Fim de ano chegando e muita gente costuma não só fechar as contas do ano, mas também planejar financeiramente o ano seguinte. Que tal então aproveitar este momento para conversarmos sobre como guardar dinheiro para viajar?
Ainda que você esteja lendo este artigo em outras épocas do ano, é sempre bom termos foco nas nossas finanças, não só para viajar, mas também para outros projetos de vida.
Estudos realizados apontam que o brasileiro não guarda dinheiro. Não que precise ser pão duro não, mas também sair por ai gastando exatamente, ou pior ainda, mais do que ganha, é algo bastante perigoso para nossa a vida financeira.
Neste cenário, o percentual de brasileiros que efetivamente fazem alguma reserva de dinheiro é de apenas 20%, ou seja, de cada 10 pessoas, apenas 2 têm algum tipo de poupança.
Lamentavelmente temos que reconhecer que por trás desta realidade existe sim um fator econômico muito forte e triste. Muitas vezes as pessoas deixam de economizar justamente porque pagas as contas essenciais, não sobra para fazer uma reserva.
Mas sendo bem franco, existe outro lado que é o hábito das pessoas. Tem muita gente que poderia e gostaria de poupar um pouco mais para projetos variados, dentre eles viajar, mas não consegue.
Estou falando daqueles que se hoje ganham R$ 5.000, gastam os R$ 5.000; e se amanhã ganharem R$ 15.000 vão torrar tudo. Pode parecer exagero, mas tenho certeza de que você conhece alguém assim.
Tenho um amigo que mesmo tendo um bom salário fixo e mensal, e sem dívidas, literalmente torra todo santo mês, tudo o que ganha. #EuTenhoMedo!
Deve ter gente do outro lado da tela dizendo coisas do tipo: – Ah, Diogo, mas você está sendo muito duro. É, estou. Mas por mais que cada um seja cada um, se você está aqui é porque está disposto a me ouvir, né? E em termos de finanças temos que ser transparentes ao máximo.
Antes de falarmos das dicas em si, quero aqui deixar um alerta. Não sou economista, guru e não tenho bola de cristal, então as minhas dicas são de alguém que é simplesmente organizado e metódico com as finanças.
Ah, mais um, e talvez o mais importante: não sou rico! Isso é bom deixar claro. Não é porque a gente viaja que é rico. A gente simplesmente faz algumas escolhas tanto no dia-a-dia quanto a longo prazo que possibilita isso. E também se organiza bastante.
Combinado?
Guarde dinheiro
Não importa o quanto você ganhe, guarde dinheiro. Não só para viajar, mas para tudo. Sobrou um trocado? Tente conter aquela vontade de sair comprando tudo o que vê pela frente e salve uma graninha.
Aqui o mantra é constância e rigidez. Se você tem entradas e saídas, ou seja, ganhos e gastos mais ou menos fixos, pode estipular um valor fixo em reais. Caso contrário, faça uma espécie de dízimo para você mesmo, ou melhor, para a viagem!!!
Suponha que você consiga guardar R$ 200 todo mês. Só de acúmulo, sem qualquer rendimento, já são R$ 2.400, valor suficiente para comprar uma passagem para a Europa!!! Segurando um pouco mais a carteira você consegue garantir o hotel também.
Percebeu como é possível???
Se você é daqueles que como eu não tem aquela árvore mágica de dinheiro em casa, talvez seja preciso escolher algumas prioridades. Na linha do nem sempre dá para se ter tudo o que se quer desta vida, às vezes é preciso escolher que tipo de gasto não-essencial lhe apetece mais.
Muitas vezes temos que escolher entre viajar todos feriados ou fazer uma viagem de sonho? Um carro mais caro ou ter dinheiro para viajar? Trocar o telefone pelo último modelo ou comprar um do penúltimo modelo que apareceu na promoção e salvar uma grana para a viagem? Trocar o guarda roupa ou usar aqueles R$ 2.500 para embarcar rumo à Paris?
Sei que é algo super pessoal eis que reflete as necessidades de cada um, mas certamente você se verá em algum exemplo deste tipo e chegará uma hora em que talvez você tenha que escolher as suas prioridades.
Algo interessante que alguns especialistas têm apontado é que as novas gerações estão cada vez mais trocando o “ter” pelo “viver”, ou seja, ao invés de bens de consumo que se tornam rapidamente obsoletos, elas preferem vivenciar grandes experiências. Novos tempos!
Feita a sua escolha por salvar uma grana para viajar, uma dica básica que todos os entendidos em finanças dão é que uma das melhores formas de policiar os seus gastos é anotar seus gastos e entradas. Pode ser um app ou até mesmo uma simples planilha de Excel.
Mas porque isso? Dizem que quando você anota os gastos, acaba percebendo o quanto de dinheiro é gasto em cada item e fica mais fácil de canalizar o dinheiro para onde interessa e até mesmo cortar gastos que você entende supérfluos.
Aqui eu falo por mim. Sempre tive uma tabelinha de Excel (ainda não achei o app que me agradou) que me ajuda demais neste quesito. Um mês que eventualmente gaste um pouco mais, soa o alerta e vou lá ver na tabela onde está o “buraco” para tentar aprimorar.
Bora então anotar os gastos?
Onde guardar dinheiro para viajar
Beleza, sobrou uma grana. Onde guardar?
Não pretendo dar dicas de investimento, até porque não sou expert no assunto. Não vou de direcionar para um tipo de investimento X ou Y porque escolher onde investir vai muito do apetite para risco. Uns gostam de ações, outros de fundos DI e por ai vai.
Mas vou dar a minha receita que tem dado certo no meu caso. Busque a maior rentabilidade possível com baixo risco e uma liquidez programada. Neste sentido já deu para notar que ações e poupança não são boa ideia. As primeiras pelo alto risco, a segunda, embora sem risco não dá quase nada de rentabilidade.
Minha sugestão é utilizar-se dos fundos de renda fixa, especialmente em bancos como Sofisa, XP Investimentos e outros tantos bancos de investimento. A vantagem deles é que a rentabilidade tende a ser melhor do que em bancos de varejo, já que não existem tarifas.
Se possível separe o dinheiro da viagem em contas ou ao menos em investimentos separados de outras reservas. Uma das melhores formas de se organizar em termos de finanças é meio que “carimbar” o dinheiro conforme os objetivos que você tiver. Por exemplo: grana da viagem, da faculdade, do carro e etc.
Quanto à liquidez, vai depender muito da sua programação. Os investimentos sem liquidez diária, ou seja, os que você resgata apenas em uma determinada data, têm um maior rendimento acumulado, afinal o banco tem certeza que ficará com o seu dinheiro até o final do período.
Qual escolher então?
Aqui vai depender da sua programação. Se você tem certeza que não vai viajar antes de 7 meses, por exemplo, escolha um investimento cuja liquidez seja de uns 6 meses, por exemplo.
Uma boa ideia é fazer um mix: liquidez diária, 3 meses, 6 meses e por ai vai. Assim sempre terá um pouquinho para cada período e conseguirá se programar.
Ah, mas eu vou para fora. Não compensa comprar dólares e euros, por exemplo?
Depende. Se você estiver já com a viagem marcada ou praticamente certa, vale sim comprar moeda para guardar, mas sugiro que você faça a compra aos poucos. Programe-se para comprar um pouco toda semana, por exemplo.
Por que? A gente não tem bola de cristal para saber quando o dólar ou euro irá cair. Já pedi para o Noel, mas ele nunca traz uma destas. Comprando aos poucos, você faz o preço médio do período, ficando menos exposto às altas do cambio.
Só acho que nunca compensa converter toda a sua reserva de dinheiro para viagem em moeda internacional. Oras, ninguém quer viajar com uma mala de dinheiro e não é tudo que você paga em espécie, como por exemplo as passagens.
Programe-se com antecedência
Ok, estou com a grana, e agora?
É natural que as pessoas deixem tudo para a última hora, é uma mania que muita gente tem.
Quanto o assunto é viagem, esta coisa de “depois eu faço” pode literalmente custar caro, ou no extremo ser a diferença entre ir viajar ou ficar em casa.
Mais uma vez não existe uma hora certa para comprar uma passagem, para ficarmos no item que normalmente é o mais caro. Mas eu te garanto, tem um momento que é o mais caro: na última hora.
Como saber se está caro ou barato?
Quem pesquisa sempre o preço de algo, saberá facilmente identificar quando está caro ou barato e não será enganado por pseudo promoções.
Então, monitore preços. Como? Já contei aqui sobre dois serviços que eu adoro e uso sempre: Google Flights e Hopper, o primeiro infelizmente apenas na versão web e o segundo só app.
E mais um detalhe, nunca olhe a passagem apenas em um lugar, amplie as opções. Explore eventuais oportunidades de escalas, empresas diferentes e etc.
Ah, mas não compensa esperar uma promoção de última hora? Hum, ai vai de cada um, como eu disse, deixar para a véspera pode ser a diferença entre ir e não ir, e dificilmente as empresas aéreas fazem mega promoções deste tipo na última hora. Infelizmente os algoritmos que regem os preços das passagens são muito mais “espertos” que nós!
Por fim, defendo que a forma mais econômica de viajar é fazendo as coisas por conta. Sim, uma agência tem as suas facilidades e te poupa um trabalho, mas como defendi no post sobre Como Planejar uma Viagem, parte da diversão está no famoso “faça você mesmo”.
Normalmente os pacotes e agências acabam escolhendo hotéis “selecionados” que quase sempre custam mais do que aquilo que você pagaria pesquisando sozinho, por exemplo no Booking.com.
E ai? Vamos começar o ano com mais foco nas finanças para alçar novos voos?
1 comentário
Gostei muito! Vamos tentar 😉