Eu sei, na Europa existem vários castelos e palácios, mas só Londres tem o Palácio de Buckingham, um palácio onde realmente mora uma rainha. E não é qualquer rainha… É a mais famosa de todas. Some ainda que ele é aberto para visitação em certas oportunidades.
Ou seja, nisso Londres é única!
Certamente um dos palácios mais conhecidos do mundo e uma atração obrigatória na cidade, o Palácio de Buckingham é a residência da família real britânica na capital e o local em que acontecem praticamente todos os eventos oficiais da família real.
As origens do Palácio de Buckingham datam de 1705 quando o Duque de Buckingham iniciou as primeiras edificações no local. O palácio passou para a família real quando o rei Jorge III o comprou em 1761. Porém apenas em 1837 é que ele passou a ser usado como residência oficial da então Rainha Vitória – por conta disso é que existe desde 1911, diante do palácio a escultura chamada Memorial de Vitória.
Memorial de Vitória apinhado de gente na hora da Troca da Guarda. |
Mas mesmo assim, o patinho ali nadando tranquilo. |
Durante a Segunda Guerra Mundial, o palácio foi bombardeado nada menos que sete vezes pelos nazistas numa tentativa de desmoralizar os ingleses.
Numa destas ofensivas, o Rei Jorge VI e a rainha Elizabeth estavam lá! Se eles abandonaram o palácio após o fato? Que nada, ficaram até o final da guerra, como se nada houvesse acontecido, num gesto de incentivo aos súditos.
Existem fotos históricas deles olhando o Palácio de Buckingham parcialmente destruído como se nada houvesse ocorrido.
Se comparado com outros palácios e castelos, Buckingham até que é humilde em termos de tamanho. Mede 108m de frente, 120m de profundidade e 24m de altura.
Mesmo assim, Buckingham tem 775 cômodos, sendo 19 salas de Estado, 52 quartos, 188 quartos de empregados, 92 gabinetes e 78 banheiros. Dá para se perder fácil.
O palácio tem uma série de histórias interessantes envolvendo principalmente invasões.
Algumas delas viram verdadeiros contos locais.
Um dos casos mais interessantes foi o de um garoto pobre e órfão que viveu semanas entre o telhado e as chaminés, sobrevivendo de restos de comida, até ser encontrado.
Já teve gente que invadiu o palácio vestido de Batman após pular o muro; e até um caso mais recente de um jornalista que se disfarçou de criado da Rainha só para investigar e divulgar, é claro, algum eventual podre real. Preciso dizer que deu um rolo danado?
Muro nem tão alto, mas cheíssimo de arame. |
Barreiras. |
E guardas fortemente armados, mas mesmo assim eles colecionam incidentes. |
Mas talvez a mais interessantes das invasões seja a de um irlandês bêbado e pelado que altas horas da noite e morrendo de fome, pulou o muro – sim, irlandeses bêbados são quase ninjas – e invadiu o castelo.
O alarme disparou, mas o guarda ignorou achando que não era nada.
Livre e solto no palácio, ele adentrou à dispensa. Após não encontrar nada mais bacana para comer, acabou comendo alguns biscoitos para cachorro e tomou uns goles de vinhos da adega.
Desesperado por um cigarro, tentou pegar uma bituca num cinzeiro, mas acabou desistindo depois de cortar a mão.
Procurando por um banheiro, adivinhem em qual quarto ele entrou???
Sim, o quarto da Rainha. A esta altura já trêbado, reconheceu-a e pediu desculpas. Ela, esperta que é, passou a conversar calmamente com o intruso enquanto pensava o que fazer.
Papo vai, papo vem, o irlandês-bebedor-de-Guinness-pelado e já sem graça lhe faz um pedido inusitado: um cigarro.
Era a deixa. A Rainha respondeu que não tinha nenhum ali com ela, mas que o seu mordomo poderia arrumar um. Ele acenou com a cabeça.
A Rainha não teve dúvidas, ligou para o mordomo e soltou essa:
– Fulano, você poderia me trazer um cigarro?
– Claro, mas é tarde da noite e a Vossa Majestade não fuma…
– Pois é, mas o irlandês bêbado e pelado que está no meu quarto sim!!!
Segundos depois a porta veio abaixo e os seguranças já estavam em cima do intruso. O cigarro ficou para a prisão!
Quando o guia do Sandeman’s contou esta história, fiquei imaginando a velinha ali de gorrinho e pantufas reais, é claro! Batendo papo com um irlandês-bebedor-de-Guinness-pelado altas horas da noite.
Coisas de Inglaterra… Eu não disse no primeiro post da série que este país era cool???
Mas voltando à turistisse no Palácio….
Eu sei que pode parecer clichê, e é! Mas ir à Londres e não ver a Troca da Guarda (Changing the Guard) equivale a ir à Roma e não visitar o Vaticano – não digo ver o Papa porque você pode não ser católico; não se interessar pela figura papal ou sei lá o que…
Lá vem a tropa. |
E a banda! |
Enfim, a troca da guarda, ainda que alguns considerem algo meio que mico, é folclórico, típico. Enfim, a cara da Inglaterra com toda aquela pompa e cerimônia. É algo que precisa ser visto ao menos uma vez na vida.
A coisa é tão prestigiada que nos horários próprios uma multidão se aglomera diante do palácio. Um lugarzinho junto à grade é algo praticamente impossível.
Mas mesmo assim vale a pena. Pense: você já está lá mesmo!
Normalmente ela acontece todos os dias por volta das 11h30. Vale a pena dar uma conferida no official Royal site para outros detalhes e eventuais eventos especiais.
Ah, vale lembrar que se estiver chovendo muito, não tem cerimônia. Senão coitado do chapéu de pele de urso…
Aqui um vídeo oficial do evento. E aqui um nosso:
Existem 5 regimentos distintos envolvidos na cerimônia, e que são identificados segundo alguns detalhes de suas vestimentas:
Regiment | Grouping of buttons on scarlet tunic | Collar badge | Plume on bearskin cap |
Grenadier Guards | Singly | Grenade | White, worn on left side |
Coldstream Guards | Twos | Garter Star | Red, worn on right side |
Scots Guards | Threes | Thistle | No plume |
Irish Guards | Fours | Shamrock | Blue, worn on right side |
Welsh Guards | Fives | Leek | Green and white, worn on left side |
Outro detalhe interessante é que eles costumam convidar regimentos outros países da Commonwealth, como por exemplo Austrália e Nova Zelândia, ou até mesmo Canadá – acho que é para compensar os pobres ursos pardos.
Muita gente não sabe, mas esta mesma troca da guarda também acontece no Windsor Castle às 11h00.
Outra coisa que alguns não sabem é que estes guardas não são mera pompa e figuração não.
São a elite da elite, daqueles que se precisar agir rápido, não pensam duas vezes. Altamente treinados, não convém fazer piadas ou palhaçada diante deles não. São comuns os vídeos no Youtube de turistas se dando mal ao fazer gracejos.
Mas e ai, dá para tomar um chá com a rainha se ela estiver em casa? Bom, o chá não dá não, mas você terá certeza se ela está ou não no palácio se estiverem diante do palácio quatro sentinelas. Quando ela não está, ficam apenas dois.
Dois sentinelas, sinal que ela não estava em casa. |
Pode parecer um soldado de chumbo, |
Mas não tire onda não, o cara é perigoso! |
Ok, você pode até não ser lá um eminente representante de uma nação importante, quando certamente seria recebido para um banquete cheio de protocolos e tal, mas mesmo assim dá para visitar o interior palácio sem ter que virar notícia como nos casos que contei acima.
Como esquecemos as nossas roupas de gala e a Rainha não estava lá, tivemos que vestir nossos disfarces de turistas e adentrar ao palácio à paisana mesmo, num interessantíssimo tour.
Da primeira vez que fui para Londres tive que me contentar em ver a famosa troca da guarda e pronto. Mas desta vez conseguimos fazer algo realmente diferente (sem trocadilhos!), visitamos o interior o Palácio de Buckingham, mais precisamente os The State Rooms, ou seja a ala protocolar do palácio.
Como a fila pode ser grande, tem uma área de espera. |
Eu já tive a chance de ver alguns palácios e castelos bem interessantes, mas acho que nada se compara ao que vi em Buckingham.
Nem tanto pela ostentação, até porque não me pareceu tão exagerado assim. Mas pela beleza mesmo, e por ter certeza que alguém mora ali.
As State Rooms são um conjunto de 19 salas e aposentos que são usados em recepções, banquetes e cerimônias oficiais da Rainha. É lá por exemplo que ela recebe presidentes; primeiros ministros; e embaixadores de vários países.
Fora a decoração que já vale o ingresso, vocês ainda encontram quadros de Rembrandt e esculturas de Canova, só para citar aqueles mais conhecidos.
Enfim, o lugar é de babar nos mínimos detalhes, como mostram estas fotos oficiais:
The Blue Drawing Room. Créditos: The British Monarchy. |
The Grand Staircase. Créditos: The British Monarchy. |
The Green Drawing Room. Créditos: The British Monarchy. |
The State Dining Room. Créditos: The British Monarchy. |
The Throne Room, a minha favorita. Créditos: The British Monarchy. |
The White Drawing Room. Créditos: The British Monarchy. |
Para fechar com chave de ouro, ou melhor de diamante, existe uma exposição com as jóias da rainha. Digo da rainha porque aquelas existentes na London Tower são tidas como jóias da coroa, e englobam os monarcas do passado.
Se juntar todos os diamantes que vi na vida certamente não dá sequer um diamante da Rainha. Não tenho palavras para descrever. Já imaginaram um diamante do tamanho de um kinder ovo? É mais ou menos isso.
Aliás palavras é o que falta para descrever o que se vê lá dentro. Uma pena é que não são permitidas, por motivos óbvios, fotos ou filmagens dentro do palácio. Nem ouse tentar!
Detalhe da sacada, aquela do famoso beijo pós-casamento real. |
Detalhes do palácio. |
O belíssimo portão. |
Placa comemorativa do Jubileu da Rainha. |
Na saída do palácio, avista-se o jardim (de onde são permitidas fotos), e uma loja de souvenires da Rainha.
Não, não estou brincando não. Lá tem de tudo quanto é produto relacionado à Rainha e à Família Real, no melhor esquema Disneyland!!! Alguns itens até que são bacanas, mas outros são tão ridículos que só para fã mesmo.
Jardim do palácio. |
E os fundos de Buckingham. |
Tem de tudo! |
Infelizmente a visitação interna é algo que acontece uma vez ao ano, normalmente durante o
verão, entre o final de julho e o final de setembro.
Para a temporada deste ano (2013), o horário de funcionamento é entre 27 de julho e 31 de agosto das 9h30 às 19h00 (última entrada às 16h45); e de 1 a 29 de setembro até as 18h00 (última entrada 15h45).
Como é bem concorrido, eles colocaram como obrigatória a reserva prévia. O tour custa £19 (+ um booking fee de £1.25) e acontece a cada 15 minutos – recomendo separar ao menos umas duas horas para fazê-lo tranquilamente.
A demanda de turistas brasileiros por lá anda tão alta que agora os audio-guides (essenciais para curtir o passeio) são em português brasileiro!!! Em 2012, foram “só” 260mil brasileiros na terra da Rainha – eu fiz a minha parte! Em tempo: o audio-guia está incluso no preço.
Para chegar, a melhor opção são as estações Victoria, Green Park e Hyde Park Corner do Tube.
Enfim, se vocês estiverem em Londres no verão, não deixem de ver o interior do Palácio de Buckingham e as State Rooms. Um programão!
Ah, antes que perguntem…
Não, não vimos a rainha e nem nos deixaram usar o banheiro interno ou ver os aposentos dela!
Quem se interessar pode também visitar o exterior do Palácio de St. James, ali ao lado de Buckingham.
Construído em 1530 por Henrique VIII, sua fachada de tijolos avermelhados é um símbolo do estilo chamado Tudor.
Passou a ser a residência do monarca em 1698 e coleciona uma série de estórias escabrosas e interessantes. Desde a tomada por Oliver Cromwell (aquele que queria proclamar uma república) até a execução de Carlos I em seu leito.
Foi substituído em sua função justamente pelo Palácio de Buckingham.
Atualmente ele serve para funções administrativas
Ali, uma coisa que chamou a atenção foi a quantidade de chaminés no telhado.
Como naqueles tempos não existia outra forma de aquecer os cômodos senão as lareiras, os ricaços tinham uma chaminé e lareira por cômodo – anos depois inventaram alguns sistemas integrados.
Assim criou-se a ideia de que quanto mais chaminés no telhado, mais rico o proprietário seria. Preciso dizer que alguns londrinos começaram a colocar chaminés falsas nos telhados? Pois é, muitos prédios têm mais “chaminés” do que de fato seria preciso!
Um dos portões do Palácio de St. James. |
Chaminés por todos os lados. |
Outro palácio bem conhecido é o de Kensignton. Pertencente à família real desde o século XVII, atualmente ele funciona como um museu.
Uma de suas mostras mais recentes é uma exibição fotográfica da princesa Diana e a Royal Ceremonial Dress Collection, uma coleção com os vestidos usados pelas princesas e rainhas britânicas desde o século XVIII.
Mas o que dizem ser mais interessante mesmo são os seus jardins.
A “velinha” é super carismática, vai! |
Enfim, este foi o nosso tour real em Londres, no melhor estilo “God Save the Queen”!!!
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