Não gosto muito de considerar um destino de viagem como obrigatório, já que vai do gosto de cada um. Mas para quem está em Lisboa e tem um dia sobrando, Sintra é um passeio muito interessante aos que visitam a cidade pela primeira vez.
Situada menos que 1 hora de trem de Lisboa, é uma cidade completamente diferente da capital portuguesa, com um layout, uma arquitetura e até mesmo um clima próprio.
O seu clima único e o fato dela estar em uma região montanhosa densamente arborizada, e com construções charmosas que vão de casarões à castelos, além de lhe conferir um charme único também fez com que Sintra se tornasse um refúgio de férias para os lisboetas endinheirados.
Ao estilo português, muitos a consideram uma cidade de conto de fadas.
Por ali já passaram ceutas, que foram os primeiros habitantes da região, mouros que ali ergueram uma fortaleza e até mesmo o poeta Lord Byron ali esteve por ali em busca de inspiração em seus bosques.
Como visitar a cidade?
É verdade que daria facilmente para passar alguns dias ali explorando toda a região e não apenas Sintra, já que há muito o que visitar; mas a maioria das pessoas optam por fazer um bate-e-volta à cidade a partir de Lisboa. Isso é tão arraigado que a oferta de hotéis em Sintra é relativamente pequena.
O bate-e-volta à Sintra é tão procurado, que se você viajar na alta temporada (primavera/verão), deve tentar chegar à cidade o mais cedo possível, justamente para evitar pegar filas nas suas principais atrações, os castelos.
Acredite, mesmo no inverno, quando fomos e é baixa temporada, havia muita gente.
Mas como chegar lá? Em tese você tem duas opções: com um carro alugado ou de trem.
Desde o início, ir de carro não me pareceu uma boa ideia. Embora alugar um carro em Portugal seja super fácil e recomendado para alguns passeios, em Sintra ele pode se tornar um estorvo.
Com um terreno montanhoso e a maioria de suas ruas são estreitas, é muito difícil encontrar um lugar para estacionar nos arredores das atrações turísticas. Fora que como já disse, existe uma quantidade enorme de turistas visitando diariamente a cidade.
A melhor opção em termos de custo, conforto e praticidade é ir de trem. Rápido, confortável e barato. Os trens partem da Estação Rossio a cada 15 minutos em uma viagem que dura 40 minutos e custa apenas €2,15. E chegando à estação de Sintra, são 1km dela até o centrinho em uma caminhada onde você já vai apreciando a arquitetura local.
Uma vez na cidade, você até pode caminhar entre as atrações mais centralizadas, mas para as mais distantes, certamente irá recisar usar o sistema de ônibus que circunda as principais atrações: os palácios, a Quinta da Regaleira e o Castelo dos Mouros.
Basicamente existem três linhas que no formato de circuito te leva de uma atração à outra ao custo de €5 viagem. Achei o valor caro, especialmente se você comparar que para chegar à Sintra pagou pouco mais de € 2.
E como você tem circuitos já pré definidos nestas linhas, você precisa planejar muito bem seus deslocamentos porque senão irá gastar um bela grana só de transporte – fora o tempo… Até existe um passe diário, mas ele custa €24.
O ônibus 435 faz a rota da estação à vila por €1 e dali segue para a Quinta da Regaleira e Palácio de Monserrate. Para as demais atrações, o ideal é usar o ônibus 434 que parte da Praça da República e ao custo de €5 para no Castelo dos Mouros e no Palácio Nacional da Pena e volta à praça – você pode usar a mesma passagem em mais de uma parada, mas apenas em um sentido.
Há ainda a opção de charmosos tuk-tuks, mas eles custam €15 por pessoa.
O que fazer em Sintra?
Muito provavelmente, o ponto mais visitado de Sintra seja o Palácio Nacional da Pena. O estilo dele, chamado romantismo português do século XIX, mistura elementos mouros, o manuelino português e um pouco de romantismo (dá até para lembrar um pouco os castelos alemães).
O palácio foi construído no século XIX por D. Fernando II onde no passado havia um pequeno convento. O mais legal é que durante o passeio você vai caminhando por entre os cômodos do palácio, podendo apreciar não só os detalhes da arquitetura mas também do mobiliário.
Como o castelo é grande e tem muita coisa interessante para ver lá, separe pelo menos 1 hora para esta atração, sem contar eventual tempo gasto na fila de entrada.
O ingresso custa €14/12,50 adulto/criança (-10% com o Lisboa Card) e dá direito à visitar o Parque Nacional da Penha. Abre diariamente das 10h00 às 18h00 – tour guiado diariamente às 14h30.
Se você não quiser subir os 10 minutos de ladeira que o separam da entrada propriamente dita, o esquema é pegar o ônibus que parte da entrada a cada 15 minutos e custa €3.
Situado praticamente no centro de Sintra está outro importante palácio o Palácio Nacional de Sintra com as suas torres em formato de cones que alguns dizem lembrar as chaminés de fadas da Capadócia.
Seu exterior engana. Olhando de fora ele pode parecer menos interessante que o Palácio Nacional da Pena, mas por dentro, a decoração que mistura elementos mouros e manuelinos, azulejos e arabescos fazem valer a visita. Não deixe de conferir a Sala dos Brasões que é ricamente decorada, a Sala dos Cisnes e a Sala das Pegas.
Inicialmente, no século XI, ele era um palácio mouro, o que explica a quantidade de elementos arquitetônicos neste estilo. O palácio passou ao domínio português a partir da reconquista e estabelecimento do reino de Portugal com D. Afonso Henriques (1147).
E por mais que o palácio tenha passado por inúmeras intervenções ao longo dos anos, ele é dentre os palácios e castelos portugueses, o que melhor manteve a sua estrutura original. A configuração atual é de meados do século XVI.
Após a reconquista, o palácio passou a ser a residência de verão dos reis portugueses, especialmente D. Dinis (1279-1325). De todos os seus ocupantes, o mais famoso foi o rei D. Afonso VI que ali faleceu após passar 9 anos em cativeiro. Segundo a história, ele seria o rei sem reino, já que embora tenha assumido o trono em 1660, suas limitações (principalmente intelectuais) o impediram de governar. Ele foi afastado sete anos depois entregando o trono para D. Pedro I.
Dizem que como ele não poderia sair do seu aposento, o chão entre a cama e a janela seria até mesmo gasto de tanto ele andar de um lado para o outro.
Ele fica no Largo Rainha Dona Amélia; abre diariamente das 9h30 às 19h00 (18h00 no outono/inverno); ingressos custam €10/8,50 adulto/criança.
Dali para outro importante ponto turístico de Sintra, o Castelo dos Mouros.
Assim que os mouros ocuparam a Península Ibérica, eles iniciaram a construção desta fortaleza (no século X para ser mais exato). Hoje, o que você vê ali até que muito bem conservada é a sua muralha que serpenteia o rochedo sob o qual foi erguida. Até existem algumas construções internas, mas não tão bem conservadas assim.
O motivo disso é que ele passou por uma série de intervenções ao longo dos anos e sofreu bastante com o terremoto de 1755.
Além de muitos artefatos e ruinas da época dos mouros, existem artefatos que datam da Idade do Bronze, da Idade do Ferro e do Neolítico, destacando-se um vaso cerâmico completo do 5º milénio a.C..
A trilha até o topo tem uns 2km, mas a vista de cima dos 412m do castelo é recompensadora.
Diariamente das 10h00 às 18h00, o ingresso custa €8/6 adulto/criança.
Embora esteja situado um pouco mais distante do centro de Sintra (7,5km para ser mais exato), um lugar que merece a visita se você tiver mais tempo disponível é o Convento dos Capuchos. Trata-se de um convento franciscano que data de 1560, quando ali se instalaram os primeiros franciscanos – fechou em 1834 com a extinção da ordem religiosa em Portugal.
Com suas habitações minúsculas e caminhos estreitos, muitos brincam que hoje ele se parece mais com uma vila Hobbit.
O ingresso custa €7/5,50 adulto/criança e abre diariamente das 10h00 às 18h00. O ruim e que não existe serviço de ônibus para lá. 🙁
Outra importante atração de Sintra é a Quinta da Regaleira. Trata-se de um palácio construído entre 1898 e 1912 por um milionário local para servir como sua residência de verão.
Seus jardins são conhecidos pela riqueza e variedade de espécies, mas o mais impressionante é o Templo Iniciático que é um poço com 27m de profundidade pelo qual você desce por uma escada espiral. O lugar é lindo!
Fica na Rua Barbosa du Bocage, 3, acessível pela linha 435, o ingresso custa €6/4 adulto/criança (-20% com o Lisboa Card) e abre todos os dias das 10h00 às 17h30 no inverno, 20h00 no verão e 18h30 no restante do ano.
O que comer em Sintra
Além do seu charme, Sintra é conhecida por seus doces, especialmente com as “queijadas”. Este doce não tem nada a ver com a nossa queijadinha. Na verdade são uma massinha recheada com algo semelhante ao marzipan, mas de queijo, e cobertura de canela. Triste né???
O lugar mais famoso para provar esta delícia local é a Fábrica das Verdadeiras Queijadas da Sapa. Lá eles vendem doces a preços super justos (menos de €1) desde 1756!!! Fica na Alameda Volta do Duche 12; abre de terça à sexta das 9h00 às 18h00; e finais de semana das 9h30 às 18h30.
Outro típico doce local são os travesseiros, que são na verdade docinhos de amêndoas com creme de ovos. O lugar mais típico para servir isso é a Casa Piriquita. Fica na Rua das Padarias 1-5, e abre de quinta à terça das 9h00 às 21h00 – nas quartas, tem o Piriquita II que fica no número 18 da mesma rua.
Aproveite que você está em um lugar mágico como Sintra e prove uma bebida cuja origem é celta. O hidro mel, uma bebida com uns 9 graus feita a base de mel e água que é servida em um Pub chamado Casa do Fauno (Caminho dos Frades 1).
Precisando, o posto de turismo de Sintra tem duas unidades, uma dentro da estação de trem (diariamente das 10h00 às 12h00 e das 14h30 às 18h00), e outra na Praça da República (diariamente das 9h30 às 18h00).
Viram como Sintra é imperdível?
2 comentários
Olá! Viajarei com minha filha de 2 anos e meio. Qual das atrações você escolheria? Se ficar apenas no centrinho e palácio nacional ainda assim valeria a pena ir a Sintra? obrigada!!
Oi Andrea, vale sim pois o acesso é bastante facilitado. Exceção ao Castelo dos Mouros onde de fato ir com carrinho de bebê é mais complicado. Nós deixamos o nosso preso num daqueles racks para bike na rua.