Voos

Como é voar na Emirates: para Dubai e Tailândia

Agora é a minha vez!!!

Para mim, em se tratando de viagem, tudo começa com um sonho. E um deles era voar Emirates.

Aquela coisa meio que platônica, do tipo: um dia ainda vou para tal lugar; fazer tal coisa; e por ai vai. Eu sei que é filosofia barata, mas vocês hão de convir que sonhar é o primeiro passo para realizar algo.

Já faz um tempo que olho aquelas moças com aquele característico, e até certo ponto engraçado, chapéu vermelho e um “xale” pendurado andando pelos aeroportos e penso comigo mesmo: Um dia ainda estarei naquela fila!!!

Coloquei na minha cabeça: Um dia ainda voarei de Emirates! Para Dubai? Poderia ser. Num A-380? Melhor ainda!!!

Peraí que vou pegar aquela fila e já volto.

Eu sei… Pode parecer meio bobo, mas para quem acompanha mais de perto as notícias sobre turismo e aviação, é consenso que ela é, já faz algum tempo, uma das melhores empresas aéreas do mundo.

Este ano eles superaram a concorrência e levaram o prêmio de Melhor Empresa Aérea (World Airline Awards) na opinião dos consumidores – o que realmente conta, né?

Relativamente nova (fundada em 1985 e em operação no Brasil desde 2007), a Emirates é uma das empresas aéreas que mais cresceu no mundo nos últimos anos.

Assim como tantas outras atividades econômicas nos Emirados Árabes, ela foi impulsionada inicialmente pelos “petrodólares”, mas nos últimos anos parece ser ampliada graças ao plano de consolidar Dubai como um dos destinos turísticos mais procurados do mundo.

Naquele pedaço do mundo parece não haver sinais de crise na aviação.

Prova disto está na quantidade recorde de aeronaves A-380 que a empresa possui. São tantas (32 aproximadamente) que no aeroporto de Dubai existe inclusive um terminal exclusivo elas, o Terminal 3 inaugurado este ano. Tá bom para vocês???

Chegando ao Terminal 3 em Dubai.
Simplesmente enorme!

A voracidade deles é tamanha que não estranharia se amanhã fosse lançado um novo modelo de avião e eles encomendassem dúzias “ontem”. Reparem, sempre que algum fabricante lança um novo modelo, no topo da lista de encomendas lá estão eles com o cheque assinado!

O mapa de rotas da Emirates é coisa para travel addicted nenhum colocar defeito. São ao todo, para a data de hoje, 130 destinos diferentes em todos nos continentes, o que é notável para uma empresa tão relativamente recente. São poucas empresas que podem dizer: voamos para todos os continentes!

Eh, Dubai não é “logo ali”.
Mas também olha a vista que se tem do deserto!

Pode parecer exagero, mas não é. Estudando um pouco a respeito da empresa e comparando com as suas concorrentes, está claro que a Emirates, e outras da região, como a Etihad Airways e QatarAir estão milhas e milhas a frente das demais.

Só não consegui acreditar que o negócio seja por si só financeiramente sustentável. Basta notar que muitas vezes os preços são semelhantes (senão menores) em relação às demais concorrentes, e o fluxo de passageiros talvez seja até menor – se comparado com as rotas em que existem também empresas europeias operando, por exemplo.

Qual será a mágica? O que pode afirmar com certeza é que depois da trinca de empresas do Oriente Médio (Emirates, Etihad Airways e QatarAir), a aviação nunca mais foi a mesma. Novos padrões de qualidade foram impostos.

O fato é que, buscando um caminho para nos levar para a nossa jornada para a Ásia, topei com uma oportunidade imperdível. Finalmente voar de Emirates.

Como ainda estou em busca de uma muda daquela árvore de dinheiro para plantar aqui em casa, fiz uma pesquisa consistente para buscar não só datas que se encaixassem no nosso roteiro (que vocês conferem aqui), mas principalmente encontrar algo que caberia no meu bolso.

Olha daqui, pesquisa dali… E de repente topo com a constatação de que para o meu itinerário, a opção mais em conta seria fazer o voo São Paulo – Bangkok via Dubai, pela Emirates. De quebra ainda teria a oportunidade de voar de Phuket (nossa base para Ko Phi-Phi) direto para Dubai, onde passaríamos o final de semana antes de seguir para São Paulo.

Pronto, pacote completo.

Atualmente, considerando São Paulo como ponto de partida (eles também voam direto do Rio de Janeiro), temos diariamente os seguintes horários: o voo direto sai às 23h25 e chega em Dubai às 19h35 horário local. E o voo de volta parte às 10h15 e pousa em São Paulo às 19h30.

Em agosto passado, quando voamos, os horários eram: partida de São Paulo às 1h25 da madrugada e chegada em Dubai às 22h55; e na volta partia às 8h35 e chegava às 16h30.

Confesso que o novo horário é bem melhor para dormir!!!

Vale sempre conferir a frequência de voos atualizada.

O tempo de voo de São Paulo para Dubai é grande: 14 horas aproximadamente. Na volta são quase 15 horas (para quem nunca reparou, acredite o tempo de ida nunca é igual ao de volta). Prepare a disposição para voar! 

Já o voo de Dubai para Bangkok (pouco mais de 6 horas) tem uma frequência bem maior. Só para dar uma ideia, na mesma data que viajamos eram ao todo três voos com diferença de algumas horas entre eles.

Neste caso, se puder, pegue o EK384 às 3h05 da matina! Mais abaixo explico o motivo… Só para dar uma ideia de como é puxado, saímos às 1h25 do sábado (fora a sexta inteira de trabalho e afins, ok?), e chegamos em Bangkok por volta do meio dia horário local, ou 2h46 da madrugada de domingo! Fácil, né?

Momento “falta muito?” “Já chegamos?”

Já voando de Phuket, foram ao todo 7 horas do Airbus A340-300 da Emirates.

Moleza para quem cruzou meio mundo nesta viagem. 

No quesito pontualidade, o horário dos voos foi respeitado.

Ainda que a maioria das empresas aéreas tentem, na medida do possível ter, a maior parte da sua frota concentrada em um único fabricante para reduzir os custos de operação e manutenção, a Emirates parece ter optado pela diversidade.

Digo isto porque verificando as aeronaves com as quais eles operam, nota-se a presença de equipamentos tanto da Airbus quanto da Boeing. Dentre as principais aeronaves temos: Airbus A380; Airbus A340-500; Airbus A330-200; Airbus A340-300; Boeing 777-200; Boeing 777-200LR; Boeing 777-300; Boeing 777-300ER. Notem que não tem avião “pequeno”.

Boeing 777-300ER em Guarulhos.
A-340-300 em Phuket, Tailândia.

Para os voos entre Dubai e Brasil, eles operam com um Boeing 777-300ER praticamente novo, com capacidade para 354 passageiros; três classes (8 na primeira / suíte; 42 na executiva; e 304 na econômica); e configurado na econômica para fileiras com 3-4-3 assentos.

Como o preço da passagem varia conforme a data da viagem, recomendo checar os valores tanto no site da Emirates, quanto nos agregadores de voos Kayak;Skyscanner; e Decolar. Eu mesmo optei por comprar com a Decolar pois o valor era praticamente o mesmo que o da Emirates.

Tenham apenas em mente que, eventualmente, o que foi o meu caso, o custo de ir até Bangkok é apenas um pouco maior do que o da passagem São Paulo – Dubai, fazendo com que a “extensão” até Bangkok custe menos do que uma passagem para o Nordeste fora de temporada. E o stop-over em Dubai não custa nada a mais.

Assim, avalie se não é vantagem estender um pouco a viagem para além de Dubai. E não estou falando só da Ásia não. Tenho uma colega de trabalho que comprou uma passagem São Paulo – Sydney com a Emirates (sim, eles cruzam dois oceanos!), com um custo bem interessante.

Querem outro exemplo? O pessoal da escola de mergulho que frequento está indo para Maldivas também via Dubai com a Emirates.

Até numa viagem para a nossa vizinha Argentina, eles são uma opção. Sim, o voo Dubai-Rio de Janeiro faz extensão para Buenos Aires. Cariocas, olhem ai uma boa oportunidade para voar de Emirates.

Perceberam como eles estão “devorando” o mercado nacional? #AcordaTAM!

Ainda que aparentemente o programa de milhagens da Emirates, o Emirates Skywards, não seja lá tão atrativo em si, pois não oferece compartilhamento de voos / pontos com as empresas aéreas brasileiras, nem faça parte de uma das duas principais alianças, a Star Alliance e a One World, ainda assim não se deve deixar de utilizar os pontos. Update: em outubro de 2016, a Emirates e a GOL firmaram um bom acordo para que você possa voar tanto na Emirates pontuando na GOL, quanto o contrário – espero que a parceria seja duradoura, a gente agradece!

Como dificilmente irei voar com a Emirates o suficiente para juntar as milhas necessárias para emitir um bilhete gratuito (gostaria de estar errado!), optei por cadastrar os pontos dos voos da Emirates junto à TAP, no Victoria TAP. Poderia também ser na Qantas (momento saudades…); na South African Airways; ou nestas outras, mas para mim seria igualmente difícil juntar nas demais empresas ali relacionadas.

Ainda que tenha apresentado o número de fidelidade no check-in, eles não foram automaticamente creditados pela TAP. Tentei pelo site e nada! Enviei um simples e-mail para o Victoria TAP e eles creditaram em dois dias. Excelente!

Deixo como sempre a recomendação de verificar, antes do seu voo, em que aliança está a empresa na qual você voará, pois estes acordos de milhagens mudam com uma frequência incrível.

Tanto em São Paulo quanto nos demais pontos de embarque, o check-in foi bastante rápido e tranquilo. Em São Paulo, uma vantagem adicional é que dado o horário do voo, o aeroporto está praticamente vazio. 

As malas, como de praxe em conexões como esta, foram diretamente para Bangkok.

franquia de bagagem permitida para despacho nos voos Brasil-Dubai (e vice-versa), ou Dubai – Oriente, era de duas malas com no máximo 32kg cada (vide regras atuais no site da empresa). Nunca é demais lembrar: se você for realizar algum outro voo interno ou até regional, deverá considerar os limites impostos pela empresa com menor franquia de bagagem.

Já vi muita gente se lascando porque foi até um destino que permitia duas malas de 32kg e teve que pagar excesso de bagagem ao fazer o check-in num voo onde permitiam apenas um volume de 23kg.

Para maiores informações, dê uma olhada na página atualizada da Emirates.

Para bagagem de mão, o limite é de 10kg na econômica – uma mala apenas. Suficiente!

Antes que eu me esqueça, alguns podem perguntar a respeito do serviço prestado pela Emirates de emissão do visto de Dubai. Trataremos disto num post próprio, dentro da série sobre este destino.

Vamos ao voo propriamente dito.

Não tenho dúvidas que a era do luxo dos voos internacionais já passou faz tempo, mas alguns pequenos mimos e uma cordialidade extra não fazem mal a ninguém.

Neste ponto, a fama de bom serviço de bordo da Emirates justifica o prêmio concedido.

A bordo os atendentes são extremamente atenciosos e educados. Confesso que fazia muito tempo que não via um tratamento assim. 

Uma coisa muito simples, mas que muitas empresas esquecem, apesar de ser muito importante em voos mais longos, é a programação das refeições e controle da luminosidade. Pude notar que eles se preocupavam em fechar as janelas durante certos horários, justamente para facilitar o sono dos passageiros. Algo simples, mas com um enorme efeito para nós passageiros.

Ao apagar tudo, eles iluminam o teto com pequenas luzes, para simular o céu estrelado. Exagerado? Sinceramente eu achei interessante, mas que deve gostar mesmo são as crianças.

Vale ainda destacar algo muito simples, mas que nem todas as empresas oferecem na econômica. Toalha quente. Enquanto a maioria das empresas oferecem aqueles lenços umedecidos e para lá de industrializados, na Emirates os comissários passam pequenas toalhas quentes e úmidas. Bem melhor!

Nesta mesma linha, dois outros fatos chamaram a atenção.

O primeiro deles foi o anúncio durante o voo Dubai-Bangkok de que a equipe de bordo estava apta a falar nada menos que 23 idiomas. Putz, pensando rápido fica até difícil elencar tantos idiomas. A lista parecia interminável. Praticamente uma babilônia voadora!

Claro que não poderia faltar o bom português falado por um jovem comissário de bordo brasileiro. Olhando assim, contei umas seis nacionalidades diferentes atendendo os passageiros. Numa empresa de alcance global nem poderia ser diferente.

O outro episódio foi o seguinte… estava eu assistindo um filme e de repente vejo que lá na frente alguém bate uma foto com flash. Ok, muita gente bate foto em avião, inclusive este que vos escreve, senão não teria como ilustrar os relatos – mas sempre sem flash.

Mais alguns minutos, outro flash. E outro. Quando olho no corredor, uma das comissárias estava carregando uma Polaroid e um daqueles típicos chapéus das comissárias. Ela oferecia, gratuitamente é claro, fotos às passageiras usando o típico traje.

A senhora ai sentada é passageira, ok? Kkkk

Ache você mico ou não, vamos combinar, é simpático demais!

A extrema cordialidade no serviço da Emirates não se limita ao pessoal de bordo. No terminal deles no aeroporto de Dubai, é possível encontrar vários quiosques como o abaixo no qual são fornecidos carrinhos de bebê para serem usados dentro do aeroporto. Assim você pode já despachar o seu logo no check-in.

Comodidade para o passageiro e agilidade no embarque, assim não fica aquela fia de carrinhos para serem embarcados no finger.

A Emirates sabe muito bem como capitalizar a fama que alcançou. Ainda no aeroporto de Dubai (do qual falaremos mais à diante), eles têm uma loja de souvenires cheia de coisas interessantes para quem gosta de aviação. Não da para sair de mãos vazias.

Ainda mais para o Cumbiquinho, afinal este foi em tese o primeiro voo dele!

Ainda que na econômica… O que? Pensaram que fomos de executiva ou first class? Ai, por enquanto, é demais! #AindaChegoLa – o espaço interno é bem satisfatório.

No Boeing 777-300ER configurado para 3-4-3
O espaço para as pernas era bom.
Reparem que mesmo com 1,83m consegui ter uma certa folga para as pernas.
No voo Phuket-Dubai, no A-340, configurado para 2-4-2,
o espaço entre as poltronas já não era tão grande.
E o sistema de entretenimento era menos sofisticado, mas ainda bom.

Banheiros limpos e bem cuidados. Algo essencial num voo longo assim.

Assim como a maioria das empresas que fazem voos mais longos, a Emirates fornece uma simpático kit conforto (escova, tapa olhos, e meia), mais os essenciais cobertor e travesseiro. Adorei o estojo, muito útil! 


No voo Phuket-Dubai, não foi fornecido o kit conforto – talvez pela distância ser bem menor. Mas providenciaram cobertor e fones de ouvido.

O sistema de entretenimento a bordo é um dos motivos de orgulho da Emirates. Justificável, afinal as opções, todas on demand (assiste-se quando quiser), são muito variadas.

O sistema ICE tem mais de 1.500 opções de canais entre filmes, desenhos, jogos, seriados e programas de TV. Não será por falta do que ver que você ficará entediado.

Nas poltronas, uma tela widescreen, aquele controle destacável padrão, e portas de energia e USB formam a unidade ICE disponível aos passageiros. Por ora, o melhor que já vi.
Na tela, 38 canais de filmes (imagina quantos filmes em cada um…).
Canais de esportes.
Tem até alguns programas da TV brasileira.
O Duty-Free pode ser solicitado pelo catálogo online.
E informações sobre o destino.

As telas widescreen, de alta definição, são relativamente grandes se comparadas àquelas de outras empresas que já foram objeto de flight review aqui no Cumbicão.  Tem também porta USB para quem quiser usar a tela para ver fotos, ouvir suas próprias músicas ou seus livros em PDF.

Além dos filmes, cuja programação está disponível aqui, é possível conferir aquelas informações de voo que são disponibilizadas individualmente, ou até mesmo conferir as câmeras de voo que mostram em tempo real o que se passa lá fora (decolagens e pousos também!).

Na fila!
Duas câmeras para quem quiser ver para onde se está indo,

Se nada disso lhe entreter (se é que isto é possível!) há a possibilidade de contratar o serviço de internet wireless que é oferecido, por enquanto, em um número limitado de aeronaves. Pago à parte.

E não é que funciona??? Claro que também tem tomada para recarregar o aparelho (sempre 110v).

As refeições, bem preparadas, estavam um pouco acima da média se comparadas às outras empresas nas quais voamos. Claro que ainda é “comida de avião”, mas mesmo assim estava muito saborosa. A apresentação fala por si só.

Na ida, eles serviram um café da manhã e almoço, e entre estas refeições snacks e empanadas. Notem que como viaja-se boa parte do trecho sob a luz do dia, ou seja, durante o dia, perde-se a noção do que é efetivamente café, almoço ou janta! 

Cordeiro.
Frango nem parecia “de avião”. E nada de talheres de plástico!
E um café da manhã.

Na volta para São Paulo, foi o mesmo esquema, substituindo-se as empanadas por pequenas pizzas.

Seguindo uma tendência que de atual não tem nada (pois era comum no passado), a Emirates tem o cuidado de, mesmo na econômica, colocar em cada assento o menu com as refeições e opções que serão servidas no voo.

Dois menus para ilustrar: no voo Dubai-Bangkok, além da refeição, eles ofereciam Cup Noodles para quem ainda tivesse disposição de comer algo mais. Aja disposição!
Serviram até salada com salmão defumado!

Ainda que já tenhamos visto isto em muitas empresas (conforme já relatado aqui), infelizmente ainda é comum, mesmo entre as grandes aéreas simplesmente omitir a informação. Quanto custa??? Você já fica sabendo se irá ou não dispensar a refeição.

Só para dar um exemplo comparativo, mês retrasado voamos com uma conhecida empresa norte-americana que sequer se dera a tal trabalho. É o famoso “chicken or pasta?” quando o comissário passa. Parece até “bandejão”.

Aliás a Emirates fornece pequenos adesivos para serem colados no encosto, por meio dos quais os comissários já sabem se você quer ou não ser acordado para as refeições ou duty-free a bordo. Acreditem, quando fui para o Japão no início dos anos 80 a JAL já fornecia isto, mas só na primeira classe.

Simples e eficiente!

Isto é respeito e atenção ao passageiro. Repito: qual é o custo??? Zero!!!

Como se não bastasse o “pacote” Emirates que montei cair como uma luva em termos de custo benefício, ainda topei com a oportunidade de, com um pequeno custo adicional, trocar o horário do meu voo de Dubai para Bangkok para poder fazer o trecho no AirbusA-380.

Certamente o melhor momento “E lá vamos nós” do ano!
Pensa numa pessoa alucinada!

Pois é, lembram que falei para, se possível pegar entre Dubai e Bangkok o voo EK384? Então, ele é feito no A-380.

Para quem não sabe, o A-380 é o maior avião comercial em operação na atualidade.

Após uns 10 anos de desenvolvimento, o primeiro protótipo levantou voo em 2005, e dois anos depois algumas as empresas aéreas passaram a operá-lo. A Emirates a partir de 2008.

Aliás para quem se interessar, recomendo procurar pelos especiais dos canais Discovery e National Geographic que mostram todo o processo de desenvolvimento e construção deste gigante dos ares. Muito bacana!

Nele foram empregadas novas tecnologias, como o GLARE, um composto de finas lâminas de alumínio com fibra de vidro que confere à parte superior da fuselagem, excelente resistência e uma importante redução do peso da aeronave (800kg a menos). Num avião deste tamanho, qualquer redução é muito bem vinda.

A primeira vez que vi um A-380 da Emirates foi em Sydney.

Assim que lançado, diversas empresas entraram na lista de espera. Sim, demora bastante para fabricar uma unidade. Ao todo, já são 18 empresas que têm encomendas ou unidades entregues (infelizmente nenhuma brazuca!).

Atualmente, salvo engano, apenas Air France; British Airways; China Southern; Malaysia Airlines; Thai Airways International; Emirates; Korean Air; Lufthansa; Qantas; e Singapore Airlines operam com o A-380.

Preciso dizer quem tem a maior quantidade de aeronaves deste tipo??? Sim, a Emirates tem 32 unidades, das 90 (!!!) encomendadas. Perceberam a voracidade dos emiradenses (sim este é o gentílico)? 

Infelizmente o layout do aeroporto não me permitiu aquela típica foto de quem está na sala de embarque… Mas sendo os primeiros da fila (momento ansiedade On) tivemos a oportunidade de ver o avião vazio, o que aumenta inda mais a noção de como ele é grande dentro.

São ao todo 489 lugares. Claro que a quantidade de assentos varia entre as empresas, pois cada uma usa uma configuração diferente de assentos. Se configurassem ambos os andares para classe econômica, teríamos mais de 800 passageiros.

A Emirates tem em Dubai salas de embarque individualizadas para os A-380.
Some a foto anterior e esta, e vocês terão uma idéia da quantidade de gente que havia a bordo.
Só vendo a quantidade de poltronas do avião para acreditar que caberia todo mundo.

Nos aeroportos ele é identificável, pois é o único que tem dois andares em toda a sua extensão, diferenciando-se visualmente dos “Jumbos” que só tem dois andares na porção frontal da aeronave, formando aquela “corcova”.

Um A-380 da QANTAS ao lado de um “Jumbo” no aeroporto de Sydney.
Nunca imaginei que acharia o “Jumbo” pequeno…

Fora isso, eles serão facilmente notados pelo seu tamanho. Já vi muito avião grande parecer teco-teco perto deles. Lembro que a primeira vez que vi um destes foi no ano passado na África do Sul. Impressiona.

Também, são 72,75m de comprimento; 79,80m de envergadura e 24,08m de altura. Só para comparar, os Boeing 747 (Jumbos) têm 76,4m de comprimento; 68,5m de envergadura e 19,4m de altura. Ou seja, o A-380 é mais 4m mais curto, mas tem 3m a mais de envergadura. E mesmo assim parece ser muito maior.

Certa vez li que uma das maiores dificuldades na construção desta aeronave foi ajustar o tamanho das asas para o tamanho da fuselagem e peso. Basicamente, quanto maior o avião, maior tem que ser a asa, justamente para garantir a sustentabilidade. Traduzindo… voar.

Como não dava para fazer uma asa mais comprida, tanto pelo problema de não caber nos pátios de manobra dos principais aeroportos, quanto pelo problema de resistência – é fácil imaginar que uma asa muito longa tende a ser menos resistente.

Solução? Fazer uma asa mais larga e com um novo desenho, o que aumenta a superfície e consequentemente a sustentação no ar. Vejam que o comprimento das asas não é lá muito maior que das demais aeronaves.

Um A-380 da AirFrance e outro da Lufthansa em Joanesburgo.
Olhando assim de trás fica mais evidente a curvatura da asa.

O resultado disso, podemos sentir a bordo. Assim como muitos, eu imaginava que para levantar voo ele precisaria de muito mais pista. Porém na prática, a coisa me pareceu bem diferente. Ainda que não tenha dados concretos para dar a real medida, ficou claro que ele levantou voo com uma velocidade bem menor e usando bem menos pista que a maioria das aeronaves em que já voei. 

Já no pouso, ele demanda mais pista. Isto tem levado muitos aeroportos a adequar suas pistas para recebê-lo.

Durante o voo, fiquei com a impressão que a aeronave é significativamente mais silenciosa.

Uma curiosidade. Atualmente, o voo sem escalas mais longo que se pode ter a bordo de um A-380 é o Dubai-Los Angeles. São “só!” 16h25 na ida; e 15h50 na volta para percorrer os 13.420km que separam as duas cidades.

Vai gostar de voar assim lá nos cafundó!

Normalmente, as empresas configuram esta aeronave para ter no andar superior, a primeira classe na parte da frente (com suítes privativas), e atrás a executiva. Para subir, em ambas as extremidades, amplas escadas.

Escada traseira.
Amplos corredores deixam os banheiros mais isolados.
Nos corredores, bebebouros. Excelente!
A escada frontal. Pena que não deu para subir!
O banheiro de avião mais limpo (e chic) que já vi!

No andar superior, há um lounge que faz as vezes de bar, onde os passageiros podem esticar as pernas enquanto tomam algo. Fora isso ainda tem chuveiros, sim, vocês leram certo, dá para tomar banho e chegar literalmente novo no destino.

E como o próprio nome já diz, as poltronas da primeira classe são na verdade pequenas suítes com camas e porta. Isto deve garantir privacidade e uma boa noite de sono.

Se alguém quiser bancar vou lá testar e volto aqui para contar. Pensando bem… Sei não se volto!

Preciso dizer que não pode subir??? Confesso que tentei dar um jeitinho junto com o comissário brasileiro, pelo menos após o pouso… Ele até prometeu, mas não rolou. Fica para a próxima, mas quem quiser ter uma idéia de como é, pode conferir aqui ou neste vídeo onde o Kris Trexler, seguindo de Bangkok para Hong-Kong no mesmo EK384, mostra como é voar de primeira classe no A-380 da Emirates.

A rota.

O serviço foi, em todos os aspectos, da mesma qualidade que experimentamos no voo São Paulo-Dubai-São Paulo. Nada diferente.

Na parte de baixo a quantidade de assentos na classe econômica assusta. Pense comigo, sentamos quase que no fim da aeronave, assentos na fileira 82 (poltronas F e E), e ainda tínhamos 6 fileiras atrás. Nunca andamos tanto para chegar na poltrona. Normalmente num avião, as últimas fileiras estão em torno do número 40 e pouco.

Detalhe, segundo o site SeatGuru, de que já falamos aqui. Este é um dos melhores assentos da econômica nesta aeronave. Todavia, ao pré-reservar este assento, já fomos informados de que se aparecesse alguém com criança de colo, seríamos gentilmente realocados. Normal, questão de prioridade.

Felizmente, conseguimos ficar ali. A foto abaixo mostra o grande espaço para as pernas.

Neste caso a tela, como de praxe, sai do apoio de braço.

No A-380 da Emirates que voamos, a configuração era 14 suítes (primeira classe); 76 assentos na executiva; e 399 na econômica. Nesta, a configuração das poltronas era 3-4-3 poltronas por fileira.

O bacana é que mesmo com esta grande quantidade de passageiros, os compartimentos para bagagem de mão são enormes.

Dada a quantidade de passageiros, são necessárias várias adaptações nos terminais de embarque. A primeira e evidente é uma maior distância entre as aeronaves dada a sua grande envergadura. Ou seja, os portões de embarque têm que ser mais distantes uns dos outros.

A segunda é que pela grande quantidade de passageiros, o embarque e desembarque por meio de um único finger (aquele túnel que leva da sala de embarque à aeronave) levaria uma pequena eternidade. Em Dubai, notamos no mínimo três fingers. Dois para o andar inferior e ao menos um (talvez dois???) para o andar superior.

E o povo ainda fica achando que tem aeroporto no Brasil apto a receber esta aeronave em operação comercial… Na realidade de hoje, só demonstrações sem passageiros mesmo.

Imaginem então a esteira de bagagem… numa situação normal, seriam “só” 978 malas – considerando dois volumes para cada um dos 489 passageiros.

#AcordaBrasil!

Em Dubai, não só o porte das esteiras,
Mas principalmente a quantidade delas impressiona.

Enfim, embora voar numa aeronave tão grande possa parecer algo aterrorizante para alguns, é fato que este tipo de avião será, na minha opinião, a tendência nas rotas mais longas.

Se isto será capaz de reduzir os custos das passagens, só o tempo, e a transparência das empresas dirá.

Se você gosta de viajar, e principalmente de aviação, anote ai na sua wish-list: Voar de A-380!!!

E quanto à Emirates, se você estiver indo para Dubai, ou outro destino na Ásia (ou ainda Oceania), cogite ir de com eles.

Você pode se surpreender ao ver que ser bem tratado pode custar menos do que se imagina.

É a prova de que atualmente a aviação não se faz só com empresas low cost (com seu justo e excelente papel no mercado) ou com aquelas que chamaria de pseudo low cost, que cobram valores “normais” e servem “barrinhas de cereais” – a rima não foi proposital, mas que veio a calhar veio!!!

Emirates, mais uma que eu curti muito voar e aprendi a admirar.

Não deixe de conferir o nosso review do último voo realizado com a Emirates, desta vez com crianças!

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Diogo Avila

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