudo isso causou um misto de reprovação e revolta na opinião pública norte-americana que passou ostensivamente a protestar contra a guerra, algo impensável no calor da Guerra Fria dos anos 60/70. Nunca é demais lembrar que nestas décadas havia os EUA fervilhavam com a chamada contra-cultura, movimento hippie, movimentos contra o racismo que muitas vezes se combinavam em prol de algo relevante.

Mas como são hoje as relações? Os dois países normalizaram suas relações em 1995 e ampliaram ela em um acordo em 2013. Atualmente o comércio bilateral entre as duas nações movimenta quase US$ 35 bilhões.

A relação somente ficou mais próxima depois do Clinton, que seguiu com alguns programas para desarmar as bombas enterradas.

Depois de conhecer o museu, quando ainda viajando pelo Vietnã, a primeira coisa que tentei entender foi como os vietnamitas convivem com as lembranças da guerra. 

Passados mais de 40 anos do seu fim, fiquei com a impressão de que a guerra é hoje mais um capítulo do passado do que uma ferida aberta. Não sei se é o efeito do tempo (como dizem o tempo apazigua a dor) ou se é a capacidade de resiliência dos vietnamitas, mas para eles este é um assunto findo e não parece haver assim um sentimento de ódio ou algo semelhante. 

Claro que eles lamentam sim, e com toda a razão. O que quero dizer é que hoje, acima de tudo, o Vietnã olha para o futuro. Por mais que 40 anos na história de um país seja muito pouco em termos de tempo, mesmo com uma perda de vidas e horrores indescritíveis sofridos durante o conflito, o povo olha para frente. Muito desde sentimento vem do fato de que o Vietnã é um país cuja média etária é bastante jovem – novamente um efeito da guerra.

Mesmo diante de tanto sofrimento, hoje o sentimento da população me pareceu ser de resiliência.
Segundos antes da execução em outra famosa fotografia.
Aliás rola uma polêmica nesta foto pois dizem que o cara estaria vingando a morte de parentes (mas mesmo assim é triste).

Enquanto que Hollywood em seus vários filmes foca mais no conflito e nos traumas dos veteranos norte-americanos, o museu traz a realidade do povo local, como nem poderia ser diferente. Tanto que como já disse no primeiro post da série sobre o Vietnã, eles chamam de Guerra dos EUA e não do Vietnã pois, no entender deles, os Yankees é que foram lá fazer guerra (sei não acho um conceito meio simplista demais). 

Enfim, o museu é uma oportunidade e tanto para que você veja e aprenda sobre o outro lado da moeda. Aquele além dos filmes do Rambo, para ficar apenas no exemplo mais caricato.

Acho que a real dimensão da guerra pode ser tomada com base nos números. Durante todos os anos da guerra, mais de 2,5 milhões de americanos combateram lá; e em alguns períodos o número simultâneo chegou a mais de meio milhão em combate. A quantidade mortos foi enorme, contabilizando mais de 58 mil americanos e 1,1 milhão de vietnamitas (algumas fontes falam em 3 milhões de mortos). Até hoje tem gente de ambos os lados que é dada como desaparecido.

Comparando com a Segunda Guerra Mundial, que teve vários campos de batalha, os números ficam ainda mais assustadores.
E não foram só os EUA que enviaram soldados.

Um dado que nem todo mundo tem conhecimento é a quantidade de bombas lançadas. Confira os números absurdos em toneladas: 

Os números são uma insanidade.
Alguns exemplos de bombas que foram usadas.

E algumas bombas não eram nada pequenas, como a gigante BLU – 82 Seismic Bomb da foto acima que com mais de 3m de comprimento e quase 6 toneladas de explosivo era jogada de aviões C130 e quando explodiam devastavam por completo tudo dentro de um perímetro de 100m, e os seus danos colaterais poderiam atingir até mesmo um raio de 3,2km.

Diante destes números, fica clara a intenção dos EUA que foi expressada na frase do General Curtis LeMay de que a ideia era bombardear o Vietnã até que eles “voltassem à idade da pedra”.

O maior problema disso é que ainda hoje bombas e minas enterradas e portanto não detonadas explodem tanto no Vietnã quanto em outros países vizinhos afetados pela guerra, causando mortes e mutilações mesmo depois de 40 anos do fim da guerra. É verdade que existe um grande esforço inclusive dos EUA na desativação destes artefatos, mas o trabalho é enorme e que deve levar décadas para ser terminado.

Tem lugar onde não sobrou nada.

Durante a guerra, os EUA fizeram uso de duas armas que não haviam sido utilizadas em combates anteriores e que acabaram sendo as mais letais à população local: o Napalm e o Agente Laranja.

Ambos têm salas específicas que explicam o seu funcionamento e principalmente mostram os seus efeitos. Nelas é que estão as cenas e relatos mais impactantes do museu. 

Para quem não sabe, Napalm consiste em conjunto de líquidos inflamáveis e foi uma das armas mais cruéis e mortais já utilizados em uma guerra. A sua base é gasolina em formato de gel, o que a transforma em algo além de incendiário, pegajoso. O seu poder de combustão é tão absurdo que além de queimar a pele e músculos, a temperatura faz os ossos fundirem.

O resultado do Napalm sobre as florestas tropicais do Vietnã. Não sobrava nada!
Este tanque M.132 A1 foi criado especialmente para que ao invés de um canhão, tivesse um lança-chamas capaz de atingir alvos até 137m de distância.

Ele era utilizado em lança chamas e bombas incendiárias que eram lançadas ao solo a esmo. Era tão forte que até hoje as clareiras abertas elas bombas não fecharam. 

Literalmente queimava até mesmo sob a superfície da água, matando tudo ao seu redor. O que não morria queimado com ela, morria asfixiado já que a sua violenta combustão reduzia rapidamente a concentração de oxigênio e aumentava a de CO2 no ar.

Esta arma resultou na imagem que abre este post e é a mais icônica da Guerra do Vietnã. Ela foi capturada pelo fotografo Nick Ut em 1972, que mais tarde inclusive ganhou o prêmio Pulitzer por ela. Nela aparece Kim Phuc, então com apenas 9 anos, correndo nua por uma estrada após ser queimada por Napalm. É de doer o coração. Para quem não conhece a história, ela sobreviveu, conseguiu relativamente recuperar-se após várias cirurgias e tornou-se meio que um símbolo da guerra.

Se não bastasse o Napalm, havia algo ainda mais terrível, e com efeitos permanentes, o chamado agente laranja. Mesmo proibido por convenções internacionais, durante a Guerra do Vietnã os norte-americanos jogaram aproximadamente 80 milhões de litros de herbicidas, dentre eles o temido agente laranja, que é uma combinação de dois herbicidas: o 2,4-D e o 2,4,5-T. 

Sala sobre o agente laranja. Não tem como publicar mais fotos do que isso.

A quantidade deste composto lançada no Vietnã impressiona. Entre 1961 e 1971 foram lançados 80 milhões de litros de agentes tóxicos, sendo que disso tudo 60% era de agente laranja. Mais de 26mil vilas foram contaminadas.

Além do seu efeito instantâneo de matar tudo o que é vegetação, esta mistura libera um subproduto cancerígeno (dioxina tetraclorodibenzodioxina) que dizem ser a substância mais perigosa do mundo.

O problema maior, e com efeitos até hoje, é que isto impregna no meio ambiente contaminando portanto as futuras gerações. E mais, ele causa mutação genética! Isso tudo nos leva ao ponto mais triste e desumano desta guerra: deixar efeitos torturantes senão mortais às futuras gerações que culpa alguma tiveram no evento. Gente que nem era nascida naquela época morreu ou sofreu horrores por causa disso.

Mais de 4.8 milhões de vietnamitas foram expostos ao agente laranja, e destes praticamente 3 milhões foram e alguma forma afetados. Estima-se que mais de 150mil pessoas da segunda geração dos afetados seja afetada; 35mil na terceira geração e 2mil na quarta geração. Medonho!

Os aviões voavam baixo literalmente pulverizando o território.

São diversos os casos de pessoas que morreram de câncer por conta disso, para não falar nas crianças que nasceram com deformidades terríveis. Olha, vou relatar em palavras o que não tenho coragem de retratar em imagens: algumas pessoas tiveram deformidades de tamanha monta que mal daria para considerar que conseguissem sobreviver naquelas condições. Desculpem a crueza das palavras, mas olhando as fotos custei à acreditar que ali, dentro daquele corpo desforme havia um ser humano como eu e você. Poucas vezes tive um sentimento de dó e pesar tão grande.

As fotos das vítimas são de partir até mesmo o coração mais duro que você conhecer. Nem mesmo considerando o cunho informativo vejo condições de postar elas aqui, em razão da crueza e respeito às vítimas. 

O incrível é que nos anos 80 uma associação de veteranos dos EUA moveu uma ação e ganhou 93 milhões em indenizações, mas em 2005 ao julgar uma ação dos vietnamitas, outro juiz disse que não havia indícios de contaminação. Como é que é?

O museu também conta em detalhes uma outra história bem triste e que ficou conhecida como o massacre de My Lai. Para quem não sabe, este é o nome de uma vila vietnamita que em 16 de março de 1968 foi simplesmente dizimada pela Companhia Charlie, da 11ª Brigada de Infantaria dos EUA.

May Lai, as crueldades ali cometidas abriram os olhos da opinião pública ainda mais para o erro do conflito.

Embora o alto comando militar tenha dito que se tratava de uma vila que serviria de esconderijo para combatentes da Frente Nacional de Libertação do Vietnã (nome oficial da guerrilha vietcongues), nem sequer uma arma foi encontrada. Mesmo assim, os soldados norte-americanos dizimaram a vila inteira, matando 504 mulheres, idosos e crianças em menos de 4 horas. 

As fotos do massacre e os relatos são terríveis.

As histórias contadas a respeito do evento são absurdas e refletem a insanidade do conflito. Os comandados pelo tenente William Calley atiraram a esmo e sem piedade. Segundo ele relatou em um depoimento mais tarde perante a corte marcial (já que todos foram processados por crimes de guerra), as ordens eram para “matar tudo o que se mexesse”.

Apenas 20 pessoas conseguiram sobreviver, justamente porque se fingiram de mortas.

Repito: nenhum combatente vietcongue foi achado no local.

Por sorte, os atos foram registrados pelo fotógrafo militar Ron Haeberle, possibilitando ao mundo conhecer este massacre. Lembram daquela questão de registrar desgraças para nunca mais repetir? É bem por aí.

Depois que as fotos e fatos vazaram para a imprensa mundial, a pressão para o fim da guerra que já era grande, ganhou ainda mais força.

Ao final, 25 soldados foram processados por crimes de guerra, mas apenas o tenente William Calley foi condenado à prisão perpétua, mas logo em seguida perdoado por Richard Nixon (prefiro nem adjetivar) para que cumprisse pena de prisão domiciliar.

Não sobrou praticamente nada do vilarejo.

O evento foi tão absurdo que dentre os soldados presentes, teve desde soldado que atirou em si mesmo de raspão para justificar sair daquele horror, até soldado que recusou-se a cumprir as ordens e ainda outros que depois do massacre cometeram suicídio. De todas a mais incrível, e única louvável, foi a história do piloto de helicóptero Hugh Thompson Jr. que vendo o massacre lá de cima avisou as forças terrestres que senão parassem, iria disparar as metralhadoras contra seus próprios soldados. Imagina a tensão?

Olhando o massacre de My Lai fica bem claro o quanto fora da racionalidade muitos soldados estavam. Além do despreparo da grande maioria, as táticas de guerrilha dos vietcongues e o terreno absolutamente hostil (floresta fechada + umidade + calor) literalmente derrubaram os norte-americanos. Difícil até hoje acreditar que a maior potência bélica do mundo sofreu tanto, e segundo muitos historiadores, perdeu a guerra para uma nação tão diminuta sob o ponto de vista militar.  

Em outra sala, o museu mostra a guerra sob o ponto de vista dos jornalistas, especialmente dos fotojornalistas que cobriram a guerra. Aqui aquela máxima de que uma imagem vale por mil palavras toma a sua real e dramática dimensão. É uma foto mais impactante que a outra.

Uns arriscaram a vida para mostrar a guerra para o mundo.
Canon do fotografo japonês Taizo Ichinose que foi salvo porque a  bala parou nela (Canon, né?)

Outra sala apresenta os armamentos utilizados nos combates. Os vietcongues utilizavam o famoso fuzil AK-47 de fabricação soviética e que tornou-se a arma mais famosa da época por conta da sua resistência e fácil manutenção. Já os norte-americanos usavam os fuzis M14 e seu sucessor M16. 

Coisas de G.I. Joe.

Do lado de fora do museu, o destaque são os veículos e armamentos de guerra da época. De um lado ficam os terrestres e de outro lado as aeronaves e helicópteros. Juro que vendo o Huey ali até ouvi na cabeça a Cavalgada das Valquírias que toca em uma das cenas mais famosas de Apocalypse Now.

Do lado de fora, muitas peças da época.
O clássico UH – 1H Huey que transportava as tropas norte-americanas.
F-5A um caça da Guerra do Vietnã.

Em uma área separada há uma representação de como era uma prisão militar à época. Mais especificamente a Co Dao. Olha, vou te contar; olhando superficialmente você já se impressiona bastante com o que tem ali exposto. Mas é lendo as informações que você tem a real noção dos absurdos que eram praticados nesta e em outras prisões. Coisa capaz de fazer Platoon parecer filme de criança.

Acho que o pior são as chamadas “tiger cages” que eram gaiolas utilizadas para prender os inimigos em verdadeiros cubículos que podiam ser ao ar livre, como em gaiolas, ou em celas tão apertadas que era preciso fazer turno para pegar um lugar mais perto da porta onde era possível respirar melhor, lembrando que no Vietnã faz um calor terrível.

Representação do interior de uma tiger cage onde a pessoa ficava presa em uma posição específica.
De cima elas eram assim, mais pareciam um buraco com grades no teto.
Havia também este tipo que mais parecia uma gaiola.

Fora isso, vários objeto de tortura como as grelhas em brasa por onde eram obrigados a se arrastar ou uma guilhotina. 

Guilhotina.
Imagina o sofrimento?

Nestas prisões, as pessoas eram amarradas em posições tão esdrúxulas que ao serem libertadas, seus corpos ficavam permanentemente deformados. Isso quando não, os ossos eram quebrados antes, piorando ainda mais a situação pois calcificava literalmente fora da posição. 

Impressionante a crueldade e a demência que o ser humano, se é que assim dá para chamar, é capaz.

A frase do Secretário McNamara resume bem o pensamento.

Tenho ciência de que o museu é uma atração para os fortes de estômago e nem seria louco de classificar como uma atração turística, mas para quem curte história e quer entender melhor o que aconteceu mais de 40 anos atrás, considero a visita algo imperdível.

Programe a sua visita. O War Remnants Museum fica na 28 Ð Vo Van Tan, esquina com Ð Le Quy Don; entrada custa 15,000d; e abre diariamente das 7h30-12h00 e das 13h30 às 17h00. Uma dica que dou é para que você chegue logo cedo ou deixe para ir depois do almoço porque se estiver lá dentro no horário do almoço terá que ir embora e voltar mais tarde pagando outro ingresso. 

No próximo post da série, vamos à bela Hoi An, até mesmo para aliviar os ares.

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1 comentário

Oigres 8 de junho de 2018 at 15:42

Não tive coragem de ir ver! Vi em 1980 Nagazaki. Terrível também. O pior é que o mundo está há mais de um século dominado por loucos por poder, que promovem guerras. Ainda convivemos com resultados de guerras recentes Afeganistão, Iraque, Síria etc. Dizem alguns historiadores que guerras são geradas por guerras que geram novas guerras. Assim, a 1a.Guerra foi decorrência de desavenças entre países no fim dos 1800s. A 2a. decorreu dos resultados da 1a. A da "Coréia" em seguida, esta aqui da "Guerra Fria", que também isolou-destruiu Cuba e que lançou Ditaduras abaixo do Equador na América Latina. O poder gera guerras o respeito a Deus e ao ser humano não.

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