Nova Zelândia

Queenstown, a capital dos Esportes radicais na Nova Zelândia

É só um “mergulho”…

“5, 4, 3, 2, 1…Bungy! Uhuuuuu” Era foi a frase mais ouvida no nosso segundo dia em Queenstown, quando curtimos o lado mais famoso da cidade: os esportes radicais.

Embora não possa precisar, se é que alguém já contabilizou isto, não é difícil imaginar que a maioria das pessoas que viaja para Queenstown ou o fazem em nome dos esportes radicais, ou acabam vendo na estadia uma oportunidade para testarem tais esportes, ou melhor, testarem a si mesmas.

Imagine um esporte radical qualquer. Queenstown temm muitas opções de esportes radicais. Se bem que, fica faltando surf e mergulho em gaiola com um tubarão branco, por razões óbvias.

Bom mas o fato é que em Queenstown existe uma variedade enorme de atrações deste tipo: bungy jump, rafting, canoagem, mountain bike, caiaque, trilhas tanto para caminhadas como para off-road, parapente, asa-delta, pára-quedismo, e se for no inverno, some ainda esqui e (ufa!) snowboarding.

A lista é enorme, e ao menos que você tenha muito tempo e principalmente dinheiro, você inevitavelmente terá que escolher algumas atrações para desafiar a sua coragem.

Um detalhe interessante é que os kiwis têm um conceito de leve, moderado e alto diferente quando diz respeito à adrenalina. Quando eles dizem leve, leia-se médio, moderado significa alto, e por alto entenda algo como insano.

Antes de mais nada, recomendo que você já pense que atividades lhe interessam, pois dependendo do caso pode ser vantajoso comprar os tickets isoladamente ou em combos em empresas como a Queenstown Combos.

Como ainda não tenho aquela árvore de dinheiro em casa, optei pelas duas atividades que julguei mais típicas da região e que mais me interessavam: o Jet Boating e Bungy Jump (é claro!).

Seja qual for a atividade escolhida, recomendo que você marque antecipadamente o dia e horário que pretende fazê-las. Isto ajuda muito a salvar um tempo precioso, pois nem sempre existem vagas para encaixes junto aos operadores locais.

Hoje escrevendo este post lembrei de como foi difícil dormir na noite anterior por conta da ansiedade.

A nossa manhã começou com um passeio de Jet Boating no gelado Shotover River.

Pagando de piloto de jet boating.

Epa, mas não era verão??? Bom, como já disse anteriormente, toda e qualquer água natural na Nova Zelândia é absurdamente gelada, ainda que no verão. Culpa da origem glaciar das águas dos rios.

Apaixonado por jetski e velocidade, não poderia deixar passar a oportunidade de ver de perto e experimentar esta atração oferecida por várias empresas em Queenstown. Os rios mais populares para estes passeios são o The Shotover (operado pela Shotover Jet) e Kawarau (operado K Jet), ou ainda no Skippers Canyon (com a Skippers Canyon Jet).

Após pesquisar bastante, escolhi a Shotover Jet pois além de ser a empresa mais conhecida da região, é a única autorizada a usar o Shotover River, o local mais interessante para este tipo de passeio.

Shotover Jet no rio de mesmo nome.

A brincadeira custa NZD 119 e dura uns 25 minutos pelas águas do rio.

O passeio pelas águas do Shotover existe desde 1970 e foi feito por nada menos que 3 milhões de pessoas e é tida como The World’s Most Exciting Jet Boating Ride, ou seja, o melhor passeio deste tipo no mundo.

Mas o que é um Jet Boating

Em linhas bem gerais é uma lancha movida a propulsão de jato, ou seja, ao invés de um hélice, existe uma turbina interna que gera um jato de água que move a lancha. Como num jetski.

O casco também tende a ser diferente das lanchas comuns, justamente para dar maior mobilidade e rapidez nas manobras. Garantia de velocidade e manobras ágeis.

Os Jet Boatings são construídos em Queenstown e sob medida para serem usados Shotover River, afinal, a lâmina de água na qual navegam varia entre 10 e 15 cm. Várias vezes pudemos sentir as pedras batendo no casco sob os pés. Tudo dentro do esperado.

Antes do passeio, o rio é só silêncio…
O único barulho é o das águas correndo pelo leito estreito
E raso! Pela foto dá para notar o quanto.

Eles usam dois motores de 3.8 V6 turbo que despejam nada menos que 520hp, potência suficiente para jorrar 760 litros de água por segundo!!!

Um modelo da turbina.

Mas o que são 520hp??? Apenas para dar uma noção, uma Ferrari California tem “apenas” 454hp e um Lamborghini Gallardo Superleggera tem 523hp. Só de lembrar o ronco do motor, este blogger apaixonado por jetski já arrepia. Sabe aquela sensação de tudo vindo abaixo e a pressão no peito a cada acelerada???

O passeio começa com a apresentação do piloto, o qual dá as informações básicas a respeito do barco e do rio, além das instruções de segurança – nada de mais, basta se segurar nas barras de proteção.

Após, os participantes seguem para uma cabine à beira do rio, onde estão armários para a guarda de bens e etc. Ali também são fornecidos os coletes salva-vidas (fiquei me perguntando para quê diante dos 10-15cm de água) e uma grossa capa para que você não se molhe – a menos que você queira tomar um banho gratuito, não recuse a capa. Meninas e Sras. pode não ser fashion, mas mantém vocês sequinhas!

Cabine à beira do rio.
A capa pode não ser bonita, mas te mantém seco.

Ah, um detalhe. Por razões de segurança, não é permitido levar a bordo qualquer máquina fotográfica, celular ou filmadora. No começo achei exagero, mas depois de andar no Jet Boating, notei que qualquer item do gênero poderia se tornar uma ameaça no caso de soltar da mão. Deixe a máquina no armário e curta o passeio.

Como as condições do rio variam rapidamente, em prol da segurança, o piloto faz uma volta de reconhecimento junto com um empregado da empresa. Boa oportunidade para ver de fora o brinquedo funcionando.

Tudo pronto, o jet boating parte com seus 14 passageiros mais o piloto para uma primeira volta, mais tranquila, é verdade, na qual são tiradas fotos para recordação.

Uma primeira foto paradinha.
Na segunda, já emendando um cavalo-de-pau!

E depois é só pé embaixo e “finas” do desfiladeiro!

É, mas você deve estar perguntando: Tá, mas quanto rápido isto anda? A velocidade máxima é de 85km/h, o que na água e nas condições do passeio (água rasa e rio estreito) já é uma insanidade. E para quem não sabe, considere que não existem freios. No caso de necessidade, a única saída é desviar, se der…

Confesso que mesmo acostumado com jetski e confiando muito na habilidade do piloto (sabe aquele sujeito que se arrisca, mas sabe o limite?) fiquei sim com um receio nas primeiras passagens pelas
pedras do desfiladeiro.

Não estranhe se ver as pessoas simplesmente se encolhendo na falsa sensação de que seus movimentos impediriam uma colisão. O instinto fala mais alto.

Relaxe, depois da primeira passagem e desviadas em cima da hora de pedras ou dos troncos no rio, a adrenalina passa a agir e você curte o passeio.

Como se não bastasse a velocidade por entre as enormes pedras do desfiladeiro do Shotover, em alguns pontos – apenas um pouco – mais largos, o piloto gesticula em círculos com o dedo indicador para cima. Sinal para que você agarre mais firme ainda nas barras de proteção.

Lá vem um giro de 360º. Um chacoalho no cérebro e um tremendo banho! Lembra da capa que te ofereceram? Hora de agradecer. Gargalhadas, gritos e mais emoção.

E como às vezes palavras não bastam para retratar uma experiência, dêem só uma olhada nestes vídeos:

Algumas pessoas podem estar pensando se é seguro. Olha, tudo na vida envolve riscos. Alguns calculados, outros não. Eu particularmente adorei a experiência. Os pilotos sabem, e muito, o que estão fazendo – conforme informado pela Shotover Jet, a maioria dos pilotos tem entre 2000 e 6000 corridas, por assim dizer, no seu currículo. E os barcos têm uma manutenção impecável.

Um dos passeios mais bacanas que já fiz! Garantia de emoção e daquela sensação de coração pulando para fora do peito.

Para chegar lá existem duas opções, ir por conta própria até a Shotover Jet (na Gorge Road, Arthurs Point) ou pegar o ônibus gratuito deles que sai da ‘The Station’ Information Centre , situada na esquina entre a  Camp e Shotover Streets a cada 15 minutos. Pela praticidade do carro e horário apertado, resolvemos ir por conta. Super fácil de chegar, não leva mais que 15 minutos do centro da cidade.

Ainda na água, uma atividade bastante popular em Queenstown e que eu não tive tempo de fazer é Rafting. Também são usados para isto o rio Shotover em um trecho mais agitado – onde há inclusive um túnel por onde o bote passa -, e o calmo Kawarau.

Os passeios levam entre 4 e 5 horas, com 2 a 3 horas nos rios propriamente ditos, pois parte do tempo inicial é gasto com as instruções obrigatórias. As principais operadoras deste passeio são Queenstown Rafting, Extreme Green Rafting e Challenge Rafting.  Embora dependa da empresa que opera o passeio, o custo médio é de NZD 195.

E como os kiwis sabem aproveitar bem os rios da região, eles inventaram o River Surfing & White-Water Sledging que consiste em uma versão mais requintada do boia-cross tupiniquim, onde a galera desce o rio em boias ou pequenas pranchas.

O ponto mais conhecido para tanto é o Kawarau River. As operadoras deste passeio são Serious Fun, Frogz Have More Fun e Mad Dog River Boarding. O passeio leva umas 4 horas, sendo 1 hora e ½ na água.

Canyoning? Passeios de meio dia são oferecidos pela Canyoning e Routeburn Canyoning.

Agora se nada disto for suficiente para fazer seu sangue ferver, talvez seja melhor apelar para atividades, digamos mais radicais. Onde a sensação de voar ou simplesmente despencar no vazio, por muito ou pouco tempo são o grande barato.

Nesta linha, Paragliding Skydiving são as pedidas mais extremas, na minha opinião. Para quem não sabe, em linhas gerais, o primeiro é um vôo de parapente e o segundo, o que antigamente chamava-se de salto de pára-quedas.

Paragliding no Bob´s Peak.

As operadoras que oferecem estes “passeios” são Tandem Paragliding; Flight Park Tandems; Queenstown Paraflights; Skytrek Hang Gliding; Extreme Air; Fly by Wire; Zone. Já adianto que o custo é algo, mas deve ser proporcional à emoção – não é minha praia (por enquanto!).

Agora se você quiser algo mais relax pelos ares de Queenstown, os vôos panorâmicos são o ideal. Infelizmente não cabia no meu tempo-orçamento, mas pelas fotos fornecidas pelas operadoras, fiquei com a certeza de que deve valer muito a pena.

Existem várias possibilidades de vôos panorâmicos, seja de helicóptero na FlyNZ ou com monomotor na Milford Flights. Os preços variam conforme o itinerário, desde um curto passeio (30min. por NZD 300 por pessoa) até um piquenique no topo de uma montanha por um preço proporcionalmente
exclusivo.

Embora tenha ido no verão, vou deixar aqui as dicas para quem quiser Esquiar, que vi durante os meus estudos. Os principais pontos para esquiar são as The Remarkables e Coronet Peak.

Algumas empresas que oferecem esta atividade são Nevis Snowmobile Adventure; Heli Ski QueenstownHarris Mountains Heli-Ski; e Southern Lakes Heliski. Já para alugar equipamento, existe a Gravity Action (19 Shotover St); Green Toad (48 Camp St); Outdoor Sports (Shotover St); e Snowrental (39 Camp St).

Se tem algo que os kiwis adoram são as suas Mountain Bikes, em praticamente todos os cantos de Queenstown tem ma loja que vende bikes e artigos relacionados.

Uma das muitas lojas que alugam bikes.

Não é para menos, com uma paisagem fantástica, e uma grande quantidade de trilhas, mountain bike só tinha que ser mesmo uma atividade bastante popular na região.

Algumas empresas oferecem passeios guiados: Fat Tyre Adventure; Gravity Action; Vertigo; Gravity Action (19 Shotover St); Queenstown Bike Hire (esquina da Marine Pde com a Church St).

Embora não seja assim digamos, radical, uma atividade comum na região são os Passeios a cavalo. A Moonlight Stables oferece um tour por algumas trilhas selecionadas.

Agora a cereja do bolo e o meu favorito: “5, 4, 3, 2, 1…Bungy! Uhuuuuu”

Não sei se alguém já fez a conta, mas acredito que uma parcela considerável dos turistas que vão à Queenstown, acabam se jogando de algum dos points preso a um “elástico”.

Bungy Jumping ou bungee jump, é quase que um sinônimo de Nova Zelândia, explico.

A ideia do bungy jumping surgiu a partir da observação de um ritual realizado na Ilha de Pentecostes, em Vanuatu, onde os homens saltavam de plataformas com 5 metros de altura com videiras amarradas aos seus pés numa espécie de ritual de passagem para a vida adulta – fato este documentado pela National Geographic em 1954.

A partir de 1986, os neozelandeses AJ Hackett e Henry Van Asch começaram a estudar uma forma de
reproduzir os saltos do povo de Vanuatu de uma forma segura. Quem se interessar, vale ver este vídeo com a história do bungy.

Eles descobriram que a melhor forma de realizar os saltos era usando uma trama de elásticos, muito parecidos com aqueles que são usados para amarrar as pranchas de surf, daí a origem do nome Bungy, uma espécie de gíria para elástico.

Claro que no começo, tudo que eles conseguiram foi muita diversão e muita, mas muita encrenca com a polícia, já que a atividade era considerada ilegal pelas autoridades locais.

Destes episódios, o mais famoso foi quando A. J. Hackett, já tendo aperfeiçoado em muito a segurança dos saltos, resolveu simplesmente pular do segundo andar da torre Eiffel, sendo imediatamente preso pela polícia francesa.

Resultado? Ele ficou famoso pacas e colocou o agora, esporte radical, na mídia mundial.

Apenas dois anos depois dos primeiros experimentos, o pioneiro no ramo, AJ Hackett Bungy (na Station, esquina Camp com Shotover Sts.) resolveu abrir a sua empresa e oferecer aos turistas a oportunidade de pular da ponte Kawarau. 

Pronto, bastaram alguns anos de divulgação para a cidade de Queenstown ser colocada em definitivo no mapa como sendo a capital dos esportes radicais e do bungy jump virar a atividade mais comum da cidade.

Hoje eles operam três jumps em Queenstown: 

1- Kawarau Bridge: os saltos são dados a partir de uma plataforma 43m acima do rio de mesmo nome. Foi o primeiro ponto comercial de bungy e fica a apenas 23km de Queenstown. Este foi o jump que escolhemos;

2- Ledge Bungy: aqui os saltos são a 47m de altura, mas a sensação de altura é muito maior, pois a plataforma está colocada em uma escarpa do Bob´s Peak. Ou seja, o saltador vê a cidade inteira aos seus pés. É o único jump que opera durante a noite. E permite que as pessoas façam acrobacias no salto. Como se já não bastasse pular.

Legde no Bob´s Peak.
Balançando com a vista de Queenstown. Assim nem parece tão alto.
Mas se você considerar a escarpa do Bob´s Peak mais a vista…

3- Nevis Highwire: acho que este é o mais desafiador de todos. Com nada menos que 134m de queda livre, o salto se dá a partir de uma gôndola no meio do desfiladeiro do Nevis River. Apenas para dar uma idéia, são nada menos que 8,5 segundo de queda livre, o dobro do que tivemos no nosso salto! Pelas fotos e vídeos disponíveis no site da A. J. Hackett – recomendo dar uma olhada, fiquei com a impressão que quem olha lá de cima vê claramente aquela cena do coiote caindo no desfiladeiro depois de perseguir o papa-léguas. Rsss. Já apareceu em um episódio do The Amazing Race.

Desfiladeiro do Nevis. Créditos: AJ Hackett.
Fico imaginando que deve der dureza andar nesta pequena gôndola.Créditos: AJ Hackett.
A hora “H”.Créditos: AJ Hackett.
A um passo do vazio.Créditos: AJ Hackett.

Em todos os jumps existe também a opção de swing, ou seja, ao invés da queda livre, o sujeito fica ali “simplesmente” balançando a velocidades de até 150km/h. Sinceramente…achei meio sem graça.

Embora não seja obrigatório, recomendo sempre fazer a pré-reserva do salto no site da A. J. Hackett, pois assim você fica com o seu horário reservado e evita de ter que ficar esperando uma brecha nos horários para saltar.

Quem pode pular? Literalmente qualquer pessoa, salvo aqueles com problemas cardíacos graves (não adianta levar a sua sogra cardíaca, não vão deixar ela pular! Rsss) ou outros problemas de saúde.

A idade mínima é de 10 anos e o saltador mais idoso até hoje tinha 94 anos!!! O peso mínimo deve ser de 35 kg e o máximo 235 kg – as cordas são ajustadas conforme o peso. Isto para a Kawarau Brigde. Consulte o site oficial para as regras dos demais pontos.

“Preços e condições”

Saltos duplos são possíveis – para um casal pode ser super “romântico”. Mas a diferença de peso entre os saltadores não pode ser maior que 30kgs.

Para todos os pontos de salto é possível usar meio de transporte próprio, salvo no caso do Nevis que por ser em um local muito inóspito, existe a necessidade de um veículo deles com 4×4. Logo na reserva você já escolhe como deseja chegar ao local e que horas precisa estar lá ou no ponto de encontro.

Mesmo que você não se interesse por pular, ainda assim vale a pena dar uma passada pelo Kawarau Bridge ou no Ledge Bungy para ver os “malucos” pulando. É bem divertido, a galera fica ali na plataforma incentivando o povo a se jogar. Se não fosse a corda, todo mundo seria preso por incitar o suicídio.

No Kawarau Bidge, tem uma loja muito legal com souvenires.
Telão com vídeos motivacionais se você precisar. Rsss
Área onde a galera fica assistindo. Como o pessoal é civilizado, ninguém fica gritando: Pula! Pula! Pula!
Kawarau Bridge

Mas quanto custa? Infelizmente esta é a parte ruim. A brincadeira não é barata não. Os saltos na Kawarau Brigde ou no Ledge saem por NZD 180 cada um. Já no Nevis, a injeção de adrenalina sai por NZD260. Para quem quiser fazer a trilogia e puder (leia-se pagar), os três saltos saem por NZD 465. 

E como você terá que mostrar isto para seus amigos e principalmente para os seus pais, naquele esquema “Não conta lá em casa”, isto é, só fala depois que foi, você vai precisar de mais NZD 45 para as fotos; ou NZD 45 para o DVD; ou a melhor opção, NZD 80 para o pack com tudo.

Ah, em tempo. Eles lhe dão uma camiseta de saltador e um certificado provando que você saltou mesmo.

Para provar que você foi mesmo.

Vale a pena? Sim, cada centavo. Só não fomos novamente porque não existe o esquema de free pass
ou “passaporte da Alegria”!

E a pergunta clássica. Mas não dá medo?

Bom a menos que você seja completamente desapegado da vida ou saiba voar, dá sim. É inerente ao ser humano o medo ou ao menos o receio diante de uma situação destas. Nos não fomos feitos para voar!

A decisão de ir ou não foi praticamente um Should I Stay or Should I Go, sabe???

Para quem está na indecisão, recomendo que assista aos vídeos da AJ Hackett, converse com quem já pulou e saiba exatamente o que está fazendo. Uma vez ciente de que é aquilo mesmo que você quer, a atividade passa a ser curtição e muito provavelmente você chegará lá sem medo.

Eu particularmente tinha alguns receios sim. O primeiro e mais evidente é o da corda estourar. Curioso que na semana em que comprei os ingressos, li que uma garota sofreu um acidente na África justamente porque a corda estourou. Resultado, ela caiu num rio cheio de crocodilos e quase morreu afogada, mas sobreviveu sem grandes consequências.

Depois tendo mais informações a respeito, vi que o lugar não tinha condição alguma de operar uma atividade destas, foram encontradas várias falhas de segurança.

Para recuperar a confiança, fui procurar junto à AJ Hackett como as cordas são feitas e os vários procedimentos de segurança. Ufa! Confiança recuperada.

Conferindo a corda…

Outro ponto que muita gente levanta é aquela estória de dar um tranco na coluna e tal. Bem, é verdade que eles desaconselham o salto para quem tem problemas graves na coluna.

Este era o meu segundo receio. Mas para mim, este mito foi detonado. Não senti tranco nenhum nas
pernas ou na coluna, apenas um leve puxãozinho, que literalmente te diz “Você está salvo!”. Lembre-se você não sabe voar!

Muita gente simplesmente trava na beira da plataforma ao olhar para o rio lá embaixo; tem aqueles que nem olham para baixo, fecham os olhos ou olham para o horizonte e pulam; tem aqueles que se seguram nos instrutores; aqueles que fazem macaquices ao pular; e aqueles que já chegam “na frieza” ou “sangue nos zoio”, com uma ideia determinada de pular, e bungyyyy!!!! Em uma horinha ali vendo o povo vimos todos os tipos de jumpers (puladores).

O fato é que cada um tem o seu limite, e a equipe do AJ Hackett respeita muito isto e lhe incentiva de uma forma educada e bacana, a superar seus medos. Afinal você já chegou lá.

Alguns conselhos passados por um gaúcho gente boa que estava trabalhando lá:

1- Pule o mais longe da plataforma, como se você fosse mergulhar. Nada de pular de pé. Primeiro porque é feio pacas cair feito banana, segundo porque ai sim você terá um tranco nas costas e poderá se machucar.

Hesitou…
…praticamente caiu ao invés de pular…
…deve ter doido um pouco.

2- Pule sempre com as mãos juntas na frente do rosto, como num mergulho mesmo. Isto porque uma das opções que podem ser solicitadas aos instrutores é para tocar a água. Eu esqueci de pedir, mas um sujeito que pulou um pouco antes de mim conseguiu mergulhar o corpo inteiro na água. As mãos na frente não são para te salvar, mas sim para quebrar o impacto inicial da água e evitar que você fique com os olhos roxos, o que dizem ser bem comum para quem não segue esta dica.

A Sra. Cumbicona seguiu à risca as instruções!
Se quiser um water touch, não esqueça de pedir!

Bom, mas vamos à sensação de pular e tal.

Chegando ao local do salto, eles fazem a sua pesagem duas vezes em balanças diferentes – lembrando que a sua segurança está ligada à escolha da corda certa para o seu peso, afinal você não sabe voar.

It´s time to jump!
A pesagem não é de boxe, mas vale a vida.

Eles anotam o peso na sua mão e num papel que tem todas as demais informações necessárias ao seu salto. Ah, você assina um termo de responsabilidade, onde diz estar ciente dos riscos da atividade. Padrão.

Deu o horário, você se dirige “calmamente” Rssss à ponte, onde eles lhe explicarão os procedimentos de segurança e instalarão em ti uma daquelas cadeiras de alpinista, afinal você não sabe voar.

A ponte. Mas nem pense em cruzá-la eihn, é para parar no meio e pular!

São duas plataformas de salto paralelas. Você passa por debaixo de uma pequena porta e se coloca ali, a poucos metros da plataforma e do vazio. Estica as duas pernas, eles enrolam uma espécie de toalha muito apertada na sua canela (mais segurança), fazem duas amarrações, uma por cima desta toalha, e outra na cadeira de alpinista (mais segurança), porque afinal, você não sabe voar.

Os instrutores perguntam se você está pronto. E quem está? Lembre-se, você não tem asas!

Eles te ajudam a levantar, te posicionam na beira da plataforma a curtos passos, afinal suas pernas estão amarradas – agora sei como se sentia aquele sujeito que era jogado ao mar amarrado pelos piratas.

À beira da plataforma, segui o que a instrutora mandou fazer, olhei para a câmera oficial, para dar um oi. 

“Diga oi para o cara ali na câmera”!

Eles contam “5, 4, 3, 2, 1, Bungy!!!” e a partir daí estava por minha conta. Foquei em encarar a brincadeira como um loooooogo mergulho numa piscina azul (afinal o Kawarau é mais azul que qualquer piscina).

Lembre-se: “É apenas uma piscina!”

Uma olhada para baixo para conferir a altura e dar um oi para a Sra. Cumbicona que já estava lá embaixo. Pela cara dela deu para saber duas coisas: 1- que tinha sido legal para ela; 2- que ela estava viva. Ufa!

Respirei fundo, dei um impulso com as pernas e ai … só me lembro de uma curta sensação do tipo “que P*##@ estou fazendo aqui???”, naquele milésimo de segundo que seus pés saem do chão e não encontram nada além do vazio e você, mesmo sem asas, voa por 4 segundos.

O salto no vazio…
A adrenalina sobe e estampa o rosto!
Após a primeira “quicada” do elástico, você fica uns segundos de ponta-cabeça.
Até ser resgatado no bote.

Daí para frente, a adrenalina passa a atuar. Sinto que o elástico se retrai. Ufa, tô salvo! E fico ali alguns segundos quicando sem conseguir fazer outra coisa senão curtir a superdosagem de adrenalina até ser resgatado pelo bote em absoluta êxtase. Lá pelo terceiro ou quarto “Are you all right?” É que consegui responder.

Acho que o vídeo abaixo explica melhor, afinal, é o ponto de vista de quem, afinal não sabe voar:

Adrenalina dá forme. Aproveite o hamburger feito pelo gaúcho que trabalha lá.

A título de curiosidade, os pontos de salto mais altos do mundo são o da Bloukrans River Bridge (África do Sul) com 216m e o de Locarno (Suíça) com 220m, onde o saldo é feito a partir de uma hidrelétrica – já apareceu em um filme do 007.

Embora não seja um bungee jumping, mas sim uma espécie de descida desacelerada a AJ Hackett, tem um ponto na Macau Tower, com 233m.

Mesmo não sendo comercial, e pelo contrário, proibido, o salto mais alto já realizado a partir do solo foi da Royal Gorge Bridge no Colorado, com 321 metros.

Segundo o Guinness os maiores saltos já feitos foram John Kockleman, com um salto de 2200 pés, algo como 670m, de um balão na Califórnia, e Andrew Salisbury com 9000 pés, ou mais de 2700m de um helicóptero em Cancún.

Marcas de um dia cheio de adrenalina!

Depois de um dos dias mais adrenados que já tive, cheguei à conclusão já de muitos sabida: Queenstown é mesmo a capital dos esportes radicais e não há nada que substitua uma boa dose de adrenalina!!! Os kiwis são mesmo meio doidos. Kiwi Rocks!!!, como eles dizem.

Booking.com
Diogo Avila

Veja os comentários

  • Neste momento estou no aeroporto de Auckland, esperando nosso voo para Queenstown. Adoramos as dicas relatadas aqui! Obrigada por compartilhar a viagem de vcs com tantos detalhes! Grande abraço!

    Simone e Emerson
    @juntosmundoafora (nosso insta)

  • Olá! Parabéns pelo seu blog, suas narrativas são excelentes! Hoje o dia está sendo muito feliz, eu e meu marido compramos nossas passagens pra NZ e embarcaremos em outubro, nem acredito ainda que vamos conhecer esse país incrível.
    Já fuçando na internet para montar nosso roteiro (de 15 dias pela ilha sul) me deparo com seu excelente Blog e consegui extrair ótimas dicas do seu roteiro.
    A parte das atividades de pura adrenalina só ratificaram a vontade de passar pelas mesmas experiências.
    Comecei a pesquisar melhor sobre o país hoje no intuito de montar nosso roteiro, se acaso sentir dúvidas em algum ponto, posso contar com seu auxílio?
    Muito obrigada e parabéns

    • Andressa,
      Fiz questão de ler o seu comentário para a Sra. Cumbicona e nós ficamos felizes por vocês só de lembrar da nossa viagem.
      É justamente para ajudar as pessoas a viajar mais e melhor que nós blogueiros escrevemos.
      Saber que alguém gostou e viaja utilizando as nossas dicas soa como música aos ouvidos. Kkkk
      Com 15 dias dá para curtir demais lá!!!
      Conte conosco para o que precisar e desde já boa viagem. Coma uns kiwis frescos por nós!!!
      Abraço.

  • Ola, parabéns pelos seus relatos! Acompanho há tempo e acho fantástico!
    Vou com meu marido para a NZ e Austrália em outubro.
    Em relação ao seguro de saúde, você pode me dizer qual usou? Ouvi dizer que vários não cobrem esportes radicais.
    obrigada!

    • Oi Obrigado!!!
      Olha as principais seguradoras como Travel Ace e etc. têm um seguro especial.
      Posso te dar uma sugestão? Veja o banner da Real que temos no blog. Eles trabalham com várias seguradoras e têm uma ferramenta que lhe permite comparar diferentes seguradoras e tipos de seguro.
      Comprando com eles, você não paga nada a mais daquilo que pagaria normalmente, e ainda ajuda na manutenção do blog. :)
      Ah e tenha uma tremenda viagem!!! Como já disse nos meus relatos, sou apaixonado pela Austrália e NZ!!!

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