Biblos

Biblos, um excelente bate-e-volta no Líbano

Nem sempre uma viagem sai como o esperado, e sempre devemos deixar uma plano B na manga, pois ele pode nos surpreender. Foi num acaso de viagem destes que conhecemos Biblos, um dos destinos mais interessantes do Líbano.

O Líbano em si já havia entrado no nosso roteiro de viagem meio que como um delicioso “troco” na nossa viagem ao Egito e Jordânia. O país como eu já contei foi uma surpresa em si, já que pouco sabíamos a respeito dele e saímos de lá literalmente apaixonados pelo povo e energia local.

Viagens são feitas de histórias e muitas vezes cruzamos o caminho com vacilos e perrengues que enriquecem a vivência, e não raras vezes fazem ajustes interessantes nas nossas rotas de viagem.

Foi por conta de algo deste tipo que conhecemos Biblos.

Antes de embarcar fiz contato com o responsável pela administração do Grotto Jeita, ou Gruta Jeita em português, uma das mais belas cavernas subterrâneas do mundo.

Até porque tínhamos gostado muito de uma outra atração deste tipo vista anos atrás (Postonja na Eslovênia), logo imaginei que seria muito interessante visitar esta enorme caverna (6km) cheia de água e muitas, mas muitas estalagmites e estalactites que fica uns 18km distante de Beirute.

Muralhas de Biblos.

Visitação agendada, acordamos cedo e pegamos um táxi para lá.

Mas para a minha surpresa, a gruta estava fechada. Confesso que fiquei muito decepcionado na hora, mas por sorte, resolvi ouvir o nosso taxista e aceitar a ideia dele de seguirmos mais alguns km até Biblos, para salvarmos aquele dia de passeios.

Olha, ainda bem que dei ouvidos para ele, que no final acabou nos acompanhando o dia todo neste bate-e-volta a partir da capital libanesa até Biblos, que é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

A importância histórica de Biblos

Bem para quem como eu não conhecia Biblos, também conhecida como Jbeil em árabe, esta cidade localizada no litoral do Líbano é tida como uma das mais, ou a mais segundo alguns historiadores, antiga cidade do mundo.

Dizem que os primeiros vestígio da presença humana de forma permanente e razoavelmente organizada ali datariam de algo como algo entre 8.800 e 7.00 a.C.

O nome da cidade em português, como conhecemos tem origem grega, que derivaria de papel, pois ela seria uma rota de exportação do papiro do Egito para a Grécia. O nome Blíblia (livro em grego) teria sido originado aqui justamente por tal motivo.

Colunas romanas em Biblos.

E mais, dizem que ali, por volta de 1.200 a.C. teria nascido um alfabeto de 22 caracteres que pode ter servido de origem ao nosso atual alfabeto. Por ali, moedas já eram utilizadas muito antes do Império Romano.

Assim como outros tantos lugares da região, Biblos passou pela mãos dos romanos, e depois acabou caindo sob o domínio muçulmano até ser libertado pelos cruzados, havendo até hoje resquícios da base militar que os cavaleiros estabeleceram ali para requistar Jerusalém.

Mas de todos os povos que passaram por ali, o mais improtante talvez tenha sido o fenício, que ali se estabeleceram entre 1.500 a.C. até o seu declínio em aproximadamente 300 a.C.

Hábeis navegadores e comerciantes por essencia, os fenícios dominaram uma região que a grosso modo seria o que hoje é o Líbano, o que é em termos de área pouco. Basta comparar com outros impérios antigos.

Estátuas dos fenícios, excelente souvenir.

 

Território e rotas comerciais dos fenícios. (créditos: Wikipedia)

Mas a influência dos fenícios, em termos de rotas comerciais, se estendia por todo o Mediterrâneo, chegando até mesmo ao que hoje é o sul de países como Portugal e Espanha. Já pensou que dificil uma viagem naqueles tempos pelo mediterrâneo de Biblos até a Grécia por exemplo? Os caras eram excelentes navegadores mesmo!

Atrações de Biblos

A primeira coisa a esclarecer é que apesar de toda esta enorme carga histórica, as maiores riquezas deste passado de Biblos não está mais na cidade. Praticamente tudo o que poderia ser tirado dali foi enviado para o Museu Nacional em Beirute.

Mas nem por isso, a breve viagem até Biblos deixa de ser interessantíssima, principalmente pela sua vibe.

Sabe aquele lugar gostoso para curtir em um dia de sol? Tirar boas fotos e simplesmente perambular? Assim é Biblos.

Uma boa ideia de roteiro por ali é pedir para o motorista de deixar no final da Sea Side Road e descer para as duas regiões mais interessantes na parte alta da cidade, o Old Souq e a Byblos Citadel.

Começemos pela parte mais histórica, a Byblos Citadel.

Resquícios do castelo dos Cruzados.

Embora hoje reste muito pouco do que havia ali se comparado quando da sua construção, esta área de Biblos concentra uma série de construções que vão desde um pequeno anfiteatro romano até um castelo dos cruzados.

O castelo em si é a parte mais interessante e a que melhor resistiu ao tempo.

Conhecido como Castelo de Byblos, ele foi construído no século XII pelos Cruzados a partir de pedras que compunham construções do período romano. Por isso hoje não se vê quase nada anterior a isso.

O castelo era cercado por uma muralha que foi destruída por Saladino quando ele conquistou a cidade em 1188.

Infelizmente os danos de sucessivas batalhas e conquistas locais acabaram por destruir muito do que já houve ali, mas apenas para você ter uma ideia, existem até mesmo vestígio de construções egípcias.

Findos os passeios históricos, hora de perambular pelo Old Souk e ver as boas lojinhas de souvenires e restaurantes legais que tem por ali.

Old Souk de Biblos

Muitos ítens típicos.
O legal é que é tudo artesanato mesmo.

O que mais chamou a atenção é que existem muitas lojas que (legalmente) comercializam fósseis.

É praticamente uma rua só, bem antiga e coberta pelos dois lados do telhado das lojas que se juntam e alguns portais antigos. Um alívio diante do sol escaldante do verão libanês.

Se você como eu deixar para comparar seus souvenires em Beirute e não aqui, terá uma enorme dificuldade para encontrar algo original e com bom preço. Eu te garanto, em Biblos tem coisas mais bonitas e baratas para você levar de souvernir da sua viagem ao Líbano.

O Old Souk, por mais turístico que seja, também me pareceu o melhor lugar para uma refeição, tanto para algo mais rápido e leve num dos bares e cafés ali existentes quanto em restaurantes super bonitos.

É Café EddéYard, o mais belo e conhecido restaurante do Old Souk.

Dali desça para o Fishing Port, uma das partes mais fotogênicas e gostosas para uma caminhada de Biblos.

Entrada do Fishing Port.

Um dos lugares mais bonitos de Biblos.
Barcos no Fishing Port de Biblos.

Que mar é esse???😍

 

Pepe, o restaurante mais famoso de Biblos.

É uma área cheia de barcos de passeios e de pescadores como o nome diz, rodeado por alguns restaurantes famosos como o Chez Pépé e uma torre fortificada que rende boas fotos diante daquele mar azul.

Se você tiver tempo para curtir uma praia, dá para ir até a praia de Bahsa Beach que fica não mais do que uns 300m do Fishing Port.

Para quem quiser ainda tem alguns beach clubs ali com piscinas e boa infraestrutura.

Bahsa Beach.

 

Beach club em Biblos.

Como chegar a Biblos

A forma mais fácil de fazer a viagem até Biblos é de táxi, já que a cidade está a menos de 42km de Beirute.

Por mais que a estrada seja praticamente uma reta só, sugiro não alugar um carro não pois o trânsito em Beirute como lhes disse anteriormente é muito complicado.

Tente sair cedo para aproveitar o dia ao máximo e também evitar o trânsito.
Nosso super táxi. Não esqueça de combinar bem o local de espera.

O ideal é combinar com o taxista o valor cheio, já com a viagem de ida, tempo de espera lá e volta. Normalmente eles mesmos preferem isso a voltar sem o passageiro, já que desta forma ganham mais.

Para que você tenha uma ideia, o nosso taxista nos cobrou o equivalente à US$ 50 para um dia inteiro conosco. Super justo!

Quanto tempo é preciso para conhecer Biblos

Como tínhamos poucos dias no Líbano, acabamos tendo apenas um dia para fazer um bate-e-volta como contei lá em cima. Então nem tínhamos como separar mais tempo para considerar uma hospedagem ou um pernoite em Biblos.

Não tenho dúvidas que se tivesse um dia a mais no itinerário de viagem, teria usado ele para um pernoite em Biblos. Só o charme da cidade e a oportunidade de curtir uma praia ali já teria valido a pena.

Biblos, ideal para um dia ou um pernoite.

Mas se como eu você não tiver mais tempo, dá sim para curtir bem um dia. Apenas deixo para você uma observação importante: saia cedo, mas cedo mesmo. Como a estrada para lá é a principal via que corta não só o pequeno território libanês como o país inteiro, ela é super movimentada e as chances de você perder horas no trânsito é grande.

E aí? Curtiram?

Com este post terminamos a nossa série sobre o Líbano, um destino que realmente nos encantou demais.

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Diogo Avila

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