Belas paisagens na janela e interessantíssimos pontos de parada no caminho, uma viagem de carro entre Lisboa e Porto (ou vice-versa) guarda muito mais surpresas do que estas duas grandes cidades. Este clássico roteiro oferece ainda interessantíssimas cidades menores que valem ao menos uma rápida visita. Neste post, vamos conversar sobre três cidades para você conhecer na viagem entre Lisboa e o Porto.
Não tenho dúvidas de que alugar um carro em Portugal é a melhor opção para você que deseja percorrer o país de norte a sul. O que eu não sabia era que no caminho encontraria tantas cidades interessantes.
Talvez você esteja se perguntando porque eu decidi não pernoitar ou passar mais tempo nestas cidades.
O primeiro motivo era realmente tempo, já que tínhamos apenas duas semanas em Portugal e muitas atrações tanto em Lisboa quanto Porto, não me pareceu fazer sentido passar mais do que algumas horas nas cidades abaixo.
Segundo ponto é que são cidades com um número reduzido de atrações e que estão concentradas em uma área relativamente pequena, o que facilita a sua visitação.
Mas isso não significa que dá para ver todas estas cidades em apenas uma perna da viagem.
Veja que estamos falando de um trajeto que por si só já consome umas 3 horas (314km), então eu acho mais tranquilo escolher duas cidades para visitar na ida e deixar uma delas para a volta se você for voltar pelo mesmo caminho.
Dando o zoom nas cidades, você encontra todas as atrações aqui citadas marcadas no mapa para facilitar o seu passeio. Beleza?
Partindo de Lisboa, a nossa primeira parada foi a cidade litorânea de Nazaré que tem pouco mais de 10 mil habitantes e é conhecida por ser a mais pitoresca cidade da Estremadura.
Se você estiver viajando no verão, dá para aproveitar para passear pela praia. Mas se estiver por lá no inverno, uma visita à costa pode ser igualmente interessante, mas desde que bem longe das ondas do mar.
Sim, a água é super gelada no inverno! Mas o principal problema para entrar nas águas de Nazaré nem é tanto a temperatura, mas sim aquilo que atrai tanta gente para as encostas dos penhascos da região central da cidade: as ondas gigantes.
A partir de 2011, a cidade virou uma espécie de santuário para os surfistas de ondas gigantes quando Garrett McNamara surfou uma onda enorme ali. Não demorou muito para surfistas do mundo inteiro, inclusive a nossa tropa de elite grandes surfistas como Carlos Burle e Maya Gabeira fazerem ponto ali todo final de ano à espera do swell perfeito.
Dizem que o motivo desta onda gigantesca e que pode chegar à 30m (um prédio de 8 andares!!!) é uma combinação de fatores.
O primeiro deles é de ordem meteorológica: as correntes formadas por chuvas e ventos fortes que sopram do Atlântico no inverno. Pode ver, todas as fotos de ondas gigantes são em dias horríveis em termos meteorológicos.
O outro fator é bem particular da região: há no leito do mar ali uma grande vala com até 5km de profundidade no seu ponto mais fundo que parte da Praia do Norte e que se eleva rapidamente ao chegar à costa, fazendo com que as ondas quebrem de forma monstruosa.
Imagine: uma enorme massa de água vem sendo empurrada por fortes ventos pelo mar e encontra subitamente uma enorme diferença de profundidade no leito do mar. É o cenário perfeito para ondas monstruosas.
O mar ali é tão perigoso que para pegar as ondas é preciso chegar até elas sendo “rebocado” por um jet-ski. Se você estiver curioso para ver como a coisa é durante uma etapa de surfe, confira o vídeo abaixo:
Mais recentemente dois importantes surfistas brasileiros quase morreram ali tentando surfar estes paredões de água.
Infelizmente nos dias em que estivemos ali as ondas não eram tão monstruosas olhando do Farol, mas se comparadas com o tamanho as poucas pessoas que vi pela praia ainda eram bem grandinhas.
O melhor ponto para você turista assistir a este espetáculo do mar é justamente a partir do Forte de São Miguel Arcanjo (diariamente até 18hs).
Apesar do mais interessante ser mesmo as vistas do mar a partir dos arredores do Farol, lá dentro há um bom conjunto de explicações sobre a geologia da região a qual, como dito, é em parte responsável pelas ondas gigantes.
Mas e aí? Não dá para pegar uma praia em Nazaré? Dá sim, mas no verão, hein! E existem duas opções: Praia do Norte e Praia do Sul (super criativos estes portugueses!) que são divididas pelo Forte de São Miguel Arcanjo:
Na parte alta de Nazaré, conhecida como Sítio, você encontra a igreja Nossa Senhora da Nazaré, uma bela igreja em estilo barroco que merece a visita.
Algo que infelizmente não conseguimos ver em Nazaré foi uma das senhoras locais usando as típicas sete saias.
Reza a lenda que as mulheres dos pescadores, para se protegerem do frio enquanto esperavam sentadas na areia da praia seus maridos voltarem das pescarias, passaram a usar um conjunto de sete saias para proteger do frio.
Hoje, isso é mais uma tradição do que uma necessidade, mas o interessante costume virou uma marca da cidade, tanto que existem festivais para celebrar isso.
Se você gosta de cidades medievais Óbidos é um lugar que precisa estar no seu roteiro por Portugal, nem que seja numa rápida passagem como a nossa.
Situada apenas 80km de Lisboa, a cidade pode ser visitada até mesmo num bate-e-volta a partir da capital portuguesa, exatamente como fizemos quando visitamos Sintra.
Óbidos é o melhor exemplo de cidade medieval em Portugal, já que tem muitas das construções da época super bem conservadas pelas muralhas com mais de 2km que circundam o centro histórico.
A cidade é tão antiga que por ali já passaram romanos, mouros e visigodos. Óbidos, que significa cidade fortificada, teria sido fundada em 308 a.C. pelos celtas.
Assim como praticamente toda a Peninsula Ibérica, Óbidos passou uma boa parte de sua história nas mãos dos mouros até ser reconquistada por D Afonso Henriques em 1148.
Mas o que tem para ver e fazer de tão especial em Óbidos?
Como toda cidade medieval, Óbidos oferece uma experiência única aos seus visitantes. Passear e deixar-se perder pelas suas vielas é como fazer uma pequena viagem no tempo.
Por mais que perder-se pelas vielas da cidade muralhada seja uma delícia, o trajeto mais comum é seguir pela chamada Rua Direita que vai do portal até o Castelo de Óbidos.
Nesta rua, várias lojinhas com artesanato (de alta qualidade!), livrarias, restaurantes e bares. Garanto que você vai gastar um bom tempo perambulando por ali.
Uma das paradas na Rua Direita é a Igreja de Santa Maria que fica numa pequena praça.
Uma curiosidade sobre esta igreja é que nela foi celebrado em 1444 o casamento de Afonso V e Isabel, sua prima. Se o casamento de primos já é algo estranho para alguns, calma que tem mais, eles tinham respectivamente 10 e 8 anos de idade!!! Coisas malucas daqueles tempos…
Outra importante igreja, já na porta do Castelo de Óbidos é a Igreja de São Tiago.
Ao final da Rua Direita você chega ao Castelo de Óbidos, uma construção que data do século XIII.
Uma coisa que deve frustrar um pouco os visitantes é o fato de que o interior do Castelo não está acessível aos turistas. Ao menos a todos eles, já que hoje ali funciona um hotel, ou melhor uma pousada, a Pousada Castelo de Óbidos.
Talvez o passeio mais típico de Óbidos seja caminhar pela muralha que circunda a cidade. É possível dar praticamente a volta em todo o perímetro do centro antigo por ali.
E a vista é fantástica:
O único senão é que não existe proteção para o lado de dentro, o que pode dar uma certa impressão de insegurança, afinal estamos falando de uns bons metros até o chão. Então se você for fazer o trajeto com crianças, esteja sempre de mãos dadas e fique de olho nos pequenos.
Ao longo do ano a cidade de Óbidos celebra uma série de festivais. Quando estivemos lá havia acabado de acontecer a Vila de Natal. Para saber a lista completa de festividades, confira o site oficial de Óbidos.
Algo de bem típico de Óbidos que você precisa experimentar é o licor de ginja, uma espécie de cereja local.
Tradicionalmente ele é servido em um copo de chocolate meio amargo que dá o contraste perfeito com o sabor do licor.
Uma dica importante para quando você for visitar Óbidos: como é um destino super visitado por turistas de um dia, como nós, existem várias excursões o que acaba deixando a cidade muito cheia, especialmente no verão quando é alta temporada. Assim, sugiro que você tente chegar à cidade o mais cedo possível ou saia de lá o mais tarde que der para curtir o local um pouco mais vazio.
Nós viajamos no inverno, então foi mais tranquilo. Mas fica a dica!
Onde estacionar?
Como evidentemente é proibido adentrar com veículos no centro histórico, você precisará estacionar do lado de fora das muralhas. O lugar mais adequado é um estacionamento público com parquímetro colado na entrada principal.
A grande vantagem é que o lugar é bastante seguro. Dá inclusive para deixar as malas no carro. Por precaução deixamos tudo no porta-malas para não ficar à vista.
Provavelmente você ouça referências à cidade de Aveiro como sendo a “Veneza de Portugal”. Hummm, eu não curto muito estas comparações, até porque para ser a Veneza Portuguesa, Aveiro precisaria de mais do que simplesmente alguns canais…
E não me leve a mal, por favor. Este comentário é mais para que você adeque às suas expectativas à realidade do que qualquer outra coisa. Não gostaria que você chegasse lá achando que irá encontrar uma cidade tão singular quanto Veneza.
Vá sim à Aveiro, mas com as expectativas moderadas.
É bem verdade que a cidade tem seus (poucos) canais e passeios em charmosos barcos, lá chamados de moliceiro; mas termina por aqui as comparações.
A cidade de Aveiro está no que se costuma chamar de ria, uma espécie de entrada costeira criada pela depressão de um vale de rio. Em resumo, o rio forma um vale que é inundado pela maré.
O que tem para fazer nesta pacata cidade de pouco mais de 100mil habitantes?
Por mais que você possa percorrer a região central da cidade que tem algumas belas igrejas e um comércio interessante com artesanato, o programa mais típico é sem dúvida o passeio de moliceiro para percorrer os canais que cortam o centro da cidade.
O passeio típico leva uns 45 minutos e percorre 4 canais.
Aliás, uma curiosidade: estes típicos barcos não eram inicialmente utilizados para transporte de turistas, mas sim para a colheita de alga-marinha (moliço) que é bastante comum na região.
E por falar em natureza, Aveiro, como o próprio nome já dá a dica, é um local com grande concentração de aves variedade de vida selvagem, mais especificamente aves que são atraídas pela fartura de alimentos existentes na lagoa marinha.
Seja durante o passeio de moliceiro ou caminhando pelas margens da Ria de Aveiro, não deixe de apreciar os edifícios em estilo art noveu.
A partir de 1905 vários edifícios em estilo art noveu passaram a ocupar o lugar de destaque às margens da ria, o que deu à cidade um charme inconfundível tornando-a um dos melhores exemplos deste estilo arquitetônico em Portugal.
Uma curiosidade na história de Aveiro é que a cidade praticamente pereceu depois de uma enorme tempestade em 1570 quando o delta do Rio Vouga foi bloqueado por um pântano que se formou ali.
Isso não só prejudicou enormemente as plantações de subsistência da cidade como também o fluxo de navios que vinham do Atlântico e adentravam para o rio.
A cidade levou mais de um século para recuperar-se e isso veio graças ao sal que era ali extraído e utilizado para salgar um prato super típico da cozinha portuguesa: o bacalhau!
Hora da confissão! Ok, os moliceiros são charmosos, sim. Passear pelos canais é legal? Sim. Mas o real motivo para eu parar em Aveiro é algo bem doce e típico: os ovos moles.
Como já disse no post sobre a culinária de Portugal, praticamente tudo quanto é doce português é feito de ovo e cada cidade ou região tem sua guloseima típica.
O de Aveiro é o ovo mole. É um doce feito com uma massinha super-mega-blaster leve e branca, como uma hóstia e recheado com um creme de ovo super doce (talvez até demais para alguns paladares).
O lugar mais típico para experimentar esta delícia local é a confeitaria Peixinho. Coloque na boca e deixe derreter!
A confeitaria é linda e os doces então…
Fez valer a pena cada quilômetro percorrido até ali.
E você que pit-stops sugere numa viagem de carro entre Lisboa e o Porto? Deixe ai suas dicas e sugestões na caixa de comentários.
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