Como disse logo no nosso primeiro post sobre a Croácia, o país é a junção perfeita de história e muita praia. Depois de conhecermos a capital Zagreb e o Parque Plitvice, é hora de finalmente chegarmos à costa, mais precisamente às cidades de Zadar e Split.
Olhando o mapa da Croácia fica clara a sua vocação para um destino de verão, afinal o país é praticamente uma faixa de terra ao longo do azul Mar Adriático.
Some a isso as altas temperaturas durante o verão europeu, adicione como já disse, preços convidativos, e você terá uma super viagem para curtir a estação mais ensolarada na Europa.
E é neste contexto, de um primeiro contato com a costa croata que as cidades de Zadar e Split são uma introdução perfeita à região mais turística do país, a Dalmácia.
Vamos então ver o que tem de mais importante para conhecer nestas duas cidades.
Zadar
Para quem desce a costa da Croácia, justamente indo da capital Zagreb para a famosa Dubrovnik (caminho que a maioria dos turistas faz) Zadar, é a primeira cidade turisticamente relevante e a uma das mais importantes da região da Dalmácia. Para quem não sabe, a Dalmácia é a porção sul do país, que representa a maior extensão do litoral e das ilhas croatas.
Quanto tempo? Na prática, dá para conhecer as principais atrações da cidade em apenas um dia, motivo pelo qual optamos por não dormir na cidade. Viemos dos Lagos Plitvice, onde pernoitamos, passamos o dia em Zadar e já seguimos para Split mais ao sul. Acho que só vale dormir na cidade ou passar mais tempo se você tem algum interesse especial ou se for muito slow travel 😊.
Com aquelas típicas construções de pedra, o centro da cidade, que se estende por uma pequena península, tem vilas exclusivas para pedestres com muitas lojas e restaurantes. Um legítimo aperitivo para as demais cidades banhadas pelo mar Adriático.
É uma região pequena que você pode facilmente explorar a pé.
Sugiro estacionar nos arredores do Parque Perivoj Vladimira Nazora se estiver de carro. Ali existem estacionamentos públicos com parquímetro. O custo é de aproximadamente 4Kn/hora.
Embora menos que Dubrovnik e outras, Zadar ainda guarda alguns trechos das muralhas que protegiam a cidade no passado. Um dos pontos mais bem preservados é justamente o do Portão da Terra, que liga a península do centro velho ao continente.
Neste portão datado de 1543 vocês notarão algo que pode ser familiar para quem já visitou Veneza. No topo dele há aquele típico Leão de Veneza. É um resquício da dominação veneziana sobre a cidade que perdurou dos idos de 1400 até a tomada pelo império austro-húngaro no século XIX.
Já dentro do centro histórico, sugiro um passeio pelas praças e construções históricas da região. Na praça conhecida como Fórum, dá para ver ainda as colunas que formavam ali no passado um mercado romano. Nesta mesma praça ficam a Igreja de São Donato, que foi construída no século IX e hoje recebe apenas concertos musicais; e a Catedral de Santa Anastásia (Katedrala sv. Stošijeou) – padroeira da cidade – construída no século XII e XIII.
Nos arredores da Igreja de São Donato vocês encontrarão uma série de fragmentos de colunas e outras estruturas que sobraram do foro romano ali existente no ano 1º d.C. e que foi erguido pelo imperador Augusto.
Na Narodni Trg, praça do Povo, estão os prédios administrativos da cidade, como por exemplo a prefeitura. Ali também está a Torre da Guarda, que foi construída para fins militares em 1562, e séculos depois passou a abrigar o relógio da cidade.
E por fim, já perto do Portão da Terra, fica a Praça dos Cinco Poços. Eram poços utilizados pela população local como fonte de água.
Não sei vocês, mas eu tenho verdadeira paixão por ruas estreitas de pedra. Me faz voltar no tempo e meio que reviver como seria o local no passado. Uma região interessante para ver este tipo de arquitetura urbana é a de Varoš, com seus cafés e restaurantes.
A ideia de incluir a cidade, ainda que brevemente, no nosso roteiro veio de duas atrações que não têm similar nas demais cidades nem de histórico.
A primeira delas é o Órgão do Mar (Morske orgulje). A coisa é mais ou menos o seguinte: às margens do Adriático, o arquiteto Nikola Basic bolou um sistema que, aproveitando-se da variação constante do nível do mar, injeta ar em tubos e canos que ficam escondidos na escadaria ali existente. O som constante é realmente algo bem diferente, e quanto maior a onda, mais forte ele será. Sente-se ali para curtir o som enquanto aprecia a vista, ou, se estiver calor, aproveite a escadaria para tomar um sol e dar um mergulho.
Ouça ai como é:
Outra atração moderna e obra do mesmo arquiteto fica a apenas alguns passos dali: a Saudação ao Sol (Pozdrav Suncu em croata). Às margens do Adriático construíram um grande painel de 22 metros que contém 300 placas que armazenam a energia solar ao longo do dia, e quando começa a escurecer elas acendem de forma sincronizada e em várias cores.
O painel fica ligado a noite toda utilizando-se apenas da energia solar acumulada, e dizem que ainda sobra energia para abastecer parte da região. Minha sugestão? Esteja lá no entardecer.
Split
Quando estava montando a nossa viagem fiquei muito na dúvida em colocar ou não Split, capital da região da Dalmácia e segunda maior cidade da Croácia, no roteiro.
Enquanto alguns diziam que a cidade era apenas o trampolim para as ilhas do mar Adriático e caminho óbvio entre Zagreb e Dubrovnik, o que é em parte verdade; outros diziam que a cidade merecia uma estadia.
Bem, na dúvida, resolvi dar um voto de confiança à cidade e passar ao menos uma noite ali, já que a pernada direto dos Lagos Plitvice até Dubrovnik me pareceu insanidade, principalmente com uma criança pequena. Olha, não me arrependi!
Onde ficar? Com apenas uma noite em Split, uma hospedagem com boa localização era essencial. Os hotéis disponíveis para a data estavam com preços absurdamente altos, então optamos alugar um apartamento bem no centro velho, o Apartments Villa Erede (o review completo vocês conferem aqui em breve). Fizemos a reserva via Booking. Clica no banner ao lado e faça a sua, não custa nada mais e você ainda ajuda a gente!!!
Para locomover-se pela cidade, se você estiver perto do centro, não irá precisar de transporte público algum. Até porque nas estreitas vielas da região não dá ou é muito difícil entrar com carros. Eu mesmo passei literalmente o maior aperto para chegar ao apartamento que havíamos alugado. Como não segui exatamente a instrução da proprietária, mas sim o Google Maps, cheguei pelo lado mais estreito. Praticamente não passava nada. Confira ai:
Quanto tempo? Embora a gente tenha passado apenas uma noite em Split, depois de conhecer a cidade penso que duas noites ali seriam o essencial. Primeiro porque daria para explorar com mais calma o centro, e segundo porque daria para, com mais dias, esticar até alguma ilha na região, o que acabamos por logística, fazendo depois de conhecer Dubrovnik. Sem querer adiantar, mas adiantando, fomos para Hvar, que fica praticamente em frente Split. Mas isso é assunto para outro post…
Então a minha sugestão é que você passe por Split, nem que seja por um dia, e siga para uma das ilhas.
Com pouco mais de 200 mil habitantes, Split tem sim um pouco de outras tantas e belas cidades da costa da Dalmácia. Tem menos atrações e menos charme que Dubrovnik, mas vamos combinar que concorrer com Dubrovnik é covardia, né?
A principal atração de Split é o seu centro histórico e o Palácio de Diocleciano.
Para quem não se lembra das aulas de história, Diocleciano comandou o império romano de 284 d.C. a 305 d.C., sendo conhecido por ser o maior dos perseguidores dos cristãos dentre os imperadores romanos.
À parte este título nada honroso na sua biografia, Diocleciano, cuja origem é da região de Split mesmo, decidiu ali construir um dos maiores palácios da história, e um dos mais bem conservados até hoje.
O palácio tinha originalmente 900 metros de perímetro cercados por muralhas de 25 metros de altura por 2 de largura que eram ainda fortificadas com 16 torres de vigia e apenas 4 portões, cada um com o nome de um metal: Ouro, Bronze, Prata e Ferro.
Internamente ele era decorado com mármore trazido da ilha vizinha de Brač.
Após renunciar ao cargo maior de Roma (ele foi um dos dois únicos imperadores romanos que não morreu assassinado no cargo!), ele resolveu instalar-se em Split para viver neste palácio os últimos anos de vida. O interessante é que, embora o palácio tenha sido utilizado por seus sucessores por algum tempo, ele acabou sendo abandonado pelos romanos e passou então a ser utilizado pela população local como abrigo; como se fosse uma vila.
Com o passar dos anos, esta vila cresceu para fora dos muros do palácio dando origem à Split. Tanto que hoje, caminha-se por dentro dos muros do palácio, mas em boa parte o que se vê são construções bem mais recentes (e não menos belas) que se integraram à paisagem local. É relativamente comum encontrar de repente, uma coluna do palácio em meio da cidade.
Dentro do palácio, uma das áreas mais interessantes é o Peristilo, o pátio interno que faz qualquer um literalmente viajar no tempo dado o excelente estado de conservação das construções – nada de ficar imaginando como era, está tudo ali para ser visto ao vivo!!!
Outros importantes prédios no interior do palácio são:
– Catedral de São Domnius: foi construída para ser o mausoléu de Diocleciano. Pode parecer estranho, mas originalmente o local era o templo de Júpiter e só virou igreja quando os cristãos tomaram a cidade. Dizem que o corpo de Diocleciano sumiu uns 200 anos após a sua morte – uns dizem que os cristãos jogaram o corpo dele no mar.
Na entrada da igreja, repare na esfinge de granito preto, trazidas diretamente do Egito por Diocleciano – estamos falando de algo que foi feito no século V!!! Não deixe de conferir também o campanário que embora tenha sido erguido no século XII, foi reconstruído após um forte terremoto em 1908 – dizem que a vista de lá de cima compensa a subida difícil.
– Batistério: onde hoje é o batistério da catedral, funcionava originalmente Templo de Júpiter.
– Vestíbulo: era o local utilizado pelos visitantes do palácio para esperarem as suas audiências com o imperador.
– Bell Tower: trata-se de uma enorme e belíssima torre de mármore que levou não menos que 400 anos para ficar pronta.
Caminhando entre o Peristil e o Portão de Bronze existe uma série de salões subterrâneos (Dioclecian’s Cellar ou Podum) que atualmente estão tomadas por lojinhas, mas no passado remoto era o porão do palácio.
De lá caminhe pelas ruas da Praça do Povo (Narodni Trg) que é o centro da antiga Split. De dia ou de noite, não deixe de passear pela região que além de muitos edifícios históricos, está repleta de lojas, cafés e restaurantes.
Algo interessante que você notará caminhando por Split é a qualidade de edifícios que claramente remetem ao estilo veneziano, o que como já disse sobre Zadar, explica-se pelo longo período dos venezianos na região.
Outro passeio bem legal na cidade é pela Riva, o calçadão beira mar onde você tem um lado as muralhas do palácio, e de outro, as águas tranquilas do Adriático. E por ali muitos bares e restaurantes legais.
Mas e praia? Eu acabei não visitando as praias locais, mas pelo que vi uma sugestão bem perto do centro da cidade é Bacvice que tem uma boa infraestrutura e é frequentada por um público bem jovem.
No próximo post, seguiremos para o destino mais conhecido do litoral croata: Dubrovnik.
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1 comentário
Uma super dica é a Istria. Ficamos baseados em Porec por 5 dias e dela saímos de carro pelo interior e costa além de passeios de barco. É bem legal alugar carro na Eslovênia q é bem mais barato e, dar um giro por lá e seguir para a Istria!