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Malásia – Um caldeirão cultural

Malásia, um incrível destino na Ásia.

Quem me conhece sabe que tenho um gosto por destinos de viagem mais exóticos, ou pelo menos não tão óbvios. Não que eu desgoste daqueles clássicos, tanto que alguns deles já foram publicados aqui no Cumbicão. Mas não nego que tenho uma queda especial por lugares que sejam bem diferentes de onde vivo e neste ponto a Malásia caiu como uma luva nossa viagem.

Como precisávamos de um lugar para descansar no meio do caminho de Bali para Abu Dhabi, vislumbrei a desculpa perfeita para visitar mais uma cidade e conhecer ao menos um pouco de mais um país.

Confesso que antes de começar a pensar em ir para a Malásia, sabia muito pouco a respeito do país: que era uma nação com maioria muçulmana; que lá ficavam uma das torres mais belas do mundo (Petronas Towers); e que eles têm um dos circuitos de F-1 mais conhecidos da Ásia.

Mas onde fica mesmo a Malásia? Situada no sudeste asiático, o país está entre a Tailândia e a Indonésia, fazendo também fronteira com Singapura.

Olhando o mapa, dá para dizer que praticamente metade do território malaio – 329.847 km² (66.º) – é continental e o restante corresponde à uma generosa parte da ilha de Bornéu que a Malásia divide com a Indonésia e com Brunei.

A capital do país é Kuala Lumpur, mas a sede do governo federal é Putrajaia (20km de Kuala Lumpur). Olha, bem que poderiam fazer algo parecido aqui no Brasil, deixa Brasília como sede de governo e coloca o Rio de Janeiro (embora prefira São Paulo) como capital. Pelo menos os gingos não iriam mais errar a nossa capital!

Os contrastes podem ser notados na presença de edifícios super rmodernos.
E moradias bem populares em Kuala Lumpur.

A região em que está situada a Malásia foi colonizada no século I por comerciantes chineses e indianos que ali estabeleceram portos, ocupando o local de povos nativos.

Algo curioso que eu jamais imaginaria sobre a história da Malásia é que ela foi conquistada por Portugal mais ou menos na mesma época em que o Brasil foi descoberto. Mais precisamente, 11 anos depois, em 1511. Entretanto, o domínio português durou pouco, pois a região foi tomada pelos holandeses em 1641 e posteriormente pelos ingleses em 1786.

A Malásia, assim como algumas outras nações do sudeste asiático pertenceu à corroa britânica por um longo período. A independência frente aos britânicos veio somente em 1957, depois de uma série de embates (aliás dia 31 é feriado da independência local). Poucos anos depois, em 1963, Malásia uniu-se à outra ex-colônia britânica: Singapura. Mas a união não funcionou e elas se separaram em 1967.

Com pouco mais de 28 milhões de habitantes a população da Malásia é bastante heterogênea, pois é composta por diferentes grupos étnicos, tais como malaios nativos, chineses, imigrantes da Índia, e uma penca de expatriados oriundos de diversos outros lugares.

Os malaios me pareceram muito simpáticos e bem receptivos aos turistas. Adoram conversar.
E assim como os brasileiros, eles tem traços bem variados. 

Aqui em casa a gente lembra até hoje da nossa chegada em Kuala Lumpur. Saímos do aeroporto e pegamos um moderno trem até a cidade. Um daqueles trens de alta velocidade. Tudo bastante organizado e moderno quanto qualquer outro país desenvolvido.

Mas foi só chegarmos à estação central para uma breve conexão com a linha do metrô que nos levaria ao hotel, para termos um verdadeiro choque cultural, ou melhor multicultural. Ali mesmo na estação, no meio da muvuca e uma certa confusão, tivemos a certeza de estar em um enorme caldeirão cultural com gente de tudo quanto é tipo, religião e cultura.

A gente pensa que o Brasil é multicultural / multirracial? Sabe nada… se você abrir um dicionário e procurar o verbete multicultural verá um mapa da Malásia.

Olhando na rua, o caráter multicultural da sociedade malaia dificulta qualquer consideração sentido de falar sob o típico malaio. Mesmo aqueles nascidos lá têm grandes chances de serem são uma mistura de malaios, indianos, chineses, árabes e ingleses.

Ao que nos pareceu, o povo é extremamente receptivo e simpático, sabendo lidar bem com as diferenças entre povos. Também, nesse caldeirão cultural que eles vivem nem poderia ser diferente.

Mesmo sendo uma nação muçulmana, nem de longe a maioria das mulheres usam véu. E as que usam, vestem véus coloridos e combinando com outras peças de roupas. E lá o véu cobre apenas os cabelos, deixando o rosto à vista.

Leitoras, assim só para entrar nas mesquitas.
As malaias na sua maioria utilizam véus coloridos.

Mas existem alguns hábitos que, embora não sejam a regra, são comuns à boa parte da população. Para citar um exemplo mais gritante, nos banheiros públicos de lugares muito, mas muito mais simples, não há papel higiênico (leve o seu!). E ai? Como faz? Eles adotam uma tática bem estanha para nós: fornecer um balde para você lavar a mão… entendeu???

Daí porque vocês verão que muitas pessoas não usam a mão esquerda para comer, apenas a direita. A esquerda é utilizada para mexer no dinheiro, ir no banheiro, e por ai vai.

Parques para lá de limpos e bonitos.
Alternando com feiras livres que são quase um caos – mas eu adoro!

Longe de querer criticar costumes locais, mas vamos combinar que não dá né?

Lá, apontar para alguém ou algo como dedo indicador é considerado muito desrespeitoso. Eles preferem apontar com os quatro dedos juntos e a palma da mão virada para cima. É, faça aí e note como é bem mais sutil.

A maior parte da população é urbana (70%) e vive na península da Malásia, já que restante do território é composto por ilhas nas quais as condições de vida são bem menos favoráveis.

Embora o malaio seja o idioma oficial, o inglês é falado com tanta frequência que é considerado por alguns como uma espécie de segunda língua local.

O interessante é que eles utilizam tanto o nosso alfabeto, quanto uma versão modificada do alfabeto árabe (jawi).

Mas fique tranquilo que muitas das informações estão em inglês. Reparem na variedade de idiomas.

Preciso dizer que para nós é simplesmente impossível de ler, compreender ou falar o malaio? Mas como sou teimoso, vamos ao menos tentar o básico:

Oi: hi (começou fácil)

Tchau: Selamat tinggal (ai já começou a complicar!)

Bom dia: Selamat pagi

Boa tarde: Selamat tengahari

Boa viagem: Selamat jalan

Benvindo: Selamat datang

Com licença / Desculpe: maafkan saya

Por favor: sila

Obrigado: terima kasih

Sim/Não: ya / tidak

A religião oficial na Malásia é o islamismo, que é praticado por 61% da população. O restante da população é composta por praticantes do budismo (20%); cristianismo (10%); hinduísmo (7%) e confucionismo e taoísmo (2%)

A maioria é muçulmana.
Mas é fácil topar com templos taoistas.
E hindus.

Mesmo sendo uma nação moderna e bastante tolerante – bastando notar que nem todas as mulheres usam véus – recomendo moderação nas vestimentas. Nada muito radical, mas para as moças que gostam de algo mais ousado: bom senso. Li alguns comentários de que demonstrações de afeto mais explicitas devem ser evitadas.

Politicamente, a Malásia é uma monarquia parlamentarista, mas com uma peculiaridade bem
interessante: o rei é eleito! Sim, isso mesmo. O monarca que exerce as funções de chefe de Estado é eleito de forma indireta entre os governantes hereditários dos nove estados malaios para um mandato de 5 anos. Já o governo é exercido por um primeiro-ministro.

Eles têm 13 estados e cujos governadores são escolhidos pelo rei. Putz, que diferente!!!

Interessante que quando estivemos lá rolou uma situação que nos foi bem comum no ano passado. Pegamos um dia de feriado nacional do dia da independência em Kuala Lumpur, com um enorme desfile militar na praça principal e tudo.

Parecia até a Av. Paulista.
No outro dia uma grande parada militar pelo dia da independência.

De outro lado, uma verdadeira multidão saiu às ruas de amarelo para protestar contra o governo local. Uma zona. Conversei um pouco com um malaio para entender o motivo. Adivinha… Corrupção. Fala se não é cara do Brasil!

Curiosamente eles estavam recomendando que os estrangeiros saíssem de Kuala Lumpur meio que num toque de recolher temendo conflitos e que os turistas ficassem com uma má impressão. Mal sabem o quanto já passamos por conta dos embates coxinhas x mortadela. No meio da muvuca, aproveitamos para protestar também, por eles e por nós!

A Malásia era até meados da década de 80 um país essencialmente agrícola, mas seguindo a onda de alguns vizinhos do sudeste asiático, a sua economia passou por um forte processo de industrialização.

Hoje, eles exportam muitos bens de consumo, principalmente eletrônicos e roupas (duvido que você não tenha uma peça made in Malaysia no seu armário), sendo o terceiro país mais rico do sudeste asiático e a 29ª economia no mundo.

As Petronas Towers.

O maior símbolo deste sucesso econômico são certamente as Petronas Towers que foram por um tempo o prédio mais alto do mundo.

Feito este um panorama geral, vamos às questões práticas que podem ajudá-los a programar a sua viagem para a Malásia. 

Quanto tempo? Tudo depende do que você pretende ver por lá. Se a intenção for conhecer a capital Kuala Lumpur, uns 3 dias são suficientes. Agora se a ideia for conhecer outros lugares como a ilha de Bornéu, aí você vai precisar de mais tempo porque os deslocamentos até lá não são muito fáceis – tanto que como tínhamos pouco tempo, desisti.

Kuala Lumpur, a principal cidade e capital.

Brasileiros não necessitam de visto de turismo para visitar o país, contanto que a estadia não
seja superior a 3 meses. Porém esteja atento ao fato de que o passaporte tenha ainda 6 meses de validade a partir da entrada. Ah, mais um detalhe, é obrigatória a apresentação do certificado de vacinação internacional comprovando que você está imunizado para febre amarela.

E já que o assunto é passaporte, a gente espera nunca precisar, mas é sempre bom ter anotado. A embaixada brasileira fica em Kuala Lumpur, Suite 20.01, 20th Floor, Menara Tan
& Tan, 207 Jalan Tun Razak – 50400, Telefone: 03 2171 1420.

Como não existem voos diretos do Brasil, para chegar à Malásia é necessário fazer escala em algum outro ponto. Uma das opções mais em conta e práticas é voar via Dubai pela Emirates. Tempo de voo? São 14h45 até Dubai, mais 7h30 até Kuala Lumpur – sim, é longe pacas!

Uma vez em uma capital asiática qualquer, a Malaysia Airlines é uma boa opção.

Se a distância pode ser um empecilho à viagem, o custo geral é bastante atrativo. Semelhantemente à Tailândia, o custo das coisas é relativamente baixo. Come-se bem a preços justos, hospeda-se em bons hotéis pagando-se bem menos que outros destinos.

O clima na Malásia tende a ser quente e varia muito pouco conforme vocês podem notar das médias abaixo.

Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Max. 32 32 33 33 32 32 32 32 32 32 31 31
Min. 22 22 23 23 23 23 23 23 23 23 23 22
Chuva (mm) 169 165 240 259 204 125 127 155 192 253 287 245
Dias com chuva 11 12 14 16 13 9 10 11 13 16 18 15

 

 

 

 

Fomos no úmido e quente verão, juro que quase fiz como as crianças ai da foto em um parque da cidade.

A variação fica por conta da sensação de umidade (que pode ser maior do que estamos acostumados) e das chuvas que são mais frequentes no período de julho a setembro por conta das monções (lembram das aulas de geografia?), que representa para eles baixa temporada. Mas como sempre isto é relativo, talvez compense arriscar. Lembro que quando fomos para a Tailândia, em agosto, era para pegarmos muita chuva, e no final tivemos uma curta pancada de chuva numa tarde – nada para uma viagem inteira! Desta vez na Malásia, também em agosto, dos 3 dias que passamos lá, só tempo bom.

No geral, a Malásia pode ser considerada como um destino seguro ao turista. Esteja apenas atendo com batedores de carteira e outros pequenos golpes. As leis lá são bem severas, e o melhor: cumpridas à risca – só para dar um exemplo, tráfico de drogas é apenado com pena de morte. Ou seja, segurança não deverá ser um problema.

Mesmo sendo longe, viajar para lá com crianças, mesmo que pequenas, é bem tranquilo.

Agora algo que é um problema gravíssimo por lá é a poluição. Lembro que quando estivemos em Singapura, uma das coisas que nos disseram por lá é que frequentemente a cidade fica cinza, detalhe: Singapura fica a 355 km de Kuala Lumpur!

A razão disso tudo? Dizem que são as queimadas que os malaios fazem nas florestas adjacentes e a falta de chuva em algumas épocas do ano. A coisa pode ficar tão feia dependendo de outros fatores climáticos, que muitos moradores de Kuala Lumpur, especialmente aqueles que trabalham nas ruas ou por elas circulam de moto, usam máscaras.

Se você está acostumado a tomar água da torneira em certos destinos (Europa, EUA, e outros), na Malásia, esquece! Só engarrafada, e ainda assim vale ficar esperto para ver se está mesmo lacrada.

A moeda local é o Ringgt (MYR ou RM) e ele vem em moedas 5, 10, 20 e 50 sen ou centavos; e notas 1, 5, 10, 20, 50, 100 Ringgt.

O Ringgt tem um valor cambial bem próximo do real, o que facilita as conversões:

RM 1 = R$ 0,76 ou R$ 1 = RM 1,30

RM 1 = US$ 0,22 ou US$ 1 = RM 4,45

Além dos onipresentes ATM´s onde é possível sacar Ringgt direto de sua conta corrente (vide post sobre cartões de débito no exterior), existem sempre as casas de câmbio.

Algumas notas de ringgt.

Não espere encontrar bancos brasileiros por lá.

Na Malásia eles usam o plug de tomada mais chato que existe, o inglês – o adaptador é enorme! E a voltagem é 220v.

Enfim, se vocês quiserem conhecer um destino de viagem bem diferente, coloque a Malásia ai na sua lista. 

No próximo post, vamos falar das atrações da cosmopolita capital Kuala Lumpur.

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