Beijing

Tiananmen Square e Forbidden City duas atrações imperdíveis em Beijing

Forbidden City, uma das maiores atrações de Beijing.
Ainda que rotular algo como “imperdível” possa ser arriscado, vez que o que pode ser imperdível para mim, pode absolutamente dispensável para vocês, existem atrações que de fato são essenciais, ao menos numa primeira visita ao destino. E em Beijing esta regrinha dunciona super bem.
Não consigo conceber que alguém que faça a sua primeira viagem à Nova York não queira, ao menos de longe, dar uma espiada na Estátua da Liberdade. Ou quem pisa pela primeira vez no Rio de Janeiro não tenha vontade de visitar o Corcovado ou uma de suas famosas praias. É natural, e esperado, procurarmos por aquilo que é típico do local. Senão fosse assim, por que viajaríamos?
Em Beijing, além da Muralha – da qual falaremos em outra oportunidade – eu considero imperdível para quem visita a cidade pela primeira vez um passeio pela Tiananmen Square e pela Cidade Proibida. Digo isto porque dificilmente, principalmente no caso da Cidade Proibida, você verá algo semelhante em outro lugar do mundo.
Comecemos pela Tiananmen Square ou Praça da Paz Celestial. Muito provavelmente esta é a primeira atração que muitos turistas visitam em Beijing por uma simples razão, ela marca, junto com a Cidade Proibida, cuja entrada está ali ao lado, o centro da cidade.
Tiananmen Square, o centro da China.

Tanto que ela foi construída em 1651 para ser apenas a entrada principal para a Cidade Proibida. Só com o passar dos anos e sucessivas ampliações, acabou por tornar-se não só o centro de Beijing mas também da nação.

É considerada por muitos a maior praça do mundo – com um tamanho equivalente a 63 campos de futebol, ali caberiam em pé e confortavelmente 300mil pessoas. Na China as coisas tem outra proporção!

Eu particularmente acredito que a praça de Cracóvia na Polônia é maior.
É rodeada por importantes edifícios, como a Cidade Proibida – Tiananmen (Heavenly Peace Gate) ao norte; o Chinese Revolution History Museum ao leste; Mao Mausoleum; Great Hall of the People (sede do Congresso Nacional Chinês) ao oeste; e Qianmen (Front Gate) e outros famosos pontos turísticos de Beijing.
O Chinese Revolution History Museum,
O Congresso Nacional,
O Mao Mausoleum,
E o Quianmem completam os quatro cantos da Praça da Paz Celestial.
Quem já visitou algum país do Leste Europeu vai notar que alguns edifícios da Tiananmen tem aquela cara de prédio comunista do período da Guerra Fria. Me lembrou muito Varsóvia.

No centro fica o Monumento aos Heróis do Povo (Renmin Yingxiong Jinian Bei), um obelisco com 37m erguido em 1958. Ali, diariamente, ao amanhecer e ao anoitece acontece uma simples, porém solene cerimônia de hasteamento da bandeira bem no centro da praça.

Monumento aos Heróis do Povo entre as duas enormes telas que transmitem desde simples anúncios à propagandas oficiais.
Esta “TV” ficaria excelente na sala de casa!
Panorâmica da Praça da Paz Celestial

A praça ficou famosa para a maioria de nós na primavera de 1989, quando estudantes tomaram-na para protestar contra o governo comunista chinês.

Resultado? Uma enorme repressão por parte das autoridades que teve como saldo um número não revelado de mortos. Digo não revelado porque o governo chinês até hoje não diz quantos foram mortos naquele protesto, pois muitos daqueles que a princípio tiveram a sorte de serem “só presos”, acabaram sendo mortos mais tarde.

Mesmo sendo um pré-adolescente, lembro bem da cena que rodou o mundo: aquele sujeito indefeso diante de uma fileira de tanques de guerra. Até hoje se discute qual teria sido o seu destino. Alguns defendem que ele foi preso e morto após os protestos. Outros acreditam que ele está vivo e exilado em Taiwan.

Ainda que o episódio faça parte da história da China (e do mundo), evite o assunto ou qualquer crítica ao governo local. Mesmo passados tantos anos, o governo ainda tem várias câmeras vigiando 24 horas por dia o local, justamente para evitar novas aglomerações.
Em pleno inverno (2004).
Militares limpando a neve para a cerimônia de hasteamento em 2004.
E o coitado encarando o escaldante verão de Beijing.
Penso que hoje, pela situação geral da população, acredito que o ímpeto contestador seja bem menor que naqueles tempos.
Atualmente, o máximo que vocês verão lá são pipas sendo empinadas e centenas de turistas. Alguns dizem que nos edifícios ao redor e nos monumentos daria para ver ainda alguns buracos de bala.

Aliás, não sei se é corriqueiro ou não, até mesmo porque em 2004 nada disso existia, mas nesta última visita, a praça estava cercada e o acesso era feito por guaritas nas quais revistas eram feitas. Nada de mais, mas que é estranho que o acesso a uma praça demande isto é!

Posto de revista. Como num aeroporto.
Num passado mais remoto, a praça foi palco da fundação da China como conhecemos hoje, com evidentes mudanças econômicas é claro! Na data de 31 de janeiro de 1949, na Praça da Paz Celestial, o Partido Comunista Chinês comandado pelo camarada Mao Tse Tung, criou aquilo que seria a mais populosa nação comunista, a República Popular da China.
Ele até pode ter imaginado que isto seria um dos mais mais relevantes da Guerra Fria e da bi-polaridade político-econômica que se instaurou na metade do século passado, mas nem em seu sonho mais maluco ele poderia imaginar que a China faria, economicamente, frente aos EUA e ao resto do mundo como faz hoje.
Em 1976, logo apos a sua morte, o Partido Comunista resolveu, a exemplo de Lênin, simplesmente mumificar o corpo de Mao Tsé-Tung, criando o Mao’s Mausoleum (Mao Zhuxi Jinian Guan). Inicialmente eles preencheram o corpo com formaldeído e depois iniciaram um misterioso processo de mumificação.
Muito mistério circunda a tal múmia, até mesmo pela falta de informações por parte dos chineses. Alguns dizem que o que se vê hoje seria apenas um boneco de cera a lá Madame Tussauds. Qual a verdade? Só Deus sabe!
E olha ele ai na entrada da Cidade Proibida!
A visitação é rápida, já que não se pode parar na fila que literalmente anda. Preciso dizer que fotos são proibidíssimas? Aliás você nem entra com seus pertences. Tem que deixar tudo do lado de fora numa casinha do outro lado da rua na Gangchang East Side Rd. do lado do Museu Nacional da China. Funciona diariamente das 8h00 às 12h00, salvo eventuais necessidades de “retoque”.
Bem que eu pensei em dar um alô para ele, mas a fila, sob um calor de quase 40ºC, tinha proporções chinesas.
Dispensei!!! Fica para uma próxima visita à Beijing.

Visitada a praça, imagino que o ímpeto natural de todo o visitante seja atravessar a rua – aliás ali só se atravessa para qualquer lado por túneis – e ir direto para a Cidade Proibida. Quer um conselho? Contenha-se!
Sugiro que você ande alguns poucos metros para atrás do Great Hall of People e dê uma espiada no National Centre for the Performing Arts, o equivalente a uma moderna casa de ópera, um dos prédios mais belos e modernos de Beijing.

Aberto ás vésperas das Olimpíadas de 2008, este treatro de ópera é sem dúvidas uma das mais modernas construções da cidade.

Não, não é um disco voador!
National Centre for the Performing Arts

Sua estrutura externa de vidro e titânio, com 212m de comprimento, 143 de largura e 46 de altura e rodeada por um enorme espelho d’ água, foi desenhada pelo arquiteto Paul Andreu. O complexo conta com uma Ópera para mais de 2400 espectadores; uma sala de consertos com 2.000 lugares e um teatro para 1000 pessoas.

Voltando à Tiananmen Square, é hora de visitar a Forbidden City (Cidade Proibida), cuja entrada principal é justamente o portão no qual está o icônico retrato de Mao Tsé-Tung. Portanto não tem como errar.

Até a entrada propriamente dita, passa-se por uma série de portais e pátios.

Fechada durante 500 anos, é a construção antiga mais bem preservada da China e sem dúvida alguma, uma construção que pela sua beleza arquitetônica e valor histórico, merece uma visita. Lembre-se, tem coisas que só se vê num destino!!!

Embora suas dimensões, 720.000 m², mais de 800 pequenos edifícios e quase 900 salas ou quartos, justifiquem ser chamada no passado de cidade, ela era na verdade um palácio imperial. Era literalmente uma cidade dentro de Beijing.

Ao passar pelo portão principal, tem-se a clara impressão de adentrar a um mundo à parte. Bem, isto é relativamente verdadeiro, pois naqueles tempos da China imperial, o imperador e sua corte viviam ali meio que isolados do mundo – fico aqui me perguntando qual a vantagem de ser imperador numa situação destas?

Galeria da Suprema Harmonia.
Aliás o nome Cidade Proibida vem justamente deste isolamento e da proibição de acesso por pessoas estranhas que não o Imperador, sua corte e serviçais, na casa de milhares deles. Quem violasse tal proibição era executado sem mais.

Naquela época o isolamento era tamanho que pouco ou nada se sabia a respeito daquilo que se passava no seu interior, isolado por uma muralha com quase 8m e por um fosso com 6m de profundidade. Não, não tinha jacaré!

Fosso e torre em uma das laterais da Cidade.

Como os imperadores tinham várias concubinas e empregados, dentre eles alguns eunucos, as intricas palacianas eram quase que uma rotina. Um dos casos mais famosos foi o de um grupo de eunucos que estava desviando alguns tesouros do palácio. Com receio de serem descobertos, eles simplesmente atearam fogo a uma das alas para encobrir o furto.

Pela Cidade, existem vários recipientes como este para combate a eventuais incêndios.
Menos de 10 anos depois da queda da Dinastia Qing (entre 1911 e 1912), ela foi transformada em um museu, possibilitando enfim que os chineses (e felizmente nós), pudessem enfim conhecê-la.

Construída entre 1406 e 1420 sob as fundações de um antigo palácio mongol, funcionou como sede do império chinês da Dinastia Ming até ao fim da Dinastia Qing. Lembram do filme O Último Imperador que falamos anteriormente? Pois é, o filme retrata justamente os últimos dias da Cidade enquanto palácio imperial (imperdível!). As filmagens foram feitas aqui mesmo, e dizem que foi o primeiro filme hollywoodiano feito na China.

Este ai bem que poderia ser o personagem principal do filme!
Uma das muitas salas do trono.
Dizem que sob este caminho de mármore, apenas o imperador caminhava.
Reza a lenda que seria uma peça só. Sei não…
Mas que tem muito mármore lá tem!
Quem vê esta maravilha histórica nem imagina que em 1949, com a proclamação da República Popular da China, os comunistas planejavam simplesmente demoli-la para construir um parque popular.
Ainda que eles não tenham levado a cabo a ideia, a Cidade Proibida sofreu vários danos e saques principalmente durante a Revolução Cultural. Para eles, aquilo tudo era um péssimo legado de uma China que eles queriam esquecer.
Com o término de um longo processo iniciado anos antes das Olimpíadas de 2008, a Cidade Proibida está completamente restaurada. Eu mesmo a vi em plena restauração em 2004, e não esta lá aquelas coisas.
No inverno de 2004.
Obras a pleno vapor.
E o contraste com o verão de 2013!
Em linhas bastante gerais, a Cidade Proibida divide-se em duas porções: o Pátio Exterior / Frontal ao sul, que servia para cerimônias; e o Pátio Interior / Traseiro ao norte que era a residência do Imperador e da sua família.
Logo que se adentra ao Pátio Exterior, o primeiro edifício que se vê é a Galeria da Suprema Harmonia que servia como centro cerimonial e é a maior estrutura do complexo.
       Vale dar uma espiada nos jardins que ficam perto da saída.
Cidade Proibida

Andando pela Cidade Proibida, não deixem de reparar nos telhados dos edifícios, e principalmente nas pontas destes, com belíssimas figuras mitológicas e/ou animais. E saibam que quanto maior a quantidade de estatuetas no telhado, mais importante o edifício.

Detalhe do telhado da Galeria da Suprema Harmonia.
E de uma construção de menor relevância. Reparem que os animais são distintos uns dos outros.
Neste link tem um mapa oficial com todos os detalhes do complexo.
Salvo algumas poucas exceções, fotos são permitidas. Eles costumam indicar os locais proibidos.
Enfim, em Beijing não deixe de visitar aquele que é atualmente o maior palácio existente, o único que literalmente dá para chamar de cidade!

Para uma bela vista completa da Cidade Proibida, sugiro o Jingshan Park. Ao norte dela, o acesso custa RMB 2.

Quem puder, estique o passeio até o Jingshan Park.
Ainda nos arredores da Cidade Proibida ainda é possível encontrar os famosos hutongs, as estreitas ruas com casas apertadas. É verdade que existia uma quantidade muito maior de hutongs em Beijing, mas tanto as construções comunistas quanto os modernos edifícios – demanda da classe média chinesa – contribuíram em muito para a redução deste tipo de construção.

Hoje em dia, uns poucos são mantidos como patrimônio cultural local. Uma sugestão de onde encontrá-los é na Rua Nanluogu Xiang, onde alguns deles foram transformados em pequenas lojas.

Um já nem tão típico hutong.
Isto é no meio da rua, ok?
Uma típica casa.
Olha o banheiro ai!
Uma coisa curiosa, para não dizer bizarra, a respeito destas moradias é que a grande maioria delas não tem banheiros privativos, ou seja, o banheiro é público, e está em plena rua.
Para chegar à região da Tiananmen e da Cidade Proibida, a opção mais barata e rápida é de metrô, pela Linha 1 descendo na Tian’ Anmen East Station.
A Cidade Proibida funciona diariamente, normalmente das 8h30 às 17h00 no verão, e no inverno até às 16h30, mas existem variações durante o ano, portanto sugiro conferir o site oficial. Recomendo também chegar cedo para evitar a multidão, principalmente nas estações mais quentes.

O ingresso custa no verão: RMB 60, e no inverno: RMB 40. Existem áudio guias por RMB 20 na entrada.

Um detalhe importante: a bilheteria está no segundo pátio.
Os audio-guides estão disponíveis em vários idiomas, inclusive português.

Vá por mim, não perca!

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Diogo Avila

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