Hotéis

Resort de selva na Amazônia: como escolher o seu

Continuando a nossa série sobre a Amazônia, neste post vamos falar sobre resort de selva na Amazônia, abordando pontos como porque é uma experiência imperdível, o que considerar ao escolher uma hospedagem deste tipo, e por fim te mostrar como foi a nossa experiência no Manati Lodge, o hotel que escolhemos para esta viagem.

Em todas as nossas conversas sobre viagem, sejam aqui no site ou nas redes sociais, eu sempre defendo a ideia de fazermos viagens para destinos assim mais “diferentões”. 

Quando digo “diferentões”, estou me referindo a lugares beeeem diferentes daquele onde vivemos.

Basta olhar o menu de destinos para saber que esta é uma das linhas que seguimos aqui no site.

É um gosto pessoal mas que muita gente também tem de explorar o novo, o diferente. Não que ir para lugares já conhecidos seja um problema. Longe disso, pois cada viagem tem um propósito. Mas eu particularmente sou do time que prefere a novidade.

Bem, neste contexto, ao menos para os brasileiros que vivem, como nós, longe da região Norte do Brasil, a Amazônia é um lugar quase que mágico em vários aspectos, como cultura, culinária e é claro, paisagens.Tudo é diferente e encantador.

Este foi um dos motivos pelo qual resolvemos fazer esta viagem à Amazônia.

Chance de estar ali pertinho de culturas diferentes e tão admiradas.

E como já adiantei um pouco no nosso post sobre as dicas gerais para uma viagem à Amazônia, esta não é uma viagem das mais baratas no cenário do turismo doméstico (principalmente por conta do preço da passagem). 

Logo, salvo para alguns poucos esta é uma daquelas viagens que você faz uma, quiçá duas vezes na vida.

Então que tal fazer “direito”?

Isso nos leva então ao primeiro ponto da nossa conversa.

Porque ficar num resort de selva na Amazônia

Sem desmerecer quem por tempo, custo ou alguma outra razão específica opta por limitar a viagem para Amazônia à cidade de Manaus, eu particularmente penso que perde-se muito da experiência amazônica.

Como você pode notar do post com as dicas e atrações de Manaus, a capital amazonense tem excelentes atrações turísticas e é um ponto muito relevante numa viagem à região, estando longe de ser um mero ponto de chegada e partida rumo à selva amazônica.

O problema é que nem tudo o que a Amazônia tem de melhor pode ser visitado a partir de Manaus. Ou pelo menos com a mesma qualidade.

Ah, mas e os passeios de um dia inteiro a partir da capital manauara que vão à selva?

Sim, isso é possível e uma opção, mas não acho que seja a melhor. Explico.

Antes de viajarmos para lá eu li muito a respeito destes passeios, até porque tínhamos poucos dias para esta viagem e neste contexto eles pareciam uma alternativa.

Uma das coisas que acaba sendo inviável ou quando tem é limitadíssimo são as trilhas pela selva.

Não quero aqui de forma alguma militar contra operadores locais que fazem este tipo de passeio, o qual mais uma vez, reputo super válido dependendo do caso.

A minha percepção a partir da experiência de outros blogueiros de viagem com quem conversei e dos itinerários oferecidos por estes operadores foi a seguinte: são na minha opinião a última alternativa.

Falo isso porque são passeios relativamente caros, que tomam um dia inteiro para realizar apenas uma ou duas atividades, nem sempre visitam lugares realmente isolados da grande cidade, no caso, Manaus.

Vale aqui detalhar o assunto.

Por conta das distâncias significativas e as consequentes dificuldades de deslocamento, muitos dos operadores de passeios locais acabam optando (se bem que talvez não haja escolha) por ir a pontos que são muitas vezes demasiadamente longe de Manaus.

O lado bom disso é que privilegia-se experiências mais autênticas ao invés daquelas coisas “feitas para turista ver”.

Então para garantir por exemplo a visitação de tribos indígenas “mais raiz” ou o avistamento de animais verdadeiramente selvagens, os operadores têm que ir cada vez mais longe.

Ficando num resort de selva na Amazônia, o contato com a natureza é constante.

Se algum operador de turismo dizer que faz tudo em um dia, desconfie. Provavelmente será corrido e/ou você visitará algum ponto de selva na periferia de Manaus.

Outro ponto relevante é que os grupos, até para aumentar a lucratividade, tendem a ser grandes o que certamente compromete a experiência.

Olha, não sei você, mas num lugar intocado como esse, a última coisa que eu iria querer seria estar num meio de um grupo grande e barulhento de viajantes malas.

Tudo isso sem falar em sustentabilidade e overtourism que são temas que sempre vêm à baila quando o assunto é a visitação de biomas naturais.

Some a tudo isso a necessidade de você ter que contratar uma série de passeios além do valor já pago pelo hotel em Manaus e você terá uma conta relativamente alta para uma experiência que pode não ser assim tão genuína.

Poxa, mas quando então estes passeios de um dia a partir de Manaus fazem sentido?

Quando você tiver muito, mas muito pouco tempo na capital amazonense ou se o orçamento de viagem estiver muito curto para custear uma hospedagem na selva (que como mostrarei abaixo é mais cara).

De outro lado… Se você optar por um resort de selva na Amazônia, terá sim algo mais raiz, mais genuíno.

Uma coisa é ir visitar a floresta, outra coisa é dormir e acordar num resort de selva na Amazônia.

Era só abrir a janela e lá estava a selva amazônica.

Num resort de selva na Amazônia você estará 100% do tempo em contato com a natureza, muito provavelmente isolado de tudo e de todos (o que muitas vezes é uma bênção!!!), e imerso na selva amazônica.

Sim, existem algumas, digamos, desvantagens.

O custo da estadia de um resort de selva na Amazônia é sim bem mais alto do que de um hotel em Manaus como mostrarei mais tarde.

O ponto do deslocamento eu nem coloco assim como uma grande desvantagem.

Explico, resort de selva na Amazônia que se presta tem que ser isolado no meio da mata.

Garanto, resort que for na beira de uma estrada movimentada ou colado em Manaus pode até ostentar o nome de “resort de selva”, mas será fakenews, como dizia o nosso guia na Amazônia.

Ah, mas ai você vai gastar umas 1h30 de van e mais uns 30 minutos de barco, ou vice-versa, diriam alguns.

Sim, como eu já disse sobre a viagem às Maldivas, o caminho para o paraíso não é moleza.

É o preço de estar em um lugar único e imerso na natureza.

Aproveitando que estamos falando de localização, a grande maioria dos resorts de selva fica na região do Rio Negro, a oeste de Manaus. 

Você pode estar imaginando porque não existem resorts de selva na Amazônia na região do Rio Solimões.

Mosquito não tinha, mas tinha uns insetos bem diferentes. Quase uma invasão 👽.

Existem motivos de logística e do ecossistema em si.

O deslocamento entre Manaus e as regiões mais interessantes às margens do Rio Solimões seriam praticamente inviáveis para uma operação hoteleira. Seria um nível de isolamento que comprometeria inclusive o abastecimento dos itens básicos do hotel.

Há porém um outro fator que talvez seja mais relevante. Por mais que haja sim na região do Rio Solimões uma riquíssima fauna e flora, o ph da água deste rio favorece a proliferação de mosquitos num nível que nem os locais aguentam. Já no caso das margens do Rio Negro, a quantidade de mosquitos é muito pequena (eu voltei sem nenhuma picada!!!).

Só para dar uma ideia, o nosso guia de selva, o Wellington, nos disse que certa vez ele levou um grupo de alemães que queriam a todo custo acampar na região do Rio Solimões. Chegando lá ninguém aguentou a quantidade de mosquitos. O passeio que era para durar 4 dias durou apenas 4 horas.

Como escolher um resort de selva na Amazônia

Embora sejam realidades absolutamente diferentes, escolher um resort de selva é quase tão complicado quanto escolher um resort nas Maldivas.

Digo isso porque a comparação entre os resorts de selva na Amazônia é muitas vezes difícil de fazer pois cada hotel tem um nível de experiência e conforto muito distinto.

Você não pode por exemplo querer comparar “pau a pau” como dizem, um hotel como o Anavilhanas e outros mais simples da região. De um lado você tem um resort de selva de luxo e de outro opções mais simples.

Todos estão no mesmo ambiente e fazem passeios semelhantes, mas têm um nível de conforto e luxo próprio.

Vamos então tentar destrinchar esta missão analisando alguns pontos que considero relevantes para uma boa escolha.

Um ponto muito importante a considerar na escolha de um resort de selva na Amazônia são as refeições.

Onde mais você vai comer piranha pescada ali ao lado?

Até mesmo pelo isolamento, praticamente todos eles têm já no preço inclusas todas as refeições (café, almoço e jantar) – até porque no meio do nada você não tem como pedir uma pizza. Mas nas pesquisas vi que alguns que não incluíam todas as refeições (é mole?).

É justamente porque a maioria trabalha com tudo incluso que o nome deste post é resort de selva e não simplesmente hotel de selva…😉

Bebidas normalmente não estão inclusas. Open bar não combina com Amazônia.

O fato das refeições estarem, normalmente, todas inclusas nas diárias, impacta no preço da estadia como você verá ao tratarmos do preço da experiência. Por outro lado, você não se preocupará em caçar ou pescar seu jantar!

Aos que estejam preocupados sobre como chegar ao hotel uma vez estando em Manaus, eu aviso: relaxa! Todos os hotéis têm seus próprios esquemas de transfer. Normalmente este deslocamento será uma combinação de estrada (que pode ser mais ou menos rústica) e um trecho navegado.

Além da localização especifica do hotel, as cheias dos rios também interferirão neste quesito.

Nas cheias, o trecho navegado tende a ser maior e o rodoviário menor. Já na temporada de seca isso se inverte.

Sempre haverá um trecho navegável no transfer.
Mas você já vai apreciando a paisagem local.

Confirme sempre com o hotel como será o transfer para evitar surpresas.

Os transferes dos hotéis partem ou do seu hotel em Manaus ou do aeroporto. O mesmo vale para a saída, sendo possível portanto sair direto do resort no meio da selva Amazônica direto para o aeroporto de Manaus como foi o nosso caso.

Normalmente os resorts de selva na Amazônia trabalham com pacotes de dias fechados.

Ou seja, trabalha-se com períodos que vão de 3 a 6 dias. Não vi nenhum com menos do que 3 dias, até porque com certeza seria um certo “desperdício” do esforço de chegar lá. Vale lembrar que a grande maioria dos turistas que visitam estes resorts são estrangeiros e eles vêm com um programa bem montado para aproveitar ao máximo.

Vale ainda comparar o tipo de quarto.

E aqui peço licença para fazer mais um comparativo com as Maldivas.

Se lá no arquipélago asiático você tem as vilas com piscinas de borda infinita, aqui você tem as casas nas árvore.

Claro que isso interfere e muito no preço dos quartos. Ficar em uma casa na árvore (infelizmente não consegui 😭) deve ser uma experiência incrível, mas tem um custo considerável se comparado a um quarto comum.

Se nas Maldivas temos as vilas e palafitas sobre o mar, aqui temos as cabanas e passarelas pela floresta.

Veja também exatamente o que cada resort de selva oferece no quarto. Vi alguns que eram tão simples que nem tinham banheiro privativo, era quase um acampamento com telhado.

Uns têm água quente, outros não. Se bem que como conto logo mais, dado o calor amazônico isso nem seja um problema.

De tudo isso, o ponto mais importante a considerar na sua busca pelo resort de selva perfeito para a sua viagem à Amazônia sejam as atividades.

E aqui sugiro você dividir esta análise em dois pontos.

Primeiro o programa em si.

Como os hotéis trabalham com uma quantidade bem reduzida de hóspedes (a natureza agradece!), todo mundo faz todos os programas junto. Ou seja, há uma agenda fixa de programas que você pode fazer ou não – se quiser uma tarde ficar lá olhando o rio passar diante do hotel beleza.

Então sugiro que você sempre peça para o hotel, se não estiver claro no site deles, qual o programa previsto para cada pacote de dias.

É bem verdade que no geral as atividades são bem semelhantes entre os hotéis, mas existem diferenças que podem ser significativas dependendo da quantidade de dias e de como o hotel as estrutura.

Falo isso porque no geral quem fica mais tempo faz mais atividades, e muitas das atividades são deixadas apenas para aqueles hóspedes que ficam mais dias. Espertinhos…

Procure saber se e quais passeios estão inclusos no preço das diárias.

O segundo ponto talvez seja aquele que pode fazer a diferença entre um resort de selva e outro na Amazônia: as atividades estão ou não inclusas no preço? Se não, qual o preço delas?

Como você não pode e não deve por exemplo sair vagando sozinho pela selva, você precisa de um guia, barco e toda uma infraestrutura de apoio para literalmente tudo lá.

Quando estávamos escolhendo onde ficar, até achei hotéis mais baratos, mas como eles cobravam e caro pelos passeios, fiz as contas e notei que simplesmente não compensava, no meu caso, contratar os passeios à parte.

Mas tem algum hotel onde eu possa contratar apenas a estadia e lá escolher que passeios fazer e pagar na hora? Olha, talvez até dê para fazer isso, mas é questão a ser muito bem combinada com o hotel antes de fechar a reserva para evitar surpresas.

Por mais que comparar resorts de selva na Amazônia possa parecer complicado por tudo o que falei acima, você terá poucas opções para comparar.

Manter um hotel de qualidade no meio da selva Amazônica, com toda a infraestrutura, cumprindo as regras ambientais não é nada fácil. E por isso mesmo a quantidade de resorts e hotéis é pequena.

Na minha pesquisa (que não foi nada pequena) sobre os resorts de selva na Amazônia, achei não mais do que umas 12 opções, sendo que algumas eram fora de cogitação seja pelo preço seja por serem roots demais.

Ou seja, você terá pouco o que comparar.

Claro que se de um lado esta pequena quantidade de resorts facilita o seu trabalho e ajuda a preservar o meio ambiente de um turismo predatório, traz um problema: o custo.

Aqui já adianto um pouco a conversa sobre preços: não achei diária por menos do que R$ 1.200,00 para casal, em alguns casos a estadia ia a “módicos” R$ 3.000/R$ 4.000.

Lembra que eu disse que esta é uma viagem que se faz uma, quiçá duas vezes na vida? Então…

Nossa experiência no Manati Lodge

Bom, feitos os comentários acima, agora sim posso contar para você como foi a nossa estadia no Manati Lodge, o resort de selva na Amazônia que escolhemos para a nossa viagem.

O hotel é bem rústico, como deve ser num lugar destes.

Acho que nem preciso dizer para vocês que todos os pontos acima foram considerados quando escolhemos o Manati Lodge para a nossa viagem. Afinal a gente estuda antes de viajar não só para escrever os posts depois, mas também para a gente poder fazer a melhor viagem possível.

Então tudo o que eu disse sobre as vantagens e como escolher um resort de selva na Amazônia estão baseados tanto na nossa experiência pré-viagem quanto no que vivenciamos nos dias em que ficamos no resort.

Vamos então à estadia no Manati Lodge.

Localização

Se no litoral temos resorts pé na areia, aqui temos resorts pé na selva em plena Amazônia!

O Manati Lodge está situado numa área super isolada do Rio Negro, o suficiente para você ter uma excelente experiência de imersão na selva; mas sem ter que ficar absurdamente longe de Manaus.

Para ser mais exato, ele fica em uma área alagada, no lago Acajatuba que é formado por um braço do Rio Negro, tendo como vilarejo mais próximo Paricatuba como você pode observar no mapa (dê um zoom e alterne para satélite para ver a mata intocada dos arredores!):

A localização do hotel é perfeita em vários sentidos.

Como você pode notar das fotos que ilustram este post, especialmente das feitas com o drone, o Manati Lodge está numa área incrivelmente preservada. Nem clareira tem perto!!!

Isto significa acesso fácil e constante à uma enorme diversidade em termos de flora e fauna, afinal é isso que você quer ver numa viagem à Amazônia.

Beleza, mas como chego lá?

Relaxa, o resort providencia todo o transfer, bastando informar o voo em que você chega/sai de Manaus ou em que hotel estará. O restante eles ajustam para você ter preocupação zero!

O hotel está apenas 60km de Manaus e trajeto é feito no seguinte esquema: 1 hora numa confortável van pela AM070 e, dependo da época do ano, mais 25 ou 45 minutos em lancha rápida (25 minutos no período de cheia e 45 minutos na seca).

Tranquilíssimo!!!

Ao redor, só água e selva!

Por conta da sua posição privilegiada, você consegue inclusive sentir o gostinho do ecossistema do Rio Solimões, pois alguns passeios vão bem longe e usam os chamados paranás e furos (quando a cheia dos rios cria passagens entre as árvores) para literalmente cortar caminho.

Quarto

O Manati Lodge oferece apenas 8 quartos, sendo 6 quartos normais e 2 chalés na árvore.

Ou seja, por aqui você já nota quanto exclusiva é a experiência e quanto pessoal é o atendimento. Nada de multidão, refeitório cheio ou qualquer outro inconveniente do tipo. Eu não cheguei a contar exatamente, mas acho que tínhamos, mesmo com o resort cheio, não mais do que uns 18 hóspedes. Maravilhoso!

Mas voltando aos quartos…

Infelizmente por ter reservado muito em cima da hora, não tive a mínima chance de ficar no chalé de árvore. 😭

Fica para uma outra oportunidade!

Se você puder, fique no chalé!

O que posso te garantir é que o chalé é lindo.

Fora o aspecto de design e de ser uma experiência diferente, o chalé superior (como eles chamam estas unidades) tem frigobar, redes e cofre.

Mas vamos então aos quartos “normais”, ou apartamento standard como eles chamam lá.

São ao todo 6 unidades situadas todas de frente para um campo gramado e vista para o lago Acajatuba.

O quarto pode ser configurado para apenas duas à quatro pessoas já que ali podem ser instaladas desde uma cama Queen size mais uma de solteiro ou até dois beliches.

O quarto atendeu super bem as nossas necessidades.

 

E tem um tamanho excelente.

Todos os quartos, sejam os chalés ou estes apartamentos standard têm ar-condicionado (e dos bons!).

Com uma decoração super rústica mas não menos confortável, o quarto tinha um tamanho excelente para nós três.

Particularmente achei que não faltou nada, ainda mais se considerarmos que estávamos no meio da selva e com um serviço de refeições completo. 

Nem mesmo a ausência do frigobar sentimos, já que bastavam apenas 10 passos para chegarmos ao bar do hotel.

Diante do quarto há uma varanda para você sentar ali entre um passeio e outro, como dizia a Sra. Cumbicona, ter o seu momento contemplativo.

Algo que me preocupava bastante quando eu estava olhando os resorts de selva era o banheiro.

Sim, quem lê os reviews de hotéis aqui no site sabe que eu sou “o chato do banheiro”.

Imaginando um cenário de selva, cheio de bichos, úmido e tal, eu esperava literalmente o pior. Mesmo depois de ver as fotos no site do hotel achei que poderia ser aquela “maquiada” para hóspede ver. Mas não! Realmente é um banheiro limpo, claro e bonito de verdade.

Quem diria encontrar um banheiro limpo e amplo no coração da selva amazônica?

Se fosse um hotel qualquer numa cidade eu já acharia excelente, mas sendo no meio da selva amazônica… eu nem tenho palavras para descrever. O time do Manati tá de parabéns!

Ah, antes que eu esqueça e você só lembre de mim ao ligar o chuveiro e eventualmente me “homenagear”…

Apenas os chalés têm água quente.

Talvez você até possa estar preocupado com isso, mas eu te garanto: não é um problema. E olha que eu não sou daqueles que acha que banho frio faz bem à saúde em qualquer situação… isso é coisa de coach maluco.

Isso porque o calor é tamanho que você nem vai ligar de tomar um banho frio. Mais do que isso… você vai desejar demais um banho frio!

Ok, é verdade que se você quiser tomar um banho no meio da noite a conversa será outra… ai a água estará realmente fria e a temperatura ambiente será também menor.

Prédio onde ficam os quartos.

Refeições num resort de selva na Amazônia

Como adiantei acima, num resort no meio da selva amazônica, ou você come o que o hotel oferece ou você vai caçar a sua refeição (mais fácil na maioria dos casos passar fome mesmo!).

Por ai você já nota que escolher um bom hotel com um pacote bacana de refeições é mais do que simplesmente enriquecer a sua experiência de viagem. Não dá para encher a mala de CupNoodles!

Brincadeiras à parte, aproveito aqui para compartilhar uma situação minha para esta viagem. Tenho alergia severa a peixes de água doce – salgada e frutos do mar, beleza! Então você pode imaginar o meu nível de preocupação ao marcar uma viagem onde um dos passatempos gastronômicos é provar todos os peixes possíveis dos rios locais…

Não sei o que era melhor: a vista...
Ou a comida sempre no regime de buffet.

Assim o meu prognóstico era de quase jejum. Perfeito, um retiro espiritual-ambiental e jejuando. Kkkkk

Esse receio durou não mais do que alguns poucos minutos porque logo após a nossa chegada já fui questionado se algum de nós teria alguma restrição alimentar. Pronto, foi o que precisava para eu ter um atendimento diferenciado para a minha limitação alimentar.

E assim foram todas as refeições. Preciso dizer que amei?!?!

Bem, vamos então às refeições…

O hotel oferece já incluso nas diárias o café da manhã, almoço e jantar – todas servidas no sistema de buffet.

O café da manhã inclui frutas típicas da região (algo super essencial); pães variados; ovos mexidos; cereais; leite; café; achocolatado; queijos e frios; mas a jóia local é a tapioca (maravilhosa).

Aliás sobre as frutas, além das típicas locais, prove o abacaxi e a melancia que têm um sabor único. Dizem que os melhores abacaxis do Brasil são da região.

Capriche no café da manhã, você vai precisar de energia para o dia!

Dali para o almoço e jantar.

Os almoços e jantares tinham como grande foco, como não poderia ser diferente, os peixes locais são o carro chefe, acompanhados de farofa local e acompanhamentos super variados.

Teve até um almoço com piranhas pescadas por nós (menos eu que sou ruim pacas em pescaria!). Sim as piranhas pescadas numa manhã viraram almoço dos hóspedes.

Eu não provei os peixes, mas a Sra. Cumbicona se esbaldou e disse que estava tudo maravilhoso. Bem, como disso ela entende eu faço delas as minhas palavras.

Não teve um dia sequer (e olha que ficamos 6 dias lá!) onde as refeições se repetiram. Uma variedade enorme!

Ceviche com peixes locais.😋
Comida 100% caseira.
Sobremesa de açaí, supunha e chocolate branco.

E um guaraná em pó ralado na hora na língua do pirarucu para arrematar.

O que falar das sobremesas???

Além de uma variedade enorme de frutas típicas, depois das refeições são servidas deliciosas e criativas sobremesas. O hotel praticamente não têm formigas por um milagre com doces assim!

Tudo isso é obra do chef do resort. O cara além de talentoso é uma figura de tão simpático.

A todo momento ele vinha explicar os pratos, perguntar se está tudo de acordo e tal.

Enfim, tenho certeza que acabei ganhando uns bons quilos na viagem!

Infraestrutura

Até por ser um resort de selva na Amazônia, eu nem esperava uma infraestrutura enorme.

Afinal, aquela parafernália de academia, piscina, sauna, quadra de tênis, playground ou seja lá o que for simplesmente não combina com o ambiente, muito menos com a ideia de sustentabilidade ao extremo que a maioria destes resorts prega e pratica.

Ou seja, esquece tudo o que você conhece ou esperaria de infraestrutura em termos de hotel ou ainda mais se tiver na mente o conceito de mega-resorts.

Aqui, infraestrutura boa é ter um espaço para relaxar, restaurante/bar e muito, mas muito espaço verde (intocado) ao redor do hotel.

Nisso, o Manati Lodge é perfeito.

O restaurante e o bar ficam ao lado dos quartos e como é uma área comum toda aberta, você come e bebe curtindo a floresta ali ao lado. Eventualmente algum macaco ou outro animal pode até aparecer para uma visita.

Antes que eu me esqueça…

O hotel não tem piscina como dito, mas tem um excelente píer no lago Acajatuba, no Rio Negro, mais que perfeito para um mergulho.

Piscina para que???

 

O deck dá acesso fácil ao Rio Negro.

Ah, mas e as piranhas e jacarés?

Confesso que fiquei sim preocupado no começo, mas não levou segundos para já estar na água curtindo. 

Não existem piranhas ali (sim, os ribeirinhos sabem exatamente onde elas estão por conta do tipo de vegetação), e jacarés só vão ali no entardecer.

Então nadar ali durante o dia todo é super tranquilo e delicioso.

Só meio estranho porque a água na sua superfície é relativamente quente e depois, já altura da cintura, fica mais fresca. Fora que é absolutamente escura, como Coca-Cola. Diferente pacas!

Fora isso ainda dá para andar de caiaque pelos arredores do resort.

O hotel tem uma recepção que faz as vezes de sala de estar onde normalmente os hóspedes acabam ficando enquanto esperam os passeios ou à noite.

Excelente oportunidade para papear já que não se tem outra coisa para fazer.

Recepção e “sala” do Manati Lodge onde o povo se junta à noite para conversar.

Aqui há um ponto interessante. Tivemos a oportunidade de viajar durante o período entre Natal e Ano Novo e topamos com uma programação bem especial, já que todas as noites tínhamos uma sessão de meditação. Maravilhosa experiência!

Justamente por conta de não ter o que fazer além de conversar depois do jantar, a maioria dos hóspedes acaba indo para a recepção. Se você, como nós, cruzar com pessoas super interessantes durante a sua estadia terá a chance de fazer algo que muitos não fazem nos últimos tempos… simplesmente sentar e conversar com estranhos e fazer novas amizades.

Como todos fazem os passeios juntos, a integração entre os hóspedes é algo praticamente automático.

Muito bacana.

Quem quer se desligar de tudo uma ótima notícia… o hotel simplesmente não tem TV. Nem na recepção, muito menos nos quartos. Uma pausa deste mundo louco!!!

Ah, já ia me esquecendo também não tem sinal de internet móvel no hotel, e wi-fi apenas nesta recepção – mas funciona bem! O lado bom disso tudo é que ninguém fica preocupado com as redes sociais e etc durante o dia!

Passeios e atividades

Considerando que você vai para um resort de selva na Amazônia para estar em contato próximo e intenso com a natureza, é muito importante você prestar muita atenção ao pacote de atividades oferecido pelo resort.

Normalmente os resorts de selva na Amazônia têm uma agenda bem cheia e você deve estar preparado para isso.

Logo depois do café da manhã, entre 8 e 9hs já tínhamos o primeiro passeio do dia. Normalmente ele terminava por volta de umas 11hs, dando então tempo para quem desejasse tomar um banho e descansar. Depois por volta das 12hs, almoço e um breve período para descanso antes de partirmos para mais uma aventura. Retornávamos ao hotel no final da tarde para banho, jantar, papear e “capotar” na cama ao som da mata.

Delícia de rotina, hein?

Como tínhamos ao todo 6 dias e 5 noites, fomos direcionados para o chamado Programa Jaguar que inclui todas as atividades que passo a descrever.

Em geral, a primeira atividade que os hóspedes realizam no resort de selva na Amazônia é a canoagem pelos igapós e igarapés nos arredores do hotel e ao final a visita a uma comunidade ribeirinha onde pudemos ver, provar e comprar doces regionais à base de cupuaçu e castanha do Pará (lá chamada apenas de castanha ou castanha do Brasil – dizem que é uma rixa com o estado vizinho 😂).

Os passeios pelos rios são momentos de pura contemplação.
Aquela coisa de não saber para onde olha primeiro.

O reflexo das águas do Rio Negro rende belas fotos.
O céu também ajuda!
E as árvores "brotam" das águas.

Selva e água para todos os lados.

Normalmente este passeio é feito em canoas, mas apenas na época das cheias. Como estávamos mais próximos da seca, acabamos fazendo com o barco mesmo.

É um passeio super tranquilo que você faz ali sentado no barco, só curtindo a paisagem.

O passeio já deu uma excelente prévia do que teríamos nos dias seguintes, já que pudemos avistar muitas aves como martin pescador, socó, japiim e garças. Fora as várias preguiças que vimos penduradas nas árvores e os primeiros botos que passavam diante do barco.

Aqui já começo os meus elogios (serão muitos neste post!) ao guia Wellington, que conseguia ver com olhos de águia animais que normalmente passaríamos batidos sem ver.

Para ver as preguiças é preciso um olhar treinado.

Outra atividade super interessante que você realiza sem sair do barco e que todos os resorts de selva na Amazônia oferecem é a chamada focagem noturna.

Pelo nome não dá para entender bem o que é, mas é o seguinte: é o avistamento noturno de jacarés.

Ele pode ser realizado tanto na volta de um outro passeio que termine mais tarde, quanto saindo já à noite especificamente para isso.

Blue hour antes da escuridão total na Amazônia.

O nosso foi na volta do pôr do Sol, já que tão logo ele se foi, um breu completo tomou conta de tudo.

Juro que ainda não sei como o guia e o barqueiro conseguem navegar à noite ali sem GPS?!?!

Munidos de lanternas (leve uma e das boas!) seguimos mirando as margens em busca dos olhos brilhantes dos jacarés que refletem a luz. Particularmente eu esperava uma quantidade maior de jacarés – dizem que no Pantanal tem mais – mas mesmo assim deu para ver muitos.

Diferentemente de outros resorts de selva na Amazônia, o Manati Lodge tem uma política bastante rígida e bacana de não perturbar os animais. Então não tem aquela coisa de ficar pegando filhote de jacaré para turista acariciar. Jacaré não é pet!

Só o fato de navegar no rio à noite, na escuridão absoluta, já vale o passeio. É uma sensação que até pode começar com um certo receio, mas à medida em que você tem confiança nos guias (e pode ter!), você se deixa levar pela experiência que em muito é enriquecida pelo som de animais que você não ouve normalmente durante o dia.

Fora que se você der a sorte de pegar uma noite sem nuvens ainda pode curtir um céu estrelado.

Uma única atividade que acabei não fazendo foi o nascer do Sol no Rio Negro. Estava cansado demais para acordar às 5h30 da manhã.

Mas talvez o principal motivo para eu não ter encarado este curto passeio foi o fato de que no dia anterior já havia curtido demais o pôr do Sol no Rio Negro que me rendeu belas memórias como as fotos mostram.

E um céu sem fim.
Do alaranjado ao rosa.

Só boas energias!

Reflexões no Rio Negro.
Um pôr do Sol rosado.

Sou um amante incondicional de pôr do Sol como dá para notar de várias das fotos já postadas aqui ou no Instagram do Cumbicão. Já teve pôr do sol junto à monumento conhecido, com landscape de cidade, deserto, isso para não falar nos incontáveis que já postei e recomendei à beira-mar.

Mas este na floresta Amazônica teve um gostinho diferente, aquela sensação de coração do Brasil, de natureza intocada – difícil até de explicar.

Isso para não falar das cores. Normalmente pôr do Sol tem aquele tom que vai do azulado ao vermelho passando pelo laranja e amarelo. Na Amazônia, não é raro ter um destes, com tons de rosa invadindo o céu. Divino!

De qualquer forma, não deixe de conferir ao menos um estes espetáculos.

Outro passeio que me agradou demais foi a visita à comunidade ribeirinha.

Quando me falavam nisso eu imaginava simplesmente algumas casas à beira do rio. Mas não!

No Manati Lodge você visita a comunidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ou Vila do Acajatuba, como é mais conhecida.

Me disseram que lá foi gravada alguns anos atrás uma novela da Globo. Mas como não sou noveleiro…

Vila de Aracajuba.

Olha o tamanho da castanheira!!!
As casas são todas coloridas.

Enfim, achei o lugar simplesmente maravilhoso. Uma atmosfera tranquila e casas típicas coloridas fazem você querer ficar ali mais tempo.

Se for final de semana pode até pegar algum clássico local no campo. Sim, há um disputado campeonato de futebol entre as comunidades.

Além de caminhar pela comunidade, você visita um mercadinho local para ver como as pessoas fazem as suas compras por ali, e o quanto pagam caro pelas coisas, pois tudo custa mais para chegar literalmente no meio do mato.

Mas a parte mais interessante é a visita à fábrica e loja de artesanato local. Tem muita coisa bonita e interessante para você comprar ali.

Excelente oportunidade para comprar artesanato direto da fonte.

De todas as experiências que tivemos na Amazônia, a que mais curti foi mesmo fazer as trilhas pela floresta.

Eu tinha uma expectativa muito grande neste ponto e ela acabou mesmo assim sendo superada.

Normalmente os resorts de selva na Amazônia reservam apenas uma atividade deste tipo, mas como o grupo colaborou bastante no entendimento e agilidade nos demais passeios, sobrou tempo para fazermos mais uma trilha.

Caminhamos por dois trechos bem diferentes da floresta. Um bem fechado.

 

E outro bem diferente, que outrora alagada, acaba tendo menos vegetação.

Parte do resultado positivo desta experiência foi sem dúvidas o guia do hotel o Wellington.

O cara sabe muito de tudo quanto é assunto relacionado à floresta. Avista e atrai animais como ninguém, como quando ele atraiu uma enorme tarântula para posar para fotos.

Divertidíssimo e super simpático, ele e seu ajudante Diolane tomam conta de todo mundo o tempo todo, afinal selva não é parquinho de diversões. Exige respeito e atenção.

Perdi a conta de quantas vezes ele explicou que isso ou aquilo era venenoso. A todo momento ele dizia: “Isso? É caixão e vela black!”. Preciso dizer que o bordão da viagem inteira foi “É caixão e vela black!”??? 😂 Nunca mais vou esquecer.

Cara a cara com o pavor!

 

Mas “caixão e vela black” mesmo eram estes cogumelos lindos porém venenosos.

Vai uma larvinha ai?
Até decoração de mesa o Wellington faz!

Eu preferi as essências tiradas da casca da árvore.
Pele de surucucu (essa é caixão e vela black).

As experiências proporcionadas são das mais variadas possíveis. Indo da prova de uma espécie de dipirona natural à como fazer utensílios de cozinha ou montar uma cabana com palha; da explicação de raízes venenosas à atrair formigas que até hoje me dão pesadelo de tão grande e furiosas.

Até mesmo ensinar como se comunicar batendo nas árvores que funcionam como “sinos” aprendemos.

O cara é a enciclopédia da floresta!

Ah, só tome cuidado porque ele tem um irmão gêmeo, o que pode dar altas confusões nas conversas. Kkkkk

Embora estes passeios sejam na minha opinião os que melhor mostram como é a floresta, esteja preparado. As caminhadas são feitas em terreno acidentado e é preciso andar bastante, coisa de 2 horas. Mas vale a pena.

É justamente para estes passeios que você precisa estar preparado com aqueles itens básicos que menciono no post com as dicas para uma viagem à Amazônia, como capa de chuva e outros itens que listo lá.

Com tanto rio para todos os lados, não poderia faltar uma pescaria. Mas não é uma pescaria qualquer… é uma pescaria de piranhas!!!

Pelo menos o nosso guia Wellington pegou as piranhas.

Olha, depois de ver elas de perto passei até mesmo duvidar daquele ditado de que “em rio de piranha, jacaré nada de costas”. Acho que ele mal nada!

Eita bichinho nervoso!

Saímos um dia para uma área isolada na qual segundo o Wellington teríamos piranhas por conta do tipo de árvore que ali cresce.

Para a sorte de alguns bons pescadores, dentro os quais eu não me incluo, deu para pescar algumas piranhas que foram mais tarde servidas no almoço.

Vou falar que a minha maior preocupação era o barco não virar ali.

Na volta deste passeio, já numa área piranhas free, aproveitamos para nadar um pouco próximo a um flutuante e acabamos tendo já meio que sem querer uma outra atividade que seria feita de forma talvez menos espontânea: a contemplação do boto cor de rosa.

Olha, vou te dizer que foi muito mais legal do que imaginava.

Normalmente este tipo de passeio com botos funciona assim: você vai até um lugar, paga um valor, e os operadores atraem os botos com peixes. Não raras vezes estes passeios acabam passando das regras e permitem que as pessoas abracem os botos e tal. Li muitos relatos sobre isso na internet.

Normalmente as atividades com boto são assim, meio que “montadas”.

Já no Manati Lodge a proposta é apenas contemplar.

Mas fazer o que se o boto é que quer interagir?!?!

Foi exatamente isso que aconteceu com o nosso grupo.

Já tínhamos visto mais de uma dezena de botos durante as nossas idas e vindas de um lado para o outro de barco.

Mas foi quando paramos para este mergulho no flutuante que eles nos “atacou”. 😂

Um dos rapazes do grupo estava ali boiando quando tomou uma cutucada (é assim que os ribeirinhos falam) nas costas. Ah, não deu dois minutos estávamos todos na água procurando os botos. Eram uns três que rodeavam a gente cada vez que batíamos com a mão na água fazendo formato de concha (técnica de quem? Wellington Enciclopédia!).

A nossa foi assim, natural e espontânea. 🙂

Sei que ficamos ali fácil quase 30 minutos brincando com eles.Valeu mais a pena do que qualquer outro passeio combinado que pudesse existir.

Tivemos também a visita à chamada casa de farinha e jardim de plantas medicinais.

Como já dá para imaginar, na primeira você vê como é o processo de produção da farinha de mandioca, desde o cultivo, passando pela moagem até a preparação de um deliciosa tapioca com manteiga. Provavelmente uma das melhores que já provei na vida!

Mandioca da moagem,
Para a peneira
Para uma (super) tapioqueira.
Até a melhor tapioca da vida!!!

Já o tal jardim de plantas medicinais consiste na vista à uma loja cheia de produtos naturais, principalmente cosméticos que são extraídos de plantas nativas. É um projeto muito interessante, tanto pelo fato de mostrar que dá para extrair muito da natureza de forma sustentável, como também porque é explorado por moradores locais que são capacitados como empreendedores por iniciativas que trazem conceitos de como explorar o lado comercial disso.

Ateliê de produtos cosméticos naturais.

E por fim um outro passeio que praticamente todos os resorts de selva oferecem na Amazônia e que eu muito ansiava por fazer: a visita à comunidade indígena.

Lembram que eu mencionei que alguns passeios que partem de Manaus acabam visitando comunidades indígenas que são mais “para turista ver do que outra coisa”? Então quando você está em um resort de selva na Amazônia a coisa fica bem diferente.

Partimos logo cedo numa manhã para uma das viagens mais longas de barco, tanto que para isso é utilizado um barco maior e mais pontente, com dois enormes motores de popa. Tudo isso porque o trajeto incluía cruzar o Rio Negro (coisa de uns 20km em linha reta!!!).

Uma das experiências mais incríveis foi a visita à tribo indígena.

Entrada da oca principal.
O pequeno aprendeu a respeitar mais uma cultura! 🥰

O destino era a tribo dos Tatuyos, uma tribo indígena que tem sim as suas interações com os turistas, mas de forma bastante sutil, o que lhes permite preservar a cultura e valores tradicionais.

A visita consiste em conhecer a oca principal apenas. As outras áreas da tribo não são abertas à visitação, o que demonstra o grau de preservação da privacidade dos índios, o que já me fez gostar da experiencia.

Durante esta visita, assistirmos à uma interessante palestra do cacique, um cara de uns 65 anos que parece que dormiu os últimos 20 anos no formol. O cara tá mais inteiro do que muitos de nós. Nada como uma vida mais natureba!

Certeza que o cacique dorme no formol!

A palestra conta vários pontos interessantes sobre como é a vida do homem e da mulher indígena desde o nascimento até o falecimento. São explicados vários pontos curiosos como por exemplo as noções de religião, como as atividades são divididas, como os casamentos são feitos e muito mais.

Após a palestra eles servem uma bebida alcoólica para você provar. É um fermentado de milho e abacaxi, cheiro e relativamente saboroso, mas sem gelo, o que desagrada um pouco o paladar – mas como o Wellington disse que seria desrespeitoso negar provar… Confesso que não curti.

Outro item que eles servem e que fiz questão de provar, até porque eu já havia me esquivado da larva do coquinho quando fizemos as trilhas de selva, foram as formigas.

O índio passa com uma cesta cheia delas para você provar. Fiquei meio assim, mas me enchi de coragem e lá fui eu…

Peguei uma e coloquei na boca.

Mal esperei ele ir embora e pedi para ele voltar e peguei um punhado generoso! Que delícia!!! Tem uma textura crocante e um gosto defumado que lembra bacon.

Olha, um potinho delas com uma cerveja gelada!!!

A "cerveja" do índios eu não curti...
Já as formigas... Delícia 😋!!!

Quando eu entrei, na tribo dos índios, eu pedi em oração!!! 🙏
Interior da oca principal.

Depois eles fazem uma demonstração de música e dança com quatro atos, sendo que no último somos todos convidados a dançar com eles. Divertidíssimo!

Uma coisa que eu curti muito foi uma espécie de incenso que eles acendem num toco nesta oca. É o tal breu preto.

Meu Deus, que coisa maravilhosa. Eu não conseguia sair dali. Ai pedi para o Wellington se eles conseguiam me dar ou vender um pouco. Não demorou dois minutos e lá veio o índio com um punhado generoso do breu de presente.

Ainda não tive coragem de acender aqui em casa, mas logo farei um fumacê na minha oca!

Depois somos finalmente liberados para negociar e comprar o óleo artesanato dos índios. Não é lá super barato, mas pela qualidade e considerando que é uma super ajuda para eles, vale muito a pena comprar. Tenha dinheiro em espécie.

Tem de tudo um pouco: porta joias, colares e pulseiras, arco e flecha, vasos, colheres e outros utensílios de pau Brasil. Vale conferir.


Claro que a gente voltou com souvenires!!!

 

Atendimento

Talvez o ponto mais interessante do Manati Lodge seja o seu atendimento.

Ele é administrado pela Marília e sua família, especialmente pela figura onipresente e simpaticíssima do Sr. Moacir, seu pai, que é um faz tudo. Tira dúvidas e recebe os hóspedes, coordena o time do hotel, atende no bar, papeia com os hóspedes e por ai vai. Figuraça super querida.

Aproveitamos justamente a ceia de Ano Novo no Manati Lodge (maravilhosa!)
Participamos de uma tradição local de escrever pedidos num papel
E queimar na fogueira para subir ao céu com a fumaça. 🙏

A Marília desde os primeiros contatos no WhatsApp nos ajudou com tudo, desde que voos reservar a como seria o nosso transfer até o hotel. Tive uma alteração de última hora da LATAM (eita nóis!!!) e ela me ajudou a alterar o cronograma naquilo que seria necessário.

Assim que você fecha a reserva já recebe toda a programação que será realizada (que varia conforme o seu pacote) e também uma lista de itens essenciais para a sua viagem – muitos deles já fazem parte daquela lista que eu dei no post com as dicas para uma viagem à Amazônia.

Some a este time o guia Weelington e seu barqueiro Diolane, e também o chef de cozinha e você tem uma equipe super bem preparada.

A sensação de quem chega no resort e recebe o tratamento do Manati Lodge é que você chegou em casa, mas é uma casa no meio da selva Amazônica.

Custo

Como eu já adiantei um tanto anteriormente, um resort de selva na Amazônia é uma experiência mais cara do que um hotel em Manaus.

Mas você deve ter em mente que é uma experiência absolutamente diferente e até certo ponto bastante exclusiva.

Lembre-se que todas as refeições e passeios estão inclusos, portanto você terá gastos adicionais apenas com bebida. Ok?

Isto posto, o valor, no nosso caso para casal e criança, ficou em aproximadamente R$ 1.200 a diária para o período do Ano Novo.

Ruim, só ter que ir embora!

Claro que se fosse um simples hotel no Brasil eu acharia caro sim. Mas por ser o que é, onde é, com tudo incluso, acho que vale e muito a pena.

Enfim, por tudo o que vivenciamos, recomendo demais um resort de selva na Amazônia, e se você curtiu, o Manati Lodge.

Abaixo um vídeo com alguns momentos da nossa experiência.

E vocês? Em que resort de selva na Amazônia ficaram? Têm alguma sugestão de estadia lá? 

E aí? Gostou? Se quiser reservar este e outros hotéis, dê um clique no banner do Booking.com e faça sua reserva, assim você ajuda na manutenção deste blog e não paga nada a mais por isso!

 

Booking.com

Diogo Avila

Veja os comentários

  • É imperdível mesmo. Experiência única para todos que respeitam a Natureza. Muito conhecimento passado pelo pessoal todo e em especial o Guia. Hoje (maio 2023) me disseram que a água está cobrindo o gramado todo do local do Lodge. Fomos em Dezembro e estava como nas fotos mostradas aqui. É interessante entrar em contato antecipadamente para saber da condição das cheias que são influenciadas pela chuvarada e pelo derretimento de neve nos Andes. Diversão sempre. Ficamos num Chalé ótimo também com pássaros como vizinhos. Comida inigualável e equipe excelente.

  • Nossa, Diogo!!! Viajei junto com vc nesse post. Que maravilha essa experiência que vc teve! Tb fiquei com muita vontade de conhecer esse resort agora! Manaus já tá na minha lista de viagem faz um tempo, e essa sua experiência só aguçou mais a minha vontade de conhecer a capital amazonense. Demais!

    • Oi Raquel,
      Vá sim!!! A Amazônia não é uma viagem, é uma experiência de vida.
      E estar imerso na floresta é a melhor forma de vivenciar isso tudo.
      Boas viagens!!!

Posts recentes

Disney Adventure World: celebrando a magia do cinema

Desde a sua inauguração, ainda com o antigo nome de Walt Disney Studio Park, o…

27 de outubro de 2024

FlightConnections, todas as rotas aéreas do mundo na sua mão

Você já imaginou ter em mãos uma ferramenta que literalmente te dá todos os voos…

9 de setembro de 2024

Coron: um paraíso de praias e lagoas nas Filipinas

Ao norte da ilha de Palawan, onde fica El Nido, situa-se um outro grupo de…

30 de agosto de 2024

Disneyland Park Paris: magia Disney com charme francês

Porque não aproveitar uma viagem à Paris para curtir o Disneyland Park? Se não bastasse…

8 de agosto de 2024

Dicas para curtir os parques da Disney em Paris

Viajando para Paris com crianças? Então você precisa colocar no seu roteiro de atrações da…

28 de julho de 2024

El Nido: uma experiência imperdível nas Filipinas

Pensa em um paraíso literalmente cercado de água por todos os lados? Assim é El Nido.…

7 de junho de 2024

This website uses cookies.