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Willemstad, a charmosa capital de Curaçao

Willemstad, Curaçao.

Se e quanto você se cansar das praias de Curaçao, o que confesso ser beeemdifícil, saiba que a ilha conta ainda com uma capital que foge de todo e qualquer estereótipo e que sem dúvidas merece ser visitada: Willemstad.

Willemstad é um dos pontos que faz de Curaçao um destino diferenciado no Caribe. Praias fantásticas, muitos destinos da região têm. Agora uma capital que vai além de um simples porto de parada para cruzeiros é coisa muito rara.

Já tive a oportunidade de conhecer algumas cidades no Caribe, e infelizmente poucas tem uma vida que vai além de ser um ponto de parada de grandes navios ou vão além de um punhado de restaurantes, lojas e muitos bancos (no caso daquelas que são paraísos fiscais). Neste aspecto, vide Nassau. Se esta é a visão que você tem, saiba que Willemstad é totalmente diferente. 

Com um charme que nenhuma outra tem, repleta de história e prédios lindos, a capital de Curaçao justifica uma pausa no seu roteiro de praias pela ilha para conhecer esta outra, e deliciosa face da ilha.

A cidade não é grande não, e as áreas mais interessantes ao turista você pode conhecer facilmente a pé.

Estacionar o carro em Willemstad é relativamente tranquilo. Existem muitos estacionamentos pagos, mas se você precisar estacionar por algumas horas pode utilizar o do Renaissance Shopping que é gratuito e coberto.

A preservação da típica arquitetura holandesa, especialmente da rua Handelskade, garantiram à Willemstad a condição de Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Quando digo arquitetura holandesa, é preciso fazer uma ressalva.

Parece que Amsterdã pirou? Não, é Curaçao mesmo.
Nos detalhes a arquitetura fica ainda mais parecida com a holandesa.

Por mais que no formato os edifícios de Willemstad nos dê a impressão de estar caminhando pela Amsterdã do passado, o colorido é bem diferente daqueles tons sóbrios da mais famosa cidade da Holanda. Em Curaçao eles são absurdamente coloridos, como se alguém tivesse exagerado no filtro do Instagram ou se Amsterdã tivesse pirado de vez.

Esta mistura dos traços tipicamente holandeses com o colorido caribenho criou algo único e bem interessante. Tão típico que até mesmo as placas dos carros ostentam o skyline símbolo da ilha. 

Placa de carro em Curaçao.

Existem muitas lendas sobre essa aquarela que tinge a cidade. Uma delas conta que foi obra do primeiro governador, que sofrendo de uma terrível enxaqueca e com aversão ao brilho das casas brancas refletido sob o sol, decretou que todas elas fossem pintadas de cores vivas. Verdade ou não, ficou bonito e virou uma marca da cidade.

E não é só neste trecho da cidade que as casas bem conservadas e coloridas não, andando pelas ruas mais internas existem também bons exemplos de como aproveitar adequadamente edifícios históricos.

Casas populares.
Uma já restaurada e outra com trabalhos em andamento.
Este conjunto virou um hotel.
Nem mesmo o Curaçao Tourism Board escapa, eles estão instalados neste charmoso edifício no centro.

Com 77 mil habitantes, Willemstad está dividida em duas metades separadas por uma enorme baia. De um lado o bairro de Punda e do outro, Otrobanda.

Ligando ambos os lados duas importantes pontes. A primeira, a Queen Emma Bridge é exclusiva para pedestres e é um dos símbolos da cidade juntamente com o skyline de prédios históricos coloridos. 

Com 168 metros, ela é uma ponte flutuante que se abre para a passagem de grandes navios em direção ao porto situado no interior da baía. O sistema funciona assim: uma das pontas se solta da margem do canal enquanto é empurrada por um motor até que a passagem esteja larga o suficiente para a passagem dos navios. É impressionante ver enormes navios passando assim pertinho da cidade, portanto não deixe de apreciar a sua abertura.

Queem Emma Bridge.
Quando fomos ela estava ainda enfeitada para as festas de fim de ano.
A ponta perto de Punda se solta para a passagem dos navios.
Lá vem o rebocador para ajudar alguém.

Ela foi construída originalmente em 1888, mas a estrutura atual data de 1939.

A outra, ligação entre um bairro e o outro é feita por meio da Queen Juliana, uma enorme ponte suspensa 56m acima do nível do mar. Dizem ser a mais alta ponte do Caribe. De lá se tem excelentes vistas de Willemstad e como ela é bem estrita, passando de carro dá um certo frio na barriga.

Queem Juliana.

Próximo à ponte Queen Emma está a movimentada praça Koningin Wilhelmina, com uma enorme bandeira de Curaçao.

Praça Koningin Wilhelmina.

Sugiro que ao menos um dia você chegue cedo à Willemstad (se não estiver hospedado lá) para conhecer o Mercado Flutuante.

Trata-se de uma feira livre onde as bancas de frutas, verduras e etc. são na verdade barcos. Muitos produtos ali vendidos vem da Venezuela que está situada 60km da ilha. Os feirantes-navegantes viajam horas para levar seus itens para serem vendidos em Curaçao.

Nesta feira de Curaçao
Os feirantes chegam de barco. E de longe!

Seguindo dali pela rua De Ruyterkade, você chega aos dois mercados bem interessantes de Willemstad. Primeiro o Central Market que é um mercado mais novo e logo mais a diante o Marsche Bieu ou Old Market onde você pode conhecer um pouco da culinária local, pois ali existem vários pequenos restaurantes tanto com comida típica local quanto internacional.

Como comentei no primeiro post sobre Curaçao, a ilha tem uma considerável comunidade judaica. E justamente por conta dela, Willemstad tem a mais antiga sinagoga em funcionamento das Américas, a Sinagoga Mikvé Israel-Emanuel. Construída em 1732, dizem que ela foi terminada por judeus que fugiram do Recife para lá. O interessante é que o chão dela é de areia, em uma referência aos judeus errantes que passaram pelo Egito. Visitas apenas de segunda-feira à sexta-feira das 9h00 às 16h30.

Sinagoga Mikvé Israel-Emanuel.

Ainda seguindo os passos da comunidade judaica em Curaçao, não deixe de visitar o bairro Scharloo e conhecer os casarões construídos pelos judeus no passado e que hoje abrigam algumas empresas. A principal rua para ver estas belas casas é a Sharlooweg.

Um dos muitos casarões de Scharloo.

Nesta mesma região você encontra uma série de muros e fachadas com grafite que estão dando uma outra cara para a região. Um mais lindo que o outro, vale conferir.

Adoro esta febre que está se espalhando pelo mundo de pintar os muros de forma divertida.
E Willemstad entrou de cabeça nisso.

Curaçao, da mesma forma que outras ilhas do Caribe, recebeu uma grande quantidade de escravos vindos da África para trabalhar nas lavouras. Tanto que boa parte da sua população descende dos escravos que foram libertos em 1865. Uma vez livres, eles se estabeleceram no bairro de Otrabanda que já existia desde o século 18. 

Até mesmo como uma forma de preservar a história e lembrar as pessoas dos erros do passado, Curaçao tem um interessante museu relacionado com o tema, o Museu Kurá Hulanda. Em uma primeira parte o museu traz um pouco da cultura de vários povos africanos, apresentando objetos de arte feitos por eles. Tem de tudo: tapeçaria, cerâmica, móveis e muito mais.

Museu Kurá Hulanda.

Já em uma segunda parte, e claramente mais impactante, mostram os horrores da escravidão. Mesmo sem ser algo tão escancarado como alguns outros museus como aqueles que falam sobre guerras e genocídios, eles conseguem muito bem passar a mensagem. Apresenta toda a trajetória dos escravos desde a África até os horrores sofridos na ilha. O museu abre de segunda a sábado das 9h30 às 16h30 e o ingresso custa US$ 10.

Ainda ali, não deixe de conferir aquilo que é uma espécie de Pelourinho de Curaçao: o quarteirão do Kurá Hulanda com suas casas coloridas dos séculos 18 e 19 que remetem para nós à famosa atração de Salvador. Atualmente os prédios fazem parte de um hotel homônimo super conceituado, mas cujo acesso é livre para todos e é uma excelente oportunidade de conhecer como era a Curaçao do século 18.

E a charmosa parte do hotel com cafés e restaurantes.
Kurá Hulanda.

Não deixe de passear pelo Forte Rif, um forte construído em 1828 onde funciona o Renaissance Shopping(diariamente das 9h00 às 19h00) que é um shopping a céu aberto com muitas marcas famosas. Mesmo que você não vá comprar nada, o visual do lugar compensa e muito.

Entrada do Fort Rif.
Dentro, o shopping é bem bonitinho.

Lá também fica o melhor cassino da ilha. Lembram que falei que o jogo era liberado em Curaçao?

O cassino não é muito grande não, mas é bem bonito e não tem aquele cheiro insuportável de cigarro. Só fique atento ao fato de que menores de idade não entram lá nem sequer acompanhados dos pais (melhor assim!).

Fim do dia? Hora de curtir um pôr do Sol. E não é um qualquer não, é daqueles onde o Sol vai indo embora “queimando” o mar. Imperdível! O melhor ponto para isso é nos arredores dos Waterfort Arches.

Mas e as atrações para crianças

Além das praias sobre as quais falamos no post anterior, você encontra nos arredores de Willemstad – não mais que 5 minutos de carro do centro – uma atração imperdível para os pequenos viajantes, o Sea Aquarium.

Vista aérea do complexo. Créditos: Sea Aquarium.

Bem menor que outros aquários pelos quais já passamos, mas muito bem conservado e com uma excelente quantidade de atividades, o Sea Aquariumé fora das praias a melhor atração para crianças na ilha.

Tem de tudo, de aquários com peixes e corais locais à atrações que permitem alimentar e interagir com os animais mais de perto.

Como está situado em uma área praticamente dentro do mar como dá para ver nas fotos aéreas, o Sea Aquarium permite uma interação mais natural com os animais.

E neste sentido há de tudo. Na Animal Encounter você pode fazer snorkel em uma lagoa de água salgada com arraias e nadar, praticamente lado a lado, já que apenas uma placa de vidro faz a separação, com tubarões. Excelente experiência!

Topa nadar com os tubarões?
Este ai era bem grandinho!
Praias no Sea Aquarium.

Saindo dali, em um tanque você pode alimentar tanto tubarões quanto as arraias.

Uma atração interessante é alimentar os flamingos. Populares nas ilhas da região, estas enormes aves tem uma área dedicada a elas onde você é convidado a servir-lhes um banquete de peixe. 

Alimentando tubarões.
E flamingos.

Mas a atração que mais chama a atenção são os golfinhos. Normalmente, eu não curto muito este tipo de atração como já escrevi no passado, mas em Curaçao vi algo que me fez repensar a questão: os animais além de criados ali, são soltos no mar.

Sim, é isso mesmo.

Os 9 golfinhos que fazem parte da atração Dolphin Encounter são todos nascidos ali mesmo e várias vezes ao dia saem da laguna para caçar e praticar outras atividades no mar, o que mostra uma enorme preocupação do Sea Aquarium com o bem estar dos animais. No dia em que estava mergulhando nos arredores do aquário, vimos eles passando do lado do nosso barco junto com os treinadores.

Para os visitantes existem basicamente três opções de interação com os golfinhos: mergulho com cilindro em mar aberto (infelizmente no dia da minha visita já não haviam mais vagas); snorkel em mar aberto ou nadar com eles na laguna.

Nestas condições, não deu para resistir!
Grupos pequenos.
Inicialmente a treinadora checa se os golfinhos estão dispostos à interagir. E enquanto isso todos aguardam em silêncio.
Dolphin Academy.
Sea Aquarium de Curaçao.

Um detalhe interessante quanto às atividades com os golfinhos é que não tem aquela coisa de ficar apertando, abraçando, segurando nas barbatanas ou sendo empurrado por eles. Consciente de que nada disso faz bem aos animais, os treinadores são expressos quanto ao que você pode fazer ali na água: só acariciar gentilmente.

Olha se todos os lugares que oferecem este tipo de atividade fossem assim seria bem melhor, tanto para os animais quanto para a imagem deste tipo de atração.

O Sea Aquarium funciona diariamente das 8h00 às 17h00. O ingresso custa US$ 21/11 adultos/crianças – algumas atividades são cobradas à parte, então confira no site os valores atualizados.

Andando por Willemstad certamente você notará uma grande quantidade de lojas de perfumes, roupas de grife e joias. Exceto para estes itens, já que eletrônicos são caros se comparados aos EUA ou Panamá, talvez compense fazer compras em Curaçao aproveitando o fato de que a ilha tem uma tributação diferenciada para alguns produtos. Ao contrário do que dizem alguns, ela não é livre de impostos.

Muitas marcas têm lojas na ilha.
Curaçao é também um bom lugar para comprar joias.
Os preços não são tão bons quanto nos EUA, mas muito melhores que no Brasil.

A loja mais famosa da ilha é a Penha, que fica em um belo casarão em Punda, pertinho da ponte Queem Emma. Ali espere encontrar perfumes e outros itens de marca com preços bem interessantes se comparados ao Brasil, por exemplo.

Procurando por perfumes? Vá na Penha.

Com lojas em várias partes e Curaçao, uma boa opção para quem procura por eletrônicos, relógios e outros produtos é a Boolchand. Eles têm lojas em vários endereços, mas a loja principal fica no centro, na Breedestraat 50, em Punda e abre de segunda a sábado das 9h00 às 18h00 e domingos das 10h00 às 14h00 se tiver cruzeiro atracado no porto. Para quem quiser, tem uma delas que chama Boolchand’s iWorld onde só vende produtos da Apple (Kaya Jacob Posner 11, Zeelandia, de segunda a sábado das 9h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00).

Boolchand para eletrônicos em Curaçao.

Infelizmente eles não divulgam os preços na internet.

Na rua Herenstraat existem várias outras lojas, como por exemplo uma unidade da Victoria’s Secret. Só fique atento ao fato de que as lojas não abrem aos domingos (exceto se houver navio atracado na cidade) e fecham às 18h00.

Para quem quiser conhecer a fábrica, fica a dica.

Não que eu ache um programa essencial, mas já que é gratuito, e sobrando tempo, vale visitar a fábrica de licores Curaçao, um dos itens mais típicos da ilha. Reza a lenda que quando os espanhóis chegaram, em 1499, plantaram mudas da laranja valência. Mas a aridez do solo e a falta de água tornaram os frutos amargos demais para serem comidos. Séculos depois descobriu-se que, secas ao sol, as laranjas poderiam ser aproveitadas na forma de licor. Nascia o Licor de Curaçao que de tão famoso muitos pensam que a ilha foi nomeada com base na bebida – e não o inverso. As visitas ocorrem de segunda-feira à sexta-feira das 8h00 às 12h00 e das 14h00 às 17h00.

No próximo post vamos falar de alguns restaurantes bacanas na ilha.

* O Cumbicão visitou Curaçao mediante uma parceria estabelecida junto ao Board de Turismo Local (Curacao Tourist Board) para coletar material para série de posts. Todas as opiniões e relatos aqui descritos refletem fielmente a experiência, atendendo à política do blog.

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4 comentários

Natalie Soares 4 de junho de 2018 at 15:07

Oi, Diogo. Tudo bem? 🙂

Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com

Até mais,
Bóia – Natalie

Responda
Unknown 29 de maio de 2018 at 22:50

Olá gostaria do link para ler sobre os restaurantes em Curacao? Vc teria dicas de onde se hospedar tb?
Obrigada.

Responda
Diogo Avila 4 de agosto de 2018 at 22:16

Oi,
Os posts com os assuntos que você pediu já estão no ar.
Boa leitura e boas viagens.

Responda
Juliana Proença 18 de maio de 2018 at 22:23

Nossa que lugar mais charmoso!! Amei!!!

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