Apesar da maioria das pessoas quando se fala em Transilvânia pensar apenas em Brasov e no castelo de Bran que fica ali próximo, a cidade de Sighişoara é na verdade uma, senão a mais típica de toda esta região.
Aliás vamos aqui já resolver um problema… como se fala Sighişoara?
É simples, ignora tudo, siga e chora. Sério, é meio que como “sigchoara” com o penúltimo “a” bem longo. Kkkkk
Mas brincadeiras à parte, é sério que esta é uma das cidades que você não pode deixar de fora do seu roteiro pela Transilvânia, pois ela é considerada uma das mais belas e que melhor conserva o ar medieval da região.
Os arredores de Sighişoara e da vizinha Sibiu, duas cidades encravadas nas Montanhas dos Cárpatos são por essência um reduto saxão com as suas ruas estreitas de paralelepípedos, igrejas góticas e castelos medievais.
Sighişoara é uma cidade relativamente pequena com apenas 28mil habitantes, mas muito famosa por seus edifícios de tons pastéis, ruas de paralelepípedos e torres medievais por todos os lados.

Suas muralhas fortificadas que antigamente abrigavam a cidade de invasores, hoje atrai cafés, restaurantes, lojas e hotéis super charmosos.
Além de encantar o visitante depois de alguns poucos passos pelo seu centro velho também é famosa por ser o local de nascimento do personagem mais famoso e sanguinário da Transilvânia.
Quem adivinhar não ganha uma passagem para as Maldivas… 🤣
Sim, ele, Vlad Ţepeş, ou aquele que inspirou o personagem Drácula.
Vlad para os mais chegados, nasceu numa casa aberta à visitação no centro de Sighişoara.
Uma coisa que esqueci de falar sobre ele é que apesar dos horrores que ele cometeu, ele é amado pelos romenos atualmente não só por manter uma verdadeira indústria de souvenires e bugigangas ligadas ao drácula, mas porque é visto por muitos como uma espécie de herói que baniu os turcos do território que hoje é a Romênia.
Mas o que tem para fazer em Sighişoara?
Olha, a minha primeira resposta é: deixar-se perder pelas charmosas ruas do seu centro histórico.
Então separe um tempo para simplesmente vagar por ali, admirando os edifícios e curtindo o clima local, tanto de dia quanto de noite.
Dicas práticas
Como costumamos fazer, antes de tratarmos das atrações em si, vamos ver algumas dicas práticas para você curtir a cidade ao máximo e otimizar seu tempo em Sighişoara.
Quanto tempo em Sighişoara?
Olhando a lista de atrações abaixo, é muito provável que você imagine que basta um bate-e-volta para a cidade a partir de algum outro destino da região.
Sim, é tentador fazer isso durante a sua viagem para a Transilvânia entre as cidades.
Mas como alertei quando falamos sobre o nosso roteiro pela Romênia, as principais cidades da Transilvânia estão dispostas num circuito muito bem definido, uma espécie de arco.
Assim, se você optar por ficar fazendo um bate-e-volta toda hora, certamente vai aumentar bastante seu tempo de estrada e perder um precioso tempo que poderia ser utilizado nas cidades.
Portanto, a minha sugestão é que você passe de um a dois dias em Sighişoara para poder curtir com calma a cidade.
Chegando e circulando por Sighişoara
Sighişoara fica aproximadamente 290km / 4h30 de Bucareste, apenas 93km / 1h30 de Sibiu, e 116km / 1h40 de Brașov, portanto a melhor forma de chegar lá é alugando um carro.
E para visitar as atrações de Sighişoara, como se locomover?
Como dá para ver do mapa abaixo, as atrações estão mais concentradas na região central, o que facilita imensamente a vida do turista que visita a cidade.
Caminhar pela região central é a melhor forma de conhecer as atrações de Sighişoara.
São muitas vielas e ruas tranquilas, algumas delas às margens de canais para você percorrer.
É tudo muito tranquilo para caminhar pois como dito acima, na maior parte das ruas nem passa carro durante a maior parte do dia.
Sugiro então marcar as atrações no Google Maps ou MAPS ME e montar o seu caminho de forma otimizada. O mapa acima é um bom começo para isso.
Onde se hospedar em Sighişoara?
Espero que eu tenha te convencido a pelo menos dormir uma ou duas noites em Sighişoara.
Mas… tenho uma notícia meio que desagradável.
Os hotéis estão longe de serem interessantes.
Minhas buscas por hotéis são bem detalhadas. Olho o Booking.com à exaustão e ainda depois vou espiar no Google para ter certeza que não escapou nada.
Você pode estar pensando que é um trabalho insano, e em parte é, mesmo numa cidade pequena como Sighişoara. Mas vale a pena.
Bem o fato é que olhando as opções de hotéis (note que estou usando hotéis e não hospedagem…) fiquei bastante decepcionado. Tudo me parecia velho (até ai beleza) e muito, mas muito mal conservado.
Sabe aquela coisa de hotel com cara de que não é nem minimamemente cuidado? Que está daquele jeito faz uns milênios.
Novamente, não estou de forma alguma reclamando da idade dos edifícios, até porque este é o charme local.
O problema é o estado de conservação e limpeza mesmo.
Enfim, com isso acabei por desistindo de buscar um hotel propriamente dito e parti para os apartamentos, mesmo com o receio de que para apenas 2 dias talvez não conseguisse nada.
Acontece que para a minha surpresa e felicidade, achei um excelente negócio, no Booking.com mesmo, bem perto do centro histórico e exatamente como eu queria: histórico sim, mas bem cuidado.
Foi neste contexto que acabamos optando pela Casa Zielinski Sighișoara, um estúdio super bem cuidado que superou as nossas expectativas. A experiência que detalharei em breve aqui no site.
O que tem para fazer em Sighişoara?
A parte mais bela de Sighişoara é aquela que é conhecida como sendo a Cidadela ou Old Town.
Ali você encontra uma porção de edifícios históricos super bem preservados que fazem de toda esta área Patrimônio da Humanidade segundo a UNESCO.
Caminhar por ali é como uma viagem no tempo. Prédios de cor pastel e muitas torres que se hoje são apenas lindas, no passado eram mortais, já que elas eram justamente utilizadas para a defesa da cidade, seja como torres de contra-ataque aos invasores seja como paiol de armas.
Entre os séculos XIV e XVI, Sighişoara contava com nada menos que 14 torres e suas as muralhas estendiam-se por quase 1km.
Hoje, são apenas nove torres e dois baluartes.
Uma das mais belas delas é data do século XVI, a Torre dos Sapateiros (Turnul Cizmarilor) que fazia a defesa no extremo norte de Sighişoara.
Ao Sul você encontra a Torre dos Alfaiates (Turnul Croitorilor) que foi praticamente destruída num incêndio em 1676, e a Torre dos Latoeiros (Turnul Cositorarilor) que ainda guarda marcas do cerco à cidade em 1704.
A Leste, datada de 1631, fica a Torre dos Ferreiros (Turnul Fierarilor).
Notou como todas elas têm nomes relacionados a profissões? Isto deve-se ao fato de que nas proximidades delas profissões específicas se estabeleceram.
Construída no século XIV, a Torre do Relógio (Turnul cu Ceas) tem a vista mais bela da cidade, com seu telhado cujas telhas mais parecem as escamas de um dragão.
Lá dentro há um interessante, porém pequeno museu com alguns itens que contam a história da cidade.
Fica na Piaţa Muzeului 1; e o ingresso custa 14/3,50 lei adulto/criança; funciona de terça a sexta das 9h-18h30 e de sábadoadomingo das 10h-17h30).
Uma das principais igrejas da cidade é a Igreja do Mosteiro Dominicano (Biserica Mănăstirii).
Embora por fora ela tenha um estilo gótico tardio, seu interior é bastante barroco.
As primeiras referências à uma igreja no local datam de aproximadamente 1298, mas a estrutura atual é do período entre 1482 e 1515.
Houve também uma grande reforma depois do grande incêndio de Sighisoara em 1676.
Fica na Piaţa Muzeului; a entrada custa 5 lei; e ela bre todos os dias das 10h-17h.
Antigamente a Piaţa Cetății era o coração da antiga Sighişoara.
Aqui aconteceu de tudo: mercados, exposições desfiles reais, julgamentos públicos, execuções coletivas por empalações e mulheres acusadas de bruxaria foram queimadas em fogueiras.
Não deixe de conferir a Escada dos Acadêmicos (Scara Şcolarilor), uma escada coberta de 176 degraus, que sobe a colina desde 1642.
No topo da School Hill fica a Igreja na Colina (Biserica din Deal), uma igreja gótica de três naves que foi construída onde havia uma basílica românica do século XIII. A estrutura atual é dos séculos XIV e XV.
A entrada custa 5 lei e abre todos os dias das 10h às 17h.
Seguindo no tema, lembram que eu disse anteriormente que Sighişoara é a cidade natal de Vlad Ţepeş? Pois a casa onde ele nasceu (1431) e morou até os 4 anos de idade é atualmente um restaurante a Casa Vlad Dracul.
Por uma pequena entrada, a equipe mostrará o antigo quarto de Vlad.
Claro que os pratos, todos da culinária romena, têm um nome que remete à alguma coisa ligada ao personagem Drácula.
Fica na rua Cositorarilor 5 e os pratos têm um valor bem acessível entre 24-35 lei os pratos principais.
Além da casa, outra importante referência é a estátua do Vlad Ţepeş que fica atrás da Igreja do Mosteiro Dominicano.
Caminhando não só por Sighişoara, mas por todas as demais cidades da Transilvânia, você vai topar com diversas lojas de souvenires cheias de coisas interessantes. Normalmente, itens locais são realmente feitos à mão.
Mas em Sighişoara tem uma loja, mais especificamente diante da casa do Vlad, chamada The Spoon Man que vale demais a visita.
Nela você encontra muita coisa legal, mas em especial colheres de madeira feitas à mão, supostamente cada uma delas com uma lenda por trás.
Salina Tuda
Além das atrações de Sighişoara, a cidade serve como uma excelente base para conhecer outras cidades e atrativos na região.
Como você deve ter notado das nossas fotos, no nosso segundo dia em Sighişoara o tempo resolveu dar uma mudada e tanto. Tínhamos até então curtido dias de sol e zero chuva.
Por conta disso e de já termos aproveitado bastante o primeiro dia para curtir o centro velho da cidade, onde estão todas as atrações, decidimos procurar algo para fazer nos arredores que pudesse ser curtido num dia de chuva.
Foi aí que me deparei com uma atração que estava fora do meu radar, mas que nos surpreendeu demais: a Salina Turda.
A Salina Turda é uma das mais impressionantes minas de sal do mundo, localizada justamente na região da Transilvânia, uns 120km / 1h30 de Sighişoara ou 35km / 40min. de Cluj-Napoca.
O lugar é simplesmente surreal, mais parece cenário de um filme de ficção científica.
A exploração da Salina Turda começou durante o período romano, por volta do segundo século d.C., quando os romanos extraíam sal para abastecer o império.
No entanto, a primeira documentação oficial sobre a mina data de 1075, quando foi mencionada em registros da região. Durante a Idade Média, a mina tornou-se um importante centro de produção de sal, ajudando a impulsionar a economia local.
A exploração continuou até 1932, quando a mina foi desativada devido à concorrência de outras regiões e a mudanças econômicas na extração de sal. Algo até certo ponto parecido com o que aconteceu com as minas de sal do Deserto do Atacama.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a mina foi utilizada como abrigo antiaéreo para a população local. Posteriormente, por um período, serviu como local de armazenamento de queijo. Somente em 1992 a Salina Turda foi reaberta ao público, transformando-se em uma atração turística.
A Salina Turda impressiona não apenas pelo seu tamanho, mas também pela sua arquitetura subterrânea singular.
A mina atinge uma profundidade de aproximadamente 120 metros, ou seja algo como um edifício de 40 andares!!!
O local é composto por diversas galerias, algumas delas com formações geológicas espetaculares e lustres feitos de cristais de sal. Dentre as principais galerias e áreas cito as seguintes:
– Galeria Franz Josef: um dos principais corredores da mina, utilizado historicamente para o transporte de sal.
– Sala de Exploração: onde os mineiros cortavam os blocos de sal.
– Câmara Rudolf: um dos pontos mais icônicos da mina, com um impressionante conjunto de iluminação moderna, tornando o ambiente ainda mais místico.
– Câmara Teresa: com um lago subterrâneo onde os visitantes podem fazer passeios de barco.
Além disso tem algumas coisas bem diferentes para uma mina de sal, como uma roda-gigante; passeios de barco num lado; quadras para jogar futebol e até um mini-golfe.
A Salina Turda abre todos os dias, geralmente das 9h às 17h, com a última entrada permitida até uma hora antes do fechamento. No entanto, é sempre recomendável verificar previamente os horários, pois podem variar de acordo com a estação ou feriados.
Na época da nossa visita, o ingresso para adulto custava 50 /40 lei adulto/criança.
Como a temperatura no interior da mina é constante, em torno de 10-12 graus Celsius, e é relativamente úmido (umidade relativa do ar de 80%), recomendo ir bem agasalhado, mesmo no quente verão romeno. Não se esqueça também de usar tênis com boa aderência.
E reserve ao menos metade de um dia para passear por ali com calma.
E aí? Que tal agora você fazer as suas malas para Sighişoara a cidade natal do Drácula?