“Romênia??? Por que viajar para lá?” Esta foi a principal reação das pessoas quando respondi onde passaríamos as próximas férias. Imagino que você aí também esteja se perguntando o mesmo, mas saiba que o país oferece ao turista muito mais do que o famoso mito do Conde Drácula.
Incríveis cidades medievais, a costa do Mar Negro, e paisagens deslumbrantes são só alguns dos atrativos deste país ainda pouco explorado pelos turistas.
Nos próximos posts vamos mostrar que a Romênia vai além do mito do conde sugador de sangue. Mas sim, também falaremos do garoto propaganda local!!!
É bem verdade que boa parte dos turistas que chegam à Romênia (5 milhões / ano segundo a WTO – só para comparar o Brasil, com todos os seus atrativos naturais, recebe uma média de 6 milhões), ali desembarcam em busca de histórias de terror e sangue, o que mostra como uma história bem contada ao longo dos anos pode trazer bons frutos.
Naqueles tempos a viralização era muito mais lenta, mas de boca em boca (ou seria de dentada em dentada?), funcionava muito bem.
Aliás, já vou adiantando… Como este assunto do Conde Drácula é muito interessante, e demanda mais tempo para explicar, prometo que num próximo post conto tudo o que vimos e aprendemos sobre o Drácula e o quanto da história é mito ou verdade. O que já adianto é que a história real pode ser mais impactante do que o mito.
O fato é que a Romênia é muito mais do que o mito do “dentuço”, e tem uma variedade encantadora de lugares para visitar.
Olha só um aperitivo do que vem nesta série sobre a Romênia:
Os primeiros registros históricos na região datam de coisa como 6 mil anos atrás quando ali viviam povos nômades. Mas foi a partir de uma tribo dominante chamada de Dacia que se organizou sob o reinado de Burebista no século I a.C.
Mas entre 101 e 102 d.C. esta região toda onde hoje está a Romênia foi tomada pelos romanos sob o comando do imperador Trajano. Dizem inclusive que o nome da nação veio dai.
Porém esta dominação romana não durou muito, pois pouco mais de 200 anos mais tarde, o imperador Aureliano resolveu, por conta de derrotas locais, abrir mão das possessões romanas ao norte do Danúbio.
Entre este período e o século XIII a região foi habitada por um enorme mix de povos que estabeleceram pequenos feudos. Mas não demorou muito para que os húngaros que já vinham em um processo de expansão, tomarem a região da Transilvânia onde ficaram até 1918, pouco antes da queda do Império Austro-Húngaro, ao final da Primeira Guerra Mundial.
A primeira menção à Romênia como nação veio no século XIV quando o príncipe Basarab I uniu forças políticas e fundou ao sul do Cárpato uma cidade chamada Wallachia, que seria a primeira cidade romena.
O processo de independência começou a tomar forma em 1861, quando os reinos de Wallachia e Moldavia foram unidos e um ano depois renomeado para Romênia sob o reinado de Carol I. Mas foi só em 1881 que a independência total dos otomanos veio.
Um dos grandes revezes na história da Romênia aconteceu na Segunda Guerra Mundial, pois embora tenha inicialmente se posicionado junto aos Aliados, acabou cedendo às pressões externas do Eixo.
Além disso ela perdeu boa parte do seu território para a Hungria e Bulgária, naquele esquema de que a cada noite a fronteira “acordava” em um lugar diferente, ainda teve a perda de mais de 200mil judeus e 40mil romas/ciganos que foram levados para campos de concentração.
Interessante que a Romênia, vendo que os nazistas iam se dar muito mal, resolveu mudar de lado quando as tropas soviéticas bateram à sua porta, entregando de bandeja mais de 53mil soldados alemães que estavam no seu território.
Foi justamente por isso que a Romênia, ao fim deste conflito e durante a Guerra Fria, seguiu para o lado da União Soviética. E não mais que dois anos depois do fim da guerra, a monarquia chegava ao fim na Romênia, e eleições já foram vencidas pelos comunistas.
Mas não pensem vocês que foi algo assim natural. Terras e indústrias foram nacionalizadas e pessoas despojadas de seus bens. Ruas e locais foram renomeados em homenagem a figuras soviéticas (Braşov virou Oraşul Stalin). Até mesmo uma nova ortografia, mais perto do russo foi adotada em detrimento das raízes latinas do idioma romeno.
Até o começo dos anos 60 esta “influência” era direta, pois as tropas soviéticas estavam ainda em território romeno. A independência, ao menos aparente, veio a partir desta década quando líderes locais foram “eleitos”.
É aqui que entra um outro importante personagem local.
Além da figura mitológica do Drácula e dos ciganos romenos, confesso que a única coisa que eu sabia sobre o país era que eles tinham passado por tempos complicados na década de 1980 por conta de um cara chamado Nicolae Ceaușescu.
Este aliás é um nome que ainda causa calafrios em boa parte da população local, mesmo depois de tanto tempo.
Durante a Guerra Fria, a Romênia foi zona de influência da União Soviética (URSS) e entre 1974 e 1989, seu líder foi justamente o cara acima.
Inicialmente considerado um moderado pelos países não comunistas, não demorou muito para ele mostrar um viés autoritário.
Foram 25 anos de governo megalomaníaco e ditatorial ao ponto de quem tinha uma máquina de escrever poderia ser preso em razão de não existir liberdade de imprensa. Nos poucos meios de comunicação reinava a lavagem cerebral e o culto ao líder Nicolae.
Pessoas eram vigiadas constantemente e num nível que você já não poderia confiar nem mais nos seus familiares porque tais eram recrutados pela Securitate (uma espécie de polícia secreta) para dedurar eventuais transgressores. Alguns eram inclusive crianças que entregavam seus pais. Imagina o nível da paranoia?
Faltava comida e energia elétrica para a população, mas mesmo assim havia uma obrigação das pessoas terem filhos para aumentar a quantidade de trabalhadores braçais.
Havia até um lema absurdo que dizia “o feto era propriedade da sociedade”. Oi?!?!
Quem não queria ter filhos era taxado em 10% do salário e mesmo mulheres acima de 45 anos eram quase que obrigadas a engravidar, vez que exames clínicos eram mandatórios e realizados na presença de oficiais para saber se estavam menstruando ainda.
Resultado? A taxa de natalidade explodiu, mas a de mortalidade infantil também, chegando a 83 mortes em cada 1000 nascimentos.
Nossa, em certa medida parece até um país latino americano nos anos 60/70…
Num cenário socialmente caótico, não demorou muito para que a economia também azedasse. A coisa ficou feia ao ponto de que em 1982 ele ordenou que toda a produção agrícola fosse direcionada para exportação.
Preciso dizer que o povo ficou piiiiii da vida?
Isso tudo começou a ruir com o fim da URSS em 1989 e mais decisivamente no final do ano, quando Ceauşescu enviou tropas para combaterem uma revolta contra o seu governo que havia iniciado na cidade de Timişoara.
Neste mesmo ano, protestos romperam por todo o país pedindo a renúncia dele, o que ficou conhecido como Revolução Romena e teve como resposta de Ceaușescu mais prisões, tortura e morte de opositores.
Este caos teve seu ápice em dezembro de 1989, quando ele fez um discurso e fugiu do palácio do governo num helicóptero. Não sem antes ordenar que seus guardas disparassem contra os manifestantes, o que causou milhares de mortes.
Tudo foi transmitido ao vivo na TV, dando inclusive origem a questionamentos sobre os riscos de transmissões ao vivo.
Isso gerou uma enorme onda de protestos jamais vista Bucareste, com mais de mil mortos em apenas uma noite, pois a polícia revidou com tanques e tiros para todos os lados. Na manhã seguinte, o que os romenos fizeram? Ficaram em casa acuados? Que nada! Foram para as ruas novamente protestar. Gostei desta gente hein!
A fuga dele foi brevíssima, pois logo em seguida ele foi capturado e juntamente com a sua esposa Elena, julgado e considerado culpado no Natal daquele ano pelos crimes de “sabotagem econômica e genocídio”. Ao invés de serem presos, ambos foram naquele mesmo dia sumariamente executados por um pelotão de fuzilamento (novamente transmitido ao vivo na TV!!!).
Embora a Romênia tenha se livrado do seu ditador, muito se discute a respeito da legitimidade desta sequência de atos. Isto porque alguns defendem que era apenas o partido comunista tentando se livrar de um aliado que já não mais interessava. Com a queda do governo, a população ficou sabendo que no palácio, ele e sua esposa Elena tinham utensílios de cozinha de ouro e outros luxos simplesmente absurdos.
Era o fim do comunismo na Romênia. Aliás, o único país que teve uma queda do comunismo violenta, diga-se de passagem, depois da Queda do Muro de Berlim naquele mesmo ano.
Hoje a Romênia é uma república semipresidencialista onde você tem a figura do presidente e de um primeiro ministro.
Como são os romenos?
É relativamente comum que um país tenha muitas semelhanças com seus vizinhos. Fruto de interações ao longo da história, guerras, movimentos separatistas e uniões nem sempre voluntárias de territórios.
Mas olhando a Romênia, muitas pessoas costumam dizer que os romenos “são latinos num mar de eslavos”, em alusão aos seus vizinhos, dos quais se distinguem razoavelmente.
O país tem uma gama de diferentes influências que moldaram uma nação totalmente diferente dos seus vizinhos.
Além das influencias dos povos mais antigos da região, como aqueles que ocuparam a Transilvânia, existem outros motivos históricos para esta diferença.
Durante muito tempo, a Romênia fez parte do império Austro-Húgaro e com a Hungria ali ao lado, a influência principalmente na região oeste é maior. Basta um passeio pelas ruas de Bucareste para notar na arquitetura o quanto forte é esta influência – os edifícios lembram muito os de Budapeste.
Os romenos tem um traço bastante latino. Tendem a ser mais comunicativos, abertos nos relacionamentos, e também mais impacientes (principalmente no trânsito, me lembrando os italianos e espanhóis). São muito abertos a conversar, algo que muita gente não esperaria de um povo assim, aparentemente, tão distante.
Uma coisa muito interessante sobre a população local de aproximadamente 20 milhões de habitantes é o fato de que embora muita gente associe a Romênia aos ciganos, apenas 3% da população é de fato de origem “roma”, ou cigana, como diríamos.
Mas mesmo assim é a maior concentração de ciganos do mundo.
Aliás, note que eu usei o termo concentração. Isso porque não é que os romenos são ciganos, mas sim os ciganos que resolveram, ao contrário daquela imagem tradicional, fixar-se em um território ao invés de levar uma vida digamos assim mais nômade.
Se você já leu outros posts de introdução a um destino já deve ter notado que eu sempre gosto de pontuar sobre o aspecto da religião. Sempre acho que isso ajuda a entender melhor a população local e a cultura local.
Neste sentido, olhando para a população romena, praticamente 91% é de cristãos, sendo 81% ortodoxos, 6% protestantes e 5% católicos.
O salário médio local é de uns €500, praticamente a metade do valor do restante da Europa, o que mostra um custo de vida potencialmente menor, o que é bom para o turista como falarei mais a diante.
A Romênia tem o 36º. maior PIB do mundo, mas em termos de IDH ocupa a 49ª. posição, o que demonstra que eles, assim como o Brasil, tem uma considerável desigualdade social para os padrões do restante do continente.
É bem verdade que a renda per capita lá (US$ 18.413) é um pouco mais do que o dobro da média brasileira (US$ 7.500).
Uma coisa que pode assustar algumas pessoas que estão pensando em viajar para a Romênia é o idioma. Lá eles falam romeno.
É um idioma que tem uma sonoridade bastante interessante e algumas palavras têm semelhanças com o português.
Mas não são muitas não e é um idioma realmente difícil. Até mesmo porque muitas palavras têm acento inclusive nas consoantes, como acontece no húngaro.
Por mais que nas zonas mais turísticas, especialmente os mais jovens falem sim inglês, sempre vale a pena aprender o básico para fazer graça com os locais e ser melhor recebido:
No final, tudo acima você fala ignorando este monte de acentos, acredite. Kkkkkk
Uma dica que eu te dou é ter anotado o nome em romeno de todas as atrações. O motivo disso é muito simples: se você procurar os nomes em inglês ou pior ainda, tentando traduzir para o português, nem o Google Maps vai achar as atrações.
Tentarei ao máximo nos posts sobre as cidades sempre colocar o nome em romeno para facilitar, ok?
Para ajuda-los a programar a sua viagem para a Romênia, vamos às questões práticas.
Segundo apurado na data da nossa viagem junto à embaixada da Romênia, brasileiros não precisam de visto para ficarem até 90 dias na Romênia a turismo. Para informações atualizadas, sugiro visitar o Ministry of Foreign Affairs (www.mae.ro) antes de viajar.
A Romênia faz parte da União Europeia para fins comerciais desde 2007 e desde março de 2024 faz parte também do espaço Schengen. Mas não tem o Euro como moeda corrente como detalho logo mais.
Como a inclusão dela no espaço de Schengen é relativamente recente e as regras não estão ainda claras e/ou estão em fase de implementação, eu resolvi ser precavido para ambos os lados.
Foi conservador no ponto de andar com o passaporte para cruzar fronteiras, como por exemplo a da Bulgária (e faria o mesmo em relação à Hungria). E também quanto à necessidade de seguro viagem como previsto nas regras de ingresso na área do Tratado de Schengen.
Então, por ora, se algum dia você pretender cruzar as fronteiras destes países, ainda que seja para uma day-trip, tenha seu passaporte em mãos.
Por falar em passaporte, o documento, pelas regras da Romênia deve ter pelo menos 3 meses de validade após o término da sua viagem, mas algumas empresas aéreas mesmo assim têm exigido 6 meses como em outros países europeus. Na dúvida, considere 6 meses.
Nunca é demais lembrar que mesmo não existindo visto ou tendo requisitos rígidos para a entrada, as autoridades de imigração podem exigir a apresentação da passagem de volta, prova de meios de subsistência durante a viagem, e comprovante de hospedagem. Esteja sempre, para qualquer lugar, preparado com isso.
A embaixada brasileira em Bucareste fica na Rua Clucerului 78-80, 4º. Andar, Setor 1, Bucareste – 021-230-1130 apenas para emergências com brasileiros): 0722-219-236 ou pelo e-mail consular.bucareste@itamaraty.gov.br.
Como dito acima, por fazer parte do espaço de Schengen, é essencial comprovar a contratação de um seguro viagem.
Seja pelo que expliquei acima, seja por questões de saúde mesmo, tenha em mente que o mais importante motivo para você contratar um seguro viagem é o fato de que qualquer tratamento no exterior, por mais simples que seja, pode custar mais que a viagem.
Assim, tão longe assim de casa, nem sonharia em embarcar sem um seguro viagem. Nós aqui em casa utilizamos a Real Seguro Viagem, parceira do blog. Vocês podem contratá-la diretamente no banner ao lado.
Ah, já ia me esquecendo… Na Romênia eles não exigem a comprovação de que você tomou a febre amarela. Ufa, um item a menos na sua lista de providências de viagem!
Sem considerar a questão climática, da qual trataremos mais abaixo, é preciso considerar aquele conceito de alta, média e baixa temporada numa viagem. Afinal, invariavelmente isso influencia dos custos.
E numa viagem à Romênia isso não é diferente.
A alta temporada equivale aos meses de julho de agosto, quando as temperaturas são mais altas.
A baixa vai de novembro a março, mas o clima é mais frio.
E um período intermediário seriam os meses de abril e maio e depois setembro e outubro.
Eu sempre gosto de reforçar que faz tempos que (infelizmente) por conta das mudanças climáticas está bastante difícil fazer qualquer previsão de como será o clima nas nossas viagens. Mas para te dar uma ideia de como pode ser a sua viagem em termos de temperatura e chuvas, vale compartilhar o que é o esperado.
O clima na Romênia é o inverso do nosso. Ou seja, meio do ano é verão e o inverno acontece no final-começo de ano.
A Romênia, como você notará abaixo tem uma grande amplitude térmica ao longo do ano, indo de temperaturas congelantes no inverno a um verão que pode ser digno de qualquer cidade do nosso Nordeste.
Abaixo uma amostra mês a mês do clima na capital Bucareste e em Brasov, na Transilvânia, respectivamente:
Se em termos de temperaturas dois dos principais destinos romenos têm um esquema bastante parecido, o mesmo não vale para as chuvas, já que pela geografia local existe uma inversão do regime de chuvas entre Bucareste e a Transilvânia, como se vê dos respectivos gráficos abaixo:
Quando você estiver montando o seu roteiro pela Romênia, a primeira coisa a considerar é que as distâncias são consideráveis. A Romênia não é um país pequeno não, é algo como o Estado de São Paulo.
Por várias vezes me vi dirigindo por mais de 5hs para ir de um destino para o outro.
Outra coisa que você precisa considerar é o que pretende visitar.
Entendo que o país tem três grandes focos: Transilvânia, costa do Mar Negro e a capital Bucareste.
Como íamos visitar o litoral do Mar Negro na Bulgária, resolvi simplesmente ignorar esta parte da Romênia. Da mesma forma deixei apenas 1 dia inteiro para a capital Bucareste.
Por que? Porque considerei que a área mais interessante seria justamente a Transilvânia.
Aqui então já deixo a primeira recomendação: não limite a sua viagem para a Romênia à capital Bucareste que é bela sim, mas nem de longe representa a essência do país. Eu não cruzaria o Atlântico para ver apenas Bucareste.
Olhando para o tempo dedicado à Romênia, no final pegamos 1 semana inteira para rodar a região, mas mesmo assim algumas cidades mais distantes acabaram ficando de fora. Mas deu para ver o mais relevante e típico.
Claro que tudo depende do que você pretende conhecer e do seu ritmo de viagem.
Não existem voos diretos ligando Brasil e Romênia (e acredito que nunca tenha existido), mas opções de conexão não faltam.
E acreditem, algumas que podem parecer pouco usuais às vezes representam bom negócio como conto logo mais.
Inicialmente para esta viagem, estava considerando voar para alguma capital europeia e de lá pegar um voo para Bucareste, ou para Sófia, na Bulgária como ao final acabou acontecendo.
Não digo que qualquer capital europeia tenha voos para Bucareste, mas praticamente todas que servem ao Brasil têm voos para a Romênia.
Quando comecei a mapear os preços e conexões na dupla Google Flights e Flight Connections, a mais óbvia por questões de tempo e preço me pareceram via Roma.
Acontece que o preço estava astronômico, e resolvi ampliar as opções, ainda que com tempos de voo e conexão maiores.
Foi nesta hora que de deparei com uma promoção da Qatar voando São Paulo – Doha – Sofia.
Uma epopeia? Sim, mas valeu demais a pena tanto pelo serviço excelente da Qatar quanto preço que foi fantástico. Mas isso será tema para um outro post.
A porta de entrada para tais voos é o Henri Coandă International Airport em Bucareste. Como viemos de carro a partir de Sofia e por lá retornamos ao Brasil via Doha, não tenho como dizer para vocês como é este aeroporto.
Algumas outras poucas cidades têm voos internacionais, porém já com uma malha menor, já que são cidades secundárias em relação à capital.
Como dito, a Romênia não é pequena e as cidades mais interessantes não ficam exatamente próximas.
Isso nos leva ao passo seguinte da nossa conversa: como se locomover dentro da Romênia.
Pensando em Europa talvez você logo tenha imaginado que seja interessante fazer todo de trem.
Acontece que a Romênia não é tão bem desenvolvida neste aspecto quanto Espanha ou Portugal, por exemplo. Então os trens são meio precários e o processo de compra, pelo que vi, não é muito simples porque não dá para comprar com antecedência.
Por mais que existam ligações entre as principais cidades do Leste Europeu e a capital Bucareste, no meu caso as viagens de trem não seriam factíveis.
Veja por exemplo o trecho entre Sófia, na Bulgária, e Bucareste. De carro leva 5 horas, enquanto que de trem, você tem que pegar uma série de baldeações que fazem a viagem durar mais de 10 horas. Simplesmente impraticável.
Para saber mais sobre o uso de trens lá, sugiro visitar o site da empresa nacional, a CăileFerate Române, já que ali tem tudo, até mesmo um super útil timetable.
Olhando isso e a mobilidade, entendo que a melhor opção seja alugar um carro para rodar por lá.
No nosso caso, optamos por alugar um carro ainda na Bulgária (Sofia), o que embora tenha sido uma viagem longa com 900Km rodados (só do lado da Romênia), foi a melhor opção em termos de custo e mobilidade.
O aluguel do carro foi muito barato se comparado com outros destinos, e a mobilidade foi realmente um enorme diferencial.
Teríamos deixado de ver muita coisa interessante se tivéssemos optado por outra coisa que não um carro.
Claro que tudo isso tem seus desafios…
Esteja também atento ao fato de que ao alugar, se você pretender cruzar fronteira para outro país, é preciso informar a locadora (isso não acontece entre os países que estão já plenamente integrados à União Europeia, ok?).
Esteja atento ao fato de que algumas locadoras não permitem este tipo de travessia. Informe-se antes!
Se a sua locadora permitir, você precisa informar eles uma quantidade de dias antes de pegar o carro, pois eles precisam preparar alguns trâmites, e vão te cobrar uma taxa que no caso da Hertz foi de €83 para todo o período.
Ok, mas e se eu não avisar e for na malandragem ou esquecer?
Você simplesmente não vai conseguir cruzar a fronteira!
Isso porque eles te dão uma autorização por escrito que os guardas da imigração pedem na fronteira:
Para cruzar a fronteira com a Bulgária, você precisa passar pelo Rio Danúbio, o que pode ser feito pelas duas pontes ou três balsas que fazem esta travessia.
Seja qual for a sua escolha, você deve estar preparado é que na alta temporada e durante os finais de semana, filas fazem parte dos postos de controle fronteiriços, mas isso tende a ser simplificado ou abolido com a efetivação da inclusão da Romênia no Espaço de Schengen.
Nós particularmente tomamos um tremendo chá de cadeira na fronteira. Coisa de 30 minutos esperando os guardas analisarem todos documentos.
Pior que foi aquele esquema onde o sujeito leva seu passaporte, PID e CNH para sabe Deus onde e some. Você fica lá com o coração na mão sem saber o que está acontecendo. Haja sangue frio.
Mas não se asuste. Acho que isso tudo será melhorado quando efetivamente eles estiverem com todos os controles da União Europeia em vigor e principalmente acostumados, afinal nada disso será necessário com uma efetiva integração.
Ah, e existe uma taxa de travessia de uns €10 que você pode pagar tanto em dinheiro (euros ou moeda local). Acho que não aceita cartão.
Voltando aos pontos de travessia, como eles são em pequenos número e estão espalhados ao longo de uma longa fronteira, você precisa programar muito bem onde será o seu ponto de cruzamento conforme o seu trajeto / itinerário de viagem.
Por exemplo, quando fomos da Bulgária para a Romênia, acabei escolhendo uma balsa entre Orjahovo e Bechet, e na volta uma ponte entre Giurgiu e Ruse.
Na balsa, eventualmente você pode encontrar uma fila de caminhões, não entre nela pois a fila dos carros é paralela (eles vão meio que encaixando os carros e caminhões na balsa).
Outro detalhe, na época da nossa viagem, o custo da travessia na balsa era de 50 Lei, e infelizmente não tinha de hora em hora, e acabamos ficando ali esperando por aproximadamente 2 horas para embarcar numa viagem de apenas alguns minutos.
E na ponte esta taxa foi de €3 que podem ser pagos apenas em dinheiro.
Uma viagem de carro pela Romênia demanda um bom estudo de caminhos, seja por conta desta questão de fronteiras, seja pela sequência de cidades.
Como dá para ver do mapa acima, optamos por seguir um arco no sentido horário começando por Pitest –
Transfăgărășan – Sighişoara – Brașov – Bucareste como mostra o mapa abaixo.
E na prática, como é dirigir na Romênia?
Não vou dizer que dirigir pela Romênia seja fácil não. As estradas são em sua maioria de mão dupla e normalmente cheias, não só de veículos motorizados, mas muitas vezes charretes e etc. Some ainda que os romenos são meio esquentados ao volante. Ligue o modo paciência.
A coisa mais complicada é que muitas das rodovias que são tidas como principais, invariavelmente cruzam pequenas cidades, o que faz elas servirem como simples avenidas nestes trechos. Me lembrou muito algumas estradas na Croácia e até mesmo no interior do Brasil.
Esteja atento que por conta do idioma, a PID (Permissão Internacional para Dirigir) é essencial.
O preço da gasolina quase que regula com o nosso, custando 5 lei, que dá quase R$ 5. Mas como é gasolina pura, rende mais.
Nos postos de gasolina não existe um padrão sobre quem abastece os veículos. Teve locais em que eu mesmo deveria abastecer (como é nos EUA, por exemplo) e noutros tinha frentista.
Na Romênia, todos os carros devem ter um adesivo colado no para-brisa, a rovinieta, que é um indicativo para fins de pedágio. Você o compra nas fronteiras (se estiver vindo de outro país) ou nos postos de gasolina. O custo é de 15 lei para 1 semana e 40 lei para 30 dias. Fique atento a tal fato e compre ele assim que cruzar a fronteira.
Tem até um esquema de comprar pela internet, mas infelizmente não funcionou e acabei comprando no primeiro posto de gasolina depois de cruzar a fronteira da Bulgária para a Romênia.
Os limites de velocidade no geral são 50km/h nas cidades, 90km/h nas estradas comuns e 130km/h nas estradas com 4 faixas (poucas são assim).
Outra regra importante, mas que muitos brasileiros já seguem é andar com o farol aceso mesmo durante o dia. A diferença é que lá isso vale para tudo, e não apenas nas estradas.
Nas cidades e para curtas distâncias, dá para usar táxi? Entendo que pelo custo bastante razoável, entre 1,39 lei e 1,79 lei o km rodado (pode variar de cidade para cidade), compensa sim.
E dentre as cidades, apenas Bucareste tem um sistema de metrô.
Nas cidades mais turísticas, especialmente na Transilvânia, se você estiver bem localizado, nem vai precisar de carro ou qualquer outro sistema de transporte. Dá para fazer tudo caminhando.
Não só compensa como é altamente recomendável.
Primeiro porque como explorarei mais abaixo não existem voos diretos de-para o Brasil, o que te obriga a fazer uma escala em outro país, especialmente da Europa.
No nosso caso, optamos por juntar nesta mesma viagem a vizinha Bulgária, que fica mais ao sul, cruzando o Rio Danúbio.
Mas você pode juntar facilmente com outros destinos como Hungria, ou outros mais ao oeste, como Croácia e até mesmo Turquia que fica um tanto mais ao sul. Ou seja, boas opções não faltam.
A Romênia não utiliza euro, embora faça parte da Comunidade Europeia (quem sabe num futuro?). Lá a moeda é o novo leu (plural: lei), uma moeda que felizmente tem um valor bem próximo ao nosso Real:
Confira só:
Lei 1 = R$ 1,13 e R$ 1 = Lei 0,87
Lei 1 = US$ 0,21 e US$ 1 = Lei 4,58
Para facilitar as consultas ao câmbio atualizado enquanto em viagem, sugiro instalar um dos muitos apps para celular que fazem este tipo de conversão facilmente. Eu particularmente uso o Conversor de moedas XE que está disponível para iOS e Android.
As notas vêm em 1 leu, 5 lei,10 lei, 50 lei, 100 lei, 200 lei e 500 lei; e as moedas em centavos (bani) 50 bani e 10 bani.
Como troco não é fácil, tenha sempre a mão notas pequenas para despesas menores, como por exemplo parquímetros se você alugar um carro.
Nem perca tempo procurando Lei nas casas de câmbio do Brasil que você não vai encontrar, a melhor saída é, pelo menos para emergências, ter um pouco de moeda forte para trocar lá.
Qual? Euros. Dada a proximidade econômica e geográfica, esta é a melhor opção em termos de moeda forte para você levar para eventuais emergências ou simplesmente para fazer o câmbio local.
Claro que adicionalmente ou se você já tiver, dá para levar dólares ou até mesmo libras, já que são moedas fortes e universalmente fáceis de trocar em qualquer lugar.
Eventualmente grandes hotéis podem apresentar suas diárias em euros, mas isso é apenas para a conveniência do viajante, já que o pagamento será feito em lei.
Se você quiser trocar dinheiro em uma casa de câmbio (schimb), saiba que você precisa apresentar seu passaporte.
Para os gastos ordinários, hoje tenho usado muito cartões de contas internacionais, como Wise e C6 que, como detalho nos respectivos posts, e penso que apresentam o melhor custo benefício.
Para ambos existe a vantagem de que você pode converter dos reais da sua conta corrente para euros durante a viagem (neste caso acho melhor do que US$). Maravilha!!!
Então esta é a alternativa com melhor custo-benefício tanto para compras quanto para saques em ATMs – presentes em tudo quanto é canto na Romênia.
Como uma solução de emergência ainda uso os cartões de débito no exterior.
Nunca é demais lembrar que os ATMs sempre cobram uma pequena taxa por saque, além daquela cobrada pelo emissor do seu cartão.
Os cartões de crédito são muito bem aceitos em lojas e restaurantes maiores (hotéis sempre). Não espere que ele seja aceito em lojas menores ou lugares mais remotos, neste caso, ter dinheiro é a solução.
Ah, e não se esqueça sempre de conferir se você o desbloqueou para operações no exterior e vale também conferir o limite de crédito.
Quer saber mais sobre meio de pagamento no exterior? Verifique as nossas dicas especiais sobre gastos no exterior.
E por falar em dinheiro, gorjeta este é um costume sim na Romênia, mas nada fora do comum em relação a outros lugares (nada comparado ao Egito!). Garçons esperam 10% do valor total da conta (serviço pago à parte); taxistas esperam o arredondamento da corrida,
É cara uma viagem para a Romênia?
Caro ou barato são conceitos bem subjetivos, já que vai muito do seu estilo de vida / viagem. E também vai muito também com o que você compara.
A passagem custa praticamente o mesmo tanto que outros países da Europa, isso porque por mais que não existam voos diretos entre Brasil e Romênia como já dito, as principais empresas aéreas acabam muitas vezes tendo preços até mesmo menores.
Explico.
Não estranhe se você contar por exemplo um voo São Paulo à Romênia com conexão em Paris custando menos do que um voo São Paulo à Paris. É a (i)lógica dos preços das passagens aéreas…
Especialmente se comparado com outros destinos europeus, é muito provável que você ache a Romênia muito mais em conta, o que fica bastante fácil notar já que como eu disse, ao menos na data deste post, o lei e o real têm valores muito próximos.
Só para te dar uma ideia, uma diária de hotel custa em média uns 400/500 lei por noite. Faça uma busca no Booking.com, provavelmente mais em conta do que você encontraria aqui no Brasil.
E aqui já deixo uma dica sobre hospedagem: ficamos tanto em hotéis quanto apartamentos para alugar, tudo via Booking.com, e notei que o custo-benefício dos hotéis foi muito ruim quando comparado aos apartamentos.
Ficamos em apartamentos escolhidos no Booking.com nos quais eu moraria fácil, por metade do preço dos hotéis. E todos muito, mas muito bem localizados!
Um jantar num restaurante sai por uns 130 lei; museus custam aproximadamente 30 lei.
Ou seja, não é nada difícil uma viagem para lá custar menos do que você gastaria aqui no Brasil.
Normalmente os hotéis oferecem internet wi-fi gratuita, mas nem sempre a qualidade é lá aquelas coisas ou funciona em todas as áreas do hotel.
Comprar um chip local me pareceu ser complicado demais, já que o idioma oficial não facilita muito. Roaming do Brasil? Nem pensar, só o custo já assusta.
Para esta viagem, mais uma vez contamos com o chip de celular fornecido pela OMeuChip que funcionou super bem durante toda a viagem. Se você quiser comprar o seu, é só clicar no link acima ou no banner ao lado e aproveitar descontos especiais.
Ok, eu sei que a Romênia não está em nenhuma lista de Top 10 Destinos com Crianças ou coisa do gênero. Mas nem por isso podemos dizer que não seja um destino para viagem em família.
É mais um daqueles destinos onde a gente aplica aquele mantra: qualquer destino de viagem que seja adequado para os adultos pode tornar-se um destino para os pequenos.
Os romenos recebem super bem os pequenos viajantes, e a quantidade de castelos e parques públicos fazem da Romênia um destino de viagem que pode facilmente entreter as crianças. Basta você querer.
Como já contei na série Viajando com Crianças, diante de um castelo que possa parecer sem graça para uma criança de 5 anos, o que você faz?
Inventa uma história muito louca para que ali passe a ser a antiga casa de uma princesa ou de um cavaleiro, ou ainda, diante do clima propício, a casa do Drácula. Pronto, garanto que a sua visita, que poderia ser um tédio para os pequenos, virará uma aventura para eles.
Para mais dicas sobre viajar com crianças, confira os posts Viajando com Crianças – O que aprendemos até agora (bebês) e Viajando com Crianças – O que aprendemos dos 2 aos 4 anos.
Confira os nossos Top 5 Destinos de Viagem com crianças fora do comum.
Em termos de segurança eu diria que tomadas as precauções que você já tem aqui no Brasil, dá para considerar a Romênia um destino de viagem seguro. Claro que tem que ficar esperto com coisas comuns em qualquer lugar como batedores de carteiras e taxistas querendo tirar vantagem. Fora isso, é bem tranquilo.
Uma coisa que vale a pena comentar é sobre os cachorros de rua. Passeando pelas cidades você encontrará muitos deles. Especialmente se você viaja com crianças, oriente elas para não tocar nos animais, já que nunca se sabe qual será o comportamento deles.
Pode beber água da torneira? Dizem que sim, mas eu tenho por hábito beber água da torneira apenas em destinos como EUA, Canadá, alguns lugares da Europa e Japão por exemplo.
Não que sejam super comuns problemas com comida lá, mas eventualmente você pode ter algum problema com a comida local por conta do tempero.
Fora que pelo simples fato de estar tão diferente, é sempre bom ter uma farmácia de viagem para eventual necessidade.
O horário comercial na Romênia segue no geral o padrão das 9h00 às 18h00 para lojas, fechando às 23h00 nos sábados, e 14h00 nos domingos. bancos trabalham das 9h00 às 17h00 durante a semana e até 13h00 aos sábados. Museus, embora cada um tenha o seu horário próprio, a regra geral é que eles fecham às segundas.
Algo que você precisa mesmo ficar atento é que na Romênia eles usam horário de verão, os relógios são adiantados 1 hora no último domingo de março e volta 1h hora no último domingo de outubro. Portanto, o fuso horário normal em relação ao Brasil é de 5 horas à frente e de 6 horas durante o horário de verão.
Infelizmente não é nada fácil encontrar banheiros públicos na Romênia, e quando você acha são bem sujinhos. Neste caso, a melhor opção são os de hotéis, restaurantes e shoppings, estando sempre ciente de que pode haver uma pequena taxa de 1 ou 2 lei para o uso. Ah, e já ia me esquecendo… Observe na porta B de bărbaţi para homens e F de femei para mulheres.
As tomadas na Romênia são como aquelas que tínhamos no Brasil anos atrás: apenas dois pinos redondos paralelos. Assim, para os seus eletrônicos, um adaptador universal é essencial. A voltagem é 220v.
Dadas as informações e dicas gerais vamos embarcar em uma viagem para o outro lado do mundo rumo à Romênia???
Vem com a gente!
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