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Cairo, muito além de pirâmides e museus

Caótica e incrivelmente interessante, assim podemos definir a capital egípcia Cairo. Mais do que as pirâmides e o Museu Egípcio, a cidade mais conhecida do Egito tem atrações incríveis para você conhecer durante a sua viagem.

Por mais que seja impossível concorrer com a magnitude das pirâmides; os artefatos expostos no Museu Egípcio, o Bairro Copta, as mesquitas e os souks (ou mercados) do Cairo são algumas das atrações que não podem ficar de fora do seu roteiro de viagem.

Não se esqueça de dar uma lida antes no post sobre dicas de sobrevivência na caótica capital egípcia.🤪

Normalmente eu sempre sugiro nesta hora você dar aquela passada no posto de informações turísticas. O problema é que a no Cairo, e no Egito como um todo, as instalações do Ministério de Turismo do Egito são bem precárias. Se mesmo assim você quiser, eles têm unidades nos seguintes pontos:

– 5 Sharia Adly, Downtown; diariamente das 9h00 às 18h00;

– Ramses Train Station, Midan Ramses: diariamente das 9h00 às 19h00;

– Pyramids Rd, Giza (em frente ao Mena House Hotel depois do portão principal): diariamente das 8h30 às 17h00.

Rio Nilo

Muito provavelmente você inicie a sua viagem pelo Egito conhecendo Cairo e será lá o seu primeiro de muitos contatos com o Rio Nilo.

Rio Nilo no Cairo.
Rio Nilo no Cairo.

O rio é tão essencial à região que podemos dizer que o Egito só existe (e existiu) por causa do rio. Sem ele não teríamos pirâmides, templos, múmias, nada disso.

O mais extenso rio do mundo corta todo o território do Egito de sul ao norte (além de outros 11 países em seus 6.608km), onde desemboca no Mediterrâneo, onde forma um enorme delta. Aliás, este delta, que fica nos arredores de Alexandria, é uma das regiões mais férteis e mais cultivadas do mundo.

Isto explica porque nada menos do que 90% da população do Egito vive em áreas próximas às suas margens, o que é essencial em um país que é 94% deserto. E não um deserto qualquer, estamos falando do Saara.

O Nilo tem duas origens que se juntam no Sudão formando um único leito: Lago Tana na Etiópia e o Lago Victoria em Uganda. E o incrível é que até o seu delta, ele praticamente não recebe nenhuma gota de água a mais, seja de afluentes seja de chuva.

Procure ao menos por alguns instantes sentar-se às margens ou em uma das pontes sobre o Nilo e apreciar a paisagem urbana e caótica. Será depois interessante comparar com a vista que você terá em outras cidades cortadas pelo Nilo, como exemplo Luxor. Será tão diferente que nem parece o mesmo rio.

Ah, uma curiosidade. Embora seja tudo a mesma região metropolitana, à oeste do Nio já fica Gizé, que formalmente é uma outra cidade, casa das famosas pirâmides. Mas é tudo tão junto, que você nem percebe.

Rio Nilo no Cairo.
À noite, barcos navegam pelo Nilo como se fossem baladas navegantes.

O interessante é que os egípcios tinham um amplo conhecimento sobre o Nilo, especialmente a respeito das suas cheias que norteavam desde o cultivo de gêneros alimentícios, à festividades religiosas, por exemplo.

Eles eram tão avançados que em 861 a.C. já tinham o nilômetro, um sistema que media periodicamente as cheias e secas do rio como forma de prever os próximos eventos. Ao longo do Nilo existem vários medidores, o do Cairo fica no sul na ilha de Roda.

É uma espécie de fosso, bem decorado, com uma escada ao redor e um pilar de medição no centro. Se a água estivesse muito baixa, era sinal de má colheita. Muito alta, inundações.

Praça Tahir

Praça Tahir.
Praça Tahir.

O ponto central da cidade é a Praça Tahir, ou Midan Tahrir (praça da liberdade) que ficou famosa pelos protestos de 2011 quando no ápice da Primavera Árabe, os egípcios pediram a renúncia de Hosni Mubarak.

A praça não tem nada de extraordinário, sendo apenas uma enorme rotatória. Mas nos arredores dela você encontrará uma série de atrações do Cairo além de alguns hotéis conhecidos e bons restaurantes. Poucos passos dali fica por exemplo, o Museu Egípcio. A área também é cheia de prédios administrativos e da Universidade do Cairo. Para chegar na região, use a estação Sadat do metrô.

Ilha Gezira

Muito provavelmente após algumas poucas horas na intensa Cairo você já esteja precisando de um pouco de tranquilidade e ar puro. A cidade não é nada arborizada e um dos raros oásis de tranquilidade é a ilha Gezira que fica no meio do rio Nilo.

Ela é conhecida justamente por ser uma das áreas com maior concentração de verde, parques e praças do Cairo. Nela fica o o Al Horreya Garden.

Gezira Art Center

A ilha é também conhecida por ser o bairro mais nobre do Cairo, já que tem muitas residências chiques, prédios bonitos e muitas embaixadas. Não, a nossa não fica ali, mas tem uma rua chamada Brazil, sim, com Z! 😊

Aliás, por falar em embaixadas, se você passear pela região notará que elas mais parecem com bunkers. Sim, belas mansões foram transfiguradas em bunkers. São cercas de arame farpado e enormes muros de concreto frequentemente guardados por soldados armados. Eu particularmente nunca tinha visto algo assim.

Se o seu itinerário comportar, aproveite para conhecer outras atrações interessantes ficam ali, como Museu Egípcio de Arte Moderna; Ópera do Cairo e The Palace Of Arts. Tem até mesmo cassino, o Casino Barrière. Sim, o jogo no Egito é liberado. Mas apenas aos turistas, egípcios são proibidos de jogar.

Podendo ser vista praticamente de qualquer lugar da cidade, o seu ponto mais alto é a Torre do Cairo ou Burj al Qāhira (Sharia Hadayek Al Zuhreya, Gezira; LE70/grátis adulto/criança; diariamente das 8h00 às 0h00 e até às 1h00 no verão). Situada a ilha de Gezira entre 1950 e 1960, tem ao todo 180m e foi idealizada como uma forma de mostrar aos ocidentais que o Egito seria capaz se construir a Represa de Assuã – aquela que demandou o incrível desmonte e reconstrução de templos em outro lugar.

Torre do Cairo
Torre do Cairo ao pôr do Sol.

Utilizada inicialmente como uma torre para antenas de TV, no seu topo há um restaurante rotatório com uma super vista da cidade. Bom programa para o fim do dia.

Bairro Copta

Ao falar em Egito, logo as pessoas pensam em pirâmides e lembra-se que é um país com orientação religiosa predominantemente muçulmana. Muitos se esquecem que o Egito teve um papel importante também para as religiões de orientação cristã.

Bairro Copta
Pode parecer diferente uma bíblia em árabe, mas isso é absolutamente normal lá.

Basta olhar para o fato de que lá fica o Monte Sinai, onde acredita-se que Moisés tenha recebido de Deus os 10 mandamentos, a história do êxodo dos hebreus rumo ao Egito e por ai vai. Foi lá no Egito que os primeiros monastérios foram fundados, como por exemplo o monastério de São Antônio e de São Paulo.

Hoje, é bem verdade que os cristãos são minoria no Egito, mas ainda assim você encontrará principalmente no Cairo alguns pontos turístico-religiosos imperdíveis.

O centro disso tudo é o Bairro Copta. Copta é uma palavra que antigamente servia para designar todo e qualquer egípcio, quase que um gentílico. Atualmente, ela é sinonimo de árabe cristão. Sim, existem muitos árabes cristãos. Como vimos na Palestina.

Bairro Copta Cairo
No Bairro Copta duas coisas logo de cara chamam a atenção. Primeiro que muçulmanos não entram. nosso táxi ficou do lado de fora.
Segundo que é muito mais tranquila a atmosfera.

O bairro é uma mistura de igrejas em meio à algumas mesquitas e, acreditem, uma sinagoga. Tudo isso espalhado em vielas que datam de coisa como que entre o 600 a.C. e 98.

De todas as igrejas da região, a mais importante e antiga é a Igreja de St Sergius & Bacchus (Abu Sarga, diariamente das 8h00 às 16h00). Construída no século XI sob a fundação de uma igreja do século IV.

A pequena igreja é venerada por um excelente motivo: acredita-se que durante a fuga de José, Maria e Jesus de Israel, quando o Rei Herodes estava literalmente caçando os recém nascidos para tentar evitar a profecia da chegada do messias. Segundo a lenda, a família teria se abrigado em uma caverna sob a qual a primeira igreja foi fundada.

Igreja de St Sergius & Bacchus
Igreja de St Sergius & Bacchus
Igreja de St Sergius & Bacchus
Embaixo da igreja a área na qual a família de Jesus viveu por 3 meses.
E o poço utilizado por eles.
Igreja de St Sergius & Bacchus
Belas pinturas ornam a Igreja de St Sergius & Bacchus

Os coptas acreditam que o primeiro milagre de Jesus não teria sido aquele de transformar água em vinho, mas sim um verificado no Cairo. Contam que quando Jesus ainda bebê chegou à cidade, um jovem tinha acabado de falecer, e Jesus simplesmente levantou o seu dedo e o jovem rescucitou.

Para quem já esteve no Santo Sepulcro, é mais uma boa oportunidade para visitar um lugar super cheio de boas energias!

Ao lado da igreja existe uma espécie de sebo/livraria com muitos livros religiosos e sobre história. E do outro lado fotos antigas do Egito.

Se puder, visite também a Hanging Church (Al Kineesa Al Mu’allaqa, diariamente das 8h00 às 16h00). Seu nome (igreja pendurada) vem do fato de que ela foi contruída sobre ruinas romanas. Preste atenção à decoração, já que ela lembra muito a das mesquitas.

Dentro dela, existem muitas referências à São Jorge; uma belíssima escultura de Mona Lisa, e 13 pilares representando Jesus e seus discípulos (um deles é preto, representado Judas).

E por falar em tempos bíblicos, ok um pouco depois disso, na região ainda dá para ver as ruinas das Torres Romanas que foram edificadas em 98 pelo imperador Trajano.

Outra igreja super legal é a formada pelo complexo que compreende o Monastério e a Igreja de São Jorge (Sharia Mar Girgis; diariamente das 8h00 às 16h00). Para quem não sabe, ai vai um pouco da história de São Jorge, que viveu parte da sua vida na Capadócia e parte na Palestina e foi executado em 303 ao não aceitar o decreto do imperador Diocleciano que proibiu o cristianismo.

Monastério e a Igreja de São Jorge
Monastério e a Igreja de São Jorge

Mas nem só igrejas existem na região.

Na área, a mesquita mais importante é a Mesquita de Amr Ibn Al As (Sharia Sidi Hassan Al Anwar) que é a mais antiga do Cairo, fundada em 642 e finalizada em 827, quando Cairo nem era uma cidade ainda. Estamos falando da primeira mesquita do continente africano. O mais interessante dela nem é o seu interior, mas sim o seu grande pátio.

Seja para visitar as igrejas da região, as mesquitas ou as sinagogas, aqui valem aquelas regras de vestimentas: nada de pernas e ombros descobertos. As igrejas têm missas aos domingos e ficam cheias, evite se possível.

Bairro Copta no Cairo
Nas vielas, de um lado livros e de outro fotos antigas do Cairo.

Para conhecer todas estas atrações do Bairo Copta, a melhor opção de transporte é a estação Mar Girgis do metrô.

Se você tiver interesse e tempo, vale conferir o Museu Nacional da Civilização Egípcia (National Museum of Egyptian Civilization) que além de tratar de assuntos relacionados à época dos faraós, vai um pouco mais além, cobrindo a pré-história e do período medieval em diante. Trata-se de um museu recém-inaugurado, portanto as exposições ainda estão sendo organizadas.

Cairo islâmica e Souk

Por mais que o Cairo venha aos poucos se transformando em uma cidade mais moderna, com ruas cheias de veículos e edifícios cheios de neon – especialmente nas margens do Nilo – ainda existem algumas regiões mais tradicionais.

É nelas que você verá aquela deliciosa e ao mesmo tempo ainda mais caótica, cara de oriente médio que te faz pensar: Putz, como estou longe de casa!!! Na linha de é por isso que a gente viaja, sugiro muito que você explore a região que convenciou-se chamar de Cairo islâmica e está nos arredores do bairro El- Gamaleya e vai até a Cidadela do Cairo mais ao sul.

Trata-se de uma área relativamente grande, e cheia de vielas com muita coisa para ver. Acredite, se você for olhar tudo, um dia inteiro não bastará para conhecer esta área da cidade. Se estiver com pouco tempo, liste as prioridades.

Nós optamos por visitar a área da Cidadela pela manhã, o souk no meio do dia (justamente porque é a área mais abrigada do sol) e depois as mesquitas do bairro El- Gamaleya.

Antes de partir para explorar esta região, tenha em mente que é uma área mais tradicional e com muitas mesquitas. Justamente por tal motivo, sugiro que que você se vista de forma mais discreta. Leitora, salvo se quisere ser alvo de olhares de reprovação das mulheres e abusados dos homens, evite roupas justas ou curtas. Prefira vestidos mais folgados, por exemplo.

Como vestir-se para visitar uma mesquita.
Para visitar as mesquitas, as mulheres precisam cobrir os cabelos e usar roupas compridas.

Considere que estando em uma área cheia de mesquitas, você precisa estar vestido(a) adequadamente para visitá-las.

Leve também em conta que a maioria das mesquitas estão abertas às sextas-feiras apenas para os muçulmanos, portanto evite visitar a região neste dia para não dar com a cara na porta.

Comecemos então pelo ponto mais antigo desta região, a Cidadela do Cairo.

Cidadela do Cairo
Cidadela do Cairo

Se depois de rodar um pouco pela cidade você está se perguntando onde está a zona mais antiga, está na hora de conhecer uma das mais, senão a mais interessante do Cairo: a Cairo de Saladin ou Saladino (Salah Ad Din).

Saladino… Pelo nome talvez você não tenha reconhecido, mas relembrando as aulas de história, ele foi o sultão árabe que lutou contra os cruzados e conquistou a Terra Santa.

Toda esta região do Cairo foi construída a partir de 1176 por ele no alto não só para ser o centro político da região, mas também para funcionar como uma fortificação no caso de eventual ataque dos cruzados.

Ela permaneceu como sendo o centro do poder por mais de 700 anos e lá tinha de tudo: casa da moeda, prédios administrativos e até mesmo o harén.

Aliás o outro nome, Cidadela do Cairo reflete bem o que é esta área: um emaranhado de vielas históricas e onde estão as mesquitas mais famosas e belas da cidade. Não deixe de conferir também os terraços de onde, em dias de pouca poluição (com sorte) você conseguirá ver as Pirâmides.

Ela pode até ser mais nova que muitas outras mesquitas do Cairo, afinal foi construída entre 1830-1848, o que fica claro ao notar que ela tem um estilo bem otomano, mas nem por isso a mesquita de Mohamed Ali deve ser deixada de lado no seu roteiro pela Cidadela, até porque ela é o ponto alto da região.

Mesquita de Mohamed Ali
Mesquita de Mohamed Ali

Destaque para os enormes candelabros no interior, seu domo tem 41m de altura e o relógio que foi presente do rei da França Luis Felipe. Curiosamente, este relógio que nunca funcionou, já que chegou à mesquita danificado, foi uma troca pelo obelisco egípcio que existe na praça da Concórdia em Paris.

Se você já esteve em Istambul, irá notar uma grande semelhança dela com a Mesquita Azul. O motivo é muito simples, ambas tiveram o mesmo arquiteto.

Mesquita de Mohamed Ali
Pátio da Mesquita de Mohamed Ali com a fonte de ablução e o relógio.
Mesquita de Mohamed Ali
Detalhe do “presente” dos franceses.
Mesquita de Mohamed Ali
O lindo interior da mesquita.
Mesquita de Mohamed Ali
Não deixe de olhar para o teto. 😍

É uma das mesquitas que não abre às sextas aos turistas, apenas para fiéis, nos demais dias, abre das 9h00 às 17h00.

Uma outra mesquita que vale a pena conferir é a Sultan al-Nasir Muhammad ibn Qalawun, uma linda mesquita construída em 1318 e que tem uma enorme abóbada cor de esmeralda.

Mesquita do Sultão al-Nasir Muhammad ibn Qalawun
Mesquita do Sultão al-Nasir Muhammad ibn Qalawun

Saindo da Cidadela, ainda há muito para ver.

Nesta região mais antiga do Cairo é onde está a maioria das mesquias. Só não falo que é uma atrás da outra porque elas estão espalhadas por uma área grande. Escolha as que você mais gosta, senão vais precisar de mais de um dia para conhecer só as principais.

Comece pela Mesquita Al Azhar (Gami’ Al Azhar; diariamente 24hs). Ela data de 970, mais ou menos quando Cairo foi fundada, e era o centro da cidade. Durante 1.000 anos ela passou por várias reformas e incrementos, mas mesmo assim conseguiu manter muito do seu estilo inicial.

Mesquita Al Azhar
Exterior da Mesquita Al Azhar
Mesquita Al Azhar
Dentro ela é mais bonita ainda.

Como toda mesquita, ela tem um mihrab, aquele nicho que indica a direção de Meca para onde os fieis devem se voltar durante as 5 orações ao dia. O da Al Azhar é super decorado.

Dezoito anos depois da sua construção, foi adicionada uma madrassa que mais tarde tornou-se uma universidade. Na verdade, não é uma instituição qualquer, mas sim a segunda mais antiga do mundo (atrás apenas da University de Al Kairaouine em Fez no Marrocos). Hoje ainda é mundialmente reconhecida para estudos de teologia muçulmana.

Não deixe de dar uma passada para apreciar ao menos o exterior da Mesquita Sayyidna Al Hussein (36 Al Mashhad Al Husseini; fechada para não muçulmanos) que é uma das mais importantes e belas do Cairo. Construída em 1154, é o lugar em que está enterrada a cabeça de Hussein, o neto de Maomé. Nem preciso dizer que é um dos lugares mais sagrados para os muçulmanos, né?

Aliás, foi a morte dele lá no Iraque que celou a divisão que hoje existe entre muçulmanos sunitas e xiitas. Apesar de ser uma das poucas mesquitas onde não muçulmanos não podem entrar no Cairo, não deixe de conferir o seu exterior.

Por fim, a Mesquita e Madrassa do Sultão Hassan (Midan Salah Ad Din; LE60/30 adulto/criança; diariamente das 8h00 às 16h30) é a mais imponente de todas as mesquitas da cidade. Foi construída juntamente com seu centro de estudos em 1363 pelo Sultão Hassan que assumiu o trono com apenas 13 anos de idade.

Mesquita e Madrassa do Sultão Hassan
Mesquita e Madrassa do Sultão Hassan.

Se considerarmos as mesquitas mais antigas do Cairo, a única que conseguiu manter a sua estrutura original foi a Mesquita de Ibn Tulun (Sharia Al Saliba; diariamente das 8h00 ãs 16h00). Ela data de nada menos que 876!!!

Para quem não sabe, madrassa é o nome dado à escola de estudos religiosos dos muçulmanos. No passado, ali também existia um hospital para tratamento gratuito dos doentes.

No seu interior está enterrado o último xá da Pérsia, Reza Pahlavi, que foi deposto pela Revolução Iraniana de 1979 e morreu aqui no exílio.

Um oásis no meio de tantas construções ocre e muita poluição. Assim é que se poderia definir o parque Al Azhar. Mais do que um simples (acho que o único) parque urbano na região, o Al Azhar tem um enorme trunfo: até 2005 a região era literalmente uma montanha de lixo.

Se você tiver oportunidade, visite-o!

O sol já deve estar alto no céu e as temperaturas nas alturas, então é hora de conhecer o souk Khan Al Khalili.

Khan Al Khalili. O nome deste cantinho fotogênico é Sekket El Kabouah.

Parte da cultura de vários países de orientação muçulmana e refletindo a forte tendência do povo ao comércio, Cairo também não poderia deixar de ter um típico souk ou mercado árabe.

É um emaranhado de ruelas cheias de lojinhas com muitos, mas muitos souvenires. Aliás algo que você notará no Egito é a variedade de itens para comprar. Só tome cuidado com o excesso de bagagem e para a sua casa não virar a tumba do “Tuta” (Quem? Tutankamon, ué!).

Lá tem de tudo: réplicas de papiros, vasos de pedra, artigos de couro, estátuas, miniatura de pirâmides, camisetas, bonés e por aí vai.

Se você logo pensou em bugigangas made in China, saiba que felizmente no Egito ainda existe muito artesanato de qualidade e embora algumas poucas coisas sejam tranqueira, como em qualquer lugar, a maior parte é artesanato e itens feitos localmente.

Some ainda o fato de que o lugar é lindo e super fotogênico.

Khan Al Khalili
Khan Al Khalili
Khan Al Khalili
É tanta coisa que você não sabe para onde olha.

Caminhar pelo Khan Al Khalili é como andar em um labirinto. Afinal são 4.000 lojas em 200 ruas.

Lembrou um pouco o Grand Bazar de Istambul e os mercados de Jerusalém. Perder-se é fácil e se você ver algo interessante, esqueça aquela coisa de “depois a gente volta para comprar”… Já era, muito provavelmente você não conseguirá mais encontrar a loja e perderá um precioso tempo.

Mais do que simplesmente tirar dinheiro do bolso e voltar para o hotel com algumas boas sacolas, comprar no Egito é um ritual de barganha. O tal khasm (algo pronunciado como que racir) ou desconto é cultural e esperado.

Já falei destas táticas de barganhas em outros destinos onde isto é normal. Mas se você chegou agora aqui, vai o meu passo-a-passo: dê uma olhada em volta para ter uma ideia do preço das do que deseja comprar olhando os preços em mais de um lugar; mostre um leve interesse no item (a sua empolgação custará mais tarde, hein!); pergunte o valor e pessa pelo khasm; diga que é brasileiro (justamente para não ser confundido com europeu ou americano, que têm moedas fortes); ofereça entre 30-40% do valor que te derem (muito provavelmente o vendedor irá achar que é demais, é normal); ai ele fará uma contraproposta e vocês vão subindo o preço até chegar em um que lhe seja atraente.

Khan Al Khalili
Tem muita coisa bonita, mas nem tudo é baratinho…
Khan Al Khalili
As lanternas fazem muito sucesso.
Khan Al Khalili
Marchetaria também é bem típica.

Agora se você achar que está muito caro, agradeça sorindo (manter a simpatia é essencial!); preferencialmente em árabe. E comece a ir embora. Se o valor ainda estiver na esfera de possibilidades do vendedor, ele irá te chamar para fecharem negócio.

Importante, vencida esta última etapa do “tchau, não quero mais”, não peça mais qualquer desconto. Com razão, eles entenderão como ato desrespeitoso. O mesmo vale para pechinchar itens que ao final você não vai comprar. O tempo dos comerciantes também têm valor, só pechinche depois de certo quanto a compra.

Sacolas cheias e barriga vazia? No Khan Al Khalili você também encontra bons e típicos restaurantes ou simplesmente barracas com comida. Aproveite para experimentar algo local como no Naguib Mahfouz Coffee Shop.

Não existe estação do metrô muito perto não, a mais próxima é a Bab El-Shaaria que fica uns 700m em linha reta (mais se considerar o caminho de fato).

Se você ficou contente de ter conhecido o souk, saiba que existe muito mais para visitar. Uma rápida olhada para céu e bastará para você notar que a quantidade de minaretes indicando uma profusão de mesquitas.

A região tem várias ruas que merecem ser exploradas, mas uma delas acabou ficando mais famosa, o Midaq Alley (Zuqaq Al Midaq) ou viela Midaq, que ficou famosa por conta do livro homonimo de Naguib Mahfouz, um dos escritores mais famosos do Egito. Ela mudou muito desde a década de 40 retratada no livro, mas ainda assim é bastante pitoresca.

Midaq Alley
Midaq Alley.
Midaq Alley
Para os dois lados para atestar o quanto pitoresco é o lugar. 😁

Passe também pela Sharia Al Muizz Li Din Allah que é cheia de barracas de comidas e ao norte faz parte do distrito do ouro, ou Bein Al Qasreen, que é a parte do Khan Al Khalili que tem as mais belas construções da região.

De todos os edifícios da região, o mais importante é a Madrassa & Mausoléu de Qalaun (Sharia Al Muizz Li Din Allah, entrada combinada com outros edifícios LE100/50 adulto/criança; diariamente das 9h00 às 17h00).

Madrassa & Mausoléu de Qalaun
Pátio interno da Mesquita .

Este complexo datado de 1279 foi construído em apenas 13 meses, um feito e tanto para a época. Acho que até para os dias atuais!

O mausoléu é tido como um dos mais belos do mundo e o primeiro a ser construído juntamente com uma madrassa.

Caminhando pela Cairo islâmica, talvez você cruze com alguns portões da Cairo antiga, como o Bab Al Futuh que data de nada menos que 1087 e está super conservado. Estes portões eram parte de uma muralha que circundava toda a região.

Outro importante portão é o Bab Zuweila (Sharia Al Muizz Li Din Allah). Ele data do século 11 e era utilizado como local de execuções.

Algo que eu não tive tempo de visitar, mas deixo aqui a dica é um hammam. Para quem não sabe, hammam é aquela terma. Exatamente como a que fomos em Istambul, o tal banho turco. Se quiser experimentar um banho típico no Cairo, recomendam o Hammam Inal (Sharia Al Muizz Li Din Allah; Sharia Al Muizz Li Din Allah; LE100/50; diariamente das 9h00 às 16h30) pois é um dos poucos ainda que podem ser considerados históricos (data de 1456).

Hammam Inal
Hammam Inal.

Uma atração que eu literalmente me recusei a visitar no Cairo foi a Cidade dos Mortos. Não, não tenho medo de alma penada. Achei meio sem sentido visitar o lugar, mas vou deixar para vocês pelo menos algumas informações para você ver se lhe interessa…

Uma das coisas mais fora do comum no Cairo é o fato de algumas pessoas (os números divergem muito entre 500mil e 50mil) moram em um lugar chamado Al Qarafa, uma mistura de favela e tumbas.

Mas como esta estranha situação começou? A primeira coisa a considerar é que trata-se de algo cultural. Os egípcios costumavam pagar pessoas para tomar conta da tumba de seus antepassados em tempo integral. Adicionalmente, existe um hábito de não só visitar os cemitérios nos feriados e sextas-feiras (que são como o domingo para eles), como também fazer piqueniques lá. É comum inclusive as tumbas terem uma espécie de quarto para que visitantes passem a noite.

Ai céus!!! Literalmente.

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2 comentários

Cristina 15 de fevereiro de 2021 at 14:31

Gostaria de parabenizar o seu trabalho no blog. Estou pesquisando para uma viagem ao Egito e de longe o seu blog foi o mais completo que já li. Obrigada pelas informações e dicas que facilitam muito a vida dos viajantes de primeira viagem como eu para este destino tão incrível.

Responda
Diogo Avila 15 de fevereiro de 2021 at 15:11

Oi Cristina, muito obrigado pelas suas gentis palavras.
Vá sim, o Egito é fantástico!
Precisando estou aqui.
Abraço.

Responda

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