Se você se encantou pelas belezas do Deserto do Atacama, é a hora de conversarmos um pouco sobre onde se hospedar por lá e como foi a nossa estadia no Hotel La Cochera.
Diferentemente de outros destinos de viagem, especialmente aqueles situados em praias famosas ou metrópoles, a oferta de hotel no Deserto do Atacama não é tão grande quanto se imagina.
Não espere encontrar grandes redes de hotéis internacionais tampouco hotéis de grande porte, com centenas de quartos.
Lá predominam estabelecimentos menores.
Em sua maioria são hotéis pequenos, com uns 10 a 30 quartos, e alguns poucos resorts com umas poucas dezenas de quartos a mais, embora sim com uma infraestrutura mais completa.
De outro lado você tem uma quantidade bem razoável de pousadas e hostels que atendem super bem quem tem um estilo de viagem mais mochileiro.
Se você não está com um orçamento de viagem que comporte os gastos mais elevados de um resort no meio do deserto – sim no Deserto do Atacama existem alguns bem interessantes – e também não deseja algo demasiadamente despojado como um hostel, as opções acabam dicando bem restritas é verdade.
Penso inclusive que exista talvez aqui um nicho pouco explorado.
Não é possível que a maioria dos turistas que se encantam com as atrações do Deserto do Atacamae lotam a rua Cararoles estejam assim tão bem acomodados nos dois extremos acima citados.
Por isso, somando ainda a questão da localização que detalharei mais a diante, achei que o La Cochera acabou sendo um achado, mesmo com alguns pontos de melhoria que citarei ao longo deste post.
Vamos então à estadia no Hotel La Cochera.
Vou começar por aquilo que eu realmente amei no Hotel La Cochera e o que faz dele uma hospedagem a ser considerada nas suas buscas de hotel no Deserto do Atacama: a sua localização.
Como estávamos sem carro alugado justamente por termos optado por conhecer o Deserto do Atacama com um guia especializado, precisávamos de um hotel que estivesse ao menos uns 2km da rua Caracoles.
Sendo ela o local onde estão algumas das poucas atrações de San Pedro de Atacama, e onde estão praticamente todas as lojas, bares e restaurantes da cidade, me pareceu ser essencial não ficar mais do que alguns poucos minutos de caminhada dali.
Teria sido realmente terrível ficar em um hotel mais distante. Seja no sol escaldante do dia ou no frio da noite, caminhas por San Pedro de Atacama, só mesmo se for para passear pela região central. O restante é inóspito e empoeirado.
Dito isso, da porta do hotel até a esquina da rua Caracoles são exatos 119m em linha reta e plana. Melhor que isso impossível.
Adicione ainda que ele está numa vizinhança bem tranquila. Nada de restaurantes e bares com som alto à noite – algo que é comum a outros hotéis da região.
Vamos agora para aquilo que eu não gostei muito, o quarto.
O hotel tem basicamente quatro tipo de quartos que se diferenciam apenas quanto à quantidade de camas. São quartos duplos, triplos, quádruplos ou cabana que comporta até 6 pessoas.
O nível de conforto e acabamento é o mesmo para todas as opções.
Se você já leu algum review de hotel aqui no Cumbicão sabe que a gente já ficou em tudo quanto é tipo de hospedagem, desde resort em ilha paradisíaca até um Airbnb mega simples no centro de Havana.
Acreditamos que hotel bom é hotel que entrega o quanto se paga pela diária (lembre-se disso) e que tem o combo mínimo de conforto + limpeza.
Dito isso, coloco mais um ponto para considerar: estamos falando de um hotel no Deserto do Atacama, o que pode ser simples sim. E tudo bem.
Mas, tem coisas, simples que dá para melhorar.
Vamos falar primeiro dos pontos positivos.
Olhando o quarto nas fotos, fica claro que ele tem um tamanho excelente. Mais pura verdade.
Em três, conseguíamos abrir as malas e circular muito bem.
Também fica claro que a decoração combina com o clima de deserto. Igualmente beleza.
Tem alguns pontos que podem parecer bobagem, mas experimente ficar em um quarto de hotel sem eles e avalie depois a experiência como um todo.
O primeiro é a ausência de frigobar. Como pode um hotel no deserto, onde você naturalmente e até por questões de saúde precisa ingerir mais água não tem frigobar?
Eles oferecem internet wi-fi, mas faltam tomadas para carregar os telefones. Havia apenas uma tomada no quarto e outra no banheiro.
Precisava carregar outro celular, máquina, drone? Precisava desligar um dos abajures (prejudicando ainda mais a iluminação já ruim do quarto) ou usar a do banheiro (nada recomendável, né?).
Lugar para apoiar a mala? Não tem! Fiquei me perguntando o quanto custaria colocar um daqueles racks dobráveis que tantos hotéis têm. Se você tem malas de bordo como a gente tinha, até dava para abrir duas de cada vez no batente da janela, mas ai não se fecha as cortinas?!?!
Isso obriga quem tem mala grande a abrir em cima da cama (acho pouco higiênico – sim, sou chato!) ou abrir no chão. Aqui como você verá a seguir tem um problema de oito pernas longas e peludas…
TV? Cofre? Black-out nas janelas? Nada!
Não tem sequer uma mesinha de apoio ou cadeiras para você sentar.
Sejamos justos, tem um aparelho que supostamente funciona como ar-condicionado / aquecedor.
Por mais que durante o dia o quarto seja bem iluminado, quando escurece fica muito escuro. Economizaram tanto na iluminação que nem dá para ver direito à noite. Adicione isso ao próximo ponto.
Ok, elas não são nem de longe nojentas e aliás, onde elas estão é pouco provável que outros bichinhos desagradáveis estejam presentes.
Estou falando de aranhas.
Logo que entramos no quarto coloquei alguns pertences na beirada cama e duas pequenas aranhas pularam neles.
Eram pequenas, sim. Mas sou daqueles que acredita que onde há filhotes, quem pariu tá perto…
Pedi para darem uma limpada geral no quarto e aplicarem um inseticida. Fizeram durante o dia, mas à noite, na penumbra do quarto mal iluminado quem estava lá perto do teto? Uma aranha marrom de uns 10 cm.
Como com aranha marrom não se brinca, torrei o restante de inseticida e quase brinquei de “lata ao alvo” para ter certeza do óbito da dita cuja. Aqui talvez você tenha percebido que tenho pavor de aranha!
Entendeu porque não daria para deixar as malas no chão? Eu já tive uma situação de aranha ainda maior do que esta entrando na mala e foi um caos…
Depois olhando o quarto com atenção, notei que a quantidade de frestas nas portas e janelas são enormes. Dai ter estas “amiguinhas”…
Passemos ao banheiro, onde a situação não era muito diferente.
Tem secador de cabelo? Tem não!
Tomou banho, a toalha está molhada você faz o que? Pendura que na secura do deserto ela seca né? Sim, mas para isso precisa ter um simples pendurador de toalhas no banheiro, o que falta no La Cochera. Assopra que seca!
Por outro lado, sobra vazamento. Havia um considerável embaixo da pia, para dar aquela molhada básica no chão do banheiro inteiro.
Embora seja minimamente esperado, mas eu diria que foi até positivo diante do cenário ter um chuveiro com água abundante e quente.
Em resumo, eu diria que é o mais perto que já tive de um acampamento sob um teto rígido!!! Talvez uma cocheira mesmo.
Apesar das aranhas, não posso dizer que o quarto não era limpo. O banheiro, embora demandasse uma manutenção considerável também não aparentava ser sujo.
Como nem tudo é ruim e um dos valores aqui no site é ser realista, devo dizer que o café da manhã era bem interessante considerando a simplicidade do hotel, é verdade.
Tinha aquele básico bem feito: pão, bolo, queijo/frios, iogurtes, algumas frutas, cereais, suco e café. Tudo fresquinho.
Algo bastante comum, como comentado nos posts anteriores desta série sobre o Deserto do Atacama é que você precisa sair tão cedo para alguns passeios que os hotéis fornecem uma lunch-box.
Nada mais é do que um café da manhã (não tão interessante quanto o presencial, é verdade) para você comer no caminho.
Diferentemente de muitos hotéis ali mais perto da rua Caracoles, o La Cochera tem uma piscina que embora não seja grande, é bem cuidada e pode ser interessante para relaxar depois de uma caminhada pelas atrações locais.
Apenas tenha ciência de que por mais que esteja calor a água é congelante.
Ah, já ia me esquecendo se mesmo diante dos meus comentários nos posts anteriores você resolver alugar um carro no Deserto do Atacama, o hotel La Cochera tem estacionamento gratuito.
O atendimento do hotel me deixou a impressão de que o as falhas estão nos detalhes e na manutenção das coisas, especialmente no quarto.
Isso porque sempre que precisamos da pessoa que ficava na recepção, seja para fornecer informações ou uma lata de inseticida, eles foram super atenciosos.
Todas as vezes que precisamos, as nossas lunch-box estavam prontas com muito cuidado e no horário combinado.
O primeiro passo para um bom hotel é o lado humano, o resto é mais fácil de resolver.
Bem a esta altura você deve estar imaginando que pagamos uma pechincha pelas diárias, certo?
Então… não!
Acreditem, cada diária com café saiu por nada menos do que R$ 1.000 ou aproximadamente U$ 200, o que eu acho um absurdo para um hotel desta qualidade.
Não conheço nenhum lugar no mundo onde eu tenha pago tanto por tão pouco.
Aliás, faz um tempo que tenho ouvido pessoas, inclusive os locais, que o Chile está muito caro.
Ok, caro e barato é relativo. Mas quando você coloca do outro lado um custo benefício tão ruim, dura notar quanto este hotel no Deserto do Atacama foi uma experiência cara.
E vocês? Em que hotel no Deserto do Atacama ficaram? Têm alguma sugestão de estadia lá?
E aí? Gostou? Se quiser reservar este e outros hotéis, dê um clique no banner do Booking.com e faça sua reserva, assim você ajuda na manutenção deste blog e não paga nada a mais por isso!
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