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Transfăgărăşan: uma das estradas mais espetaculares do mundo

Se você planeja viajar de carro pela Romênia, anote aí este nome complicado: Transfăgărăşan Road, uma das estradas mais belas do mundo.

O nome é difícil de pronunciar, mas é fácil se apaixonar pela beleza deste que é sem dúvida um dos pontos mais marcantes de uma viagem à Romênia.

Trata-se de uma das mais belas estradas do mundo e certamente a mais interessante da Romênia. 

Uma estrada tão icônica que já fizeram até um episódio do Top Gear com o trio Jeremy Clarkson; Richard Hammond; e James May dirigiram por lá com seus carrões. Procure aí na internet… Épico!!!

Bem, tive que ser modesto e faltou o carrão. Mas as curvas, ah estas estavam lá e garantiram muita diversão.

Transfăgărăşan
Paisagens incríveis.

Dirigir pela incrível sequência de curvas dela é pura emoção porque lá embaixo o penhasco parece infinito. Me lembrei de uma que percorremos em Kotor, Montenegro.

É um caminho sinuoso, mas incrivelmente belo que corta uma região montanhosa no sul da Transilvânia.

A Transfăgărăşan, também conhecida como DN7C, é uma estrada de montanha épica que atravessa a Cordilheira dos Cárpatos, na Romênia, representando uma porta de entrada para a Transilvânia, a região mais interessante do país como já dito noutra oportunidade.

Praticamente toda a Transilvânia está situada numa área bastante montanhosa, com picos que podem chegar aos 2.500m; e justamente por conta da beleza natural, ali estão também muitos parques nacionais.

E a forma mais interessante de conhecer esta região é viajando pelos aproximadamente 90 km de extensão da Transfăgărăşan, curtindo suas paisagens, em meio a curvas fechadas e túneis desafiadores.

Foi construída na década de 1970, durante o regime do polêmico líder comunista romeno Nicolae Ceaușescu, levando mais de 4 anos para ficar pronta e 6 milhões de quilos de dinamite para abrir o caminho. 

Não é à toa que 38 trabalhadores morreram na sua construção.

A paisagem é tão interessante que você ao longo da viagem, mesmo no verão encontra neve eterna, e ao mesmo tempo zonas de rica vida selvagem e outras realmente inóspitas, coberta por pedras e sem nenhuma vegetação.

Além de castelos e florestas que trazem à lembrança a história do Conde Drácula, a região é conhecida por ser o habitat do mais famoso animal da fauna local.

Na Romênia, um animal super comum é o urso pardo.

Estima-se que existam mais de 6 mil deles soltos na natureza, o que representa 60% da população europeia. Mas isso tudo é fruto de ações de preservação? Mais ou menos.

Transfagarasan
Olha, dirigi olhando atentamente e esperando ver um urso…
Urso Romênia
Mas o máximo que consegui foi ver este empalhado 🙁

Um dos principais motivos desta grande população de ursos é o fato de que durante o governo ditatorial de Ceauşescu, ninguém podia caçar ursos (ao menos uma coisa boa o cara fez!).

O parente europeu do urso pardo é um pouco menor do que o que se vê por exemplo no Canadá, mas nem por isso você pode ignorar ele sob o ponto de vista de ameaça porque ele tem garras afiadas e corre a uma velocidade de até 50km/h. 

No passado foram reportados alguns casos de gente que foi morta por ursos nas trilhas mais remotas ao longo da Transfăgărăşan. Assim como disso quando falamos sobre o Canadá, siga as mesmas precauções: fale alto ao andar pelas trilhas, assim eles se assustam; não deixe lixo em hipótese alguma; e evite caminhar sozinho.

Nós optamos por conhecer ela durante o trajeto entre Pitest e Sibiu, justamente para poder aproveitar o deslocamento e percorrer ela de ponta a ponta. 

Mas você pode fazer simplesmente o trajeto mais famoso que é partir de Sibiu e subir até o Lake Bâlea.

Partindo de Pitest, a primeira parada que eu sugiro você fazer, ao menos para espiar de longe (já que são apenas ruínas), o Castelo Poenari (Cetatea Poenari), ou também conhecido como Cidadela Poenari.

Localizado no desfiladeiro formado no vale do Rio Argeş, nas Montanhas Făgăraş (no lado direito da estrada) estão as ruínas do que foi um castelo construído no século XIII.

Castelo Poenari (Cetatea Poenari)
Castelo Poenari (Cetatea Poenari).

Ele teve seu auge justamente no século XV quando ele, sim, nosso “amigo” Vlad resolveu reparar o castelo e fazer dele uma de suas principais fortalezas.

Este é o único castelo da Romênia que de fato têm uma história junto àquele que teria sido a inspiração para o Conde Drácula.

Dada a sua posição, o castelo era praticamente impenetrável, mas em 1888 um deslizamento de terras derrubou a maior parte dele, deixando apenas as ruínas que se vê atualmente.

Poucos quilômetros dali, mas muitas curvas emocionantes depois, a parada seguinte é a Barragem de Vidraru.

É um ponto de parada interessante para esticar as pernas e admirar seu arco com 165m de altura que, contruído na década de 1960, forma o Lago Vidraru.

Lago Vidraru
Lago Vidraru.

Prometheus Statue
Prometheus Statue no Lago Vidraru.

Depois de muitas curvas beirando o Rio Agres, você inicia uma subida considerável que te elevará para acima dos 2.000m de altitude, você começa a notar que a estrada que era rodeada de florestas agora só tem pedras e pequenos arbustos no acostamento.

Sinal de uma região mais montanhosa e sujeita às fortes nevascas durante o inverno.

Nesta zona de maior altitude, um dos pontos mais interessantes antes de chegarmos ao topo é a Cascata Capra, uma cachoeira literalmente na beira da estrada.

Cascata Capra
Cascata Capra.

Não deixe de dar uma espiada nas barracas de produtos típicos que ficam à beira da estrada. Tem muita coisa boa, como queijos, salames e etc.

Ela corre tão rente à pista que passa por baixo dela antes de seguir o seu fluxo pelo Vale Argeş.

Transfăgărăşan
Vale Argeş.

Depois de fazer uma pausa para admirar a cascata, siga até um túnel com 887m de comprimento através da rocha sob a cordilheira Palţinu que faz a ligação com o Vale Argeş, justamente unindo as duas regiões da Romênia, Sibiu e Vâlcea.

Subindo mais um pouco, aos 2.042m, a Transfăgărăşan atinge seu ápice junto ao Passo de Bâlea, onde existe uma área de descanso e na qual sugiro que você não só pare para esticar as pernas como também ter um deleite aos olhos com a paisagem.

Transfăgărăşan
A paisagem é simplesmente fantástica.

Lá em cima, além do lago, você encontra de um lado uma série de restaurantes, cafés, e lojas de souvenirs. Dá para gastar um bom tempo passeando por ali.

Aliás, aproveite para experimentar dois pratos rápidos e deliciosos locais, Langos que nada mais é do que algo parecido com a esfirra (talvez fruto da influência otomana…) e Kürtös que é a versão romena de um típico doce tcheco.

Vai por mim, este é o ponto alto desta viagem.

O primeiro destaque ali é o Lago Bâlea, um daqueles lagos que consegue fazer aquele efeito maravilhoso de espelho diante das nuvens e montanhas ao redor.

Lago Bâlea.
Lago Bâlea.

O Lago Bâlea foi formado durante a era glacial, quando as geleiras esculpiram a paisagem e deixaram para trás esta joia azul-turquesa. 

Como dá para imaginar, as temperaturas aqui podem ser muito baixas, mesmo que esteja um calor infernal no sopé da montanha, tenha uma jaqueta no carro se precisar. 

Nós viajamos em pleno verão, e mesmo assim avistamos alguns pontos de neve eterna super acessíveis.

Transfăgărăşan
Neve eterna em alguns pontos da Transfăgărăşan.

No verão, muita gente aproveita para fazer trilhas por ali.

No inverno, a melhor forma de chegar ao Lago Bâlea é usando o teleférico que parte da Cascata Bâlea, já que o acesso de um dos lados fica fechado como explico mais detalhadamente logo mais.

Teleférico da Transfăgărăşan
Teleférico de acesso ao Lago Bâlea.

Do lado oposto ao lago, você tem uma pequena elevação de terra que sugiro você subir, são alguns poucos passos.

É deste ponto elevado, diante do lago que você tem a mais famosa vista da Transfăgărăşan com suas sinuosas curvas descendo vale abaixo rumo a Sibiu. 

Transfăgărăşan
Transfăgărăşan.

Transfăgărăşan
Curvas fechadas por todos os lados.
Transfăgărăşan
Difícil é ficar de olho na pista com paisagens assim diante dos seus olhos.

Esta é sem dúvidas uma das vistas mais famosas da Romênia inteira!

Um detalhe mega importante sobre a Transfăgărăşan é que ela fica fechada durante boa parte do ano, abrindo apenas durante o verão.

Isso porque suas curvas fechadas e a inclinação da pista tornam-se mortais no caso de neve.

Então antes de programar a sua viagem dê uma espiada no site oficial da estrada para saber quando ela abre.

Adicionalmente lembre-se de abastecer o veículo e ter água e snacks porque não existem nas áreas mais cênicas da estrada. Ah e se você enjoa, prepare aquele remedinho na sua farmácia de viagem.

E aí? Que tal curtir uma das melhores road trips da Europa?

 
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