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Austrália – O meu sonho de país!

Mais australiano que isto não existe!

Certamente você já se apaixonou por algum lugar, conhecido ou não. Eu já me apaixonei por vários… Espanha; Israel; Grécia; Japão; San Francisco… E AUSTRALIA!

Ainda que até então platônico, meu caso de amor com a Austrália era antigo. Sempre sonhei em conhecer aquela enorme porção de terra no meio do Pacífico – é, tenho uma queda por lugares distantes. Talvez seja meu fascínio por aeroportos.

Enfim, poucos lugares aguçaram tanto minha curiosidade como a Austrália. Uma curiosidade que nos fez cruzar 13 fusos horários diferentes. Sim! Vocês leram certo, foram nada menos que 13 fusos horários entre São Paulo e a terra dos cangurus – abaixo vocês entenderão o motivo.

O fato é que sempre sonhei em ir para a terra dos irmãos Young e do Crocodilo Dundee. Sonho este que num rompante de loucura, das boas é claro, tornou-se realidade. 

Interessante que quando você fala em Austrália para a maioria das pessoas, elas lembram dos icônicos cangurus, e de que é longe pacas. E só! É impressionante o pouco que nós brasileiros sabemos a respeito da Austrália.

Mas também não é para menos, ainda que seja um dos maiores países em termos de extensão territorial 7.741.220 km², para ser mais exato, são raras as noticias que recebemos na mídia brasileira a respeito deste gigante isolado do mundo.

Porém, por mais distante que a Austrália seja do Brasil, os dois países têm algumas características em comum.

Olhando assim de longe, até parece bem familiar.
Arredores de Sydney.

As cidades mais conhecidas não são as capitais nacionais. Pois é, da mesma forma que o Rio de Janeiro não é a capital tupiniquim, Sydney também não é a sede do governo australiano – o posto é Camberra, que também é uma cidade planejada! Se tivesse o dedo do Niemayer seria demais né???

Certamente a paisagem mais conhecida da Austrália.
O skyline de Sydney.

Ambos foram colonizados por países europeus (eles no caso pelos ingleses) e têm muito menos tempo de história (conhecida) que as nações da Europa ou da Ásia, por exemplo.

Os dois passaram por fortes ondas de imigração de pessoas vindas das mais diversas regiões do planeta e têm um povo alegre e receptivo.

Têm extensões praticamente continentais; praias de monte; e um clima que vai do frio ao calor tropical; e uma grande área seca e de solo improdutivo. Nos dois a maior parte da população está próxima ao litoral.

Até verde e amarelo a seleção deles, de rúgbi é verdade, veste!!!

Putz, parece até um espelho nosso do outro lado do mundo.

Pois é, as semelhanças param por ai!

Sem nenhum demérito ao meu país, vou aqui reproduzir o pensamento que ouvi de um simpático australiano: Se o Brasil é o país do futuro, aqui dizemos que somos “um país de sorte” – parece que o futuro já chegou lá!

Duvida? No final de 2012 a consultoria Mercer, de Nova York fez uma pesquisa considerando-se questões como básicas como saúde, educação, política, economia e cultura para descobrir quais eram as 10 melhores cidades para se viver em 2012. A oitava posição é ocupada justamente pela mais famosa e populosa cidade australiana, Sydney. E mais, as outras metrópoles australianas, como Melbourne, Adelaide, Perth e Brisbane não ficam muito atrás não, fazendo bonito diante de destinos sabidamente desenvolvidos como Viena e algumas cidades Suíças.

Os australianos já estão desde muito colhendo os frutos do seu sucesso econômico e principalmente social.

A realidade australiana, como dizem Myth Busters detona alguns mitos.

Quantas vezes vocês ouviram frases, ou melhor, bobagens do tipo: “O Brasil demorará X anos para ser desenvolvido como a Europa, pois eles têm milênios de históriae cultura”; “Tem mais é que separa o Brasil em Y partes porque tal região é só desgraça!” ou pior: “Um país com a nossa miscigenação e diversidade cultural só poderia ser uma zona mesmo!”?

Ora a Austrália é a prova viva de que nós brasileiros podemos mais! Explico:

A Austrália tem a metade do nosso tempo de história e um desenvolvimento econômico e principalmente social de dar inveja até mesmo na Europa – basta notar que as recentes crises econômicas pouco afetaram o país. Assistindo aos noticiários locais ouvia-se (e principalmente via-se pelas ruas) que os efeitos da crise lá foram muito, mas muito brandos. Acho que nem ”marolinha” foi…

Sinais da “crise” na Austrália. Que dó!!!

Os índices sociais são tão bons que nos últimos anos a Austrália é figura fácil entre os top 3 do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), na frente por exemplo de países como Japão, Suíça e tantos outros sabidamente desenvolvidos.

Ainda que tenha uma indústria forte, o grau de industrialização brasileiro recente e o potencial da nossa economia é muito maior que o deles.

Nossa população é muito maior que a deles (aproximadamente 22 milhões de habitantes) – aliás eles têm uma das menores densidades demográficas do mundo (densidade 2,6hab./km²).

Nossa posição geográfica é muito mais favorecida em termos de comércio exterior – eles estão no meio do nada!

Qual o segredo de tudo isto? Boa pergunta… Não sou sociólogo quanto menos antropólogo, mas arrisco dizer que o primeiro deles talvez seja a educação e o respeito às leis que os australianos tanto prezam. Sabe aquela coisa meio que de europeu… o que é certo é certo?

Enfim, se me pedissem para definir a Austrália em poucas linhas eu te pediria para imaginar o seguinte: do dia para a noite o Brasil acordou com o desenvolvimento econômico da China ou dos Estados Unidos (nos tempos áureos); a cultura e senso de sociedade da Suíça; sem perder o bom humor e a diversidade cultural brasileira.

Num sonho muito louco, o Brasil teria acordado vestido de Austrália e diria “God Save the Queen”!!! Afinal eles são uma Monarquia constitucional e democracia parlamentar, com estreitos laços com a realeza britânica.

Carta da rainha exposta no Queen Victoria Building em Sydney.

Defeito? Claro que tem. Ainda não vendem passagens para o paraíso – apesar de que fiquei com a impressão que a Austrália passa perto.

Embora acredite que quem viva lá tenha maiores condições de apontar a fundo os prós e contras, como visitante posso dizer que o lugar beira à perfeição – considere aqui o famoso, “gosto não se discute”. Mas defeitos propriamente ditos não encontrei: povo simpático e que parece desfrutar de uma boa qualidade de vida, clima tropical, belas paisagens, natureza, desenvolvimento econômico, segurança e limpeza nas ruas, transporte público de qualidade… Faltou algo???

Além de metrô, Sydney tem um mono-rail.

Mas para não dizer que não vi nada de ruim, ficam aqui dois pontos, digamos…. chatos.

O primeiro é que o custo de vida é altíssimo. Estou para lhes dizer que junto com Israel, aqui já relatado, e a Noruega, o custo de vida australiano é altíssimo para os nossos padrões.

No passado era relativamente comum brasileiro fazer intercâmbio na Austrália por conta das facilidades na obtenção de visto (em contraposição à então restritiva situação vigente nos EUA) e o fato de que o dólar australiano era mais barato que o do “Tio San”.

Todavia, o sucesso econômico australiano, com um PIB de US$ 908,990 bilhões e uma  renda per capita de US$ 35 677 (13.º em ambos os índices) teve seu custo.

O dólar australiano (AUD) está bem mais valorizado que o americano, ou seja AUD 1 = USD 1,03; o que resulta em AUD 1 = R$ 2,02.

Aliás anote ai: o dólar australiano tem notas de $100, $50, $20, $10 e $5; e as moedas são de $2, $1, 50c, 20c, 10c e 5c. As notas são de plástico – lembram-se daquela nota de R$ 10 de plástico? Ah, evite notas de $100, são difíceis de trocar como na maioria dos países.

Ainda que o câmbio não esteja tão longe do dólar americano, tenha em mente que os preços de itens essenciais, como comida, são altos se comparados com os preços nos EUA, por exemplo.

Embora os australianos ganhem no mínimo A$ 14 por hora trabalhada, o padrão de vida na Austrália é consideravelmente alto. Apenas para dar uma idéia, um casal, onde ambos têm nível superior e trabalham tempo integral, conseguem receber uns AUD 7.500 mensais brutos – dos quais desconta-se aproximadamente 35% de impostos.

Dois exemplos de típicas casas no subúrbio de Sydney.
Subúrbio de Sydney.

Tudo isto? Sim tudo isto, mas por outro lado os serviços públicos são de qualidade e o Estado é consideravelmente assistencialista.

Basta ver que a previdência social Centrelink, paga aos desempregados AUD 800 mensais até que arrumem um emprego. Ainda que exista sim uma parcela da população que seja mais humilde, que ganham entre 10 mil e 25 mil anuais, não espere ver mendigos pedintes – claro que existem aqueles doidos que vivem assim por opção.

E mais, se após os 16 anos um jovem continuar estudando, o governo paga aproximadamente A$ 400 ao mês. É como uma bolsa estudo. Garanto que ninguém forja que estuda.

Lá pude comprovar algo que tinha lido antes de viajar. Os australianos são bem consumistas. Ao ponto da maioria da população local estar altamente endividada. Eles praticamente não guardam dinheiro!!! Cheguei até a ver um anúncio de algo como “compradores anônimos”.

Não faltam shoppings pelas cidades.

Embora pretenda em breve postar as três experiências de hospedagem que tivemos na Austrália, volto aqui a citar o sempre útil Ibismômetro do Viaje na Viagem. Desde que Ricardo Freire e Cia criaram este índice, entra mês e sai mês e Sydney está sempre no topo das paradas de hospedagem cara. Vale conferir.

Como chegar.

Por menor que seu mapa ou globinho seja, a Austrália ainda está do outro lado dele. Como diz a letra de uma das bandas mais famosas da terra dos cangurus (e preferida deste que lhes escreve), It´s a long way to the top if you wanna rock´n roll”.

Hoje, saindo do Brasil, existem três opções para chegar-se à Austrália. Na LAN Chile, embora varie conforme a opção escolhida, espere um chá de avião de pouco mais de 19 horas partindo de São Paulo, já considerado o tempo de escala em Santiago, de onde segue-se pela empresa australiana Qantas. Quanto? “Só” R$ 8.955 por passageiro. Mais rápido e mais oneroso meus caros.

Uma opção em conta, mas que eu particularmente evitaria pelo mau histórico de greves, reclamações e serviço ruim (basta ver comentários nos sites especializados em passagens aéreas) é a Aerolíneas Argentinas.

Juro que fiquei me perguntando: Se nossos hermanos podem, porque as empresas brasileiras não voam para lá???

Apensar de informarem no site oficial passagens por US$ 1199 + taxas, não consegui encontrar nenhuma data disponível. O tempo de vôo na ida é de quase 23 horas e pouco mais de 19 horas na volta, contando-se as escalas em Buenos Aires.

Já pela South African Airlines (nossa escolha), o vôo GRU-SYD e volta, com escala em Johannesburg, sai por volta de R$ 3.616 já com taxas. É mais longo? Sim, no nosso caso foram 31 horas de viagem na ida, o que possibilita um passeio nas 10 horas de conexão por Johannesburg; e praticamente o mesmo tempo na volta, o que permitiu até mesmo dormir num hotel próximo ao aeroporto, algo altamente recomendável para você chegar menos “quebrado” da odisseia aérea.

South African Airlines + Qantas, uma excelente pedida!

Ressalto que o tempo destas conexões pode variar a depender do dia da semana, podendo ser de até 23 / 26 horas de viagem total em cada pernada; e que assim como no caso da LAN, o trecho chegando e partindo da Austrália é voado pela maravilhosa QANTASEntenderam o “motivo” ($) pelo qual percorremos 13 fusos diferentes?

Depois de tantas horas voando,
As últimas horas foram quase que como uma contagem regressiva.
Os vôos foram excelentes, mas nunca fiquei tão feliz em ver terra firme!

Ah, aproveite e anote ai: a Austrália está 13 horas diante do horário de Brasília se considerarmos o horário de verão e 14 no horário comum.

Enfim, a passagem não é barata não, mas você tem que considerar que está voando literalmente para o outro lado do mundo. Ok?

E já que é longe pacas, aproveite para ver a Nova Zelândia ou outros destinos da Oceania.

Bom, superado o choque do custo e da distância, outra questão recorrente é o famoso “quanto tempo no destino?”. Ainda que varie conforme disponibilidade das suas férias e do seu bolso, tenha em mente que só no deslocamento até a terra dos cangurus você perderá um dia na ida e outro na volta. É o mesmo que ir para o Japão, por exemplo, você chaga lá tão zureta que mal consegue responder às questões simples e diretas da imigração.

Então menos que 15 dias na região da Oceania eu não considero factível. Melhor deixar para outra oportunidade.

Como já dissemos, a Austrália é um país de proporções continentais e as atrações estão espalhadas umas das outras, o que dificulta não só o planejamento da viagem, mas também inviabiliza aquela ideia de querer ver tudo em uma viajem só.

Particularmente acho que para você estufar o peito e poder dizer “eu conheço a Austrália”, você precisaria fácil de um mês (ou mais!). Não é exagero não, basta ver as distâncias entre as principais cidades:

Cidade Avião Ônibus Distância Km
Sydney – Adelaide 1:40 24:00 1470
Sydney – Canberra 0:35 4:15 278
Sydney – Melbourne 1:10 14:30 857
Sydney – Brisbane 1:15 17:00 988
Sydney – Cairns 2:40 44:00 2911
Sydney – Gold Coast 1:10 12:00 847
Sydney – Perth 6:00 56:00 4475
Canberra – Melbourne 0:55 9:30 626
Melbourne – Adelaide 1:05 10:00 741
Melbourne – Hobart 1:05
Adelaide – Alice
Springs
2:00 20:00 1540
Adelaide – Perth 3:10 35:00 2780
Adelaide – Brisbane 2:15 33:30 2256
Darwin – Alice
Springs
1:50 19:00 1500
Alice Springs –
Ayers Rock
0:45 6:00 500
Dawin – Perth 3:25 56:00 4400
Brisbane – Melbourne 1:55 25:00 1647
Brisbane – Cairns 2:05 25:00 1923
Brisbane – Gold
Coast
1:10 90

Pelo quadro acima deu para notar também que praticamente nada dá para ser feito por transporte terrestre. Depois de voar meio mundo, olha lá você novamente trancado num avião!!! Kkkk.

Virgin Austrália, uma das empresas regionais.
Mas existem outras maiores como a Cathay Pacific que operam desde Los Angeles até a Nova Zelândia.

A menos que você tenha tempo sobrando, sugiro que você foque sua estadia na Austrália em Sydney e mais algum lugar, que pode ser desde outra metrópole ou algo mais inóspito, como a região da Barreira de Corais – mais a diante falaremos disto, mas só para deixar aqui o gostinho…

Snorkel na Barreira de Corais.
Hamilton Island.
Pedacinho do paraíso.

O clima na Austrália é razoavelmente parecido com o nosso, com a ressalva de que ao sul é possível encontrar neve no inverno e que a área desértica no centro e no norte as temperaturas são bem mais elevadas.

Os dias de verão que passamos lá foram quentes, alguns dias de sol e outros tantos com típicas chuvas de verão. O tempo muda de uma condição para a outra com uma velocidade incrível.

Onde ficar em Sydney? Nós ficamos em dois hotéis diferentes, o Metro Hotel on Pitt e The Great Southern Hotel cujo review completo vocês conferem aqui

Um detalhe importante é que a Austrália exige visto para brasileiros. 

Porém a obtenção do documento não é nada complicada.

O visto de turismo (e676) deve ser solicitado direta e exclusivamente perante a Embaixada da Austrália em Brasília de forma eletrônica por meio de um formulário bastante intuitivo que deve ser preenchido em inglês. A taxa de emissão é de AUD 115 e deve ser paga necessariamente por meio de cartão de crédito internacional.

No começo me assustei com os Requisitos de Saúde dispostos no site da embaixada. Todavia, estes requisitos devem apenas ser preenchidos em casos muito pontuais e específicos.

Uma vez concedido o visto, eles lhe fornecem uma etiqueta para ser colada no passaporte (no meu caso, como era anterior ao processamento eletrônico, recebi uma carta timbrada). Todavia, como todo o processo é eletrônico, não estranhe se a empresa aérea passar direto pela etiqueta, eis que todos os seus dados, inclusive a informação de sua regularidade para adentrar ao país já está no sistema.

Como de praxe, um pouco da história e algumas outras curiosidades local… Os primeiros indícios de habitação remontam a algo como 60.000 anos atrás.

Antes da colonização inglesa, que teve início no final do século XVIII, o “continente” australiano era povoado por 250 nações diferentes de aborígenes.

O curioso é que Pitágoras já especulava que deveria existir um continente (ou mais de um) no hemisfério sul para contrabalancear o norte – sim, é simplória a ideia, mas não é que ele estava certo?

Como ocorrido em todas as colonizações de terras indígenas, a população original que era de aproximadamente 350 mil na época da colonização européia, foi reduzida dramaticamente por conta principalmente de doenças infecciosas – há também indícios históricos de raptos de crianças aborígenes e outros atos de genocídio. Porém, atualmente, o respeito aos povos indígenas parece ser uma forte marca local.

Os primeiros exploradores a chegarem à região foram os holandeses, em 26 de fevereiro de 1606 (Willem Janszoon onde hoje é Wepa). Todavia, como os holandeses não iniciaram a colonização local, em 1770, os ingleses, por meio de James Cook, passaram a mapear o local, vindo a reivindicá-lo logo em seguida e batizando-o como Nova Gales do Sul.

Uma vez “descoberto” pelos ingleses, o local passou a ser colonizado com a criação de uma nova colônia penal na data de 26 de janeiro de 1788 (Dia da Austrália). Apenas em 1848 é que a Inglaterra parou de enviar seus condenados à Austrália, por solicitação dos colonos livres da Nova Gales do Sul. A idéia de enviar os condenados para lá deu-se por conta da superlotação das penitenciárias existentes na terra da Rainha. Curiosamente, o primeiro povoado tinha 750 condenados, 210 marinheiros e 40 mulheres e crianças – então a história de que a Austrália teria sido colonizada por condenados não é uma verdade absoluta.

Desembarque do Capitão Cook representada no relógio do Queen Victoria Building.
As coisas não foram nada fáceis naqueles tempos.

Claro que você ai deve ter pensado. Peraí, se eles foram colonizados por condenados (ainda que em parte) e são tudo o que são, imagina se tivesse sido por “fichas limpas”??? Pois é meus caros, “everything happens for a reason…” Nós aqui nem com “fichas limpas” ou sujas…

A independência como nação, embora tenha sido consolidada aos poucos, historicamente ocorreu em 1 de janeiro de 1901, quando a Austrália passou a contar com um regime federativo, com sistema político democrático liberal estável, porém ainda parte Commonwealth (organização composta por 55 países independentes que, com a exceção de Moçambique e Ruanda, compartilham laços históricos com o Reino Unido, e tem por objetivo a cooperação mútua).

Fish and chips, apenas uma das heranças.

Assim como o Brasil, a Austrália é um pais de proporções continentais, porém neste caso sem fronteiras terrestres – as suas fronteiras marinhas são com a Indonésia, Timor-Leste e Papua – Nova Guiné, a norte, e com o território francês da Nova Caledônia, a leste, e a Nova Zelândia a sudeste. Com um extenso litoral, possui mais de 7000 praias!!! Não é a toa que o surf australiano é o que é.

Garotada indo para aula de surf em Manly Beach.
E os mais experientes em Bondi Beach.

O nome vem do latim australis, que significa “do sul”. Todavia, os locais, a partir do século XX, passaram usar a gíria Oz para designar o país e Aussie para australiano (pronuncia Ozzy, como o roqueiro). A Austrália fica tanto ao sul que de Sydney partem vôos charter para a Antártida – mas são vôos panorâmicos apenas e operados apenas duas ou três vezes ao ano – quem sabe um dia Cumbicão relata um flight review destes…

Muitas vezes apelidada de “ilha continente”, a Austrália tem 34.218 km de costa (fora as ilhas
em alto-mar). Dizem que é o “continente” mais plano que existe e com o solo menos fértil, por conta da sua idade geológica.

O centro do país, que é coberto por extensa área que varia de semi-árido a desértico, é conhecido como Outback – um desertão que pode ficar anos sem chuvas, onde são extraídas opalas, e que ficou famoso por conta do filme Priscilla, a Rainha do Deserto.

E por falar em continentes e tal, o “continente” australiano foi o último (40 milhões de anos) a separar-se daquele conjunto chamado Pangéia – no final deste período ele era “grudado” com a Antártida. E dizem que esta separação continua ao ritmo de 8 cm ao ano, no sentido do Equador. Poxa, até em termos geológicos a Austrália é “recente”.

Assim como no Reino Unido, a mão de direção (e os volantes dos carros) são invertidas em relação à nossa, o que demanda uma atenção extra. Nas ruas, escadas e esteiras rolantes, os Aussies também andam na “mão invertida” – é fácil identificar os turistas.

Assim como na terra da rainha, uma ajuda para você não se esquecer.

A Austrália é formada por seis estados – Nova Gales do Sul, Queensland, Austrália do Sul, Tasmânia, Victoria, Austrália Ocidental e dois territórios, o Território do Norte e Território da Capital Australiana (TCA).

Na bandeira da Austrália as estrelas mostram o Cruzeiro do Sul mais a estrela da federação (Commonwealth). Todavia, as cores da bandeira não são as oficialmente utilizadas nos uniformes dos times nacionais, por exemplo. Curiosamente, eles usam também o verde e amarelo, em tons mais escuros que os nossos. Até 1984, eles não tinham cores oficiais, por assim dizer.

Os laços com a Grã-Bretanha estão estampados na bandeira.

Aproximadamente 60% da população está concentrada em torno das capitais estaduais (Sydney, Melbourne, Brisbane, Perth, Adelaide, e Darwin) que ficam na costa, o que resulta em um imenso vazio na região central do país.

Trata-se de um país bastante desenvolvido, basta verificar o alto IDH (segundo colocado no ranking da ONU atualmente – expectativa de vida de mais de 81 anos e índice de analfabetismo de aprox. 1%).

É justamente por este índice elevado de desenvolvimento que os australianos são bastante tranquilos e no geral não têm grandes problemas, o que reflete um bom humor típico, sempre acompanhado da expressão “no worrie”. São também bastante receptivos e muito educados.

Particularmente, um dos povos mais simpáticos que já vi!

Trabalhadores sim, mas longe de serem mal-humorados!
É comum andar pelas ruas e ser cumprimentado.

E é justamente este estilo descolado que leva o idioma, inglês no caso, a ser um pouco diferente dos demais países de língua inglesa. Isto porque eles têm mania de colocar “apelidos” em tudo e encurtar várias palavras, como por exemplo, Barbecue vira Barbie (churrasco); Breakfast vira Breakkie (Café da Manhã); Cangurus vira roos e por ai vai…

Um típico bom dia Aussie!!!

Eu esperava uma maior dificuldade em entendê-los por conta do sotaque diferente.

Bem, na verdade não deu para entender todo mundo não…
Estes caras falavam meio enrolado!

O isolamento geográfico da Austrália possibilitou o desenvolvimento de uma fauna com alguns espécimes únicos, os quais trataremos mais à diante, e da qual seus mais representativos membros são o canguru e o coala.

Dude, no worry!

E por falar em fauna, o controle sanitário é extremante rígido com alimentos, vegetais, peças de madeira e pedras.

A exemplo do que já relatamos sobre os kiwis, os australianos não toleram a entrada de nada que possa contaminar a agricultura ou pecuária deles.

Na chegada, espere ver vários cartazes informativos a respeito do assunto e eventualmente cães farejadores. E nem sonhe em entrar com nada que seja minimamente próximo aos itens proibidos, eles podem ser colocados em quarentena ou simplesmente descartados – fora a multa que é beeeem salgada.

Na dúvida, declare!

Apenas itens industrializados, e preferencialmente lacrados podem entrar. Até mesmo botas com barro podem ser motivo de alerta das autoridades – dependendo do local de onde você vem. 

Já ouvi até mesmo relatos de viajantes que tiveram aquelas máscaras de madeira de Bali barradas.

Preciso falar que mentir para as autoridades locais é um péssimo negócio? Na dúvida, declare e converse com os fiscais antes deles iniciarem a inspeção.

A população na Austrália é algo interessante. Além dos evidentes descendentes dos ingleses, existe uma enorme quantidade de asiáticos de tudo quanto é canto. Isto sem falar nos tantos brasileiros que vivem por lá. Eu mesmo conheço alguns que foram temporários e outros que foram para ficar – agora entendo o motivo!!!!

Tem até Chinatown em Sydney!

A percepção que tivemos explica os dados oficiais, segundo os quais, após a Segunda Guerra Mundial e até 2000, quase dois em cada sete australianos nasceram no exterior.

Diferentemente de muitos países, e em uma atitude politicamente correta e moderna, a Austrália não tem uma religião oficial – no censo de 2006, 64% declararam-se cristãos, 26% católicos e 19% anglicanos; 19% como “sem religião”; e 12% não responderam – existem ainda adeptos do budismo (2,1%), islamismo (1,7%), hinduísmo (0,8%) e judaísmo (0,5%).

Detalhe da Catedral de Sydney.
Não, não estamos ainda nos posts da Turquia… Isto é tolerância religiosa das boas nos arredores de Sydney!!!

E os aborígenes? Embora seja o povo nativo (a mais de 60 mil anos), atualmente eles são apenas 1,6% da população. E apesar de um passado conturbado em termos de conflitos e más condições de vida, desde a década de 50 têm sido intensificadas as políticas de respeito à cultura aborígene como um todo. Talvez o ato mais significativo neste sentido tenha sido uma decisão da Corte Suprema que em 1992 revogou o conceito legal de que a Austrália seria uma “terra de ninguém” antes da chegada dos europeus – isto abriu a porta para a consolidação dos aborígenes como povo nativo e portanto donos da terra.

Um artista de rua com um Didgeridoo, o típico instrumento aborígene.
Ouça aqui como é o seu som.
É relativamente comum ver performances pelas ruas.

Trata-se de um povo nômade, que é um certo enigma para os leigos em antropologia como este blogueiro. Isto porque embora tenham vindo da Ásia, conforme estudos realizados, têm aparência que lembra um pouco os negros africanos – mas com outros traços únicos e uma cultura singular.

O bumerangue, talvez um dos grandes símbolos australianos é uma criação deles – o nome significa “varinhas para arremesso”. Mas nem todos eram feitos para “voltarem”, pois eram usados principalmente como arma de caça.

Os aborígenes seguem uma crença religiosa chamada Dreamtine, que também serve de linha mestra para o sistema legal deles. A ideia central está em uma espécie de mitologia de criação da Terra – existiriam ancestrais que no decorrer do tempo criaram rios, mares, florestas e por ai vai. Eles acreditam que todos temos duas almas, uma mortal e outra imortal.

A Austrália é uma monarquia constitucional com uma divisão de poder federal. O país tem um sistema de governo parlamentarista com a rainha Elizabeth II como a Rainha da Austrália, um papel que é diferente da sua posição como rainha dos outros reinos da Commonwealth. Como a rainha reside no Reino Unido, os poderes executivos investidos nela pela Constituição são normalmente exercidos pelos seus representantes na Austrália (o Governador-Geral, em nível federal e pelos Governadores, a nível estadual).

Acredite ou não, o mandado de deputado é de 3 anos e o de senador é de 6 anos, o que gera uma grande rotatividade – fora a possibilidade de dissolução do parlamento se a coisa ficar muito feia. A política é dividida em dois grandes partidos: o Partido Trabalhista Australiano e a Coalizão (Partido Liberal da Austrália + Partido Nacional da Austrália).

Torre da Prefeitura de Sydney.

Atualmente o cargo de primeiro ministro é ocupado por uma mulher, Julia Gillard (Partido Trabalhista). Mais uma semelhança com o Brasil. Não poderíamos ter outras semelhanças mais positivas???

A saúde pública, sistema Medicare, é bancado por uma sobretaxa de 1,5% no imposto de renda, e parece funcionar muito bem.

Entretanto eles sofrem com uma alta taxa de câncer de pele – o maior do mundo. Eeu mesmo fui parado por um senhor na praia que me recomendou “caprichar” no protetor solar por conta da minha pele branca e das pintas… É mole?

Em tempo… quase todo mundo tem “o bronzeado”. Sabe aquele que chega a ficar dourado??? Australian Gold na galera!!! Também, com praias como estas…

Bondi Beach
Shelly Beach – Manly
Catseye Beach – Hamilton Island.
Uma praia deserta em Whitsunday Island.

A educação também é levada a sério, as crianças passam no mínimo 11 anos e na maioria dos casos 14 anos na escola. Cerca de 58% dos australianos com idade entre 25 e 64 anos têm qualificação profissional ou superior, sendo a taxa de graduação superior de 49%, a mais alta entre os países da OCDE. 

Ainda que muito conscientes sob o ponto de vista de preservação do meio ambiente, infelizmente a Austrália depende em muito do carvão e gás para a geração de energia, o que resulta no fato do país ser um dos maiores emissores de gás carbônico entre os países desenvolvidos.

Eles estão tentando mudar isto, mas é algo que leva tempo.

Andando por Sydney, é relativamente fácil encontrar até mesmo pássaros de grande porte como este.
O Jardim Botânico, um oásis às margens da Baía.

E para piorar os Aussies têm o segundo maior nível de automóveis do mundo. O país tem de três a quatro vezes mais estradas per capita do que a Europa e sete a nove vezes mais do que a Ásia, totalizando uma rede de rodovias de 812.972 km, sendo 341.448 km de estradas pavimentadas.

Com uma enorme área de pasto, eles são os maiores produtores de carne vermelha do mundo, e o segundo maior produtor mundial de diamantes.

Algumas pequenas curiosidades, o estilo de natação crawl, o ultra-som e a caixa-preta são criações australianas, assim como o GoogleMaps, que foi desenvolvido por uma equipe de universidade de Sydney – o que explica ter-se ali uma das melhores resoluções e um grande detalhamento de pontos de interesse. A Austrália, não tem limites territoriais, e tem a costa mais extensa do mundo, sendo o 6º maior pais.

Os esportes favoritos dos australianos são surf, críquete, rugby (cuja seleção é chamada de Wallabies), e natação. Lá já aconteceram duas edições das olimpíadas, Melbourne (1956) e Sydney (2000).

Sydney 2000. Nossa, parece que foi ontem!

Dos esportes acima, o mais popular na Austrália é certamente o Rugbi ou Footy para os locais – digamos que está como o futebol para os brasileiros. São ao todo 3 divisões (Rugby Union, Australian Rules e Rugby League). Em linhas gerais o lance é o seguinte: 15 caras sem noção e qualquer equipamento de proteção para cada lado, chutando e passando (passes apenas para trás) uma bola oval (mais pesada que a do futebol americano e sem costuras), com o objetivo de levar a bola até a linha de fundo do campo adversário chamada de in goal. Porradas? Apenas no jogador que estiver com a bola na mão. O resto é falta. Ah tá!!!

Até no avião é possível assistir a jogos.

Ainda que pela TV, assistir alguns trechos de partidas lá e na Nova Zelândia e achei bem bacana.

Alguns australianos famosos: Nicole Kidman, Hugh Jackman, Cate Blanchett, Ian Thorpe, Jack Brabham, Russel Crowe, AC/DC (apesar de apenas o baterista ser nativo, os demais são ingleses e escoceses que imigraram por volta de 1963 dando origem à banda em Sydney – 1973), INXS, Midnight oil, e Men at Work.

E para finalizar, algumas dicas gerais:

Diferentemente de outros países, gorjeta não é um costume local não, salvo em restaurantes, onde a praxe é de 10%.

Como era de se esperar, no quesito segurança, a Austrália é muito segura. Nada além das precauções de praxe.

O aviso na plataforma do metrô pode impressionar, mas é tão ou até mais seguro que os mais desenvolvidos países europeus.
O duro é lidar com trombadinhas como este, pego em flagrante!

Os mares locais, especialmente em Queensland (noroeste do país), são consideravelmente perigosos entre dezembro a maio, e não é por conta dos tubarões não. A culpa de tal fama é das águas viva (marine stings) que podem causar desde sérias queimaduras, paradas respiratórias e até morte. Por conta disso, algumas praias mais movimentadas têm uma rede de proteção para os banhistas. Mas caso algum incidente ocorra, na entrada das praias existem recipientes com vinagre para aliviar as queimaduras.

Pequenas, mas perigosas. Certas épocas do ano e regiões, banho de mar só de roupa apropriada.
Já para estes não tem muito o que fazer, mas os ataques são raros.

Nas principais cidades, espere encontrar banheiros públicos em vários lugares. No caso de Sydney, a prefeitura fornece inclusive um mapa deles e o custo de uso é de AUD 0,50.

Eis aqui um deles.

Recomendo, como sempre a contratação de seguro saúde, eis que não existe acordo de cooperação com o Brasil neste sentido. 

No geral, o horário comercial é o seguinte: os bancos funcionam de segunda à quinta das 9h30 às 16h00 e sexta-feira das 9h30 às 17h00. Correios de segunda à sexta das 9h00 às 17h00. Escritórios em geral de segunda à sexta das 9h00 às 17h00. E as lojas de segunda à sexta das 9h00 às 18h00; quinta das 9h00 às 21h00; sábados das 9h00 às 16h00 e domingo das 10h00 às 16h00 – assim como alguns outros países de língua inglesa, o dia das compras é quinta feira.

Lá os plugs de energia são triangulares – como os da Argentina – e a voltagem é 200 volts. Portanto não esqueça do seu adaptador internacional.

Embora espere que você não precise, anote ai os telefones de emergência: Polícia, Corpo de Bombeiros ou Ambulância é um único número 000 ou 112. 

E por falar em telefonia, sugiro adquirir logo no saguão de desembarque em Sydney, um chip pré-pago para acesso à internet 3G local – que é de altíssima qualidade e literalmente salva a sua pele.

O cartão da Vodafone no valor de AUD30 já possibilita ligações locais ao custo de 90c o minuto + SMS ilimitado + 500mb de dados, com validade de 28 dias. Consulte o site deles para outros planos.

A Embaixada do Brasil fica em Camberra, 9 Forster Crescent – Yarralumla – ACT 2600. Tel: (02) 6273 2372 Fax: (02) 6273 2375. Serviços Consulares: consularemb@brazil.org.au Outras Informações: brazilemb@brazil.org.au. Já o Consulado emSydney fica na Level 17, 31 Market Street, NSW 2000, Austrália – Tel: (02) 9267 4414, Fax: (02) 9267 4419 – atendimento telefônico e presencial é de segunda a sexta, de 9:00 às 13:00h. E-mail: info@brazilsydney.org.

Embora eu não considere a Austrália um destino de compras, você pode usar o TRS – Tourist Refund Scheme. Para quem não sabe é o sistema, que assim como o Global Refund / VAT Europeu, lhe permite recuperar parte dos impostos incidentes na compra de bens de consumo.

Em linhas bastante gerais, para conseguir seu reembolso, você precisa: 

a) Gastar AUD$300 ou mais em uma única loja e solicitar um único recibo;

b) Efetuar as compras não mais do que 30 dias antes da partida;

c) Ter os bens consigo caso seja necessário apresentar, nota fiscal original, passaporte e boarding pass internacional.

Embora as informações oficiais sejam no sentido de que as requisições em aeroportos estão disponíveis apenas 30 minutos antes do horário de partida do vôo, fiz a minha muito antes sem problema algum.

Como de praxe, não vale para serviços ou produtos consumidos durante a estadia, portanto não vale para bebida, comida e hospedagem. É devolvido aproximadamente o montante total das compras dividido por 11.

Na prática, fiquei impressionado com a simplicidade do sistema. Fiz o meu reembolso no aeroporto de Sydney, logo após a área de revista, numa parte reservada dentro do free shopping. Praticamente sem filas, me dirigi até o guichê, apresentei a nota fiscal, passaporte, boarding pass, e a moça perguntou se eu estava com a mercadoria – fiz menção de retirar da mala e ela disse que não precisava. Perguntou se eu queria em dinheiro ou se creditaria no cartão de crédito. Simples assim… Alô Europa, anota ai como se faz!!!

Ufa! Depois desta introdução à terra dos cangurus quase tão longa quanto o vôo para chegar lá, vamos ficando por aqui… Mas anote ai, nos próximos posts vamos cruzar o mundo para mostrar um pouco da terra dos roos.

Sydney Harbour Bridge.

See ya later! Como eles dizem lá!!!!

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