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Postojna Cave e Predjama Castle, duas jóias da Eslovênia

Se me perguntassem quais os melhores passeios de um dia a partir de Ljubliana, certamente a dobradinha Postojna Cave e Predjama Castle estaria na lista.

Postojna Cave, mais parece cenário de um filme de ficção.

Postojna Cave

Uma vez definida a nossa viagem para a Eslovênia, um dos lugares que coloquei como obrigatório para visitar era o complexo de Cavernas Postojna (não se esqueça de ler o j como se fosse i).

Confesso que não sou muito chegado em lugares apertados, e só me interessei de verdade por conhecer este complexo de cavernas depois de ver o seu tamanho e saber que a infraestrutura para a visitação é nada menos que nota 10.

Postojna Cave.
A infraestrutura com cafés, restaurantes, lojas e muito mais é perfeita.

Diante deste cenário, não poderia perder a oportunidade de visitar a maior caverna (aberta para turistas) da Europa. Programa imperdível, né?

Postojna Cave.

Tão imperdível que desde 1819, quando ela foi aberta ao público, a quantidade de visitantes só aumenta e é uma das atrações mais importantes da Eslovênia. O curioso é que a luz elétrica foi instalada ali em 1884, antes mesmo que na capital Ljubljana. E os trenzinhos foram introduzidos ainda antes, em 1872!!!

Trenzinhos? Como assim? Pois é o complexo de cavernas é tão grande que a parte inicial do passeio é feito em trens elétricos – que infelizmente não têm a mesma adrenalina daqueles do
Indiana Jones e o Templo da Perdição, mas é bem legal!

Os túneis se extendem por mais de 21km, mas você visitante explora “só” 5km deles, sendo que destes, 3,7km são percorridos no tal trenzinho e o restante a pé em rampas bem suaves. O ponto mais baixo que se chega é de 110m abaixo no nível da entrada, uma descida e tanto!

A visitação é feita com horários fixos (normalmente de hora em hora – exceto de outubro a março), mas não se preocupe, como os grupos são enormes, dá para chegar lá, fazer uma horinha e curtir tranquilamente. O tour é fornecido em 17 idiomas diferentes, porém como existe um número maior de guias em inglês, este é o que tem maior disponibilidade.

Quando chega a sua vez, é só embarcar no trenzinho e seguir o seu tour.

Todos à bordo!
O passeio no trem demora uns 5 minutos.

No fim da linha do trenzinho, todos desembarcam num enorme hall dentro da caverna que faz as vezes de estação. Ali os visitantes são divididos em grupos menores para percorrerem a pé a caverna com um guia local.

A partir dali, são 1,3km de estalactites e estalagmites e muitas explicações sobre a caverna que tem uns 70 milhões de anos. Ah se você não se lembra das aulas de geografia, as estalactites são as que “saem” do teto e as estalagmites, as que “brotam” do chão. Ambas são formadas por depósito de gotas com sal e minerais, por escorrimento e sedimentação, e por cotejamento, respectivamente.

Segundo o nosso guia (um cara que conhecia muito, mas muito as cavernas), elas crescem 1mm a cada 30 anos. Imagine que se você viver 90 anos, elas terão aumentado em apenas 3mm.

Quando uma estalactite e uma estalagmite se unem.

Talvez alguns de vocês estejam achando muito percorrer quase que 1,5km embaixo da terra. Olha não sei se foi o visual fantástico do lugar ou o excelente guia que tivemos (mais provavelmente ambos os fatores), mas não vi a hora passar.

E se você como eu não se sente confortável ou tem fobia de lugar apertado, pode ir tranquilo. As áreas visitadas são simplesmente enormes e muito, mas muito bem iluminadas.

Um dos primeiros ambientes visitados é o Gothic Hall com suas enormes estalactites e estalagmites.

A seguir vem a Great Mountain (também conhecida como Calvário) e a Ponte Russa, que foi construída por prisioneiros de guerra russos que ficaram presos ali durante a Primeira Guerra Mundial.

Reparem no tamanho da Russian Bridge e o “pé-direito”.

Mas a área que mais chamou a atenção foi a Espaguete, com suas finas estalactites que mais parecem de fato macarrões presos ao teto ou agulhas de crochê de tão finas.

Incrível a quantidade de macarrões no teto.

Em algumas partes da caverna vocês encontrarão outras interessantes formações chamadas de cortinas. Bem raras, elas são estalactites formadas a partir do teto angulado da caverna, dando uma aparência que lembra muito tecidos pendentes do teto de tão finas. Algumas são até mesmo translúcidas.

Cortina de pedra, literalmente.
Formações de cortina na Postonja Cave.

Mais a diante no tour, passa-se pelo White Hall e Red Hall, cujas cores diferentes decorrem da diferença na composição das rochas ali existentes – o primeiro tem maior concentração de calcário e o segundo mais ferro. O mais incrível é que eles estão bem próximos.

White Hall.
Algumas formações do White Hall.
E logo mais a diante o Red Hall.
Red Hall.

Saindo dali chega-se ao Brilhante, uma enorme formação de rocha incrivelmente branca. Particularmente achei que mais parece um enorme sorvete.

Fala se não parece um sorverão?!?!

Um dos trechos mais amplos é conhecido como Sala dos Concertos, pois de fato ali acontecem alguns concertos de música. Com capacidade para nada menos que 10 mil espectadores, a acústica é excelente. Segundo o nosso guia o eco pode chegar a até 6 segundos.

Concert Hall.

Uma curiosidade: ali na Sala de Concertos fica a única agência dos correios subterrânea do mundo. Aberta em 1899, você pode enviar um cartão postal dali mesmo para quem quiser.

Em uma área segregada da caverna é possível ver um dos animais mais estranhos que ganharam o noticiário recentemente, o Proteus. O alvoroço se justifica porque o animal vive uns 100 anos e se reproduz a cada 10 ou 20 anos e ninguém até o ano passado, havia visto um animal destes nascendo. Some a isso também o fato de que os ovos costumam ficar muito escondidos. Portanto, esta foi a primeira vez que os cientistas flagraram o animal colocando os ovos e consequentemente o primeiro nascimento visto – o nosso guia foi quem avistou os primeiros ovos.

Área do viveiro, que são estes enormes aquários.
Proteus. Créditos Postonja Cave.
Proteus. Créditos Postonja Cave.

Mas como é este tal Proteus? Trata-se de uma salamandra branca com uns 5cm que vive apenas ali, ou seja, não existe em lugar nenhum do mundo. É um bicho para lá de especial, já que consegue alterar o seu metabolismo para passar anos sem comer nada. É, achar comida dentro da caverna não deve ser nada fácil!

Como o bicho tem uma aparência bem estranha, os antigos eslovenos achavam que eles eram filhotes de dragão. Parte deste mito era alimentado pela diferença de temperatura entre a caverna e o exterior. Como a temperatura da caverna é constante o ano inteiro, e portanto no inverno mais quente que o exterior, é comum ver nesta estação do ano, fumaça saindo de lá. Pronto, bastou para os antigos acharem que era fumaça da boca do dragão, tão mítico na região como já dissemos aqui.

Os antigos achavam que a fumaça que saia da caverna era do dragão.

Já na estação final do trenzinho, dá para conhecer o trecho subterrâneo do rio Pivka que corta a caverna. Ali, o som das águas batendo contra as rochas e ecoando na caverna é ensurdecedor.

Rio Pivka no interior da caverna.

Antes ou depois da sua visita, não deixe de conferir a Exposição sobre o Cársico e as Grutas de Postojna, uma espécie de museu sobre a caverna com muitas informações interessantes. Não perca!

No começo, nada de trenzinho, era no braço mesmo.

Gostou? Então anote aí as informações essenciais à sua visita:

A caverna fica uns 52km da capital Ljubjana e o caminho de carro é super fácil. Mas se você estiver sem carro, é relativamente fácil encontrar na capital um tour organizado que faça este passeio em ônibus de excursão, por exemplo.

Quem estiver com carrinho de bebê, pode ficar tranquilo que dá para levar pois todo o trajeto é feito em rampas suaves. Super acessível inclusive para cadeirantes.

A atração é super bem organizada. Tem estacionamento no local (pago à parte), e um verdadeiro centro de visitantes com banheiros limpos (dentro da caverna, banheiros apenas no final do tour), lanchonetes, lojinha de souvenires e até mesmo um canil para você deixar o seu pet enquanto visita as cavernas. Ou seja, mais parece a Disneylândia de tão bem organizado!

Shows de música clássica. Créditos: Postojna Cave.
E celebrações de Natal. Créditos: Postojna Cave.

Separe ao menos 1h30 para curtir a atração sem correria.

A caverna está aberta todos os dias e os tours guiados em vários idiomas acontecem a cada uma hora a partir das 9h00 até as 18h00 (com algums horários a menos nos meses de outubro a março). Confira o time-table completo aqui. O ingresso custa € 23,90.

Duas dicas importantes: a primeira é que como a caverna é bem mais fria que o ambiente externo, mesmo no verão europeu, você deve levar um bom agasalho para que seu passeio não termine numa fria. Quem esquecer, pode alugar um na entrada.

Fotos no interior são permitidas, mas sempre sem flash porque a luz em excesso danifica a caverna.

Confira ai um vídeo com o resumo do passeio:

Predjama Castle 

Como se não bastasse a caverna, ali ao lado (10 km) fica um dos castelos mais diferentes da Europa, o Predjama Castle (Grad Predjama).

Predjama Castle.

O grande diferencial deste castelo é o fato dele estar totalmente integrado à caverna adjacente. Ele está simplesmente à beira de um penhasco com 123m de altura e encravado numa caverna ali existente. Definitivamente não é o tipo de coisa que você vê todos os dias!

Preciso dizer que sob o ponto de defesa ele parecia fantástico naqueles tempos medievais? Ok, mas verdade seja dita, uma vez invadido, você também não teria por onde escapar. Ou teria? Reza a lenda que a partir de um cômodo do castelo era possível acessar um túnel que levaria até uma saída secreta bem longe do castelo.

As primeiras menções ao castelo são de 1274, mas a estrutura atual é de algo em torno de 1511, pois mesmo com sua posição de defesa invejável, ele sofreu sérios danos depois de terremoto.

Evolução do castelo ao longo do tempo.
Os arredores do castelo.

No interior do castelo, muito bem conservado, recriaram o estilo de vida da época de forma a dar ao visitante ao menos uma noção de como as pessoas viviam ali.

O interior do castelo é super interessante. Você pode visitar todos os cômodos e conferir as diversas histórias que aconteceram ali. A mais famosa delas é a de Erazem Predjamski, uma espécie de Robim-Hood local que se escondeu anos a fio no castelo até ser morto por uma bala de canhão enquanto ia no banheiro – parece incrível, mas é a história que é contada lá.

Erazem, ou Erasmo, o personagem mais famoso na história do castelo.
Um dos aposentos.
Itens da época.
Até algumas partes internas aproveitaram também a caverna.

Algo que o nosso guia informou é que infelizmente os eslovenos não fazem mais o festivam que acontecia ali no qual as pessoas se vestiam com roupas típicas e recriavam várias cenas e batalhas dos tempos medievais. Dizem que pelo excesso de público ficou impossível manter o evento no local.

Antigamente eram realizados eventos que recriavam os tempos medievais. Créditos: Predjama Castle.

É possível visitar o complexo de cavernas existente no subterrâneo do castelo, mas para tanto é preciso adquirir um tipo de ingresso diferente do padrão (€8,90 extras). Trata-se de um complexo enorme, com 14km de extensão que provia uma rota de fuga e esconderijo extra aos moradores do castelo. Do total, apenas 700m são abertos aos visitantes por questões de segurança.

Estas visitas são possíveis apenas entre maio e setembro em horários fixos: 11h, 13h, 15h e 17h, sempre na forma guiada.

Como disse, a caverna fica muito perto do castelo, tanto que existe um ingresso combo (recomendo muito porque há um desconto de 10%) disponível para quem quer visitar as duas atrações.

O castelo tem até uma espécie de masmorra.
Detalhes das janelas do Predjama Castle.

Há estacionamento gratuito no local. Os horários de funcionamento do castelo são no geral das 9h00 às 18h00 no verão e das 10h00 às 16h00 no inverno, mas é sempre bom confirmar no site oficial. O ingresso apenas para ele custa €11,90, mas combinado com as Cavernas Postojna, tudo sai por €31,90. 

Fala se não são duas atrações imperdíveis?

Com este post a gente se despede da incrível Eslovênia e segue viagem para a próxima parada: a Croácia!

 

* O Cumbicão visitou a atração mediante uma parceria estabelecida com o operador local para coletar material para este post. Todas as opiniões e relatos aqui descritos refletem fielmente a experiência, atendendo à política do blog.

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2 comentários

Tassio Mendes Caetano 26 de fevereiro de 2019 at 13:17

Olá Diogo, parabéns pelo site.
EM junho agora vou para Eslovênia também, mas como quero fazer rafting, bled e julian alps não tou com tanto tempo assim. Voce acha que rola fazer essas duas atrações só em uma manhã por exemplo??

Abraço!
Tássio

Responda
Diogo Avila 26 de fevereiro de 2019 at 13:29

Oi Tássio,
Obrigado.
Olha, não fiz o rafting, então não tenho como precisar exatamente o tempo necessário.
Mas falando por Bled, consegui ver a cidade em 1/2 dia com tranquilidade.
Então acho que seu plano funcionará sim.

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