Atire a primeira garrafa de um legítimo “Juanito Walker” paraguaio quem nunca fez pouco caso de compras no Paraguai, ou quem nunca fez piadinha com os produtos “alternativos”, “genéricos” ou simplesmente falsificados que lá eram vendidos aos rodos.
Pois é, quem cresceu nas décadas de 80/90 viveu de perto esta realidade.
Naqueles tempos, e talvez até parte dos anos 2000, compras no Paraguai era sinônimo de comprar coisa falsificada, golpes e tal.
Isso vem de um tempo em que as viagens ao exterior eram proibitivas de tão caras e importados eram raríssimos no Brasil, deixando para nós como única opção para aquisição de perfumes, eletrônicos ou outros itens importados era via Paraguai.
Nestes tempos, produto importado era essencialmente coisa vinda do Paraguai, seja via aquele vizinho muambeiro que ganhava uns trocados trazendo coisas nem sempre de qualidade do país vizinho, seja da saudosa Galeria Pagé do Centro de São Paulo.
A qualidade nestes tempos era absurdamente ruim e era comum comprar um videocassete 7 cabeças e receber um par de tijolos na caixa.
Felizmente, tanto para Cuidad del Este quanto para quem a visita, esta realidade mudou depois de décadas de trabalho.
Não que não exista a chance de cair em armadilhas do outro lado da fronteira, mas hoje isso é menos comum, especialmente se você tomar alguns cuidados que comentarei neste post.
Dizem que quem visitou Cuidad del Este antigamente e a vê hoje se surpreende com a mudança, já que as lojinhas e galerias obscuras deram lugar para lojas que de tão grandes mais parecem lojas de departamento e shoppings bem organizados.
Caótica assim é Cuidad del Este, pelo menos na zona (nunca esta palavra teve tanta importância nos seus dois sentidos) de compras.
Quem é de São Paulo pode imaginar facilmente se compararmos com a 25 de Março em plena véspera de Natal: um mar de gente, bancas e lojas onde todo mundo vende de tudo. Certamente no Rio de Janeiro e outras grandes cidades brasileiras têm os seus respectivos.
Mas o que você foi fazer lá então?
Duas coisas: conhecer um novo país, afinal por mais que Cuidad del Este não seja tão representativo assim, ainda é Paraguai né? E compras, já que queria ver por mim mesmo se compensa ou não.
Este ponto das compras eu ressalto porque por mais que muitos (eu inclusive tinha) certo preconceito de compras no Paraguai, aprendi por um colega que dá sim para comprar coisa boas e relativamente baratas do outro lado da fronteira.
Tempos atrás eu estava de olho num lançamento da Canon, uma câmera mirrorless que tinha preços proibitivos no Brasil e um bom tanto mais acessíveis nos EUA. Como eu não tinha viagem para a terra do Tio Sam programada, um colega de trabalho me sugeriu o muambeiro dele.
Hum, sei não…
Resolvi cotar. Qual não foi a minha surpresa ao ver que o valor, mesmo com a taxa de serviços do rapaz ainda era menor do que nos EUA.
Arrisquei e até a data deste post uso a máquina que veio perfeita. Foi um dos melhores negócios que já fiz.
Preços no Paraguai
Uma coisa super importante é fazer a lição de casa.
Quando digo isso estou sugerindo fortemente o que eu sugiro para qualquer outro destino de viagem de compras, seja em Orlando, seja em Tóquio: tenha uma lista de compras.
Anote o que você gostaria de comprar, e principalmente o quanto custa no Brasil e por exemplo nos EUA, onde a consulta como eu disse antes é super facilitada.
Com isso você evita comprar mais do que precisa ou realmente quer. Quem já foi ao supermercado com e sem lista de compras sabe do que eu estou falando. Quando o assunto é compras no Paraguai isso é ainda mais essencial.
Já o ponto dos preços é importante. Tendo o preço no Brasil e nos EUA você consegue primeiro saber se compensa mesmo comprar no Paraguai (e ter que carregar a viagem toda!) e de outro lado evitar golpes por te oferecerem algo demasiadamente barato.
Se o milagre é muito o santo desconfia!
Entenda que os preços lá não são tão constantes quanto nos EUA onde as coisas sobem pouco e só abaixam em datas como Black Friday. No Paraguai eles variam muito mais.
Ou seja, não é porque hoje estou te dizendo que algo era barato no Paraguai que na data da sua viagem assim será.
Te dou um exemplo: eu queria tempos atrás comprar uma lente que estava mais barata no Brasil, do que lá. O mesmo valeu certa vez para um smartwatch.
Então, pesquise!!!
Se você quiser ter uma ideia dos preço das coisas por lá e que loja eventualmente tem o que você procura, existe um portal interessante chamado compra Paraguai que faz a busca em várias lojas. Ele dá até um histórico de preços. Nada mal!!!
Olha ai um comparativo básico Paraguai x Brasil na mesma época:
Como fugir das falsificações e golpes?
O fato das coisas terem evoluído para melhor em Cuidad del Este não significa que não exista ainda o risco do turista cair em golpes ou comprar itens falsificados.
É importante estar atento e tentar cercar todas as fragilidades típicas que acometem o turista ávido por comprar algo. Sabe aquela coisa de que deve-se conter a empolgação exagerada?
Não haja como criança na loja de doces!
Neste viés a minha primeira e talvez mais importante dica seja: conheça o que você está comprando – ainda mais se for um item caro.
Imagine que você quer um Apple Watch, por exemplo. Eu recomendo fortemente que você antes de ir para Cuidad del Este, vá a uma loja de sua confiança no Brasil e peça para ver o produto.
Tenha o nas mãos, olhe atentamente como é a caixa, a textura, detalhes escritos nele e na embalagem.
Assim ao chegar no Paraguai você terá mais condições de não ser enganado.
E teste o produto ainda na loja se possível. E testou, direto para a sua mochila ou sacola nas mãos. Nada de deixarem levar para outro balcão…
A segunda dica e que conecta com outro ponto que mencionei acima é algo como “conhecereis o preço e não serás enganado (ou será mais difícil)”. Digo isso para que você duvide de ofertas milagrosas.
A terceira é não compre absolutamente nada de pessoas que te abordem nas ruas, ainda que seja para ir visitar uma loja deles… corre Bino que é cilada! Não é à toa que eles são chamados de “piranhas”…
Simplesmente não peça informações nas ruas. Muitas vezes um simples pedido de indicação do tipo: onde fica tal loja, pode ser a porta de entrada para o piranha te levar para uma outra loja nada confiável.
Mais uma vez, estude, faça seus planos, tenha tudo marcado antes no Google Maps.
Aqui uma dica que recebi da motorista que nos levou até lá: não compre meias nas ruas. Os tais vendedores de meias são na verdade golpistas, ou pelo menos a isca Ignore-os por completo.
Na volta de lá ouvi relatos de outros viajantes que foram roubados por este tipo de gente depois de serem induzidos a irem em lugares ermos.
Aqui portanto volto ao ponto acima: mantenha-se nas ruas principais e não entre em lugares suspeitos em hipótese alguma.
Nas ruas, evite vacilar com sacolas ou bolsas. Cuidad del Este é muito mais segura do que por exemplo o centro de São Paulo, mas não dê sopa para o azar.
Ah, e tente sempre comprar de lojas grandes que pareçam estar mais bem estabelecidas.
Lojas e Shoppings confiáveis no Paraguai
Uma coisa que eu percebi logo de cara: não adianta procurar as lojas e shoppings na internet. Não sei se sempre foi assim ou se é fruto de alguma outra coisa, sei lá crise, pandemia… mas as lojas não têm nada de site, há um monte de link quebrado, ou quando tem, o site não traz nada além do endereço e quando muito o horário de funcionamento.
Ou seja, para quem está acostumado a entrar no site de uma BestBuy da vida para comparar preços e etc. esquece, o esquema é outro.
Uma das lojas que eu sei que vende produtos de qualidade, aliás é de onde a minha Canon acima citada veio é a Casa Nissei. Tem de tudo e fica na Av. Adrián Jara esq Regimiento Piribebuy, no Shopping Hijazi Center.
No mesmo estilo sugiro a Cell Shop. É uma loja super interessante que tem de tudo. De todas me pareceu das mais organizadas, até mesmo no site porque dá para ter uma bela ideia de preços e ofertas. Fica na Av. Carlos Antonio López.
Para artigos de fotografia e eletrônicos, vale conferir a Prodigital e MonteCarlo.
Algumas galerias são interessantes, como é o caso da Jebai Center, que tem boas lojas de artigos para celulares.
Amplo e organizado, o Shopping China é uma excelente alternativa para quem não quer aquela muvuca de rua cheia de gente. Fica na Monseñor Rodriguez, Cd. del Este, Paraguai.
Já o Shopping del Este achei uma enorme fria. Decadente e zoado. Fuja!
Se você procura por artigos de grife o endereço mais recomendado é a S.A.X. Department Store (será que tentaram pegar o Sachs 5ª Ave???). Esta loja de departamento é um dos melhores lugares para desfazer qualquer imagem ou preconceito que você tenha de compras no Paraguai. Aqui o foco são roupas masculinas, femininas e infantil de grife, além de acessórios como relógios e óculos. Fica na Av. San Blás, bem no centro.
Dizem que as lojas Monalisa, a Amadeus e a Mina Índia são excelentes opções para itens como maquiagem.
E qual o horário das lojas? No geral funciona assim: de segunda-feira a sábado (quase nenhuma abre de domingo), e o horário é das 8h às 17hs (lembrando que no Paraguai tem horário de verão entre abril e setembro, logo, considere 16hs do horário Brasília – mas ai elas abrem às 7hs da manhã) – atento à esta pegadinha.
Com uma listinha de lojas em mãos, algo muito importante: pechinche.
Sim! Embora você não esteja num país muçulmano (vide nossos posts do Egito e outros por exemplo) ou na China, nunca aceite o primeiro preço oferecido. Choramingue!
Seja cara-de-pau e não aceite o primeiro preço que te derem, diga que está caro, que viu mais barato…
Outra coisa, pegue e sempre olhe os folhetos que lhe derem. Tem muita promoção neles.
Um detalhe importante sobre as lojas. Nas maiores, você escolhe o produto, avisa o vendedor. Ele tira a nota, e depois você vai para um caixa onde paga as notas. Só ai você entra numa fila do pacote onde retirará os produtos. Dali você pode ir para uma bancada reservada onde é possível testar tudo. Então, escolha tudo de uma vez só.
Que moeda usar para compras no Paraguai?
De que adianta todas estas dicas se não tivermos como pagar? Ou dicas de como economizar e esquecermos de um dos maiores ralos de dinheiro em viagem: o câmbio.
Pode parecer bobagem já que o Paraguai é logo ali e que eles aceitam até reais como forma de pagamento, mas saber a moeda ideal para levar para lá fará toda a diferença no hora de evitar armadilhas e maximizar a sua economia.
Inicialmente penso que existem 3 opções: cartão de crédito; reais; ou dólares. Abaixo vou passar por todas elas.
Guaranis, a moeda nacional do Paraguai eu nem cogito porque sendo uma moeda fraca, a ser usada exclusivamente lá, o tanto que você perderia na conversão de reais ou dólares para ela já seria um tombo financeiro e tanto.
Compras no cartão de crédito no Paraguai
A primeira opção que sempre vem a nossa mente, seja pela facilidade seja pelas milhas é sempre a primeira que a gente cogita.
Ainda que o câmbio do dólar possa estar super favorável na época da sua viagem, eu já te adianto: use o apenas em último caso para as suas compras no Paraguai.
O motivo para isso é simples e algo que eu definiria como uma jaboticaba paraguaia.
Caso você opte por pagar suas compras usando cartão de crédito será adicionado na conta final 7,5%. Dizem que é uma exigência do Banco Central do Paraguai.
Mas e cartão de débito da conta bancária brasileira ou aqueles cartões como do C6 e Wise? O percentual é de 3,30%.
Pode não parecer muito, mas lembre-se que além disso ainda tem o IOF de 6,38%, logo a sua economia seria corroída em 15%!!! Oras, de que adianta ir para um destino de compras tax free e por livre espontânea vontade (ou falta de conhecimento no caso) pagar imposto?
Acho que ninguém para imposto porque quer, né?
Então se possível, fuja do cartão de crédito.
Sugiro você ter ele apenas para aquela situação em que a grana acaba.
Ah, e não se esqueça de liberar seus cartões para compras internacionais.
Usando reais no Paraguai
Levar seus reais para o Paraguai pode não ser uma opção tão ruim quanto usar cartão de crédito.
Digo isso pensando que eventualmente você não tenha facilidade para comprar dólares numa casa de câmbio aqui no Brasil ou simplesmente não curta ficar fazendo conversões.
A grande maioria das lojas, sejam elas pequenas ou as grandes lojas de departamento que cito neste post aceitam basicamente duas moedas: dólares e reais (e guaranis é claro!).
Então a melhor opção é pagar minhas compras no Paraguai em reais, né? Não.
Não porque normalmente os comerciantes aproveitam a conversão informal ali na boca do caixa para praticar a cotação que bem entenderem, e é claro que isso nunca será em benefício do viajante.
E não estou aqui dizendo que os paraguaios sejam desonestos não. Esta mesma prática pode ser vista nos Duty Free do Brasil…
Então evite pagar suas compras no Paraguai em reais.
O que sobra então de opção para usar meus reais?
Com reais em mãos, a melhor opção é trocar eles em alguma das casas de câmbio na zona comercial de Cuidad del Este.
Ah, mas eu tenho receio… Olha eu garanto para você que a taxa da casa de câmbio vai ser melhor do que da loja, afinal se você não gostar da taxa praticada, a concorrência local fará você simplesmente ir procurar outra casa, o que não é o caso da loja. Não dá para ficar comparando preços e depois taxa de câmbio praticada pelas lojas… Seria uma loucura.
Fora que bem ou mal, com um celular à mão e um simples conversor de moedas você consegue facilmente saber se a taxa de câmbio praticada ali está ou não razoável.
E olha que eu tenho horror à casa de câmbio… mas neste caso confio mais neles do que nas lojas.
Eu não precisei trocar reais, mas olhando as taxas praticadas pelas casas de câmbio situadas numa das ruas mais movimentadas da zona comercial de Cuidad del Este, a Monsenhor Rodriguez, elas me pareceram razoáveis.
Fazendo compras em dólar no Paraguai
Dito tudo isso, acho que já deu para sacar que a melhor opção é usar dólar em espécie para pagar as suas compras no Paraguai. Especialmente se você já tiver a moeda em casa.
Digo isso porque assim você não perde tempo tendo que trocar nas casas de câmbio seus reais, não fica tendo que fazer conversões ou adicionar taxas extras como seria no caso do pagamento via cartão de crédito.
Mas nem tudo são flores… no Paraguai eles não aceitam notas antigas de dólares, apenas aquelas mais novas, azuis. Então não pense que aqueles dólares da década de 80 que seu pai lhe deu vão valer aqui.
E tem mais, se as notas forem de US$ 100 ou US$ 50, elas precisam estar perfeitas! Sério, nada de dobraduras ou marquinhas. Eu tinha umas que estavam mais dobradas de US$ 50 e outras de US$ 100 que tinham um relevo leve por conta de um clip de plástico… não aceitaram.
Segundo me informaram lá, o problema é que os bancos no Paraguai têm uma restrição de aceitar apenas notas perfeitas. Uma chatice.
Assim, tenha notas perfeitas ou prefira as menores, tipo de US$ 20 ou US$ 10 para as quais não existe esta preocupação toda.
Então qual seria o ideal? Penso que ter dólares (seguindo as instruções acima); deixar reais como segunda opção de segurança; e usar o cartão de crédito apenas para uma situação de emergência.
Como ir à Cuidad del Este
Beleza, já temos dicas de lojas, como pagar as contas e tal. Mas e como chegar lá?
Aqui vejo algumas opções: ir com o seu próprio carro caso tenha viajado assim para Foz do Iguaçu; alugar um carro apenas para isso; ir com um taxista ou contratar um receptivo para tanto.
Como fomos de avião para Foz do Iguaçu, ir com o nosso carro nem era uma opção. Mas li muitos relatos de gente dizendo que o fato do trânsito local ser uma zona é um problemão se você tiver uma simples batida.
Fora que estacionar lá não é das tarefas mais fáceis.
Alugar um carro apenas para isso? Bem além de você esbarrar com carro alugado nas mesmas dificuldades acima, há uma outra: as locadoras não permitem que você use o carro para cruzar a fronteira.
Simplesmente contratar um taxista, sem maiores referências para te levar e outro para te trazer de volta. Eu não confio… Quem garante que o sujeito, que você não tem nenhuma referência não está te usando de mula… Eu não gosto destas coisas.
Excluídas as opções apresentadas, nos resta ter um receptivo, seja indicado pelo seu hotel seja uma empresa que ofereça isso como algo recorrente, como é o caso da Lomar, uma conhecida operadora de turismo local.
No caso da Lomar funciona assim: uma van sai de Foz do Iguaçu e deixa os turistas bem no centro da zona comercial (às 8h, 9h, 10h, 11h, 13h e 15h) e te traz de volta em horários fixos (10h30, 12h, 14h, 16h e 17h). A van vai deixando os turistas nos seus respectivos hotéis, o que pode ser ruim pelo pinga-pinga, mas acho que vale pela segurança.
Como é a alfândega na volta do Paraguai?
Ao fazer as suas compras no Paraguai, apenas lembre-se de que a cota na alfândega para viagens terrestres não é de US$1.000, mas sim US$ 500 – lembrando que antigamente eram apenas US$ 300 e subiu em 2022 como indicado no site da Receita Federal).
Vamos combinar que US$500 até que é razoável atualmente…
Importante lembrar que este limite é mensal e não por fronteira. Então em tese, ou seja, legalmente, você não pode ir ao Paraguai comprar US$500 e depois para a Argentina dentro do período de 1 mês, e gastar mais US$100. Você já alcançou o limite lá no Paraguai.
Há ainda um detalhe para quem vai para Foz do Iguaçu de avião: no aeroporto, mesmo que você vá embarcar para São Paulo ou Rio de Janeiro, por exemplo, suas malas serão novamente vistoriadas no raio-x pela Receita Federal.
O guichê da Receita Federal fica antes do check-in, então não pense que dá para escapar não…
E como o Ricardo Freire do Viaje na Viagem menciona, a regularização das compras acima do limite de US$ 500, ou seja, o pagamento do imposto, somente acontece nos postos da Receita Federal junto as fronteiras (Paraguai e Argentina). E justamente por não haver opção de fazer isso no aeroporto de Foz do Iguaçu, as suas compras excedentes podem ser retidas.