Depois de tanto falarmos de Portugal, é a vez de conversarmos sobre o chamado vinho do Porto. No melhor estilo, o que é, de onde vêm e tal, vamos neste post conversar sobre uma das bebidas mais tradicionais do mundo e que você precisa ao menos provar durante a sua viagem por Portugal.
Aqui em casa, vinho do Porto é algo quase que sagrado. Não da minha parte não. Eu confesso que não era tão fã assim (minha paixão é cerveja), mas aprendi a gostar e muito. Quem entende mesmo de taça é a Sra. Cumbicona que é literalmente doida pelo mais conhecido vinho português.
Se eu deixasse ela junto de uma senhorinha portuguesa, acho que em uma tarde elas secariam fácil uma garrafa! Kkkkk
Aliás aqui um detalhe, se você pensa que em Portugal as pessoas tomam vinho do Porto em pequenos cálices como se faz aqui, saiba que muita gente (não sei se é a maioria ou não), toma ele em taças normais. Vi senhoras em lojas de doces tomando uma taça generosa com um pastel de nata no meio da tarde.
Por mais que Portugal tenha uma grande variedade de excelentes vinhos, pouco ou nada deixando a desejar em relação aos seus vizinhos europeus, não tem como negar que o vinho mais conhecido dentre os muitos que saem das vinhas portuguesas é o do Porto.
Para quem nunca provou uma taça de vinho do Porto, a primeira coisa a saber é que ele não é um vinho comum. E aqui falo como um leigo absoluto no assunto.
Dado o seu sabor marcante e adocicado, até mesmo os menos iniciados em vinhos irão notar a diferença dele para com os demais tipos de vinho. Não tem como passar desapercebido ao paladar.
Com um teor alcoólico acima dos 19°, o vinho do Porto é mais intenso em termos de sabor do que um vinho normal, e mais doce também, harmonizando bem com queijos, chocolate amargo, castanhas e frutas secas.
Algo que aprendi lá é que existem vários tipos de vinhos do Porto e não somente aquele típico de tom vermelho bem escuro. Há inclusive uma versão que é quase que incolor. Tudo depende do tipo de uva e tempo de envelhecimento.
Os principais tipos são Ruby que é envelhecido ao menos 2 anos em tonel; Tawny cujo tempo de evelhecimento é de 2 a 7 anos (mas existem variedades de 10 a até 40 anos); Vintage que é envelhecido em barril por 2 anos e depois em garrafa por pelo menos 10 anos.
Os barris de carvalho chegam a ter mais de 100 anos de idade, e são em diferentes tamanhos porque isso também gera diferenças nos sabores, já que o volume afeta a oxidação.
Falando um pouco sobre as uvas cultivadas às margens do Rio Douro, elas são particularmente resistentes, pois o solo ali é bastante rochoso e um tanto quanto escasso de água, apesar do rio estar ali ao lado. Outra característica bem marcante é o fato de que as vinhas são expostas a temperaturas extremas ao longo do ano, com um inverno mais intenso que por exemplo na Itália, e no verão às altas temperaturas que atingem a região.
A colheita normalmente ocorre no outono, e as uvas são imediatamente amaçadas para posteriormente serem fermentadas até atingirem 7% de álcool quando então são adicionadas 5 partes de conhaque.
Provavelmente você já deve ter visto aquela típica cena do pessoal pisando as uvas. Pois é, isso ainda é feito atualmente em muitos produtores. Às vezes manualmente e noutras por máquinas, mas neste caso as máquinas têm um sistema que simula a temperatura do corpo humano para garantir que o processo, que demora até 4 horas, seja o mais fiel às tradições o possível.
Embora seja conhecido como vinho do Porto, na verdade suas uvas não são cultivadas na cidade do Porto, mas sim alguns quilômetros dali, no Vale do Rio Douro. Mas então por que do nome? O vinho adotou o nome da mais importante cidade do norte de Portugal porque era nos arredores da cidade, mais precisamente em Vila Nova de Gaia que ele era descarregado para as caves.
Assim como acontece com a Champagne na França, apenas os vinhos cultivados na região do Douro podem ser chamados de vinho do Porto. Aliás, esta é a região produtora de vinhos mais antiga do mundo, ao menos de forma assim tão bem demarcada, já que tal demarcação existe desde 1756.
Uma coisa que pouca gente sabe ou já parou para observar é que o mais famoso vinho português tem a sua origem com os ingleses. Calma, explico.
Se você já pegou uma garrafa de um bom vinho do Porto, deve ter notado que muitas das marcas mais tradicionais como Taylor, Croft e Graham têm rótulos com algumas inscrições e nomes em inglês.
Isso porque a origem deste tipo de vinho data do começo dos anos 1000, quando um inglês chamado Henri ali se estabeleceu. Alguns anos mais tarde, em razão da proibição dos ingleses em comercializar com a França, com quem não se bicavam naquela época, passaram a cultivar uvas nas margens do Douro para que tivessem algum vinho para ser consumido na Inglaterra (aliás levanta a mão ai quem conhece algum vinho cultivado na Inglaterra…).
Pronto, por conta de um imigrante inglês e o embargo entre Inglaterra e França, estava criado um dos vinhos mais conhecidos e característicos do mundo.
Ainda de acordo com a lenda, inicialmente os ingleses teriam adicionado um pouco de conhaque ao vinho para melhor preservá-lo (me lembrou aquela história de como preservaram o corpo do Lorde Nelson…). Pronto, estava criado o vinho do Porto.
Um dos programas mais legais para fazer no Porto, ou melhor, na vizinha Vila Nova de Gaia (do outro lado da Ponte D. Luiz), é visitar uma das caves de vinho do Porto.
A primeira coisa a explicar é que as caves são o local onde o vinho do Porto amadurece e envelhece. Como você pode já imaginar, o nome cave vem mesmo de caverna, em inglês, já que eram lugares originalmente situados no subsolo ou pelo menos não iluminados e com uma temperatura mais fresca que a exterior.
É uma ótima oportunidade para você ver de perto todo o processo, conhecer a fundo a história deste vinho, e é claro, degustar.
Sim, no final da visita existe sempre uma degustação cuja extensão varia de uma cave para a outra e conforme o valor que se paga, já que existem programas de degustação mais ou menos longos, com uma variação na quantidade de provas ou safras.
Os tours duram entre 30 minutos e 1 hora com degustações. Aliás, uma dica. Não vá de estômago vazio…
Logo que você cruza o rio Douro do Porto para Vila Nova de Gaia, você já visualiza nas margens as caves.
Mas vou te contar um segredo… As duas mais famosas e melhores para esta experiência ficam alguns passos a mais subindo a colina às margens do Rio. Dá para ir caminhando tranquilamente, já que o percurso leva não mais que 10 minutos de caminhada. Difícil mesmo é descer depois de tantos cálices…
Durante a nossa viagem ao Porto, fomos convidados a conhecer as duas caves mais famosas da região, a Taylors e a Graham’s.
A Taylor’s é uma das mais tradicionais produtoras de vinho do Porto. O tour lá é na modalidade self tour, ou seja, você pega um forne de ouvido e vai caminhando pela cave passando por muita coisa interessante.
O primeiro ponto e talvez o mais interessante seja a cave propriamente dita, onde uma centena de baris estão ali armazenando e envelhecendo o vinho do Porto.
E no final do corredor de barris, um enorme barril com capacidade de 100.000 litros de vinho do porto. 😋
Após, eles apresentam uma sala com uma extensa explicação sobre o começo da produção do vinho do Porto, lá nas vinhas no Vale do Douro. É uma excelente opção para quem como nós, que não tínhamos como visitar as vinhas, saber mais sobre os vinhedos da região.
Mas porque não fomos às vinhas? Se você como nós viajar na época do inverno (final-começo do ano), as vinhas estarão secas, e tudo o que você verá será uma plantação de uvas secas às margens do Rio Douro. Vai por mim, não compensa.
Agora, se você for viajar em uma outra época do ano, ai este passeio é uma excelente opção seja para um bate-e-volta a partir do Porto ou melhor ainda, se você puder pegar uma pequena cidade ali perto e se hospedar por uma ou duas noites, poderá percorrer algumas vinhas.
Outra coisa que gostei bastante na visita à Taylor’s foi a importância que eles dão para os itens históricos da cave. Lá estão expostos itens como diferentes modelos de garrafas, mostrando a evolução delas, e também outros itens como ferramentas utilizadas na produção e transporte do vinho do Porto.
Finda a visitação, você sai diretamente no salão onde eles fazem a degustação.
Ali são servidos dois tipos de vinho do Porto, o Taylor’s Chip Dry, um branco seco e o Late Bottled Vintage, e para criança um suco de uva.
Uma boa sugestão é adicionar à sua degustação algo para beliscar, pode ser de uma seleção de queijos portugueses à um típico Pastel de Nata (não é o de Belém, mas é ótimo!).
Dá ainda estender para uma experiência mais “encorpada”, com degustações que chegam até a “modica” quantia de € 85 onde eles servem vinhos clássicos de safras premiadas.
Se você gostou, anote ai. A Taylor’s fica na Rua do Choupelo 250; a visita com degustação padrão que fizemos custa € 12 (€ 6 crianças de 8-17 – 7 ou menos é gratuito); e funciona diariamente das 10h00 às 18h00.
Outra famosa cave que sugiro é a Graham’s que também fica nesta região alta de Vila Nova de Gaia. Tanto que de seu jardim se tem belas vistas da Ponte Dom Luis e da cidade do Porto.
As visitas são feitas com um guia e devem ser marcadas com antecedência no site da cave, já que os grupos são pequenos. Eu particularmente fiquei com uma excelente impressão do guia que acompanhou o nosso grupo de umas 8 pessoas. Além de saber muito sobre o todas as etapas de produção do vinho do Porto, era muito, mas muito atencioso e a todo momento incentivava as pessoas a fazerem perguntas.
Fazia tempos que não via um guia assim bom em uma atração!
Tudo começa com a visita a um pequeno museu situado logo na entrada da Graham’s 1890 Lodge, como eles chamam a cave. Sim, eles estão ali desde 1890, embora os vinhos sejam produzidos desde 1820!!!
Ali existem muitos itens históricos relacionados com a longa jornada deste tradicional fabricante de vinhos do Porto.
Dali passa-se à área dos barris, um labirinto com mais de 2.000 barris de carvalho onde o vinho envelhece (alguns são do século XIX).
Na sequência há algo super interessante e que faria a alegria de qualquer apreciador de vinhos do Porto: a adega. Ali existem vinhos tão raros (e caros!) que ficam literalmente trancados.
Aqui tem algo curioso que o guia nos contou: muitas vezes o vinho mais antigo não é necessariamente o melhor. Tudo depende da safra ser boa e dela eventualmente tornar-se rara. Baseado nisso, tem gente que literalmente investe em vinho do Porto, comprando garrafas de uma determinada safra esperando que um dia ela possa valei várias vezes mais do que pago originalmente.
Difícil é ficar olhando para aquela garrafa e resistir a abri-la.
Bem, hora da degustação! Ai veio uma surpresa. Imaginei que seguiríamos com o grupo para a sala de degustação, a Tasting Room que você vê na foto abaixo e que já havia achado bem bonita e aconchegante…
Nela, você prova sempre três vinhos que irão varia conforme o tipo de degustação que você reservou/pagou:
CLASSIC TASTING: Six Grapes, LBV and 10 Years Old Tawny
PREMIUM PORT TASTING: Six Grapes, Crusted and Quinta dos Malvedos
PREMIUM TAWNY TASTING: The Tawny, 10 Years Old Tawny e 20 Years Old Tawny
Mas não, o nosso guia deixou o grupo na sala de degustação com um outro guia e nos levou à uma SALA (sim, digna de letras maiúsculas!) daquelas que você olha e fala: me esquece aqui por um bom tempo!!!
Com um ar que mistura uma biblioteca de mansão com um típico e chiquérrimo clube inglês, a Vintage Room é o tipo de lugar onde você tem vontade de ficar horas. Fiquei pensando em passar a tarde ali com o notebook e uma garrafa de vinho do Porto com alguns pasteis de nata escrevendo para o blog. Só não iria garantir a qualidade dos posts. 🤪
Enfim, eu lhe garanto que é o lugar perfeito para apreciar um bom vinho do Porto.
Lá, a exemplo da Tasting Room, existem três pacotes de degustações disponíveis:
THE GRAHAM’S TASTING: Graham’s Six Grapes, 30 Years Old Tawny and Vintage 2000
SUPER PREMIUM TAWNY TASTING: Graham’s 30 Years Old Tawny, 40 Years Old Tawny and Single Harvest 1994
SUPER PREMIUM VINTAGE PORT TASTING: Graham’s Vintage Ports 1983, 2000 and 2016
Nós provamos uma sequência um pouco diferente destas: Six Grapes, 10 Years Old Tawny; 20 Years Old Tawny; 30 Years Old Tawny e um 2005 Vintage.
Olha, depois de 5 taças generosas (e mais alguns goles da Sra. Cumbicona que não aguentou todas as delas), finalmente consegui entender porque ela e tanta gente ama vinho do Porto. Sou mais um neste time.
Saindo dali, não deixe de passar na loja da Graham’s que de tanta coisa interessante mais parece uma daquelas lojas que existem na saída das atrações da Disney. Não tem como sair dali sem uma, duas, três…. garrafas.
Além de tudo isso ainda existe o Vinum Restaurant e Wine Bar, que serve comida típica da região de Trás-s-Montes e do Norte de Portugal.
Gostou? A Graham’s fica na Rua do Agro 141; a visita e degustação custa a partir de € 18,50 e pode chegar até € 115 dependendo dos vinhos a serem provados; diariamente das 9h30 às 18h00.
E o tal Museu do Vinho do Porto? Olha, se você fez uma das visitas às caves, muito provavelmente este museu não irá acrescentar muita coisa em termos de informações, já que os tours acima mencionados são super completos. Mas se mesmo assim desejar conhece-lo, ele fica na Rua de Monchique 45, o ingresso custa €2,20 e abre de terça a sábado das 10h00 às 17h30 e no mesmo horário, porém fecha das 12h30 às 14h00 aos domingos.
* O Cumbicão visitou as atrações mediante uma parceria estabelecida com os operadores locais para coletar material para este post. Todas as opiniões e relatos aqui descritos refletem fielmente a experiência, atendendo à política do blog.
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