Para a maioria das pessoas, Coimbra é mais conhecida por abrigar uma das mais famosas universidades da Europa, e não pelas atrações da cidade em si. Ok, a universidade merece todo o destaque, afinal são mais de 700 anos de história e muitos superlativos como veremos abaixo, mas nem por isso a cidade que no período medieval chegou a ser capital de Portugal por mais de 100 anos deve ficar de fora do seu roteiro de viagem por Portugal.
Vamos então embarcar em um passeio por Coimbra, mostrando um pouco da famosa universidade, mas também a cidade e suas atrações.
Fundada pelos romanos, às margens do Rio Mondego, Coimbra foi dominada pelos mouros até ser finalmente foi reconquistada pelos cristãos em 1064. Depois de um período de grande desenvolvimento, foi a capital de Portugal entre 1139 e 1255, quando a corte mudou-se para Lisboa.
Antes de falarmos das atrações da cidade, vale mencionar algumas dicas rápidas:
Quanto tempo?
Coimbra é relativamente pequena e suas atrações estão super bem concentradas. Então ao menos que você tenha algum interesse bem específico na cidade e que justifique ficar mais tempo por ali, penso que se bem aproveitados em 2 dias dá para conhecer tudo por ali.
Nós tivemos apenas 1 dia e ½ e deu para ver tudo o que queríamos. Mas vai do ritmo de cada um.
Onde se hospedar?
Como tínhamos pouco tempo, optamos por um hotel super bem localizado, o Hotel Oslo Coimbra, que fica às margens do Mondego, a poucos passos da Sé Velha e da Universidade, logo, perto de tudo. Mais informações e o review deste hotel você confere aqui.
Como se locomover?
Como já dito, as atrações de Coimbra são super concentradas no centro antigo ou nos arredores deste, o que faz com que elas estejam muito próximas umas das outras.
Somando a isso o fato de que estacionar no centro da cidade é relativamente complicado em razão da quantidade de vielas irregulares e estreitas, e também que custo de estacionar ali é elevadíssimo, sugiro que você explore a cidade a pé mesmo.
Caso precise ou esteja hospedado mais longe do centro, pode contar com o sistema de transporte público de Coimbra que é operado com ônibus de vários tamanhos conforme o trajeto – lá não tem metrô.
As tarifas são bem em conta (aqui o valor atualizado) e no site da empresa local dá para consultar o mapa com as rotas.
Atrações
Antes de falarmos das atrações de atrações de Coimbra, gosto sempre de passar pelo Posto de Informações Turísticas:
– Posto de Turismo da Praça da República: de segunda a sexta das 9h30 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.
– Posto de Turismo da Portagem: de segunda à sexta das 9h00 às 18h00 e finais de semana das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h30.
Universidade de Coimbra
Com pouco mais de 140 mil habitantes (área metropolitana) vive e respira os ares de sua universidade. Ora, basta notar que deste total de habitantes, praticamente 25mil são estudantes da Universidade de Coimbra.
Fundada pelo Rei D. Dinis em 1290, os números da Universidade de Coimbra são superlativos em muitos aspectos.
Veja só: são mais de 1600 docentes ministrando aulas a quase 25 mil estudantes em 3 polos, 8 faculdades (Direito; Letras; Psicologia; Arquitetura; Ciências da Vida; Química; Física; Matemática-Tecnologia), mantendo ainda 18 museus e um Jardim Botânico.
Repúblicas, restaurantes, bares e muitos outros invariavelmente giram em torno do público universitário. Daí porque, pode se considerar Coimbra uma das cidades mais jovens de Portugal. Lembrando apenas que o país tem uma taxa enorme de envelhecimento de sua população e baixíssima natalidade.
E estamos falando de jovens super estilosos que perambulam pelas ruas da cidade com suas togas negras com brasões dos cursos ou outros símbolos locais. Não, não é Hogwarts!
Inicialmente, eram ministrados apenas os cursos de Artes, Direito Canônico, Direito Civil e Medicina. Uma curiosidade é que ela foi por um tempo, entre 1308 e 1354, transferida para Lisboa.
Mas o que tem para ver lá?
A universidade tem uma série de edifícios históricos dos séculos XVI à XVIII que estão situados ao longo do chamado Páteo das Escolas que é considerado patrimônio da humanidade pela UNESCO.
De todos os edifícios, o mais incrível é o Palácio Real, um edifício adquirido pela Universidade junto à família real em 1597 e onde as cerimônias oficiais acontecem. Uma curiosidade a respeito do local é que ele abrigou a primeira sala do trono de Portual com o rei João I.
Construída logo depois dos portugueses retomarem a cidade dos mouros, em 1064, a Capela de São Miguel é outra atração no interior da universidade que merece a sua visita. Sua belíssima decoração data de uma renovação do século XVI e tem trabalhos de importantes mestres portugueses como por exemplo Simão Rodrigues. Não deixe de dar uma espiada, e com sorte ouvir, o órgão com mais de 2000 tubos que data de 1733.
No passado, onde hoje está a universidade, havia uma fortaleza moura chamada Almanzor que tinha uma série de muros e torres de defesa. Após a reconquista, parte desta muralha foi aproveitada na construção da Porta Férrea. Construída em 1634, ela é ricamente ornamentada com figuras importantes na história da universidade e representações dos cursos lecionados.
A estrutura mais alta de todo o complexo da Universidade é a sua Torre. Construída entre 1728 e 1733 pelo arquiteto italiano António Canevari, substituiu uma estrura que já havia sido erguida ali em 1561.
A torre de 34m de altura guarda uma curiosidade: tradicionalmente o sino dela está sempre 15 minutos atrás dos sinos das outras torres da cidade. Dizem que isso é para não confundir os habitantes e alunos quanto às suas outras atividades. Ou seja, a Universidade tem quase que um fuso horário próprio.
Mas acho que de tudo, o ponto mais alto da visita à Universidade de Coimbra é mesmo a Biblioteca Joanina.
Construída entre 1717 e 1728, é um dos melhores exemplos do barroco português e uma das principais bibliotecas de toda a Europa.
Seu acervo que tem hoje mais de 240.000 volumes começou a receber os primeiros livros em 1750. O mais importante deles é a primeira edição dos Lusíadas.
Ela foi toda planejada pensando-se na preservação dos exemplares que ali estão. Desde o seu desenho até a escolha do tipo de madeira, tudo foi pensado.
As paredes têm 2m de espressura e garantem ao longo de todo o ano, padrões de umidade e temperatura estáveis. Os móveis são de um tipo de carvalho que além de muito resistente, exala um odor característico que é pouco atrativo aos insetos que comem madeira.
E o mais incrível, e que pode parecer lenda, mas não é: a biblioteca conta com uma ajuda pouco usual no controle de pragas. Para cuidar de livros centenários, quem você chamaria? Eu não sei, mas os portugueses resolveram chamar o Batman, ou quase… Não é mito não, de fato a biblioteca cria morcegos para serem soltos à noite e se alimentam dos vilões, quer dizer dos insetos. À noite, eles cobrem os móveis com toalhas de couro e soltam os bichos, literalmente.
Como fazer esta visita?
São ao todo 4 itinerários diferentes que têm inclusive valores de ingresso diferentes, entre €12 e €2 dependendo da extensão. Confira o preço atualizado para a época da sua visita. Menores de 12 anos não pagam e de 13 a 18, paga ½. Tudo isso pode ser percorrido de forma individual, apenas a Biblioteca Joanina é que demanda um tour guiado diariamente às 11h00 e 15h00 ao custo de €12,50. Os bilhetes devem ser adquiridos no centro de visitantes situado junto à Porta Férrea.
A visitação ao interior dos edifícios pode ser feita de março a outubro das 9h00 às 19h30 e de novembro a março das 9h30 às 13h00 e das 14h00 às 17h30.
Além dos edifícios centrais, a Universidade ainda é responsável pelo Colégio de Jesus, o colégio jesuíta mais antigo do mundo. Fundado em 1542, tinha entre os seus docentes, nada menos do que o Marquês de Pombal.
Curte plantas? Aproveite para conhecer o jardim botânico que desde 1772 é o maior do país.
Coimbra além da Universidade
Saindo da Universidade, é hora de explorar o restante da cidade. A parte mais interessante de Coimbra e onde está a maior parte das atrações do centro é aquela nos arredores do Arco de Almedina.
Como o nome diz, é uma área com ruas estreitas que por sua disposição e parecer um labirinto, parece de fato uma cidade moura.
As ruas da região são super típicas, e a maioria das construções são hoje repúblicas de estudantes da Universidade de Coimbra.
Por ali vale conferir o Palácio de Sub Ripas, uma construção renascentista do século XVI cujas janelas e ornamentos são obra de Jean de Ruen.
Sugiro também visitar a igreja mais importante de Coimbra, a Sé Velha (Rua do Norte 4; entrada € 2,50; de segunda a sábado das 10h00 às 18h00 e domingos das 13h00 às 18h00). Conhecida também como a catedral de Coimbra, ela foi construída no século XII e tem os melhores exemplos de arquitetura romântica do país.
Além da Catedral, Coimbra também tem uma Sé Nova (criatividade para nomes, hein!). Construída em 1598, ela tem um estilo renascente bem sóbio, mas no seu interior há um altar completamente barroco. Fica no Largo da Sé Nova, o ingresso custa €1 e abre de segunda a sábado das 8h30 às 18h30 e domingos das 10h00 às 12h30.
Vale ainda a pena conhecer o Mosteiro e a Igreja de Santa Cruz de Coimbra que foram fundados em 1131 e durante muitos anos foi o mosteiro mais importante de Portugal.
Dentro da igreja você encontra os restos mortais de D. Afonso Henriques. Outra curiosidade sobre o local é que neste mosteiro estudou Fernando Martins de Bulhões, mais tarde conhecido como Santo António de Pádua.
Quem curte arte pode conhecer o Museu Nacional de Machado de Castro que tem uma excelente coleção cobrindo diversos períodos.
Outro importante museu da cidade é o Museu da Ciência (Largo Marquês de Pombal; €5/3,5 adulto / criança; de terça a domingo das 10h00 às 18h00). Para quem não sabe este museu foi criado em um antigo seminário pelo Marquês de Pombal. Não sabe quem foi ele? Ele foi nobre, diplomata e uma espécie de primeiro-ministro tendo exercido um papel muito relevante na história de Portugal, onde viveu na época do Iluminismo e portanto implementou várias ideias revolucionárias para a época – uma delas foi acabar com a escravidão local.
Até mesmo por conta das navegações, os portugueses aprimoraram a arte de conservar alimentos em um tempo em que freezer e geladeira nem eram sonho. Hoje, as conservas viram meio que um souvenir local. Tem conserva de tudo quanto é coisa e um dos lugares mais legais para ver e comprar estes itens é na Casa das Conservas (R. Visc. da Luz 75).
Como Coimbra está situada em uma área bem acidentada e alguns lugares proporcionam excelente vistas da cidade, vale aqui citar duas opções de lugares para apreciar a vista da cidade: a torre do Paço das Escolas na Universidade e o jardim do Convento de Santa Clara-a-Nova.
E por falar em Santa Clara, não deixe de experimentar durante as suas andanças pela cidade, o pastel de Santa Clara, mais uma sobremesa à base de ovo. O lugar mais indicado para isso é na Pastelaria Briosa (Largo da Portagem).
No próximo post da série, seguiremos viagem para a cidade do Porto.