Suíça

Suíça – Maravilhosamente única!!!

Toda vez que penso na Suíça, uma série de ideias e imagens vem à mente – e provavelmente o mesmo ocorra com vocês. Muitas delas imagens fazem parte do imaginário coletivo. É natural, inevitável.

Paisagens alpinas cobertas de neve, simpáticas vaquinhas pastando em verdes pastos, queijos e chocolates (maravilhosos!), fondue, relógios e canivetes, talvez sejam as mais típicas para a maioria das pessoas.

Entretanto no meu caso, além de todas estas, me vem à mente a imagem de um ativo e simpático velhinho com o qual tive a grata experiência de conviver por alguns anos.

Seu nome, Alfredo Krähenbühl. Assim mesmo, cheio de tremas e consoantes. O patriarca dos Krähenbühl. O elo mais próximo à Suíça que conheci desta família que lá tem as suas origens.

Embora tenha nascido em 1911, seu pai Samuel Krähenbühl e outros parentes desembarcaram em Santos em agosto de 1857, tempos em que, acreditem, o Brasil era mais promissor que a Suíça. A família saiu diretamente de Signau, na região de Emmental (cantão de Berna) numa viagem de navio de 8 semanas – ainda bem que a viagem da trisneta Sra. Cumbicona e tetraneto (ou tataraneto) Cumbiquinho foi bem mais rápida.

A charmosa Signau.

Lembro até hoje de quando voltei de uma breve viagem à Suíça em 2001 e contei para ele como era a “sua” terra natal, a qual ele não teve a oportunidade de conhecer. Poucas vezes vi alguém tão interessado em saber como foi a viagem alheia e ouvir os causos. Uma graça!

Trouxe para ele aquilo que mais típico encontrei lá, e que melhor representava o seu espírito jovem, um canivete. Já meu pai deu-lhe algo mais arraigado à pátria, uma pedra coletada às margens do Limmat em Zurique.

Enfim, é chegada a hora de mostrarmos aqui que embora a Suíça ainda guarde (para a nossa sorte!!!) um pouco daquele esteriótipo charmoso de Alpes, vaquinhas pastando, tranquilidade e etc., isto não é nenhum demérito, pelo contrário, faz dela destino turístico maravilhosamente único e que deveria estar na wish list de todo viajante.

Digo isto porque embora esteja cravada no meio da Europa e compartilhe muito da cultura de seus vizinhos (como por exemplo as línguas lá faladas), a Suíça é muito diferente deles e vocês não encontrarão em outro lugar o que se vê por lá.

O país é um oásis de tranquilidade. Mesmo as grandes cidades suíças estão longe de serem metrópoles, pois são bem menores que outras grandes cidades europeias. Basta notar que o país tem uma população de quase 8 milhões de habitantes e que na cidade mais populosa, Zurique, este número não passa de 400 mil.

Mesmo as grandes cidades como Zurique guardam um charme e tranquilidade incomparáveis.

Assim, o clima de tranquilidade pode ser sentido até mesmo nelas. 

No interior do país então… nem se fala! Principalmente durante as viagens de trem, é comum avistar pequenos e charmosos vilarejos que parecem literalmente perdidos no meio dos Alpes.

Já pensou morar num vilarejo assim?

Boa parte disto decorre justamente da preocupação que os suíços têm com a preservação do meio ambiente. E o melhor é que isto não significa de forma alguma um atraso no desenvolvimento econômico do país. 

Rios límpidos assim são a regra lá! #MomentoInveja. Kkkk
Aliás não me lembro de ter visto um lugar tão florido quanto a Suíça. E olha que viajamos no final do verão.
E nas cidades menores é muito comum encontrar as sacadas decoradas com flores.

Tudo parece ser feito para funcionar, com o perdão do trocadilho (inevitável), como um grande relógio. Suíço, é claro!

Enfim, se me pedissem para definir a Suíça em uma única palavra, eu diria que ela é bucólica. Não é à toa que folhinha de calendário (ainda existe isso???) bacana tinha que ter fotos da Suíça! 

Com tantas paisagens estonteantes, quem viaja para a Suíça deve estar preparado para tirar muitas fotos.

Se você estiver viajando pelo país de trem, espere belíssimas paisagens na janela.
Isto que é um almoço com vista panorâmica!
Fala se não é de cair o queixo?

Como o território suíço é tomado em sua maior parte por montanhas, lá denominadas Alpes e que ocupam praticamente toda a região central e sul, parcela considerável da população reside na porção oeste e norte do país. Só para comparar, enquanto que a densidade populacional média é de 170 hab./km², na região não-alpina ela pula para 500 hab./km².

Os Alpes Suíços percorrem o Sul da Europa até a Europa Central, mais ou menos a região em que a Suíça está. Lá são encontradas nada menos que 48 montanhas com mais de 4.000m.

Se você for para a Suíça, não deixe de fazer um passeio num dos muitos picos que lá existem.

Os principais picos são Eiger (3.970 m), Jungfrau (4.158 m), Mönch (4.107 m) – respectivamente o Ogro, a Senhorita e o Monge -, Dufourspitze (4.634m), além do icônico Matterhorn (4.478m), que está geograficamente fora da Suíça mas é praticamente um símbolo nacional.

Sim, é alto (Jungfrau ou Topo da Europa).
E lá em cima é gelaaaaado pacas!!!

E por falar em altura, não custa nada mencionar a chamada Doença da Altitude, que pode eventualmente acometer alguns turistas acima dos 3.000m. Ainda que não seja tão comum, algumas pessoas, especialmente após esforço físico, podem experimentar leve dor de cabeça, vômito, tontura e cansaço excessivo. O tratamento? Descansar e utilizar analgésicos comuns para a dor de cabeça.

Este terreno faz da Suíça o paraíso daqueles que curtem esportes de inverno como ski ou snowboard. Daí porque a Suíça não é apenas um daqueles destinos, digamos, contemplativos. 

Lá vocês encontrarão, além dos esportes de inverno típicos, o destino perfeito para a prática de outros esportes ao ar livre como paraglide, skydive, rafting, montain bike, caminhadas e até bungy jump – lembrou até a Nova Zelândia. O melhor lugar para estes esportes de verão/aventura é a região de Interlaken.

Ainda que a nossa tendência seja associar a Suíça a esportes de inverno
Eles têm sim muitas atividades esportivas fora da neve. Dá só uma olhada no pessoal sobrevoando Interlaken.

Mas se você quiser mesmo sossego e ficar ali só curtindo a paisagem, sugiro visitar ou até se hospedar em uma típica vila alpina, como por exemplo Zermatt, Val Fex; Werdenberg; Mürren (de onde se tem boas vistas dos picos Eiger, Mönch e Jungfrau); Lauterbrunnen e Gimmelwald que ficam também próximos a estes picos e que mais parecem cartões postais vivos.

A inconfundível Lauterbrunnen.
Gruyères.
Matterhorn

A Suíça oferece atividades para todos os gostos e interesses.

Prova disto está no fato de que se no interior do país está mais presente aquela ideia de Suíça tradicional com pequenos vilarejos e paisagens incríveis, nas grandes cidades encontramos o lado moderno e descolado dos suíços.

Ainda que bem mais tranquilas que outras grandes cidades europeias, as maiores cidades suíças são bastante cosmopolitas. Nelas, vocês encontram excelentes opções de restaurantes, hotéis de luxo, e lojas de grife.

Arte de rua em Zurich West.
Acreditem este é o carro utilizado por um hotel de St. Moritz para fazer os transfers.
Lojas na Bahnhofstrasse de Zurich, uma das ruas mais caras do mundo.

Os museus também são interessantíssimos. Aliás, para quem ainda pensa que museu é coisa chata, uma visita aos museus suíços pode ajudar a mudar esta percepção. Embora mais à diante falaremos deles em detalhe, além do Museu de História de Berna, gostamos muito do Matterhorn Museum em Zermatt e do Museu de Transportes de Lucerna – este o meu favorito por razões óbvias! Kkkk

Aqui o destaque é a mais famosa montanha “da Suíça”.
Preciso dizer que este é um dos museus preferidos do Cumbicão???

A ocupação da área onde hoje está a Suíça remonta à época do Império Romano, pois naqueles tempos as tribos celtas, principalmente os helvéticos já possuíam assentamentos no território suíço. Como nação, a Suíça surgiu em 1 de agosto de 1291 com a formação da Confederação Helvética.

E os suíços preservam muito bem suas tradições, como as famosas cornetas alpinas.

Acredito que muitos de vocês já tenham ouvido falar da figura de Guilherme Tell (ou Wilhelm Tell), certo? Se o nome não lhes soa familiar, que tal lembrar da seguinte cena: alguém acertando a maça na cabeça de outra usando apenas uma flecha. Aposto que agora vocês lembraram!

Embora na verdade discuta-se até hoje a sua real existência ou ao menos a veracidade de sua história, muitos suíços têm nele um ícone do nacionalismo local.

Lá pelos idos de 1300, o cantão de Uri era dominado pelos austríacos, mais precisamente pelos Habsburgos. Reza a lenda que um dia ao passar com seu filho por uma praça na cidade de Altdorf, Tell teria desrespeitado o dever de prestar referência a um símbolo austríaco ali existente.

Como pena, o governador local determinou que ele acertasse com a flecha de sua besta uma maçã colocada a 50 passos de distância sobre a cabeça de seu filho. Na mosca! Ele acertou a maçã e virou herói nacional, um símbolo da luta contra os invasores.

Mas não se enganem, a Suíça é um dos países mais pacíficos do mundo. Basta notar que um dos aspectos mais característicos da Suíça é a tão cultuada neutralidade.

Prova disto está no fato de que a última guerra da qual eles participaram foi em 1815 contra a França de Napoleão. Desde então, e mesmo diante de duas guerras mundiais, os suíços conseguiram não tomar partido – e nem serem invadidos.

O Leão Moribundo de Lucerna, esculpido em homenagem aos soldados mortos nas guerra contra a França de Napoleão.

Por conta disso, o país recebeu uma grande quantidade de refugiados, principalmente judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

E mais, não só o país passou a ser cultuado como um bom lugar para manter seu rico dinheirinho, como também foi escolhido para ser sede de organizações como o Fórum Econômico Mundial; a Cruz Vermelha (fundada na Suíça em 1863); a Organização Mundial do Comércio; o segundo maior Escritório das Nações Unidas; além do COI e da FIFA (esta mais recentemente).

Sede da Cruz Vermelha em Genebra.

E não pensem que esta neutralidade, ou até mesmo a existência de quatro línguas diminua o sentimento de nacionalismo dos suíços. Lembro bem que na minha primeira visita, às vésperas das comemorações pela data de fundação da nação (1 de agosto de 1291), tudo estava decorado com a bandeira nacional.

Aliás a bandeira nacional é a única no mundo em formato quadrado. Reparem, todas as demais são retangulares! A cruz grega e o design são inspirados numa bandeira de um dos cantões que por sua vez teve como fonte uma bandeira de guerra utilizada no Sacro Império Romano. O curioso é que ela também é usada em algo que para eles é praticamente um esporte, o jogo das bandeiras, uma sequência de movimentos artísticos que os competidores fazem com a bandeira.

Acho que nenhuma bandeira combina tanto com a paisagem alpina quanto a suíça.

Aliás, salvo a bandeira inglesa, acredito que poucas sejam tão claramente associadas a merchandising quanto a suíça. Basta ver que ela está retratada em vários produtos suíços, como nos relógios da Swiss Army; nas garrafas da Sigg; e nos canivetes da Victorinox; todos produtos exportação de qualidade reconhecida mundialmente.

Canivete suíço, um dos itens locais mais famosos.

Outro símbolo local é a flor Edelweiss, uma pequena e bela flor que floresce nos Alpes. Muitos produtos suíços e materiais promocionais trazem ela estampada.

A população relativamente pequena – 7.866.500 hab. (94.º) – desfruta de uma excelente qualidade de vida, tanto que o país foi eleito pela Revista The Economist, um dos melhores lugares para nascer em 2013. Talvez seja justamente por isso que muitas pessoas imigraram para a Suíça – em torno de 20% da população não é nascida lá. Uma das maiores colônias é a portuguesa.

Hoje, a Suíça ocupa o 9º lugar no ranking de desenvolvimento humano (IDH). A expectativa de vida é de 82 anos para os homens e 85 para as mulheres, o que representa a segunda maior do mundo, perdendo apenas para os japoneses.

Mesmo abominando generalizações, sempre que a gente viaja volta com uma impressão geral (não pré-conceito!) do povo visitado.

Embora muita gente diga que os suíços, como boa parte dos europeus, são frios, eu considero isto um simples pré-conceito. Veja por outro lado: já pensou se os gringos pensassem que todo brasileiro é malandro???

Quando muito, fiquei com a impressão que eles são bem reservados, discretos e muito, muito ordeiros. Já no trato, fomos muito bem recebidos. Mesmo fora de áreas turísticas, fomos muito bem recebidos pelos suíços.

Adoramos e ficamos com a certeza que foi a melhor escolha para um primeiro destino internacional do Cumbiquinho.

Digo isto porque precisávamos justamente de um destino com uma excelente infra estrutura e bem preparado para receber crianças em todos os lugares. Ficamos muito, mas muito impressionados com a Suíça neste ponto também, dos hotéis às atrações, dos restaurantes ao transporte público, ficou claro que a hospitalidade suíça é realmente incrível.

Das cidades
Até os pontos mais improváveis, como os mais de 3.400m do Jungfraujoch
Passando pelos trens da SBB, a Suíça é um lugar perfeito para quem viaja com crianças.

Por lá, dificilmente você verá aqueles típicos comportamentos de gente mal educada. Pausa… gente educada não precisa ser festeira ou mega-simpática! Basta seguir as regras mínimas de cordialidade, de respeito ao próximo e às leis para ser educado, ok?

A Suíça é um daqueles destinos que
faz a gente voltar de viagem um pouco triste. Não porque a viagem foi ruim, não. Muito pelo contrário. Eu particularmente voltei um tanto quanto chateado (para não dizer outra coisa!) por não termos o mesmo grau de respeito por aqui…


Nesta ordeira suíça, nem sonhe em atravessar a rua com o sinal de pedestres no vermelho. Não, você não será atropelado pelos carros, mas sim por vários olhares de reprovação. O mesmo vale para atravessar fora da faixa de pedestres. Não importa se os carros estão parados.

Pontualidade. Ah a pontualidade… Os britânicos que me desculpem, mas os suíços são mestres nesta arte. Reserve uma mesa para um horário e chegue antes do combinado. Provavelmente você não conseguirá sentar-se. Eles seguem os horários à risca.

Transporte público? Os horários são sistematicamente seguidos. É ponto de honra para eles; e a gente agradece!

Transporte público na Suíça é sinônimo de qualidade.
Inclusive os relógios das estações, sempre iguais, são vendidos em vários tamanhos e formatos para o público em geral.

Os suíços são conhecidos pela boa vida. E não estou me referindo à ostentação. A boa vida apreciada pelos suíços não está ligada ao luxo e à exclusividade, mas sim à simplicidade e à qualidade de vida por eles tão defendida – basta ver a renda per capita, a ausência de violência, um Estado de bem estar social eficiente, uma economia estável, e outras tantas coisas que nós brasileiros (infelizmente!) tanto invejamos. Momento sinceridade!

Cena de uma segunda-feira em Interlaken… Que vida dura!

Querem um exemplo? Algo bacana que já tinha visto na minha primeira viagem foram algumas pequenas “casas” de madeira espalhadas em grandes terrenos. A primeira e inevitável impressão que nós, brasileiros, infelizmente acostumados à outra realidade temos é: olha, até na Suíça tem favela! Que nada! Estes lugares, conhecidos como Familiengarten nada mais são que jardins onde algumas famílias plantam vários alimentos e flores. Praticamente uma minúscula chácara fora de casa. Como diria a Sra. Cumbicona, é um “quintal” para quem mora em apartamento (nosso sonho de consumo). Nos “barracos” eles guardam as ferramentas e acessórios de jardinagem.

Não é um familiengarten, mas reparem na horta no jardim da casa. Coisa comum por lá.

As regras básicas de convivência são seguidas à risca. Sejam as regras de não fazer barulho após um determinado horário, sejam as relativas à coleta de lixo. A reciclagem é obrigatória! Só para dar uma ideia os suíços reciclam 51% de todo o lixo – no Brasil temos algo em torno de 2%. Lá até mesmo nas ruas as lixeiras são separadas por tipo de lixo.

A coleta é tão seletiva que antes mesmo de descartar os recicláveis, a população deve separar vidro de PET, de papel e etc. Nada de jogar tudo junto.

Por lá, existe uma clara priorização do coletivo. Para ficar em um só exemplo, os políticos não costumam utilizar carros particulares. Carros oficiais? O que é isso? Eles vão trabalhar (sim, trabalhar!) usando transporte público no meio do povão, do qual eles fazem parte, uai! Igualzinho ao Brasil…

Claro que para nós brasileiros, existem sim algumas coisas que podem ser um pouco diferentes, por assim dizer. 

Eis alguns exemplos mais notórios que aprendi. Eles não aceitam a eutanásia, mas existe um tal de suicídio assistido. Cumpridas algumas regras bem restritivas (doença incurável e terminal, estar consciente de seus atos, dentre outras), a instituição onde a pessoa está internada pode auxiliá-la a suicidar-se bebendo uma solução letal. Só para constar: isto foi aprovado em plebiscito!

Aborto? Legalizado.

Prostituição? Profissão regulamentada.

Quer mais? Em Berna, no Hospital Lindenhof, existe um local para que as mães deixem seus filhos para adoção de forma anônima, a BabyFenster 

Sem polemizar, convenhamos; se os pais chegaram a este absurdo ponto, melhor que o Estado tenha um aparato adequado a receber a criança e encaminhá-la para uma vida plena. Bem melhor que os casos de caçamba que vemos no Brasil e que se revestem, na minha opinião, de tentativa de homicídio (desculpem a franqueza e força das palavras).

Mas eles não têm problemas? Têm sim, alguns residentes reportam que o índice de pessoas que abusam de bebida e drogas é razoavelmente alto, especialmente para um país tão desenvolvido – não notamos isto nas ruas. Eles também têm uma das mais altas taxas de suicídio do mundo – mais um ponto de semelhança com o Japão.

A riqueza do país pode ser nitidamente sentida no bolso do turista (snif!). A Suíça é, juntamente com os países nórdicos e Japão, um dos lugares mais caros em que já estive.

Os hotéis são mais caros que em outros destinos, mas em compensação o padrão geral de qualidade é fantástico.

O custo da viagem por dia foi relativamente alto. Também, com uma renda per capita da ordem de US$ 45.265 (7ª maior do mundo), não é para menos.

Apesar do custo de vida ser alto, pensando bem… altíssimo, o essencial é pago pelo Estado, mediante um financiamento parcial por parte das pessoas que contribuem pagando seus impostos – altos como comenta a Liana Soares do Ela é Americana… e que mora lá faz algum tempo. Estranho… não deveria ser assim em todo lugar???

Os suíços não pagam conta de água (mas certamente ninguém desperdiça!). Por outro lado dizem que a energia elétrica é cara! Quer ter um cachorro? Existe uma taxa de uns CHF 100 anuais para cobrir despesas com chip, limpeza pública (sim, os “cata-caca” são distribuídos pelas ruas) e etc.

E os bichanos entram em praticamente todos os estabelecimentos, exceto supermercados. Este ai ficou ali do lado de fora esperando o dono na maior tranquilidade.

Para tudo parece existir um imposto, mas por outro lado a contrapartida do Estado é excelente.

Sob o aspecto étnico, os suíços não têm um ponto distintivo em relação aos demais povos europeus. Existem pessoas de origem italiana no sudeste; alemã no centro e norte; e francesa ao oeste.

Isto nos leva a outra característica marcante da Suíça. Ao que me lembre é o único país que conheço em que são falados oficialmente quatro idiomas: alemão, francês, italiano e romanche, os quais são falados nas seguintes proporções: 63.7 %, 20.4%, 6,5% e 0,5, respectivamente.

Poderia ser uma rua qualquer de Paris…
Ou de uma cidade italiana… Mas é Suíça mesmo!

O interessante é que esta diferença de idiomas também tem reflexo no comportamento das pessoas. Enquanto que o pessoal ao centro e norte tende a ser um pouco mais fechado, os suíços do sul e oeste, região de influência italiana e francesa, respectivamente, tendem a ser mais abertos.  

Como de praxe, vale aprender o básico:  

Francês:

Oi: Bonjour

Tchau: Au revoir

Com licença: Excusez-moi

Desculpe: Pardon

Por favour: S’il vous plaît

Obrigado: Merci

Sim/Não: Oui/Non

Alemão:

Oi: Grüezi – cuja origem vem de Grüss Gott (Deus te saúda) – muito simpático.

Tchau: Auf Wiedersehen

Com licença: Entschuldigung

Desculpe: Entschuldigung

Por favor: Bitte

Obrigado: Danke

Sim/Não: Ja/Nein

Romanche:

Oi: Allegra

Tchau: Adieu

Por favor: Anzi

Obrigado: Grazia

 

Italiano:

Oi: Buongiorno

Tchau: Arrivederci

Com licença: Mi scusi

Desculpe: Mi dispiace

Por favor: Per favore

Obrigado: Grazie

Sim/Não: Sì/No

Só pelas poucas palavras acima já deu para perceber como o romanche é próximo do italiano.

Na Suíça não existe uma religião oficial, e nem deveria. Nada mais neutro que a liberdade religiosa. Lá, a grande maioria da população é cristã (79%), e destes 35% são protestantes (concentrados ao norte) e 40% são católicos (concentrados mais no centro e no sul) – existe ainda uma parcela da população que professa outras formas de cristianismo. Também é considerável a quantidade de muçulmanos e judeus.

Religião parece ser um assunto muito bem resolvido na Suíça.

Ainda que atualmente a maior figura do esporte suíço seja o tenista Roger Federer, a Suíça tem se destacado no futebol, principalmente pelos recentes resultados da seleção nacional, a qual alcançou posição relativamente elevada no ranking da FIFA, chegando a ser cabeça de chave na recente Copa – coisa que anos atrás nem se imaginava. E quase tirou os hermanos da última Copa!

Notamos que por todos os lados existem espaços públicos para a prática de diversos esportes.

Algo que pouca gente se lembra, talvez até por conta do trauma de 1950, é que a Copa do Mundo subsequente foi na Suíça. Foi a primeira a ser televisionada, e a primeira em que a seleção brasileira fez uso da camisa canarinho. O título? Foi faturado pelos alemães. Melhor voltar a falar de viagem…

Uma curiosidade a respeito de esportes na Suíça é que corridas de carros são proibidas. Juro que não encontrei a razão. Se alguém souber me conta!

Se bem que com umas jóias assim pelas ruas, quase que duvido.

Politicamente, a Suíça, ou oficialmente Schweizerische Eidgenossenschaft – mais fácil em português Confederação Suíça – é uma república federal composta por 26 cantões, algo como os nossos estados. Pois é, como pode um país relativamente pequeno (41.285 km² / 144.º) ter tantos estados??? Mas tudo funciona bem! 

O sistema federado suíço é um dos mais tradicionais existentes no mundo, pois os cantões têm uma autonomia relativamente maior que, por exemplo os Estados brasileiros.

Embora o nome oficial do país seja Confederação Suíça, vocês ainda encontrarão em alguns lugares a denominação Helvética, termo que provém da antiga tribo celta dos Helvécios que habitavam o território. É possível encontrar a denominação Confederação Helvética, ou a forma abreviada CH ainda nas placas dos carros, nos selos e nas moedas, e também no domínio da Internet (.ch).

Na prática, o sistema político suíço é bastante diferente, ao menos aos nossos olhos.

A Suíça tem um Conselho Federal que faz a função de poder executivo, e é eleito de forma indireta pelo Conselho Nacional (algo como a câmara dos deputados com 200 membros de forma proporcional à população de cada cantão) e o Conselho dos Estados (semelhante a um senado com 2 membros por cantão).

O Palácio Federal em Berna.

O interessante é que o Conselho Federal é formado por 7 membros eleitos que são alocados nas seguintes áreas Assuntos Internos; Assuntos Estrangeiros; Energia, Tráfego Meio-Ambiente e Comunicações; Economia; Finanças; Justiça e Política; e Defesa, Proteção e Esportes. Estes membros advêm dos partidos com maior número de votos.

O comando central é exercido pelo Presidente da Confederação Helvética, que é escolhido de forma rotativa entre os sete conselheiros, para um mandato de 1 ano. Caramba! O sujeito tem um ano para mostrar serviço, senão… Sabe que adorei este esquema???

Fisicamente, a sede deste é o Palácio Federal de Berna.

Como se não bastasse este modelo bastante interessante de representação política, os suíços têm a vantagem de que não raras vezes as leis federais são aprovadas mediante referendo popular. Uma petição com 50 mil assinaturas pode propor uma lei, e 100 mil já bastam para solicitar um referendo para alterar uma lei já em vigor. Que modelo de democracia hein!!!
Um destes referendos aprovou a união de pessoas do mesmo sexo. 

No mais recente plebiscito, os suíços votaram nada menos que o salário mínimo, que não foi aprovado, diga-se de passagem. Proposto em “meros” 4.000 francos suíços, ou quase R$ 10.000. É mole? Isto que eu chamo de autodeterminação dos povos!

O interessante é que a Suíça, mesmo estando no centro da Europa, não faz parte formalmente da União Europeia. O que eles têm são acordos comerciais bastante vantajosos.

Acredito que isto traz uma enorme vantagem, pois se de um lado eles se beneficiam das facilidades que os acordos comerciais propiciam, estão relativamente blindados das intempéries que podem e assolam o bloco.

Em termos de fronteiras, como eles são signatários do tratado de Schengen, é livre a circulação de pessoas entre a Suíça e os demais países europeus.

Um fato curioso é que embora a Suíça tenha uma bela sede da ONU em Genebra, filiou-se apenas em 10 de setembro de 2002, sendo um dos últimos países a fazê-lo.

Sede da ONU em Genebra.

Uma coisa que vimos muito por lá foram jovens recrutas. Na Suíça, o serviço militar é obrigatório a todos os do sexo masculino ao atingirem 20 anos de idade. Claro que lá o serviço militar é algo instrutivo/útil, os recrutas estudam por um longo período.

Interessante ver algo assim num país sem violência.

E o bacana é que quem não pode servir exército, como nos casos de problema de saúde (Einstein foi um destes “recrutas”) ou excesso de contingente, fica obrigado a prestar serviços públicos gerais, como auxiliar em hospitais e etc. 

Após o serviço militar, os recrutas que servem o exército podem (e devem) levar para casa todo o material, o que inclui o fuzil e munição, sob o compromisso de mantê-los em perfeito estado de funcionamento.

Isto pode parecer estranho para um país tão pacífico, mas a ideia por trás disso é seja possível uma rápida mobilização das tropas.

É… o figurino não é dos mais modernos. Mas os caras são extremamente bem treinados.

Uma outra curiosidade é que os suíços também exercem desde o século XVI, por meio da Guarda Suíça, a segurança papal. Quem já visitou o Vaticano deve lembrar daqueles guardas com vestes diferentes.

Assim como outros países como a Austrália e o próprio Brasil, a cidade mais conhecida, Zurique, não é a capital. A sede do governo é Berna.

Berna, na minha opinião a mais charmosa capital européia.

Muitos podem olhar os dados econômicos da Suíça e não compreender como um país tão pequeno e sem grandes riquezas naturais pode ter uma economia tão sólida.

A Suíça foi um dos países que melhor explorou o boom da Revolução Industrial. Porém, diferentemente de outros países, eles implementaram interessantes regras de proteção aos trabalhadores, como por exemplo, jornada máxima de 12 horas e proibição do trabalho para menores de 10 anos de idade. Ok, pode parecer pouco, mas tenham em mente que estamos falando do século XIX, onde valia praticamente tudo e qualquer regra assim era uma benção. Lá por volta de 1877 eles já haviam evoluído para 11 horas diárias, proibição de trabalho noturno e aos domingos e só maiores de 14 anos poderiam trabalhar.

Um dos maiores destaques deste período foi um suíço chamado Henri. Talvez o seu sobrenome dê uma maior dimensão do seu feito… Nestlé. Acho que é auto explicativo!

Fábrica da Cailler (Nestlé) em Broc.

Como o terreno suíço não permite lá grandes cultivos, muito do que se consome por lá vem de fora. E é justamente por isso que a economia local sempre esteve mais próxima dos setores de serviços e industrial.

Duvida? Basta notar que a Suíça tem a maior quantidade per capita de Prêmios Nobel e patentes registradas do mundo.

Aliás a Suíça é o berço de uma das maiores descobertas da ciência, a teoria da relatividade. Mas Einstein não nasceu na Alemanha? Sim, mas foi justamente quando ele morava em Berna (1903/1905) que ele presenteou o mundo com a sua famosa equação e a revolucionária teoria.

A imperdível mostra de Einstein no Bernisches Historisches Museum.

Quem ai nunca ouviu falar da fama de segurança e sigilo que os bancos suíços detêm? Não é à toa que eles ainda hoje (ou seria ainda mais hoje?), guardam bilhões em fortunas de não residentes. É verdade que nos últimos anos este sigilo bancário tem sido posto em xeque por governos de vários países, inclusive o Brasil (a politicaiada que o diga!).

Alguns defendem que a grande sacada dos bancos suíços foi a troca do registro das contas em 1934, quando elas deixaram de ser identificadas por nome, e passaram para o sistema de números. Mas considerar que este seja o motivo é um tanto quanto simplista e esconde um fato histórico conhecido. 

A partir dos anos 90, investigações apuraram que muitos dos valores lá depositados de forma não identificada seriam de vítimas do holocausto que foram saqueadas pelos nazistas. Depois de muitas idas e vindas, os bancos acabaram sendo condenados ao pagamento de uma indenização em favor das vítimas do holocausto. Coisa “pouca”, USD 1.25 bilhões. Pois é, as vantagens podem ser utilizadas tanto para o bem quanto para o mal.

Banco em Lugano.

O sigilo bancário definido na Constituição suíça decorre de alguns fatores. Um dos mais importantes para o sucesso dos bancos locais está na estabilidade histórica do franco suíço que, salvo exceções pontuais, variou muito pouco nas últimas décadas. Tem coisa melhor que deixar o seu dinheiro guardado em um país com economia estável?

Embora nos dias atuais seja (felizmente) pouco provável a existência de um conflito armado em nível mundial, no passado, a neutralidade militar da Suíça era outro fator a ser considerado no sucesso dos bancos locais.

O certo é que a relação de sucesso entre a economia local e os bancos gera uma espécie de paradoxo: os bancos têm sucesso por conta da estabilidade da moeda, e de outro lado, a economia vai bem em parte por conta do dinheiro que vem dos bancos. Mais ou menos como quem veio antes, o ovo ou a galinha – neste caso, ovos de ouro.

Apesar de terem uma importância muito grande na economia local, ela é muito mais do que só bancos.

Lojas de relógio são encontradas praticamente em todas as esquinas.

Os suíços são também famosos por suas seguradoras e a indústria de ponta. E não pensem que por indústria de ponta deve-se considerar apenas os famosos relógios não. A Suíça é conhecida por ter uma fortíssima indústria farmacêutica, por exemplo. Some ainda grandes empresas do ramo de alimentos, como a Nestlé.

Tudo isso faz da Suíça, apesar de seu pequeno território, a 20ª economia do mundo, com um PIB de 632,2 bilhões de dólares (dados de 2012). Claro que nada disso seria válido se não fosse a excelente distribuição de renda e uma qualidade de vida que me fez voltar de viagem com uma certa dor de cotovelo (Rsss).

Enfim, este foi apenas o primeiro de uma série de posts sobre um país que certamente tem um lugar especial no meu Top 10 de destinos de viagem preferidos, afinal não é todo dia que a gente tem oportunidade de visitar um país que é praticamente um snow globe.

No próximo post, daremos algumas dicas básicas para que vocês possam programar a sua #SwissExperience

Auf Wiedersehen; Au revoir; Arrivederci; e Adieu, como eles dizem por lá!

 

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Diogo Avila

Veja os comentários

  • Valeu!!! Vou seguir algumas dicas sua do site, vou tentar seguir os rastros da família, baseado no livro da imigração dos Kränhenbühl que vc deve conhecer e se der ir até Lucena tbm. Meu bisavó era irmão do Sr. Alfredo.

  • Diogo, legal seu post, sou da familia dos Krahënbühl tbm, e na proxima quarta feira estarei indo realizar o sonho do meu pai de visitar a Suiça, já marquei um hotel em Signau, vc conheceu alguém da família lá? Meu pai é da parte da familia que viveu em Friburgo em Campinas e depois em Indaiatuba. O que vc me recomenda ver em Signau? Tbm vamos gastar um tempo em Berna. Abração.

    • Poxa que legal!!! A família da minha esposa também é deste ramo de Indaiatuba. Olha Signau é uma cidade muito pequena, daquelas onde o melhor é curtir a tranquilidade e caminhar pelas suas ruas para ver como as pessoas vivem por ali. Mas algo que você não pode deixar de ver é a belíssima igreja que existe no topo da colina. Imperdível!
      Abraço e boa viagem!

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