Você já foi para um destino de viagem onde nas primeiras horas, sentiu-se como um peixe fora da água? Deslocado em termos de espaço e tempo? Estas foram as sensações mais marcantes na nossa viagem para um destino que não tem igual no mundo: Cuba. Um destino que é único!
Acho que é possível viajar para vários lugares no mundo, mas muito provavelmente não existirá no mapa um lugar como Cuba. Amado por uns, detestado por outros tantos, a única certeza é que como esta ilha no Caribe não há igual.
A melhor forma de tentar (porque acho impossível) entender Cuba é embarcar para lá sem preconceitos, seja de que lado o for, e tentar compreender tudo o que se passa lá para entender ao menos um pouco deste lugar tão singular.
A minha primeira dica para quem se interessar pelo destino, é deixar de lado qualquer paixonite e olhar o quadro da forma mais isenta possível.
Isso é essencial para que, em tempos de polarização como os que vivemos, você possa ter a sua própria opinião sobre o destino.
E olhe lá. Eu mesmo até hoje tenho uma visão dúbia sobre Cuba.
Cuba é um lugar complexo onde aos poucos o futuro está chegando, mas o passado teima em ir embora.
A primeira sensação de quem chega na mítica Havana é a de uma viagem no tempo, mais precisamente ao passado. Se o Japão é uma viagem ao futuro, eu lhe diria que Cuba é o mais perto que dá para chegar de uma viagem ao passado. E mais, um passado estranhamento desconexo do nosso mundo atual.
Já escrevi algumas vezes aqui no Cumbicão que em maior ou menor medida, os destinos de viagem (e o mundo, é claro!) têm ao longo dos anos passado por um certo movimento de homogeneização. Coisa do tipo um McDonald’s e um Starbucks em cada esquina, e em alguns casos uma certa perda da identidade local. Não, eu não defendo que a globalização seja necessariamente ruim, mas há que se ter cuidado para não perder os traços da cultura local.
Por conta de seu regime político fechadíssimo e o embargo norte-americano, a globalização, que já não é novidade faz mais de 25 anos, parece caminhar a passos de tartaruga na ilha cubana e vez ou outra ainda parece sofrer uma regressão.
Em 2016, antes da eleição do Trump e vendo o movimento de aproximação entre os EUA e Cuba que o governo Obama estava promovendo, muitos acreditavam que a hora de ver a Cuba autêntica era aquele. Imaginava-se que com a suposta eleição da Hilary Clinton, Cuba se aproximaria demais dos EUA ao ponto de perder sua identidade.
Para quem não se lembra, este movimento que começou ainda em 2014 teve até mesmo a participação do Papa Francisco que atuou como interlocutor entre as partes.
Porém, diante do viés do governo Trump, este movimento de aproximação sofreu um já esperado recrudescimento.
Analisando o cenário geral, meu palpite é que numa eventual guinada de comando na Casa Branca, é possível que em maior ou menor medida, e em um prazo que pode ser variável, volte a valer a ideia “veja Cuba agora ou nunca mais”.
Eu apostaria que daqui uns 10 anos, Cuba não será a mesma.
Mas será que veremos um McDonalds em cada esquina de Havana? Quanto será preservado do charme local? O que se espera é que Cuba não seja descaracterizada e que não se torne uma ilha do Caribe como outra qualquer.
Eu aposto que muito será preservado como é hoje pois diferentemente das demais ilhas, Cuba tem muita história para contar. Concorde você ou não com ela.
E não é apenas a economia que tem espaço para mudar.
Hoje, formalmente falando temos apenas dois países que podemos considerar como sendo comunistas: Cuba e Coreia do Norte. Não menciono a China porque basta andar pelas ruas de qualquer cidade chinesa para ver que ali vigora na verdade uma economia de mercado das mais fortes do mundo. Apenas na política é que pode-se falar em comunismo.
Mas porque Cuba é assim tão diferente ainda hoje?
Para entender um pouco do porque Cuba é como é, precisamos conversar um pouco da sua história.
Cuba foi colonizada pelos espanhóis, sendo que o primeiro a chegar ali foi ninguém menos do que Cristóvão Colombo, ainda em 1492. Ele pensava tratar-se não de uma ilha, mas sim de uma península do continente americano. Dezoito anos mais tarde veio a colonização efetiva com Diego Velázquez.
Independente da Espanha em 1898, a partir de uma revolta por parte dos produtores de tabaco contra a coroa, a luta teve em José Martí, o seu maior expoente. Curiosamente, depois de 30 anos de lutas e movimentos de independência que não tiveram um resultado efetivo, a Espanha só reconheceu de fato a independência de Cuba após a intervenção dos EUA no conflito.
A partir de então, a ilha passou a ser governada por sucessivos governos que estavam alinhados aos interesses dos EUA. Lá pelos anos 50, a ilha havia se transformando em uma versão caribenha de Las Vegas, com muitos cassinos e hotéis de luxo voltados para visitantes estrangeiros, além de uma enorme concentração de renda nas mãos de poucos.
Era o cenário propício para o evento mais conhecido da história de Cuba: a Revolução Cubana que culminou com a virada de regime na ilha. Ocorrida entre os anos de 1953 e 1959 ela terminou com a ditadura de Fulgêncio Batista (aliados aos EUA), e instalou um regime comunista alinhado à antiga União Soviética.
Os dois nomes mais conhecidos deste evento, para quem caiu na terra agora, foram Che Guevara e Fidel Castro. O primeiro faleceu em 1967 na Bolívia, enquanto que o segundo retirou-se do poder para dar lugar ao seu irmão Raúl Castro, falecendo anos depois de deixar o governo.
Aqui um parênteses para uma situação que mostra como Fidel ainda é idolatrado.
Andando pelas ruas de Havana Vieja encontramos uma praça lotada de pessoas. De tudo quanto era idade, homens e mulheres se apinhavam diante de um palco. Como chegamos à praça por detrás do palco, não via o que estava ali acontecendo.
Mas reconhecia a voz… Ao melhorar o ângulo de visão e ver o palco, notei que ele estava completamente vazio, havia apenas um telão com um vídeo de um discurso (daqueles intermináveis) do Fidel. Sim, as pessoas estavam ali assistindo a um discurso gravado na maior empolgação!!!
Não é do meu tempo, mas lá por volta de 1962, o mundo literalmente esteve para acabar com o momento mais crítico do embate EUA x URSS que marcou a Guerra Fria.
A chamada Crise dos Mísseis decorreu do fato de que Cuba concordou com a instalação de uma base soviética para mísseis nucleares praticamente no quintal norte americano – só 200km de distância da Flórida. Isto foi uma resposta dos soviéticos ao fato de que os EUA instalaram bases de misseis em alguns países da Europa.
Foram dias em que os militares de ambos os lados ficaram com a mão no botão de lançamento de bombas atômicas, mas ao final os soviéticos desistiram e todos respiraram aliviados.
Algo que sempre achei estranho é o fato de que Cuba, mesmo sem ter até relações diplomáticas com os EUA, ceder parte do seu território para a base naval de Guantánamo, ao sudeste da ilha. Como aquela base, famosa pela prisão homônima foi parar ali?
Antes da revolução, as relações entre os países eram bem estreitas. Cuba foi o último país das américas a tornar-se independente de uma nação europeia (1898), e seu processo de independência teve uma grande colaboração dos EUA, que declararam guerra aos espanhóis, colaborando e muito com o fim do período colonial espanhol. É verdade que entre a independência e a revolução, Cuba ficou praticamente nas mãos dos EUA.
Por conta desta ajuda, os cubanos concordaram em literalmente alugar Guantánamo para os EUA, por uma quantia mensal. Dizem inclusive que, em razão do embargo e das relações estremecidas, Cuba devolve para os EUA o valor pago todo mês.
Juro que não entendi… o país precisa do dinheiro, aluga para o adversário político um território que é usado como base militar / prisão, e ainda devolve a quantia??? É… definitivamente as relações diplomáticas são bem estranhas…
Após a dissolução da União Soviética e precisando de novas fontes de receita, o governo cubano decidiu flexibilizar as suas regras permitindo a exploração de algumas atividades sob uma ótica mais capitalista (algo bem parecido com o que fez a China nos anos 90).
Foi a partir deste movimento que o turismo na ilha passou a crescer ano após ano e cada vez mais grandes grupos europeus têm investido na construção de grandes resorts nas belas praias locais.
Por mais que não haja ainda sequer indícios de uma democratização do país que permanece sob um regime político onde não há liberdade de imprensa e eleições diretas, este movimento que como disse já vem acontecendo faz algum tempo, pode trazer boas perspectivas à ilha nos próximos anos. Se isto irá acontecer? Teremos que olhar os livros de história daqui alguns anos para saber.
Para quem se interessa por política, pouco importando o lado, Cuba é um destino que fará você refletir bastante, já que é um cenário bastante diferente do restante do mundo.
Basta andar pelas ruas ou ligar a TV para ver algo que literalmente não faz parte da nossa realidade.
Eu tenho por hábito assistir ao menos um pouco de televisão local. Sabe aqueles minutos antes de capotar após um dia cheio de atividades? Aproveite para assistir um pouco de televisão e aprender algo mais a respeito de como as pessoas pensam e vivem num país.
Então, em Cuba isto é singular. Como a imprensa é oficial e tudo é controlado pelo governo (de forma expressa), tudo o que se vê junto com jogos de beisebol são telejornais e documentários exaltando as ações do governo e o passado dos chamados heróis nacionais.
É como se tivéssemos a Voz do Brasil na TV e em tempo integral!!! É muito louco!!!
Quer algo mais surreal? Quando não está passando isso, o programa é … novela brasileira. Sim, acreditem, os cubanos amam uma novela brasileira. Acho que eu preferiria desligar a TV mesmo. Kkkkk
Andando pelas ruas é a mesma coisa.
Cartazes criticando os EUA e um monte de propaganda política junto a imagens cultuando os nomes da revolução. Estes outdoors são lá chamados de carteles.
Quase que imediatamente após a revolução, o governo de orientação comunista tomou uma atitude bastante diferente aos nossos olhos ao estatizar todas as atividades econômicas existentes em Cuba. Na prática, ninguém poderia ter empregados; apenas o governo. A ideia era que ninguém seria explorado pela elite. Tire suas próprias conclusões.
Por mais que este modelo pudesse ter alguma lógica no cenário onde a pujança da URSS sustentava o esquema com dinheiro oriundo da compra do açúcar local, com o esfarelamento da “matriz” entre as décadas de 80 e 90, os regimes alinhados ficaram financeiramente perdidos.
E pior, sem uma livre iniciativa interna já consolidada para tomar à frente, não haviam indústrias ou outras atividades privadas para sustentar a economia.
Felizmente as medidas para flexibilizar o sistema tomadas a partir da última década, como por exemplo a aceitação de empresas estrangeiras e a possibilidade de contratação de trabalhadores por particulares, tendem a melhorar a economia e a vida dos cubanos – mas a passos de tartaruga.
Mesmo neste aperto financeiro, saúde, moradia e educação não só são de qualidade como também garantidas pelo governo. As casas ou foram herdadas de antes da revolução ou foram doadas pelo governo. Além disso todo cubano recebe um crédito chamado de livreta de abastecimento para compra de itens alimentares básicos como pão, ovo, café, açúcar, arroz, feijão e etc. Nada de bolsa família! É comida mesmo. Confesso que achei mais adequado.
Visitar um país como turista é absolutamente diferente de viver lá. Fato!
Mas mesmo assim, um olhar mais observador pode nos dar alguns indícios de como é a vida em alguns lugares.
Muita gente pode estar olhando as fotos e pensando o quanto Cuba é pobre. Verdade seja dita, o embargo à ilha de Fidel e outros fatores (talvez até mesmo internos) causaram um enorme abismo financeiro entre o povo local e o resto do mundo.
Em números absolutos, ou seja, se comparado com outros países, para ser claro e direto: Cuba é um destino pobre. Veja que um cubano ganha em média algo entre 15 e 30 CUCs, ou seja, 15 ou 30 dólares ao mês!!!
É por isso que muitos profissionais com formação superior estão largando suas carreiras para atender turistas. Oras, uma corrida de táxi do aeroporto até o centro da cidade já vale o salário de um mês de um médico ou de um professor.
Mesmo assim você não vê um pedinte nas ruas e a violência é praticamente zero. Cuba é um caso a ser estudado.
Sem acesso a produtos básicos, são comuns os relatos de turistas que são abordados por cubanos que perguntam se eles têm sabonetes, pasta de dente ou canetas para doar.
Justamente por não ter uma forte indústria, itens mais caros ou com algum tipo de tecnologia agregada então, são raros. Dai porque é comum, e até mesmo clichê ver pelas ruas de Havana carros que literalmente parecem ter saído de um museu.
Conhecidos como yank tank, eles foram os últimos a serem importados regularmente dos EUA na década de 50.
Logo, sim, as pessoas vivem em condições financeiras menos favorecidas.
Um passeio pelas ruas de Havana revela residências bem humildes e muito mal conservadas.
Não espere encontrar lá supermercados como os que vemos em outros destinos turísticos.
Aproveito aqui para contar um perrengue que ilustra isso.
Como vou detalhar mais a diante, optamos por nos hospedarmos em um Airbnb em Havana e na manhã seguinte, sai sozinho pelas ruas para comprar algo para o café da manhã em alguma vendinha. Coisa simples: pão, manteiga, leite e alguma fruta…
Fui até a primeira. Fechada. Caminhei até a segunda. Fechada também. Depois de 30 minutos rodando por Havana Vieja, resolvi perguntar a um local porque estava tudo fechado. Ele me disse que os mercados estavam fechados para balanço. Perguntei quando abririam e ninguém sabia dizer.
Juro, nos dias em que passamos em Havana não consegui ir em nenhum mercado e os poucos que vi estavam com prateleiras vazias.
Ah, como resolvi o café da manhã? Leite em pó, bolachas que levamos do Brasil meio que já prevendo algum perrengue e as frutas gentilmente fornecidas pela mãe do nosso host no Airbnb que nos salvou várias vezes durante a estadia e um mísero cacho de bananas que conseguir comprar nesta minha empreitada.
Ou seja, tudo isso para resumir que a vida a que estamos acostumados não existe em Cuba.
Mas isso tudo tem um outro lado e aqui deixou para você formar a sua opinião, já que algo absolutamente difícil de ponderar.
Por outro lado, o governo garante o básico como saúde, educação e o acesso à moradia não é dos piores. Tanto que entre os países americanos, Cuba é super bem cotada nos índices de desenvolvimento humano (0,769 na 67ª posição).
Quer mais? Os cubanos têm historicamente uma das menores taxas de analfabetismo do mundo (menos que 1%!), baixo índice de mortalidade infantil, altas expectativas de vida e boas universidades, ou seja, alguns números capazes de fazer inveja a países desenvolvidos. Fora a violência praticamente nula.
Não pretendo de forma alguma julgar o que é certo ou o que é errado. As reflexões ficam a cada um que lê e vê segundo as suas convicções.
Qualquer discussão neste sentido extrapola a seara dos fatos e dados concretos, beirando uma verdadeira paixão, já que o regime que impera em Cuba tem tanto fervorosos opositores quanto amantes, cada qual com seus argumentos válidos (ou não).
Pensa comigo: de que adianta ter liberdade de expressão se não se tem o que comer ou outras necessidades básicas como saúde e educação gratuita e de qualidade? Ou invertendo: de que adianta ter serviços básicos e não ter liberdade de expressão e uma real democracia?
Perceberam como é difícil julgar principalmente vendo tudo isso de fora?
E mais, ao ouvir alguém, ainda que cubano, criticando ou elogiando o governo, tente entender o motivo por trás disso. Tem gente que reclama para receber uma gorjeta maior do turista que se penaliza com a situação; tem gente que quer manter tudo como está pelas regalias que a situação confere; tem aqueles que morando fora e ganhando em dólares, só voltam para lá como visitantes e outros que gostariam de deixar os EUA e voltar para a terra natal. Tem de tudo. Avalie.
Mas sem tomar partido para nenhum dos lados, até porque isto é um site de turismo, é de se questionar que preço os cubanos pagaram e pagam por isso.
O mais incrível é que parte do charme de Cuba está nisso, neste ar decadente. Eu mesmo fiquei com a impressão de que se não fosse assim Cuba seria como uma ilha qualquer outra do Caribe: super americanizada.
Situada ao sul da Flórida e lar de 11 milhões de pessoas, Cuba é a mais populosa ilha do Caribe.
Os cubanos, como todo bom latino, tendem à simpatia; especialmente com brasileiros. Sempre atenciosos e solícitos, espere um tratamento muito cordial.
Apenas uma sugestão: seja você coxinha ou mortadela, melhor evitar discutir política; salvo se a conversa surgir do lado deles. Digo isto porque em Cuba existem tanto pessoas que apoiam o regime de forma fervorosa quanto aqueles que gostariam de ver mudanças. Na dúvida, respeite afinal não é o seu país.
A população cubana é algo realmente diferente. Em alguns aspectos os cubanos são bem semelhantes aos brasileiros. Guardadas as devidas proporções, assim como nós, eles conseguem nos momentos de dificuldade ainda ver algo de positivo. No geral são bem receptivos e adoram conversar. Têm uma enorme curiosidade a respeito de tudo.
Quem lê os posts aqui do blog sabe que não gosto de generalizações, nem para um lado, nem para o outro. Em viagens a gente sempre encontra gente muito bacana, gente neutra e uma ou outra figura realmente desagradável. O ser humano é assim em qualquer lugar do mundo.
Dito isto, peço que vocês leiam as palavras abaixo e tirem as suas próprias conclusões, principalmente depois de uma viagem para Cuba, para que vejam com os seus próprios olhos e principalmente percebam o que é verdadeiro ou não.
Em Cuba às vezes é difícil perceber o que é verdade e o que é ilusão em termos de relacionamentos. Certamente muita gente te abordará pelas ruas para oferecer ajuda ou simplesmente por curiosidade. Lembre-se que você é o gringo e eles não têm um acesso às viagens internacionais como outros povos – triste verdade!
Os cubanos levam uma vida sofrida e cheia de privações, e às vezes eles olham os turistas como uma oportunidade de ganhar algum dinheiro extra. Não, eles não vão te roubar! Como vocês verão abaixo, Cuba é um destino para lá de seguro.
Ainda que parcial, o monopólio do turismo nas mãos do governo (o que tende a mudar) faz com que os cubanos vejam oportunidades no turista, e não no turismo, como deveria ser.
Desta forma eles tendem a se aproximar de você seja para pedir algo (que pode ser sim um simples sabonete ou um trocado) ou lhe oferecer um serviço que você nem está interessado ou de qualidade inferior. Pequenos golpes existem.
E é neste cenário de não conseguir na hora (e talvez nem depois) julgar o que é sincero ou não, que o turista se vê imerso. Tenho certeza que muitos de vocês já tenham passado por isto aqui no Brasil mesmo. Mas quando a realidade está perto de ti e você tem um conhecimento mais profundo fica mais fácil de formar uma opinião ali na hora.
Lá, por exemplo, mulheres cubanas, principalmente jovens e belas, acabam se relacionando com gringos mais velhos e mal cuidados só para ter uma oportunidade na vida. E não estou falando de prostituição não (o que existe sim lá). Estou falando de uma situação onde elas se sujeitam a casar com estes caras, na maioria europeus, só para saírem do país. Oportunistas? Provavelmente não. Fique imaginando a vida que levam e que levarão neste tipo de casamento.
Eu mesmo vi numa praia perto de Havana uma cubana literalmente se jogando para uns russos sem mal falar uma palavra em russo e vice-versa. Detalhe a família dela, inclusive a filha pequena, estava sentadas numas cadeiras alguns metros dali. Coisa assombrosa e triste ao mesmo tempo.
Mesmo ciente disto, a sociedade machista faz vistas grossas. Mas deixe a polícia ver um cubano interagindo demais com turistas gringos… Na primeira vez ele é advertido, já na segunda é preso mesmo que por algumas horas. Seria isto uma tentativa de não “contaminar” a sociedade com ideias novas? Cada um que tire as suas próprias conclusões.
Confesso que me senti mal ao andar pelas ruas e não saber se era abordado por simples simpatia ou pela moeda forte que levava no bolso. Se de um lado é ruim ser enganado pelas pessoas, também o é ter a consciência pesada por simplesmente ignorar alguém que quer apenas ser simpático ajudando o turista e aprendendo um pouco sobre ele. Duro né?
Diferentemente do que a maioria das pessoas pensa, hoje Cuba não é um Estado ateu. Trata-se apenas de um Estado laico, ou seja, onde como tantos outros, religião e governo não se misturam. A maior parte da população divide-se entre católicos e aqueles que processam a santeria (uma mistura de catolicismo e religiões africanas).
En La Habana se habla español! Mesmo sendo espanhol o idioma local, muitos cubanos falam inglês por conta da quantidade de turistas europeus, e lembre-se que se o seu espanhol não for lá muito bom, um português falado vagarosamente e sem gírias é sempre útil.
Se me perguntassem se eu gostei de Cuba, a resposta seria sim, mesmo estando longe de estar na minha lista de melhores destinos. O sim justifica-se porque como experiência, naquele viés que eu gosto de destinos diferentes do meu dia-a-dia, Cuba é inigualável e esta desconexão da realidade me fascina – ainda que seja difícil de compreender.
No saldo final, Cuba me deixou uma enorme incógnita sobre o que pensar, e pela primeira vez voltei de uma viagem sem saber ao certo quais foram as lições tiradas daqueles dias em um destino assim tão diferente.
O que tive a impressão é que se e quando Cuba realmente se abrir e democratizar-se, terá um positivo movimento de desenvolvimento; e poderá ser uma verdadeira potência em termos turísticos.
E você? Já foi para Cuba? Que impressões e sentimentos teve? Ainda não foi? Conta ai porque gostaria de viajar para lá.
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