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Onde Comer e Beber em Londres (e sem Fish n’ chips!)

De gole em gole pelos pubs de Londres.

Há muito o que comer e beber em Londres além do tradicional “Fish and Chips”. Mesmo não sendo nenhum entendido de culinária, é consenso que se existia uma cozinha que tradicionalmente não era bem vista pela sua falta de variedade ou até mesmo pelo sabor era a inglesa – ainda mais se comparado com os seus “vizinhos” europeus.

A maioria das pessoas sequer citar de bate e pronto um prato tipicamente inglês. Eu mesmo só conheço o “Fish and Chips”. Não que não seja gostoso, se bem preparado, é claro. Entretanto, é fato que tradicionalmente, a cozinha inglesa não vai muito além disso não.

Lembro bem da dificuldade que foi encontrar algo bacana para comer na minha primeira viagem para Londres em 1997. Comemos todos os dias num pequeno restaurante italiano próximo ao hotel.

A boa notícia é que de uns tempos para cá esta “má-fama” que assombrava as cozinhas inglesas tem dado lugar a uma verdadeira revolução. Uma revolução em grande estilo, diga-se de passagem.

Prova disto é que, hoje, pessoas como eu, absolutamente leigas em culinária, são capazes se citar alguns chefs ingleses. Só para dar os exemplos mais conhecidos e que aparecem na televisão, temos o mal humorado Gordon Ramsay (ok, ele é escocês, mas está valendo!); a bonitona Nigella Lawson e o descolado Jamie Oliver.

E ai? Quantos chefs franceses vocês conhecem? Olha o grilo ai… Cri,cri,cri!!!

Enfim, aos poucos, porém de forma eficiente, os ingleses estão conseguindo ser cool, como venho defendendo desde o começo desta série de posts, até mesmo na cozinha, um campo para eles até então minado.

Nota-se claramente um belíssimo apego a comida mais simples, sem grandes complicações e preparada com ingredientes orgânicos de altíssima qualidade. Nos supermercados, predominam itens pouco usuais para nós como os free range eggs, algo como ovos de galinhas cultivadas livres; e outros tantos produtos ecologicamente corretos.

Assim, hoje, aqueles que visitam Londres encontrarão uma boa variedade de restaurantes e uma verdadeira febre culinária.

Evidente que esta badalação tem seu preço. Os custos tendem a ser proporcionais à fama do chef e à qualidade destes itens orgânicos, sabidamente mais caros.

Como vocês sabem, sou adepto do low-cost, procurando dentro do possível e aceitável, viajar mais com menos.

Mas algumas experiências de viagem eu sinceramente não consigo deixar passar. Sabem aquela coisa do tipo: “Sabe-se lá quando virei aqui novamente?” Questão de oportunidade! Então… foi justamente por conta disso e para fazer um gracejo à Sra. Cumbicona que acabei separando uma noite para jantarmos num restaurante do Jamie Oliver.

Depois de algumas pesquisas, optamos pelo Fifteen.

Confesso que só fiquei sabendo depois que este restaurante faz parte da Jamie Oliver Food Foundation, uma instituição criada para dar melhores oportunidades aos jovens desempregados. Se eu soubesse disso antes a comida teria descido ainda mais gostosa.

O bacana do Fifteen é que ele não tem aquele jeitão de restaurante enjoado e cheio de frescuras. Eles são bem tranquilos quanto ao dress-code. Dá para ir de jeans e camiseta tranquilamente, mas também dá para ir mais arrumado também.

Embora seja altamente recomendável fazer uma reserva prévia, não só lá como em qualquer outro restaurante mais badalado de Londres, conseguimos uma mesa de bate-e-pronto, ou como disse a atendente, uma mesa para dois walk-in, uma gíria para “sem reserva”.

No site do Fifteen, vocês encontrarão o cardápio com os preços, o que possibilita já prever de antemão se está de acordo com o seu orçamento de viagem.

O interessante é que como ele é um restaurante mais experimental, o cardápio muda com certa frequência. O próprio prato que comemos naquela oportunidade já não está mais disponível.

Evidente que o serviço é nota dez.

A comida então… Acho que nunca mais vou provar uma massa como aquela. Divina talvez seja a melhor descrição.

Para chegar lá, caso opte por usar o Tube, desça na estação Old Street e caminhe por três quadras, até chegar à 15 Westland Place.

Além do Fifteen, Jamie Oliver tem os seguintes restaurantes na capital inglesa:

a) Barbecoa: 20 New Change Passage. 

b) Unions Jack: 4 Central St. Giles Piazza.

c) Jamie´s Italian: em Covent Garden (11 Upper St Martin’s Lane) (fechado atualmente).

d) Jamie Oliver’s Diner: 23A Shaftesbury Avenue

Além disso tem o Recipease que funciona meio que como um restaurante-escola. As reservas para os restaurantes do Jamie Oliver podem ser feitas diretamente nos sites dos respectivos restaurantes, mas também no serviço TopTable que é a versão inglesa do Open Table, um serviço faz reservas para restaurante em vários lugares do mundo – excelente ferramenta de viagem.

Para o dia-a-dia, a melhor opção na minha opinião foram as redes de sanduíches naturais.

Pois é, eu também fiquei surpreso ao ver que esta seria definitivamente a melhor opção para uma refeição rápida na Inglaterra.

Para sintetizar, adotando uma linha ácida e sincera, no melhor estilo Anthony Bourdain; se redes como Pret A Manger, EAT, e M&S Simply Food se espalhassem pelo mundo, “aquele Palhaço idiota” iria comer poeira fácil. Pronto, desabafei!

A primeira parada já foi na loja do aeroporto!
Sucos, leites e afins.
Os favoritos. O suco de laranja era grosso pacas! Daqueles com gomos e tudo.
Uma loja da Pret.

Estas redes, onipresentes em quase todas as esquinas inglesas, conseguiram impor, no melhor sentido, um novo padrão de fast food.

Algo que eu chamaria de fast food saudável.

Além dos evidentes e deliciosos sanduíches naturais, eles vendem saladas; doces com baixo teor de calorias; sucos naturais (tem um leite com baunilha fabuloso); e frutas num custo benefício que supera com facilidade qualquer fast food tradicional. Isto sem contar ser infinitamente mais saudável.

Tanto o é que se compararmos, é relativamente difícil encontrar um McDonald’s ou BurgerKing em Londres.

Gostei tanto que aqui em casa adotamos uma receita simples da Pret A Manger que é sanduíche de salmão defumado com cream cheese em pão integral. Ops, salivei!

Ai que saudades deste sanduba de salmão!

Assim, para quem quiser economizar e se alimentar de forma mais leve e saudável, fica a dica: abuse destas redes.

Qual a melhor delas? Olha, gostei muito da Pret A Manger, e da M&S Simply Food. Colocaria
a EAT em terceiro, mas não muito atrás. 

EAT, bom, mas na minha opinião fica um pouco atrás dos demais.

Embora não tenha provado, muita gente fala da rede de restaurantes japoneses Wasabi, que vende belas refeições no melhor estilo bento japonês.

Com várias lojas pela cidade é outra opção para uma refeição rápida.

Agora que estamos devidamente alimentados, hora de falarmos de beber!!!

Nem precisa ser um grande fã de cerveja para associar o país à ideia dos pubs, aqueles típicos bares cheios de charme e de história que são uma verdadeira marca nacional.

Os ingleses amam tanto os seus pubs, que estes lugares são praticamente uma extensão de suas casas, onde eles se reúnem, encontram os amigos, e celebram de tudo um pouco.

The George Inn.
E um pouco de sua história.

A origem destes estabelecimentos está nas hospedarias e tavernas medievais. O termo PUB bem de public houses, em oposição aos clubes fechados cujo acesso era limitado aos seus associados. Ou seja, pub era algo do povão mesmo.

Algo que diferencia os pubs dos bares aos quais estamos acostumados é que você pega a sua bebida no balcão e paga na hora. Sem garçom, sem comanda; portanto tenha dinheiro trocado.

As cervejas na Inglaterra, assim como em vários outros países europeus são servidas no pint – a pronúncia correta é “páint” com o “a” bem aberto. Embora o volume deste copo varie conforme o país, na Inglaterra, a legislação local determina que ele deve ter 568ml, ou 20oz.

Para quem não aguentar tomar um pint inteiro, ou ainda, pretender experimentar várias cervejas numa única oportunidade, sugiro pedir pelas variações menores, como half-pint ou até mesmo third-pint, metade e um terço da quantidade padrão, respectivamente.

A Sra. Cumbicona recarregando as energias com um half. É praticamente o tamanho do nosso copo.

Existem duas coisas que surpreendem alguns viajantes que não estão acostumados a estes
estabelecimentos. 

A primeira é que diversamente do que estamos acostumados aqui no Brasil, a cerveja, não é tão gelada. Entretanto daí para dizer que ela é “quente” como falam alguns turistas exagerados é demais.

Eu diria que ela é levemente gelada, na medida certa.

Tenha em mente que você está tomando uma cerveja diferenciada, e que certamente será servida na temperatura mais adequada ao tipo de cerveja.

Com tempo bom, os clientes simplesmente vão para a rua. Uma delícia.

Uma pequena sugestão: tome marcas e sabores típicos. Pergunte ao bar tender o que é mais típico naquele pub. Eu garanto, você terá uma experiência muito bacana!

A segunda coisa é que a maioria dos pubs tem clientes a toda hora. Diversamente do que vemos aqui no Brasil, as pessoas bebem (ainda que moderadamente) a qualquer hora do dia.

Eu mesmo experimentei entrar em um às 10 da manhã imaginando que estaria sozinho no balcão. Que nada, olhei para os lados e havia uma quantidade razoável de clientes; de turistas a locais já tomando a primeira do dia.

O que a gente não faz por um review?

Acreditem, a pesar disso, não vi sequer um cidadão bêbado! Nem este que vos escreve, é claro. Afinal foi tudo em nome do dever de informação. “Ahhhh, tá bão!”

Outro detalhe é que petiscos e os pratos costumam ser caros! A maioria das pessoas simplesmente almoçam ou jantam num local e passam no pub exclusivamente para beber.

Mas em qual ir? Estou longe de ser um bebum, mas segui a estratégia de ir à maior quantidade possível. Passava diante de um, entrava para dar uma olhada. Se fosse bacana pedia ao menos um halfpint para provar e curtir o ambiente.

Vocês podem imaginar que entrei em vários…

Existem tantos pubs em Londres que o assunto renderia não um post próprio, mas talvez um blog específico!

Minha sugestão: se você tiver tempo para apenas um pub, vá ao Salisbury!
Decoração mais charmosa que esta não tem.
O cuidado ao servir.
Para se sentir em algo típico mesmo.
Eu prefiro as nativas!

Dentre os inúmeros pubs da cidade, separei alguns famosos que visitei que julguei interessantes: 

a) Cittie Of Yorke: é um dos mais antigos da cidade. Fica na 22 High Holborn, King’s Cross;

b) The Eagle: 2 Shepherdess Walk, Islington;

c) The George Inn: construído em 1676, fica na 77 Borough High Street, Borough;

d) The Dog & Duck: 18 Bateman Street;

e) The Lamb Address: 94-98 Lambs Conduit Street, Bloomsbury;

f) Ye Olde Cheshire Cheese: é um dos mais antigos e bem preservados da cidade. 145 Fleet Street;

g) Whitby: desde 1520, é um dos mais bonitos da cidade. 57 Wapping Wall, Wapping;

h) Salisbury: é um dos mais belos típicos da cidade. 90 St Martins Lane, Covent Garden.

i) The Clarence: entre a Tragalfar Square e o Parlamento, na 4 Dover St.

Cansado de cerveja? Uma bebida bastante popular e apreciada especialmente pelo público feminino no último verão foi o Pimm’s, um drinque feito com uma parte de Pimm’s para 3 de soda gelada, gelo, hortelã, laranja, maçã, morango e pepino.

The Clarence.
Boa variedade de cervejas.
É um pouco mais espaçoso que a maioria e serve refeições rápidas.

Apesar da tradição de pubs, a maioria das pessoas também associa a Inglaterra a outra bebida, e nada alcoólica. O chá.

Quem nunca ouviu falar do hábito local de tomar chá às 5hs da tarde?

Mas de onde vem este costume? No século XVII, a princesa Catarina de Bragança, mulher do rei Charles II tinha por habito tomar chá, e acabou por disseminar a moda entre os nobres da época.

Já a questão do horário é atribuída à Duquesa de Bedford, que nos idos de 1800, por jantar apenas por volta das 21 horas, resolveu criar uma espécie de lanche da tarde, com chá e alguns biscoitos. Pronto, estava criado um costume entre as damas da nobreza que se reuniam para conversar e tomar um chá, e um mito mundial.

Departamento de chás da Harrods.

O hábito permaneceu quase que exclusivo aos nobres até o século XIX, quando então a taxação sobre o chá foi reduzida e a bebida popularizada.

Enfim pessoal, este foi o nosso último post da série sobre a Inglaterra um país que literalmente conseguiu reinventar-se em todos os sentidos, e hoje é considerado por muitos, e por mim também, um dos destinos de férias mais cool que existem.

Recomendo.

Cheers! Como eles dizem lá.

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3 comentários

Giselle Scalabrin 1 de julho de 2019 at 16:57

ADOREI SEU BLOG CUMBICÃO!!! ADOREI O APELIDO TB!!
Gostaria de deixar um comentário em relação a gastronomia inglesa, ela tem fama de ser sem graça e extremamente ligada a raizes da simplicidade. Hoje temos os chefs famosos mencionados por voce, porque eles misturaram a cozinha inglesa com a francesa e a italiana priorizando a qualidade dos ingredientes então é óbvio que temos uma cozinha tipicamente tradicional já consolidada como a italiana e a francesa melhorada devido a seleção dos ingredientes. MAS se voce parar e analisar eles não inovaram, apenas pegaram e melhoraram, fizeram um pouco mais que os chineses que só sabem copiar com perfeição. Abraço grande!

Responda
Renata 27 de setembro de 2013 at 00:00

Olá!! Procurando informações sobre Londres, acabei encontrando o seu blog e adorei a sua série de posts sobre a cidade. Fotos maravilhosas!!! Me deu ainda mais vontade de conhecer!! Parabéns pelo blog!!

Renata

Responda
Diogo Ávila 27 de setembro de 2013 at 00:26

Renata,
Não fique só na vontade. Planeje-se, monte seu roteiro e vá!
Obrigado.

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