Liechtenstein.
Se lhe pedissem para procurar este país num mapa, muito provavelmente vocês precisariam de uma lupa para localizá-lo no centro da Europa, encravado entre a Suíça e a Áustria. Afinal, com apenas 160,4 km², existem só 20 nações menores que Liechtenstein, e teoricamente você precisaria de apenas um dia para visitá-lo. Ele tem em sua maior largura 12km (pouco mais do que uma daquelas corridas de rua) e 25 km de extensão (exatamente o que percorro diariamente entre a minha casa e o local em que trabalho!).
A menos que você seja daqueles que assiste atentamente a entrada das delegações nas olimpíadas (preferencialmente as de inverno!), é possível que você jamais tenha ouvido falar de Liechtenstein.
Mas saiba que esta é uma das nações mais pitorescas que existe.
O país faz jus ao conceito de principado. Rico e pequeno!
Governado desde a sua independência do Sacro Imperador Romano-Germânico em 1866 pela mesma família real, sua população de 36 mil pessoas caberia tranquilamente num estádio de futebol. E para complicar um pouco mais, 34% da população é composta por imigrantes. Não é à toa que nas nossas viagens por ai nunca tenhamos tido a oportunidade de conversar com um liechtensteinense – sim, este é o gentílico local.
Com um território tão diminuto, e uma população reduzida, surpreende o fato de que Liechtenstein tenha a 15ª melhor renda per capita do mundo (US$ 34.000) e um dos índices de desemprego mais reduzidos que existe. Fora que ele ocupa a 24ª posição no IDH, o que denota uma excelente qualidade de vida.
Qual o segredo? Bem, oficialmente a economia está fundada na produção de dentaduras e alguns itens agrícolas como trigo, milho e vinho.
Entretanto, a realidade é um pouco diferente.
Curiosamente, Liechtenstein tem um número de empresas lá abertas muito maior do que se poderia esperar pelo tamanho de seu território e população – algo como duas empresas para cada habitante. Isto decorre do fato de que o país tem uma das menores cargas tributárias da Europa (perde apenas para Andorra).
Fora isto, boa parte da renda do país advém da atividade bancária, atividade esta em muito alavancada pelas facilidades e benefícios conferidos a quem pretender enviar seu rico dinheirinho para lá. Sabem coisa de que dinheiro chama dinheiro?
Não raras vezes Liechtenstein é apontado pelas demais nações como sendo um paraíso fiscal, como é o caso do fisco brasileiro. Atualmente o governo local vem implementando regras mais transparentes para melhorar a sua imagem no cenário internacional e acabar com esta pecha de paraíso fiscal.
Liechtenstein não faz parte da União Europeia sob o aspecto de integração total, mas mantém com esta estreitos laços que permitem que o principado seja parte do mercado único através de tratados comerciais.
Tanto que a moeda utilizada é o franco suíço, e não o euro.
Outra coisa que Liechtenstein compartilha com a Suíça é o idioma. Lá se fala alemão.
A história do país reflete bem o se caráter singular. Por volta de 1700, o príncipe austríaco Johann Adam Von Liechtenstein adquiriu algumas porções de terra na região. Quando a sua família se desentendeu com os Habsbourgs que governavam a Áustria, resolveram mudar para lá e fundar Liechtenstein oficialmente. Simples assim!
Liechtenstein politicamente é uma monarquia parlamentarista e seu chefe de estado é o príncipe Hans Adam II, que está à frente da nação desde 1989.
Diferentemente de algumas outras nações nas quais ainda existem monarquias, o poder do príncipe aqui é um pouco maior. Ele pode vetar leis do parlamento, e até propor a sua dissolução – esta deve ser referendada pelo voto popular.
O Landtag, parlamento, é composto por 25 representantes escolhidos pela população votante, não existindo a divisão entre senado e câmara. O poder executivo é um órgão colegiado formado por um primeiro ministro e cinco outros membros que funcionam como se fossem ministros; todos nomeados pelo príncipe e referendados pelo parlamento para um mandato de quatro anos.
A grande maioria da população (quase 87%) segue religiões cristãs, sendo em sua maioria católicos. E como a grande maioria é praticamente, a população local é tida como um pouco conservadora.
Até mesmo por conta do seu relevo alpino, as temperaturas são baixíssimas no inverno, e os verões amenos.
Algo com que o turista não precisa se preocupar em Liechtenstein é segurança. Com uma das menores taxas de criminalidade do mundo, a força policial não passa de 150 membros, algo que nem de longe atende a uma pequena cidade brasileira. E mais, não existe exército.
Liechtenstein não exige visto de turismo para brasileiros. Aliás, se você não prestar atenção, nem vai perceber que ao cruzar o Rio Reno, já estará em Liechtenstein e não mais na Suíça.
Para chegar lá, a sugestão é partir da Suíça ou da Áustria. Não existe aeroporto internacional, nem tampouco estações de trem interligando a capital Vaduz às demais cidades europeias. Para quem viaja de trem, o esquema é parar na estação de trem de Feldkirch na Áustria ou Buchs/Sargans na Suíça, e de lá pegar um táxi ou um ônibus até Vaduz (CHF3.40/5.80 de Buchs/Sargans, Swiss Pass pode ser usado).
Para locomover-se internamente o viajante terá que fazer uso do sistema de ônibus (não existe metrô) ou simplesmente caminhar, sempre lembrando que as principais atrações estão na capital Vaduz e tudo fica muito perto.
As tarifas de ônibus são CHF2.40/3.40/4.60, dependendo da distância, e o bilhete deve ser adquirido no interior do ônibus. O Swiss Pass é aceito na maioria das rotas.
Para maiores informações, sugiro uma visita ao site da empresa que opera o sistema, a LIEmobil.
Uma alternativa para quem quiser é alugar uma bicicleta.
Embora exista um sistema de trens, ele tem apenas 4 estações: Schaan-Vaduz, Forst Hilti, Nendeln, e Schaanwald.
Até mesmo por conta do seu tamanho reduzido, ao menos que você tenha algum interesse muito específico no país, como por exemplo esquiar, a questão de quanto tempo ficar é algo que se resolve de forma relativamente fácil.
Muitos viajantes optam por conhecer o país num bate-e-volta a partir de alguma cidade austríaca ou suíça, o que considero bastante razoável. Afinal, tudo está muito perto do centro de Vaduz.
Como nós estávamos vindo de Zurique a caminho de St. Moritz, optamos por pernoitar no principado.
Onde ficar em Liechtenstein? Nós optamos pelo Landhaus am Giess, um pequeno mas charmoso hotel cujo review completo vocês conferem aqui.
A capital do principado é Vaduz (mas se pronuncia algo como faduts), e tem apenas 5 mil habitantes. Já imaginou viver numa capital onde você conhece quase todo mundo? Fiquei com a impressão que de tão pequena, viver lá pode trazer esta possibilidade.
Vaduz é a síntese de um conto de fadas. Está rodeada de montanhas com neve o ano inteiro, é cortada por um rio limpo, e ainda por cima tem um castelo medieval pendurado num penhasco.
O interessante é que mesmo diante deste panorama meio antiquado, a cidade tem no seu centro algumas construções absolutamente modernas, num estranho contraste com aquilo que se esperaria.
O site oficial de turismo de Liechtenstein é bastante completo e traz uma série de informações interessantes.
Ainda que eu sempre vá aos postos de informação turística ao chegar a um destino, e justamente por isso aprecie muito a utilidade destes, eu jamais imaginei que um posto de informações pudesse ser uma das atrações mais típicas de um destino de viagem.
Pois é, pode parecer estranho e até ridículo aos olhos dos mais chatos, mas praticamente todos os turistas que passam por Liechtenstein, mesmo que não queiram informação alguma, fazem uma parada no posto de informações turísticas situado na Städtle para obter, ou melhor, comprar por CHF 3 o passport stamp oficial do principado.
Convenhamos, já que não existe posto de fronteira apto a carimbar seu passaporte, nada mais simpático que oferecer a possibilidade ao turista.
O The Liechtenstein Center está aberto diariamente das 9h00 às 17h00.
Mas o que visitar em Liechtenstein?
A principal atração da cidade é o Schloss Vaduz. É do alto de uma colina, num castelo pendurado no rochedo que o príncipe comanda a nação. Olhar para este cenário em pleno século 21 é impressionante.
O castelo foi construído no século XII, e embora ele pertença à família real desde 1712, ele só passou a ser a residência deles a partir de 1938 quando eles resolveram mudar-se para Liechtenstein em definitivo justamente em razão da ofensiva nazista.
Infelizmente o castelo não está aberto à visitação. Entretanto, a vista a partir da entrada do castelo compensa a subida da colina.
Quem quiser conhecer um pouco da história do principado deve visitar o Liechtensteinisches Landesmuseum. Uma das principais atrações são as joias reais. Ele fica na Städtle 43 e funciona de terça a domingo das 10h00 às 17h00 e quarta das 8h00 às 20h00. O bacana é que ele é gratuito para quem tem o Swiss Pass (CHF 8 para quem não tem).
Já os amantes da arte podem conferir o Kunstmuseum Liechtenstein que fica ali ao lado. Funciona de terça a domingo das 10h00 às 17h00 e quarta das 8h00 às 20h00 e a entrada custa CHF 15.
Um museu diferente que existe em Liechtenstein é o Postmuseum. Como o próprio nome dá a entender, este museu apresenta uma grande coleção de selos. Liechtenstein foi o primeiro país a colar selos em envelopes, razão pela qual desenvolveram uma notória especialidade na impressão de selos.
Fica na Städtle 37 e funciona das 10 às 12 e das 13h00 às 17h00 de segunda a domingo.
A Sede do Governo local fica num charmoso prédio construído entre 1903 e 1905 pelo arquiteto austríaco Gustav von Neumann. Vale conferir.
Ali ao lado fica o Parlamento, cuja arquitetura contrapõe-se ao estilo da sede do governo. A sede do parlamento tem um estilo bastante moderno. É bastante fácil de identificá-la. É um grande triangulo ocre.
Outro importante edifício em Vaduz é a Kathedrale St. Florin. Construída entre 1869 e 1873, é a catedral da cidade e onde estão enterrados o príncipe Franz Joseph II e sua esposa.
Embora os pratos locais sejam em muito influenciados pela cozinha alemã, Liechtenstein tem sim seus pratos típicos. Um deles, e talvez o mais tradicional seja o Ribel, que é preparado à base de fubá ou sêmola de trigo. Outro bastante comum é o Käsknöpfle, um tipo de massa com consistência mais pastosa e coberta de queijo derretido.
Liechtenstein tem sido reconhecido pelos seus excelentes vinhos. O principal vinhedo pertence justamente ao Príncipe de Liechtenstein. No Prince of Liechtenstein Winery, são produzidos excelentes Pinot Noir and Chardonnay. Para quem quiser é possível participar de uma degustação por CHF 23.
Mas não se bebe só vinhos em Liechtenstein. Desde 2007 está em operação a The Liechtensteiner Brauhaus, uma cervejaria artesanal que produz três tipos de cerveja (traditional lager, darker malt beer and a wheat beer), além de algumas sazonais como a Malbu-Bock; Narra-Biar; e Iisibier (esta comum no verão). Para quem quiser visitar, a cervejaria fica em Schaan.
Todo o comércio de Vaduz está no calçadão da rua Stadtle. Por ali, pequenos supermercados, alguns restaurantes e lojas. Nada mais.
E ai? Já visitou algum país tão pequeno?
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Veja os comentários
Vocês foram com crianças? O que é interessante para fazer lá com elas, já que não se pode ver o castelo?
Oi Rachel,
O nosso filho era muito pequeno, então não me preocupei em explorar atividades para crianças.
Mas acredito que os museus podem ser uma boa ideia para eles, vai muito do perfil de cada um.
Muito bem explicado este artigo! Talvez ainda conheça este pequeno país este ano. Abraço
É preciso agendar a visita a vinícula? Qual o endereço?
Infelizmente não tive tempo de visitar. Mas dê uma olhada no link deles que está no post.
Boa Viagem!!!
Oi, Diogo. Tudo bem? :)
Seu post foi selecionado para o #linkódromo, do Viaje na Viagem.
Dá uma olhada em http://www.viajenaviagem.com
Até mais,
Bóia – Natalie
Oba!!!