China

China: De volta 10 anos depois. Dicas para você preparar a sua viagem

Um mar de guindastes no horizonte.

Esta foi a minha primeira visão da China ao desembarcar em Beijing quase dez anos atrás. Em pleno “boom” de crescimento econômico vertiginoso, os chineses simplesmente transformaram o país em um enorme campo de obras. E não eram obras quaisquer, só para citar as mais conhecidas, tínhamos naquela época a construção da usina das Três Gargantas (algo para literalmente engolir Itaipu – o trocadilho não foi proposital, mas veio a calhar) e toda a infra estrutura necessária às Olimpíadas de 2008.

À época, estava-se em contagem regressiva para as Olimpíadas de 2008.
Obras no aeroporto internacional de Beijing.

Pelas ruas, notava-se ainda uma população meio que desnorteada e muito pouco acostumada com o novo e grande afluxo de estrangeiros, que viajavam a turismo ou a negócios. Acho que era muita novidade para um povo que até algumas décadas atrás estava praticamente isolado do mundo.

Em Beijing, quase ninguém falava inglês. Lembro bem do nosso taxista que só sabia falar algo como “Bagilo”; “Pili”; e “Io Alelu”. Não entendeu? Num primeiro momento, nem nós… Era Brasil; Pelé; e Rio de Janeiro. Imaginem como foi fácil a comunicação durante a viagem.

E os costumes diferentes? Fiquei pasmo de ver crianças com poucos anos de idade usando calças propositadamente rasgadas, justamente para que fizessem suas necessidades básicas sem ter que retirá-las. Antes que vocês se perguntem… sim, já existiam fraldas naquelas bandas, mas vai entender!

Era uma época em que ainda se viam muitas das tradicionais bicicletas nas ruas fazendo concorrência com os poucos carros. Por Beijing ainda era relativamente fácil encontrar hutongs (vielas com casas tradicionais).

Poucos carros pelas ruas de Beijing. Hoje a quantidade gera grandes engarrafamentos.
Hutongs em 2004.

A China já produzia muitos produtos para a exportação, mas não era nada fácil encontrá-los pelas ruas, mesmo em cidades movimentadas como Beijing. As lojas, ocidentais eram relativamente raras, não obstante o anseio consumista da quase que recém criada classe média chinesa. Era como se tudo o que eles fabricassem fosse para exportação.

Os mercados de rua eram mais comuns.

Uma feira-livre surreal em Beijing.
Vai um bifinho ai?

Enfim, viajar para a China ainda era exótico e caótico.

E ai? O que mudou nestes quase 10 anos?

A primeira coisa que se nota é que os chineses literalmente expandiram seus horizontes. Acreditem, décadas atrás não era permitido sair do país a turismo – salvo se fosse para alguns poucos países. Hoje, não existe destino no mundo no qual você não encontre um chinês, ou melhor uma horda de chineses.

Ano passado em Las Vegas vimos tantos chineses que pensei ter errado o destino. Achei que havia desembarcado em Macau! Também, com nada menos que 1,3 bilhões de chineses espalhados por ai… Vocês já deram conta que de cada 6 indivíduos no mundo um é chinês??? É gente que não acaba mais.

Recente pesquisa publicada na Folha de São Paulo deu conta de que quase 100 milhões de chineses viajaram ao exterior no ano de 2013. Pensem, é pouco menos que praticamente meio Brasil viajando ao exterior. Definitivamente, o turismo internacional não pode ignorá-los, até porque eles são os que mais gastam no exterior (não, não somos nós brazucas).

Não que isto tenha tornado os chineses especialistas em recepcionar o turista. Mas ajudou em certa medida, pois se comparado ao que vimos no passado, hoje a China é, dentro das limitações ainda existentes, mais “tourist friendly”, por assim dizer.

Hoje, embora a China tenha reduzido o ritmo de seu crescimento econômico, ele ainda é expressivo, e o país conta com uma excelente infra estrutura oriunda deste vigoroso e recentíssimo período de desenvolvimento.

Hoje, avenidas que são verdadeiras estradas
E enormes TVs de LED se espalham pelas cidades.

Ainda que as diferenças culturais (felizmente!!!) ainda existam, os chineses estão mais internacionalizados.

Andando pelas ruas das grandes cidades, nota-se claramente que eles adotaram alguns hábitos bem próximos de nós ocidentais.

Nelas, as bicicletas já não são tão comuns. Fiquei com a clara impressão de que quem não tem carro, compra uma moto ou uma bicicleta elétrica – uma praga por lá, diga-se de passagem.

Bons tempos em que eram apenas as bicicletas.
Hoje tem moto com telhado.
E um exército de bicicletas motorizadas como esta pelas ruas.

O trânsito é cada vez mais caótico, não só pelos congestionamentos quanto pelo fato de que tem muita gente que simplesmente ignora as regras de trânsito. Em Beijing é comum ver motos andando pelas calçadas!!! Duvida? Dê uma busca no Youtube por “traffic accident in China”, e veja os absurdos. Portanto, cuidado ao atravessar as ruas.

Reparem na última placa à direita. Aiaiai!!!

Os chineses passaram a consumir cada vez mais. Shoppings e lojas de marcas internacionais brotam nas esquinas das grandes cidades. E redes como Starbucks, KFC, McDonald´s e afins estão por todos os lados. Eles são tão ávidos por este tipo de coisa que o taxista / guia que contratamos para ir à Muralha me pediu para levar uma caneca do Starbucks daqui de São Paulo!

Lojas de grife.
Produtos importados nos supermercados. Hummm TimTam…
Esportivos à exposição no shopping.
até um conhecido garoto propaganda. O que diria Mao?

         A maior parte dos hutongs deu lugar a grandes edifícios, sendo inclusive difícil encontrar os poucos que restaram.

Ainda que na mesma região de Beijing, os “hutongs” existentes hoje já não são mais interessantes como eram no passado.


Mas nem tudo são flores. Mesmo tendo o segundo maior PIB do mundo, a China ocupa a 101º posição no ranking de Desenvolvimento Humano (IDH) e tem uma renda per capita de aproximadamente US$ 9.000, razão pela qual ainda existe pobreza, principalmente no interior.

Historicamente, a China é uma das nações mais antigas que se tem notícia. A sua unificação deu-se em 221 a.C, na dinastia Qin – as dinastias eram algo semelhante aos reinados no ocidente.

As típicas vestes da época das dinastias.

O incrível é que este sistema de governo caiu somente 1911. Quem assistiu ao filme O
Último Imperador
de Bernardo Bertolucci deve lembrar-se da história do imperador Aisin-Gioro Puyi que durante a revolução viu-se obrigado a viver isolado e preso dentro da Cidade Proibida. Ganhador de nada menos que no estatuetas do Oscar, é um filme obrigatório para quem vai à China!

Um pequeno “imperador” na Cidade Proibida.

Passada uma fase de conturbada transição que coincidiu com as duas Guerras Mundiais, em 1949 veio a ser proclamada por Mao Tsé-Tung a República Popular da China que passou a adotar o regime comunista.

Da icônica imagem acima do portão da Cidade Proibida,
Até souvenires, Mao ainda é venerado, e muito. Respeite!

Muitos podem se perguntar se a China ainda é comunista. A pergunta é pertinente.

Por mais paradoxal que possa ser, economicamente a China não é mais comunista faz tempo, graças à abertura e modernização iniciada por Deng Xiaoping entendo que hoje eles estão mais para uma economia de mercado do que qualquer outra coisa.

Todavia, em termos políticos, entendo que a China é sim comunista. E bem fechado!

Guardas
E o símbolo do partido estão por todos os lados.

Basta notar que certos temas como liberdade de expressão e o Protesto na Praça da Paz Celestial de 1989 são assuntos muitíssimo delicados ainda hoje. Some-se ainda as questões que envolvem o Tibete e Taiwan, ou até mesmo a críticas ao regime ou ao Partido Comunista.

Preciso dizer que vocês devem evitar estes assuntos com os locais?

Embora acreditasse que fosse mito, a censura à internet não é não. Muitos sites como Facebook, Twitter e etc são oficialmente bloqueados. Blogs? Praticamente não existem, para desespero deste que lhes escreve. Já viu coisa mais poderosa que a comunicação? Dizem que para driblar isso só com VPN. Como aproveitei os dias na China para um “retiro off-line”, não posso dizer de funcionam.

Internet gratuita nos aeroportos, mas nada das redes sociais conhecidas. Lá eles têm até redes próprias.

Um casal de amigos que mora lá faz uns 10 anos me disse que até a previsão do tempo pode às vezes ser censurada. Pois é, isto porque existe uma lei segundo a qual se a temperatura passar de um limite, por exemplo 42 graus, ninguém pode trabalhar. Conclusão… oficialmente a temperatura nunca passou deste “limite”, mesmo que você veja um ovo fritando na rua.

Mas e aí? O povo é feliz com restrições desta ordem? Olha, conversando muito com o nosso taxista / guia, que é alguém que tem contato diário com estrangeiros, e que claramente tem uma visão de mundo diferenciada da grande maioria, fiquei com a nítida impressão que sim, eles são felizes.

Poucas vezes ouvi elogios tão sinceros de um governado aos seus governantes.

Sem querer adentrar nos acalorados debates a respeito de democracia e tal, ficou claro que enquanto o povo tiver educação, saúde e outras necessidades básicas garantidas pelo governo; e a situação econômica estiver boa; todos estarão felizes, independentemente do resto. 

Justo? Fica a critério de cada um.

O idioma chinês, ou mandarim como preferem alguns, é sem dúvidas um dos mais complicados que já ouvi.

Mesmo sem entender praticamente nada – Ok, ok, nada para ser mais sincero! – nota-se que ele está claramente baseado na variação da entonação. Uma única palavra, dependendo da forma como é dita, pode ter vários significados.

Tá certo que nós temos lá nossos acentos e tal, mas nada se compara à língua local.

De tão bela (e difícil!) a caligrafia é arte por lá.
Às vezes nem a Fanta escapa!

Ora, um idioma que se divide em chinês tradicional e simplificado, isto sem falar nos trocentos dialetos locais, nem poderia ser fácil. Mas, vale aprender o básico:

  Oi: Ni hao

  Tchau: Zai jian

 Obrigado: Xie xie

  Por favor: qing

 Com licença: Qing ni

 Desculpe: duibuqi

 Quanto custa?: duoshao qian? Difícil vai ser entender a resposta!

 Meu nome é …: Wo jiao…

 Banheiro: cesuo (importantíssimo)

 Coca-cola: kekou kele (sério, é isso mesmo!)

 Cerveja: pijiu

 Brinde (cheers): gānbēi

Muitos recomendam ter ao menos o essencial escrito em chinês, como por exemplo o nome do hotel, atração a ser visitada ou alguma estação de trem / metrô.

Infelizmente, dependendo da cidade, você pode ter dificuldades em encontrar alguém que fale inglês. Em Beijing, nota-se uma maior dificuldade neste ponto se comparado com Xangai, por exemplo.

Ok, a população é grande (1,3 bilhões), mas se eles pretendem ampliar as suas relações econômicas com mundo, poderiam melhor um pouco neste ponto.

O povo chinês é relativamente homogêneo (não estou falando que é tudo igual não, hein!!!). Não obstante existam oficialmente 56 grupos étnicos diferentes, a maior parte da população (mais de 90%) descende de uma mesma etnia (han).

Os chineses, tendem a ser muito mais abertos que outros povos, como por exemplo os japoneses. Mas isto não significa que eles não sejam desconfiados. E muito!

Às vezes eles parecem um pouco confusos, mas é o jeito deles mesmo. Chega a ser engraçado ou até irritante, dependendo da situação. Ligue o modo paciência.

Um barato os idosos curtindo jogos no parque. Mas ninguém se arrisca no sol não.

Sinceramente, pensei muito o que escrever a respeito dos chineses. Principalmente para não parecer indelicado, mas também não abusar da diplomacia e acabar por florear algo que não pode ser omitido àqueles que pretendem ir ao país. Prefiro ficar com a narrativa respeitosa dos fatos, nada mais. Uma realidade reconhecida pelo próprio governo chinês, como vocês verão abaixo.

Mesmo que as minhas impressões sejam de um turista, que somando duas viagens ao país não dá um mês de estadia, recebi de um casal de amigos que está lá faz quase 10 anos, o mesmo feed back.

Alerto também que os comentários não devem ser tomados em hipótese alguma como generalização, até mesmo porque topamos sim com pessoas muito simpáticas e amáveis.

Porém, no geral, encontramos no nosso caminho muita gente mal educada e que não respeita regras simples de convivência ou respeito ao próximo.

Fila é um conceito ignorado pela grande maioria. Parece que fila lá é um amontoado de gente tentando passar um por cima do outro.

Experimente tirar uma foto de algo, parece que alguém literalmente brota e se posta quase que de propósito na sua frente. Encontrões são frequentes. Obter uma simples informação de direção com alguém é uma missão quase impossível.

Bem, este (fofo e simpático!) apareceu na minha foto por curiosidade mesmo. Ou fui eu que apareci na dele???
Para não dizer que eles não fazem fila… Neste caso ela era obrigatória para entrar na Cidade Proibida.

Taxistas simplesmente fogem para não pegar estrangeiros, e quando param, só aceitam corridas para lugares distantes. Lamentável.

As pessoas parecem não falar, mas sim gritar quase que o tempo todo. Às vezes até onde não deve, como por exemplo num avião durante a noite.

Confesso que no começo nos irritamos bastante, mas chega uma hora que você percebe que tem que relevar e tentar achar graça. Eles são assim mesmo.

Por outro lado, passei a imaginar que talvez o gringo que venha ao Brasil e visite lugares menos conhecidos passe pelas mesmas (ou piores) dificuldades.

Uma boa lição que tiramos disto foi que eles não agem assim por maldade não. Muito menos por conta de sermos turistas estrangeiros. É por aquilo que por aqui se chamaria de “falta de noção”, por terem uma outra forma de ver as coisas. Para eles é normal.

Me pergunto se isto não seria um reflexo da geração “Little Emperors”, oriunda daquela regra de um filho por casal; das facilidades econômicas e abertura tão súbitas.

Juro que ainda estou tentando entender. Quem puder ajudar, que dê uma luz.

Não pode jogar lixo na estrada. Bem, isto eles respeitam de verdade!

E para provar que não é nada pessoal, mas sim algo absolutamente evidente, o próprio governo chinês distribui aos chineses um manual de conduta para aqueles que vão ao exterior. Excelente medida para tentar melhorar a imagem que se tem dos turistas chineses. Seria legal se vingasse!

Vou aproveitar para citar uma passagem desta viagem que, embora tenha acontecido em Phi-Phi na Tailândia, mostra como os chineses eles são diferentes, principalmente de nós, latinos, no modo de agir.

Estávamos na tranquila praia do nosso hotel, praticamente uma piscina salgada de tão calma, quando uma jovem chinesa, mesmo sem saber nadar (como boa parte deles) resolveu fazer snorkel. Preciso dizer que não deu certo e ela se afogou?

Certamente o momento mais tenso que já tive nas minhas viagens.

Arrastada para a areia, já desacordada, sem respirar e começando a ficar roxa, notamos que seus familiares e amigos olhavam passivamente, quase que sem reação alguma. Nenhum sinal de desespero, choro ou maior preocupação; como se ela estivesse só dormindo! De outro lado, os “gringos” (nós, um casal de americanos e uma família francesa), desesperados tentando ressuscitar a chinesa.

No final, ela foi levada ao hospital local pelo pessoal do hotel e seus conterrâneos ficaram ali parados sem saber o que fazer.

Definitivamente, eles são diferentes, e às vezes parecem indiferentes. Respeite!

Como a liberdade religiosa na China é relativa, os dados a respeito de religião são imprecisos.

Buda ornamentando um táxi de Beijing.

A maioria das fontes consideram que há um predomínio de budistas, e uma parcela considerável de praticantes do confucionismo e taoísmo. Entretanto, não são raros os casos nos quais a pessoa pratica mais de uma religião.

Em linhas bastante gerais o confucionismo parece estar mais alinhado com aspectos filosóficos e morais do que religiosos propriamente ditos. Isto porque está fundada nos ensinamentos do filósofo Confúcio, que viveu no século VI a.C.

Preciso dizer que os ensinamentos dele não eram bem vistos na época da Revolução Cultural chinesa (1966-1976)? Uma das principais regras dele é “não faça aos outros o que você não gostaria que fizessem a ti” – regra de conduta e moral simples e eficiente, e atemporal!!!

Taoísmo por seu turno caracteriza-se pelo culto aos ancestrais, bem como à natureza. Seu símbolo maior é aquele círculo dividido por suas cores que representam seus elementos yin e yang, como que se unindo para formá-lo. Um dos templos taoístas mais famosos da China é o Templo do Céu em Beijing.

Temple of Heaven em Beijing.

Apesar destes dados supostamente oficiais, a realidade é um tanto quanto diferente.

Embora tenha lido que, atualmente, boa parte dos chineses simplesmente não tem religião alguma, duvidei. Só acreditei nisto após reparar em alguns hábitos e depois de uma excelente conversa com um colega que está morando lá faz uns 9 anos. A maioria hoje é ateu.

Lá o problema não é com o número 13, mas sim com o 8!

Até este ponto, imagino que alguns de vocês estejam pensando coisas do tipo: “será que devo mesmo ir para a China?” ou “nossa, se é assim eu não vou!”.

Bem, mesmo com estas pequenas dificuldades eu recomendaria sim uma viagem à China.

Primeiro como experiência de vida e uma oportunidade de ver algo realmente diferente do nosso cotidiano.

Segundo porque culturalmente poucos países se comparam à riqueza da China. E não é para menos, estamos falando de um povo com mais de 2000 anos de história.

A típica arquitetura do Yu Garden de Xangai.
E o Summer Palace em Beijing são só dois exemplos da riqueza local.

Só para citar alguns legados chineses, eles inventaram o processo de fabricação do papel; a bússola; a pólvora; e até mesmo o macarrão, que muitos pensam ser italiano, é uma invenção chinesa. Ainda que hoje as invenções chinesas sejam escassas se comparado ao passado, eles fabricam praticamente tudo que consumimos. Olhe em volta, muito provavelmente a única coisa que não é Made in China é você!

E quem resiste a um Street Market cheio de bugigangas???

Se não fosse o declínio deles lá pelos anos 1600 e pouco, certamente o mundo seria bem diferente, talvez de olhinhos puxados.

E em terceiro, porém não menos importante, a China têm atrações únicas. Aquele tipo de coisa que você só verá lá.

Sem dúvidas o ponto alto de qualquer viagem à China.
A Cidade Proibida.

Em linhas gerais, eu recomendaria uma viagem à China para qualquer um. Porém para os menos “experimentados”, sugeriria ir num tour. Agora se você já se sente confortável em viajar por conta para qualquer lado, ai uma viagem independente para a China é para você. Garanto que lhe renderá um monte de estórias bacana para contar.

Vamos às questões práticas…

Até mesmo por conta do tamanho de seu território, o clima na China é bastante variado. Dependendo do destino, os invernos são bem rigorosos – lembro bem do frio que passei no inverno de Beijing em 2004, – 10ºC era padrão.  

O verão por outro lado tende a ser bem quente, prova disto é que desta última vez, quase derretemos de o calor com temperaturas acima dos 36ºC – haja disposição!

Deixei a garrafa de água pendurada na mochila e simplesmente congelou!
Ruas quase que desertas no inverno.
São tomadas por famílias inteiras que saem para curtir o verão.
O fosso da Cidade Proibida no último verão…
Congelado no inverno de 2004/2005.

       Em algumas épocas do ano, principalmente no inverno é comum um aumento significativo da poluição, justamente por utilização dos sistemas de calefação. A coisa é tão grave que vera boatos como o que vocês podem conferir neste link.

Sugestão: vá na primavera ou outono.

Por outro lado, os destinos mais ao sul, como Hong-Kong têm um clima mais quente e úmido, claramente influenciado pelas monções.

O ingresso de turistas brasileiros na China depende de visto que pode ser solicitado diretamente no consulado chinês situado em São Paulo ou no Rio de Janeiro. Neste post vocês encontrarão o procedimento completo para solicitação do visto de turismo à China.

A imigração foi super tranquila, só fui parado mesmo na alfândega porque o oficial chinês resolveu scannear a minha mala e depois criou caso com a quantidade de carimbos no passaporte em tão curto tempo. Queria saber o que eu fazia da vida – me deu vontade de inventar algo mirabolante, mas nestas horas não se brinca, é #SimSrNãoSr!!! No final, ele ficou super simpático e acabamos mesmo é batendo papo.

Preenche-se um cartão de entrada. Não perca a parte que lhe devolverem, pois deve-se entregar na saída.
Eles são super rígidos com quarentena e afins, tanto que discretamente medem a nossa temperatura corporal com scanners. Eles morem de receio de estarmos doentes.

Some-se ainda a exigência de vacinação contra a febre amarela. Tenha sempre a sua carteira de vacinação internacional junto ao passaporte. Eu costumo grampeá-la aos passaportes, assim não tem erro.

De proporções continentais, a China é um daqueles destinos que mereceriam uma viagem de semanas… Tem muita coisa interessante para visitar, razão pela qual definir quanto tempo de viagem pela China é uma questão de disponibilidade de dias e dinheiro, é claro!

As proporções do território chinês custam caro em termos de tempo do viajante, pois tudo é muito longe e a maioria dos deslocamentos só são factíveis de avião. Também, são quase 10 milhões de km². 

Não obstante a malha ferroviária deles esteja crescendo rapidamente em extensão e qualidade, o fato dele ser pouco divulgado aos turistas acaba dificultando a sua utilização. Não conheço ninguém que tenho encarado uma viagem mais longa de trem pela China.

Estação de trem de Beijing.


Visualizar Cumbicão – China em um mapa maior

Como desta vez, o nosso tempo era mais curto, limitamos nosso passeio à Beijing e um pit-stop em Shangai (mais a diante explico o motivo). Porém, se pudesse, certamente iria à Xian para ver os guerreiros de terracota, e revisitaria Hong-Kong (visitado em 2004), um dos lugares mais interessantes que já vi; ou ainda me enfiaria numa cidadezinha do interior para ver a China tradicional.

Xangai.
Baia de Hong-Kong.
Hong-Kong alia bem a modernidade do ocidente e o lado meio que exótico do Oriente.
Os típicos bondes, ônibus de dois andares e a mão inglesa de Hong-Kong são heranças britânicas.
A estonteante vista do Victoria Peak.

Ainda que nas duas oportunidades tenhamos utilizado de voos  regionais – como o da SriLankan Airlines para chegar à China, ir do Brasil à China é relativamente fácil. Desde voos pela AirChina, passando por com empresas não chinesas como a South African Airways, Emirates, Qatar Airways, Etihad Airways, Turkish Airlines, fora as europeias, opção é o que não falta.

Hoje, se tivesse que escolher uma forma de ir para lá, pelo custo x benefício, eu iria de South African Airways que voa com escala em Johanesburgo.

Aeroporto de Beijing, 2004.
Praticamente apenas empresas asiáticas (e algumas poucas européias) faziam voos para a China.

Seja qual for a sua opção, a única parte desagradável é o tempo de voo. Para isto não tem saída. Ou melhor, até tem… Para quem não aguentar ir direto, sugiro pegar um voo com escala e fazer um stop over em algum lugar no caminho, nem que seja para esticar as pernas, ou se possível ter uma noite de sono na horizontal.

Como era de se esperar, a parcela mais significativa do custo de uma viagem à China é de fato a passagem aérea, até mesmo por conta da distância. 

Uma vez lá, se comparado a outros destinos asiáticos, como Japão e Singapura, a China ainda é relativamente mais em conta. É possível encontrar hotéis de bom nível a preços bem mais baixos que o esperado. É verdade que de uns anos para cá, a exemplo do Leste Europeu, os preços estão subindo. É a velha lei da oferta x procura – que vigora até na China!

É possível ficar num bom hotel pagando-se menos que outros destinos.

Para quem quiser procurar um hotel lá (e em qualquer lugar do mundo), sugiro pesquisar no Trivago, pois eles fazem busca de vários outros sites (como Hotéis.com, Expedia, entre outros). E por falar em custo, não é um hábito chinês dar gorjetas.

Limpeza? Pode ser um pouco complicada em alguns lugares. Por exemplo, eles cospem nas ruas e às vezes até em lugares fechados como estações de trem – e até as mulheres fazem isso!!! É verdade que o governo tem multado o pessoal, mas isto ainda é relativamente comum em alguns lugares.

A comida, embora mereça um post próprio, pode ser interessantíssima, basta saber onde e o que comer.

Tivemos novos e deliciosos pratos locais (obrigado Leandro e Simone!!!)
Tem pratos tradicionais.
E esquisitices também!
Vai um espetinho ai?
Coitado do cavalo-marinho!!!

Banheiros públicos embora não tão raros poderiam ser mais limpos, é verdade. Lembro até hoje de um banheiro público na Praça da Paz Celestial. O mais próximo que já cheguei de um mergulho em apeia a seco! E o pior, dizem que eles inventaram a descarga. É sério!

Embora eles tenham modernizados muitos deles, ainda são comuns aqueles nos quais não se tem o vaso sanitário, mas apenas um buraco no chão. Ah, leve sempre seu papel higiênico porque quase nunca é fornecido onde deveria.

Este na muralha estava limpíssimo.

Beber água da torneira? Jamais!

As cidades são relativamente seguras, bastando as precauções de segurança com batedores de carteiras em locais mais movimentados. Nada mais que isto.

É verdade que assim como em outros destinos existem espertinhos tentando enganar turistas, começando pelos taxistas piratas que existem ainda no saguão de alguns aeroportos. Ignore qualquer um que apareça lhe oferecendo táxi, vá direto para as filas existentes na área externa ou vá de trem (melhor ainda). Não dê atenção a supostos carregadores de malas, já li relatos de malas sumindo.

Desconsidere qualquer recomendação para pagar supostas taxas de saída ou chegada no país. Todo e qualquer valor devido às autoridades locais já estão inclusas no seu bilhete aéreo, salvo se a própria empresa aérea informar em sentido contrário.

Lembro bem que em 2004 uma turma nos abordou num shopping com uma estória de que queriam levar a gente para uma apresentação de circo chinês para custearem a faculdade…. Ah sei, aquelas apresentações em que o palhaço é o turista!

Fique esperto também com os motoristas de riquixá. Combine o preço antes, se possível escreva em um papel. Sabe como é, para 15 (fifteen) virar 50 (fifty) é um piscar de olhos.

É um riquixá ou é um táxi???

Para quem precisar, estes são os números de emergência: 120 (ambulância), 110 (polícia), 119 (bombeiros). Para falar em inglês disque 8402-0101 ou 6590-9100 para emergências médicas. Informações – 114.

A moeda local, o renminbi (RMB), mais conhecido como yuan (CNY), vem em notas de 1, 2, 5, 10, 50 e 100; e moedas de 1 yuan, 10 e 50 centavos.

O câmbio, para a presente data é de  RMB 1 = R$ 0,38 ou R$ 1 = RMB 2,58.

É relativamente fácil sacar yuans nas ruas da China, tem ATMs espalhados por todos os lados, tanto no aeroporto quanto nas ruas próximas a centros comerciais ou estações de trem e metrô, só fique atento às regras de saques x IOF.

O fuso é de 13 horas à frente do horário de Brasília.

Onde ficar em Beijing? Nós optamos pelo Beijing International Hotel, um hotel tradicional da capital chinesa cujo review completo vocês conferem aqui

Eletricidade: como eles usam voltagem 220v, a maioria dos eletrônicos mais recentes devem funcionar, pois são bi-volts. Já os pinos, são três achatados, o que demanda um adaptador.

E ai? ficou curioso para conhecer um pouco mais a respeito deste destino? Ou talvez fazer a sua própria viagem para a China?

Com este primeiro post com informações mais gerais, deixo o convite para vocês nos acompanharem em mais esta etapa da nossa viagem pela Ásia.


Tchau! Ou melhor, Zai jian! 

Booking.com

Diogo Avila

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