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É seguro viajar para o Egito?

É seguro viajar para o Egito? Dá para viajar por conta, sem um tour? Mulheres conseguem viajar sozinhas? Estas talvez sejam as primeiras dúvidas daqueles que estão programando uma viagem para um dos destinos turísticos mais incríveis do mundo.

A dúvida é super válida, já que trata-se de um destino de viagem onde as coisas mudam rapidamente, e onde o noticiário pode nos dar uma impressão equivocada a respeito da realidade local. E mais, podemos ter a tendência (justificável) de pensar que fatos isolados, porém chocantes, são constantes.

Vamos então aproveitar este que é um dos últimos posts da série sobre o Egito para tentar aclarar um pouco as dúvidas sobre o tema. Gostaria apenas de aclarar que esta foi a minha percepção enquanto estávamos lá (num período tranquilo é verdade) e um pouco do que aprendi lendo sobre fatos recentes.

Como eu adiantei no post sobre as dicas essenciais para programar uma viagem ao Egito, trata-se de um destino diferente, que exige alguns cuidados e considerações prévias.

Nós mesmos tivemos uma viagem para lá frustrada em 2011. Justamente meses antes da Primavera Árabe, estávamos com uma viagem praticamente certa para o Egito, que também incluiria Grécia, Israel, e Turquia (um verdadeiro banho de história).

Viajando com crianças ao Egito
Tanto apostamos na segurança da viagem que fomos com criança.

Mas diante do claro risco de uma confusão que depois tomou um tamanho maior, resultado na tal Primavera Árabe, acabamos cortando o Egito e indo apenas para os demais destinos.

Aguardamos 8 anos até que as coisas ficassem mais tranquilas para conhecermos a terra dos faraós.

Quais os riscos de segurança no Egito?

Segurança é um tema que envolve várias frentes e que pode ser entendido de diversas maneiras.

Penso que existem primariamente dois tipos de violência que podem ser praticadas contra os turistas: atos digamos pessoais e ações coletivas que não são necessariamente dirigidas a uma pessoa especificamente.

Por atos pessoais, estou me referindo a coisas como agressão e principalmente furto e roubo.

Bem, felizmente isso é algo que não acontece no Egito. Sob o ponto de vista destes crimes, as ocorrências são raríssimas tanto em face de turistas quanto contra a população local.

Dá para andar pelas ruas tranquilamente com um relógio e óculos de marca, ou ainda com uma máquina e celular sem ter o medo que temos aqui no Brasil. Só há que se ter cuidado com o trânsito maluco como no Cairo!

Cairo
Mesmo em áreas mais remotas de grandes cidades como o Cairo, anda-se com tranquilidade.

Ou seja, as chances de você sofrer algum crime mais grave lá são pequenas. No geral a população respeita as leis penais e vê nos turistas uma fonte de renda que deve ser respeitada.

Vejam que não menciono aqui aqueles pequenos golpes que alguns tentam aplicar aos turistas como contei no post sobre os taxistas locais e aqueles scams.

Mas isso não significa que outros riscos não existam. E aqui estou falando de terrorismo.

Eu mesmo lembro bem de um caso famoso onde um grupo de turistas, salvo engano, alemães foi literalmente fuzilado perto do templo de Hatshepsut muitos anos atrás e que me acendeu o alerta.

Templo de Hatshepsut.
Templo de Hatshepsut.

Um colega também me reportou que uns bons pares de anos atrás seu ônibus de turismo tinha escolta armada o tempo todo.

E nesta nossa viagem, durante um voo, eu conversei com uma senhora norte-americana que disse estar em um grupo de uns 50 americanos viajando pelo Egito. Ela me reportou a mesma situação: o ônibus deles era seguido o tempo todo, especialmente na região do Sinai, por Hummers com metralhadoras que funcionavam como batedores.

O único lugar onde fiquei com um pouco mais de receio, mas mesmo assim foi tranquilo, foi o Bairro Copta, que é de maioria absoluta cristã, e onde existe um histórico de conflitos. Tanto que, por exemplo, o nosso taxista, ficou esperando fora dos limites do bairro. Mas mesmo assim foi tranquilo.

Bairro Copta
Bairro Copta do Cairo, exclusivo para cristãos.

Mas e aí como fazer? Terrorismo é algo que infelizmente ninguém pessoalmente pode fazer nada contra. Se nem mesmos os locais estão imunes, que dirá nós turistas.

E sejamos francos, basta olhar os noticiários dos últimos anos para notar que infelizmente ​ações terroristas atingiram destinos que nunca antes se imaginava, de Londres à Paris, chegando até mesmo a casos na Suécia, e os EUA, país que é super cauteloso quanto a isso. É triste, mas o fato é que não existe lugar ​100% seguro no mundo.

​Na nossa experiência pelo Egito notamos que eles são super cautelosos dentro do possível. Estações do metrô, shoppings, hotéis e atrações sempre têm um sistema de detector de metal e artefatos que podem ser perigosos, o que dá uma certa tranquilidade. E mesmo nos voos domésticos, como detalharei no post sobre a Egypt Air, o padrão de segurança pareceu adequado.

Templo de Hatshepsut
Bloqueio na entrada do Templo de Hatshepsut, com revista de veículos.
Naguib Mahfouz Coffee Shop
Detetor de metal na entrada do Naguib Mahfouz Coffee Shop.

Ou seja, dificilmente você terá algum problema ao visitar uma atração turística qualquer.

Em lugares abertos e altamente frequentados pelos locais também acho muito pouco provável algo de ruim acontecer. Os alvos normalmente são outros.​

​Por mais que muito deste post gire em torno do assunto terrorismo, eu gosto de ser bastante realista. Acho  que você coloca a sua vida muito mais em risco numa viagem ou vivendo em São Paulo, Rio de Janeiro ou qualquer outra cidade do Brasil do que viajando ao Egito.

Ocorre que estes atos de terrorismo, como o próprio nome diz, nos aterroriza, nos choca e nos marca, causando uma grande comoção, diferentemente da violência diária do Brasil que infelizmente “normalizou”.

Triste, mas é verdade.​​

Sozinho ou em grupo?

A situação acima nos leva a questionar o que é melhor em termos de segurança: unir-se a um grupo grande; um grupo pequeno e personalizado; ou ainda viajar por lá 100% sozinho o tempo todo.

Quem acompanha a gente aqui com maior frequência, deve saber que temos verdadeiro horror por viagem em pacote, excursão e coisas do gênero. Nada me incomoda mais do que estar amarrado numa viagem. Respeito quem precisa deste esquema de viagem, mas para mim não encaixa.

No caso do Egito, dois fatores me levaram, como eu já disse num post anterior, a rever um pouco este grau de independência: conforto e segurança, como explico melhor abaixo.

Tour no Egito.
Egito num grupo grande? Só se fosse de brasileiros, na minha opinião.

A questão do conforto é quase que auto-explicável e eu detalhe neste post.

​Já a segurança que é o ponto aqui eu gostaria de detalhar.

A primeira ideia que seria aderir a um daqueles grupos enormes e, em sua maioria, multinacionais me parece ser pior para quem tem alguma preocupação com terrorismo.

Digo isso porque normalmente ações deste tipo buscam alvos que todos nós sabemos quem são, e não são latinos (brasileiros!) nem tampouco asiáticos, por exemplo.

Ou seja se tiver que ir em tour, a minha sugestão é para você escolher um grupo de brasileiros por exemplo.

Ir absolutamente por conta, pensando no quesito de segurança, seria uma opção na minha opinião intermediária. E digo porque embora não de deixe muito exposto como na acima, eu acho que ter alguém local e experiente a situações como a aqui tratada pode ser uma grande vantagem no sentido de prever riscos que você incauto pode não perceber.

Viajando com guia para o Egito
Um guia local além das informações essenciais pode te livrar de dores de cabeça.

​Este racional me levou a optar por ter um guia privado local. Além da exclusividade e conforto, nos garantiu uma segurança adicional na medida em que estávamos com pessoas que conheciam muito bem a região, costumes e tudo mais; éramos um grupo de apenas nós três mais o guia e o motorista, o que facilitou os deslocamentos e fez com que passássemos o mais desapercebidos o possível.

Mulheres no Egito

Um ponto que certamente desagradará muitas mulheres e também os homens que sabem respeitá-las é a forma como as mulheres são tratadas no Egito.

Uma das coisas que mais me irritou no Egito (juntamente com os taxistas e a praga das gorjetas) foi o trato dispensado às mulheres.

Pirâmides do Egito
Será que é tranquilo para uma mulher viajar sozinha ao Egito?

No Egito o trato com mulheres é simplesmente terrível, especialmente estrangeiras.

Por mais que se use roupas discretas, eles olham e de uma forma muito vulgar e até mesmo agressiva em algumas situações.

Sei que pode parecer vulgar, e mesmo com todo o respeito e carinho que tenho às minhas queridas leitoras, acho que como figura de linguagem a comparação procede: você já viu como cachorro fica olhando aqueles frangos de padaria / rotisserie? É mais ou menos assim. Triste né?

Já estivemos em vários países muçulmanos, mas nunca havia visto algo assim. Normalmente as mulheres atraem sim olhares, às vezes mais ou menos respeitosos, mas nunca neste nível.

Nos demais países os homens olham e quando por exemplo percebem que foram “pegos”, logo desviam os olhos, baixam a cabeça e quando não somem da vista.

No Egito, eles olham, secam, mexem e se estiverem sozinhas ainda é possível que abordem.

Isso é irritante porque se de um lado eles tratam as suas mulheres cobrindo-as de cima à baixo, as outras podem estar com apenas a canela à mostra que já é motivo para acharem que “estão à procura de algo”, entende.

E não pense que por estarem acompanhadas por um homem, marido, namorado ou sei lá o que, os olharem são menos cobiçosos. Mais de uma vez me vi tendo que dar um chega para lá em algum abusado. E olha que não sou deste tipo e a Sra. Cumbicona é super discreta!

Museu Egípcio do Cairo
Modelitos discretos ajudam, mas não fazem milagre.
Templo de Hatshepsut
Entre vestido e calças, faz pouca diferença, desde que próximos aos joelhos.

O fato é que chega uma hora que realmente incomoda bastante.

E não adianta se cobrir muito não, eles vão olhar de qualquer forma.

Mas e aí? Como eu recomendaria as mulheres viajarem para o Egito?

A primeira opção seria em grupo, ainda que de forma independente, como um grupo de amigas; ou melhor ainda, com um guia local pelo menos na maior parte do tempo como nós fizemos.

Em resumo, com ​algumas precauções ​e os olhos no noticiário internacional (para ficar atento à eventuais instabilidades) dá para viajar para o Egito como se viaja para qualquer outro destino turístico.

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