Istambul

Istambul: Gálata e arredores

Gálata, parece até outra cidade!

Pode parecer exagero, mas ao cruzar a Ponte Gálata, que liga a região do Chifre de Ouro para a área mais ao norte de Istambul, chamada de Gálata, tem-se a impressão de que estamos em outra cidade.

Não menos bela e interessante, mas bem diferente daquela que vimos nos posts anteriores.

Dominada por ruas estreitas, sinuosas e íngremes, sem qualquer demérito, a região de Gálata mais parece uma cidade européia qualquer do que a Istambul com ares orientais que vimos anteriormente.

Vendo só pela foto provavelmente a maioria não reconheceria como Istambul.
Momento Nápoles em pela Turquia. Os da minha geração devem lembrar da propaganda de sorvete!

Talvez a explicação para esta diferença no visual esteja no fato de que a área foi colonizada por judeus, árabes, gregos e armênios, que trouxeram com a sua cultura, uma arquitetura um tanto quanto diferente da otomana.

Ao menos que você esteja hospedado por aqueles lados, o acesso à Gálata dá-se preferencialmente por bonde – veja aqui as dicas de como utilizá-lo.

Mas o que tem para ver do outro lado?

Saindo da região de Eminönü, a última estação do lado do Chifre de Ouro, você logo verá a Ponte de Gálata, a ponte que faz a ligação vital entre as duas metades europeias de Istambul (o Chifre de Ouro e o bairro de Gálata).

Ponte Gálata, talvez a via mais vital da cidade.

Mas Gálata não fica no lado asiático? Não, diversamente do que alguns pensam ali ainda é Europa. Para ir literalmente à Ásia, o viajante precisa, evidentemente, dirigir-se para o leste. A ponte mais próxima (Bogaziçi Kpr.) fica muito ao norte, uns 6km pela margem do estreito a partir de Gálata, sendo mais fácil fazer esta travessia do Bósforo de barco.

Para melhor entende a questão, veja mapa abaixo:


Visualizar Cumbicão – Turquia em um mapa maior

Construída em 1992, a ponte Gálata é um bom lugar para observar o ir e vir das embarcações.

Embora embaixo da ponte exista um deck para pedestres, cheio de restaurantes, cafés e bares, não recomendo uma refeição propriamente dita ali, deixe para comer em Gálata, onde existem lugares mais tranquilos e bacanas para comer.

Restaurantes embaixo da ponte.

Agora que você cruzou a ponte Gálata, sugiro que você se dirija para a Torre Gálata.

Embora não seja tão alta, o fato de estar localizada no topo de uma colina permite belas vistas.
O primeiro trecho da subida é de elevador.
Já o segundo é de escada, curta mas bem estreita.

Embora, a partir da estação Karaköy, a caminhada da ponte até a torre possa parecer um pouco confusa e as ruas sejam íngremes, o passeio a pé vale a pena. Não se caminha mais que 10 minutos até chegar lá. Vide mapa acima.

Torre Gálata foi construída pelos genoveses em 1348, como parte de uma muralha defensiva da região. Seu nome inicial era Torre de Jesus.

Com a chegada dos muçulmanos, ela passou a ter diversos usos no período de dominação: prisão, farol, armazém e até torre de observação de incêndios – também, com a vista ampla que se tem lá de cima…

Do topo, pode-se facilmente ver a ponte (Çevre Yolu) que faz a ligação entre Europa (à esquerda) e Ásia (à direita).
O Palácio Topkapi.
A Santa Sofia e a Mesquita Azul vistas da Torre Gálata.

Com 61 metros de altura e situada numa região elevada, a Torre Gálata proporciona as melhores vistas de Istambul. Como mostram as fotos deste post, uma subida ao último andar da torre é algo quase que obrigatório para quem visita a cidade.

É verdade que o mirante no topo é um pouco apertado – afinal a torre tem apenas 9m de diâmetro – e as filas podem ser um tanto quanto demoradas (levamos uns 10 a 15 minutos para subir), mas a vista vale cada centavo.

Do topo vemos a quantidade de construções antigas.
Algumas viraram hotéis e bares.

Embora exista um restaurante num dos andares da torre, nem cogitamos comer por lá. Pelos comentários que vi a época, notei que aquilo tinha mais cara de “pega turista” do que outra coisa. Mas para quem quiser arriscar, fica a possibilidade. Ali à noite são apresentados shows folclóricos de dança do ventre e de dervisches.

Uma espiada no restaurante.

Uma pequena curiosidade sobre a torre. Nela ocorreu um dos mais surpreendentes momentos da história da cidade no período otomano: um cientista turco, de nome Hazerfen Ahmet Çelbi soltou do alto da torre usando asas projetadas e construídas por ele indo até o outro lado do Estreito de Bósforo. Corajoso o sujeito!

O pôr do Sol na Torre Gálata.
Nada melhor que uma panorâmica para dar ideia da vista completa! (Clique para tamanho maior)

Anote ai. A Torre Gálata fica na Büyük Hendek Sok, funciona diariamente das diariamente das 8h às 19hs e a subida (imperdível) custa: 11TL.

A partir da torre, você pode seguir para a Praça Taksim à pé, o que pode ser bastante agradável, ou simplesmente voltar para a Karaköy e pegar o funicular direto para a praça. Como fomos dois dias para a região, pudemos testar as duas opções.

A estação do funicular mais parece de metrô!
As fichas são semelhantes às dos bondes, mas o preço é um pouco diferente.
E lá vamos nós, morro à cima!
Mas caminhar entre a Torre Gálata e a Rua Istiklâl também é uma excelente opção.

A enorme Praça Taksim é a principal praça desta região de Istambul e dali sai a Istiklâl Caddesi que é a principal rua de Gálata. Opa, rua não, é um verdadeiro calçadão de pedestres repleto de lojas.

Praça Taksim.
Isto era dia de semana e passavam das 10 da noite!

Note que a maioria das lojas aqui em nada se assemelha àquilo que se viu na região do Chifre de Ouro.

Pela quantidade de gente, lembra bem o Centro de São Paulo.
O comércio vai de lojas com bancas na porta.
Até lojas mais requintadas.
Tem até uma Saturn para eletrônicos! Preços? Até que razoáveis.
Opa, esta loja é boa!

Esta rua que a partir do século 19 passou a ser ocupada por embaixadas e consulados, é atualmente lotada de restaurantes, bares e lojas mais, digamos assim, ocidentalizadas. Nós mesmos acabamos nos rendendo a uma mega store da Nike e uma loja da GAP, onde se não fosse o forte sotaque dos atendentes, te diria que é qualquer outra capital européia, menos em Istambul.

Só mesmo no cruzamento da Ásia com a Europa para bondes,
Mesquitas, e
Galerias de arte se encontrarem!

Trata-se de um lugar bacana para caminhar durante a noite e jantar, e de quebra conhecer uma “outra” Istambul, talvez até mesmo menos turística.

Próximo post, vamos nos perder pelos Bazares de Istambul.

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Diogo Avila

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