Assunto recorrente tanto entre os viajantes principiantes quanto entre os mais experimentados é a questão de como pagar as contas no exterior. Dinheiro? Cartão de crédito? Cartão de débito? Ou traveler cheque?
Tal questão tomou vulto nos últimos meses com a decisão do Fisco de subir a alíquota do IOF sobre as operações internacionais no cartão de crédito para “módicos” 6,38% para tentar conter os gastos dos brasileiros no exterior – o que não teve grande impacto, basta ver os dados recentes com a quebra de novos recordes.
Módicos porque para pequenos valores parece não ser nada, mas imagine o preço médio de uma passagem aérea de USD 900, e você notará quão salgada pode ficar a fatura do seu cartão de crédito: USD900 = R$ 1.440,00 aprox. = R$ 91,87 só de IOF sobre uma passagem aérea!!! Imagina sobre todo o resto.
Depois de muito ler a respeito, decidi na última viagem testar os chamados cartões de débito pré-pagos.
Existem vários no mercado, mas os principais e mais comuns são o Visa Travel Money e o CashPassport. Testei o CashPassport da MasterCard e tive uma experiência excelente.
Como funciona?
Você vai até uma casa de câmbio autorizada e solicita um cartão que pode ser, dependendo do tipo, das bandeiras Visa, MasterCard ou American Express.
Uma vez escolhida a bandeira, você deve escolher qual será a moeda padrão do seu cartão, isto é, se pretende ter como base de conversão dólares, euros ou libras (dizem que existirão outras opções no futuro).
O próximo passo é escolher qual o valor que você pretende depositar no cartão. Sobre este valor, você pagará uma alíquota muito menor de IOF, os velhos 0,38%. Algumas casas de câmbio inclusive abonam tal valor do cliente, dependendo do montante da operação.
Mas como posso usar o cartão? Você poderá efetuar saques nos caixas eletrônicos (ATM´s) de qualquer lugar do mundo em moeda local – ele converterá conforme a taxa oficial de câmbio; ou poderá fazer as suas compras como se fosse um cartão de débito comum.
Mas como tudo na vida, existem vantagens e desvantagens.
Vantagens?
a) Segurança, já que você não anda com dinheiro em espécie e o cartão tem uma senha e em caso de perda / roubo eles te mandam um novo.
b) Acabou o dinheiro? Você pode solicitar que um conhecido aqui no Brasil faça novos “depósitos” no seu cartão.
c) Alíquota de IOF menor que o cartão de crédito;
d) Taxa de câmbio menor que dinheiro em espécie (mas em alguns casos maior que o cartão de crédito – depende do seu banco);
e) Saque dinheiro a qualquer hora e lugar do mundo, em moeda local. Alguns países aceitam também saques em USD e €.
f) Sobrou dinheiro no cartão? Você pode sacar em R$ ou guardar para a próxima viagem.
Desvantagens?
a) Para saques nos ATM´s existe uma pequena tarifa que varia conforme a operadora/moeda. Já para as compras, normalmente não existe tarifa alguma se o cartão for da mesma moeda que o do país em que o saque é feito, e os cartões são muito bem aceitos;
b) Você precisa já ter em mãos o dinheiro que pretende gastar. Mas por outro lado evita endividamento e aquela fatura de cartão de crédito enorme para pagar no final da viagem;
c) Os caixas eletrônicos não disponibilizam a opção de visualização do saldo atual (pelo menos na Europa e Oriente Médio – não sei em outros lugares), o que lhe obriga a ter um certo controle das despesas.
O uso de cartão pré-pago pode sim ser uma ótima ideia, mas apenas se você estiver viajando para o mesmo país da moeda carregada nele. Explico:
Caso o saque seja feito em um país de moeda distinta daquela do cartão, por exemplo, sacar ienes a partir de um cartão em euro, o cliente terá que pagar 5,5% sobre o valor sacado. O mesmo vale para compras usando diretamente o cartão como se fosse um cartão de débito.
Conclusão tentando sair dos 6,38% do IOF, você pode acabar pagando 5,5% + um câmbio mais alto que o do cartão de crédito e a conta ficar mais cara.
Entendo portanto que o cartão vale muito a pena se for para ser usado no mesmo país da moeda de face dele, caso contrário não, pois a taxa de câmbio + os 5,5% superam facilmente os 6,38% do IOF e você ainda fica sem os pontos do cartão ou as milhas.
Complementando este post, sugiro a leitura da matéria do Ricardo Freire no Viagem na Viagem que é a mais completa que já li a respeito, trazendo inclusive a ideia de utilizar cartão de débito nacional, sim aquele do seu banco mesmo. Nunca testei esta opção e quando testar posto a minha opinião.
Boa viagem e bons gastos!
Leia também a nossa atualização do assunto em: Usando Cartão de Débito no exterior